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Presidente de honra da WWF em seu país, monarca é alvo de críticas por caçar elefantes em Botsuana. Alto custo da diversão também foi motivo de debate
Rei Juan Carlos I (direita), em foto de 2006
As férias do rei espanhol Juan Carlos I transformaram-se em um grande
imbróglio para o monarca. Ao sofrer um acidente que lhe rendeu uma fratura no quadril,
durante estadia em Botsuana, veio à tona, pela imprensa espanhola, o
motivo de sua viagem ao país africano: Juan Carlos caçava elefantes.
Acontece que o rei, de 74 anos, é presidente de honra em seu país da
WWF, uma das maiores ONGs ambientalistas do mundo.
O gosto de Juan Carlos I pela caça não era, na verdade, segredo. Ele só
se tornou presidente de honra da organização, em 1968, para que a WWF
contornasse a proibição, pela ditadura franquista, da atuação de
organizações civis no país. Mas o novo safari do monarca, aliado a uma
foto de 2006 republicada em diversos jornais espanhóis (acima),
reacendeu o debate.
No domingo, El Mundo, um dos principais jornais espanhóis,
titulou: "O tombo do rei revela que ele estava havia quatro dias caçando
elefantes". A reação foi imediata - e não só na Espanha. A atriz
francesa Brigitte Bardot, que frequentemente se associa a causas
ambientais, por exemplo, afirmou que Juan Carlos praticava uma atividade
"indigna".
Mas a maior onda de contestação a Juan Carlos veio da internet. Até
agora, mais de 50.000 pessoas já assinaram um documento pedindo que o
rei deixe o posto de presidente de honra da WWF. As assinaturas foram
recolhidas no site Actuable, que se define como uma "comunidade on-line
de pessoas que se unem para lutar contra as injustiças". No ano passado,
o portal conseguiu retirar de circulação o livro "Comprender y sanar la
homosexualidad", do psicoterapeuta Richard Cohen - no texto, Cohen
dizia ter "curado" mulheres e homens que diziam sentir atração por
pessoas do mesmo sexo.
A situação obrigou a ONG a lamentar, publicamente, "o grave prejuízo
pela credibilidade da WWF e do intenso trabalho que vem desenvolvendo há
mais de 50 anos para a proteção dos elefantes e de outras espécies". No
Twitter, onde o fato também foi bastante comentado, a WWF afirma que
"fará chegar à Casa Real os comentários e reitera seu compromisso com a
conservação dos elefantes".
Em uma carta enviada à Casa Real, o secretário-geral da WWF Espanha,
Juan Carlos del Olmo, afirma que o incidente provocou uma "enorme
rejeição dos sócios da ONG e da opinião pública espanhola". Segundo ele,
muitos dos seus 33.000 sócios estão abandonando a organização.
Luxo - Outro fato que foi motivo de críticas ao
monarca é preço da diversão real. Em Botsuana, a caça de elefantes só é
permitida após o pagamento de uma taxa que varia entre 7.000 euros e
30.000 euros. Em um país em crise econômica, cuja taxa de desemprego supera os 20%, a gastança não pegou bem.
"Foi uma viagem irresponsável, no pior momento possível", afirmou o jornal El Mundo,
em editorial. "A imagem de um monarca caçando elefantes na África em um
momento em que a crise econômica cria tantos problemas para os
espanhóis é um exemplo muito ruim."
Sem comentários - A Casa Real não comentou o motivo da
viagem do rei a Botsuana, que só foi descoberta publicamente quando ele
precisou ser hospitalizado depois da fratura no quadril. Ele foi
operado no sábado na clínica San José de Madri, onde os médicos
colocaram uma prótese. Apesar do susto, o monarca "teve uma evolução
muito positiva e conseguiu descansar, novamente, nesta noite", informou a
Casa Real em um comunicado.
Fonte: Rev. VEJA
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