Da obra citada no título desta postagem, destaco:
- (...) No século IV, Santo Agostinho declarou ser lícito matar os inimigos na guerra, e quando inventaram os canhões gravou-se neles o emblema de Santa Bárbara, pois ela se tornou a padroeira da pólvora, santificando seu uso (...) - p. 40
- (...) A partir do século IV, a Igreja Católica começou a pensar em termos de heresia e portanto de tortura (não totalmente condenada por Santo Agostinho) como meio de purgação . O começo da Idade Média foi o período da experiência da provação, uma forma sutil de tortura semivoluntária; o período viking foi o auge da mutilação; no fim da Idade Média, o acúleo e numerosas outras variantes foram revitalizados para combater os ataques contra a Igreja Romana, com torquemada como o organizador arquetípico e Nicolau Eymericus, autor de Directorium Inquisitoris, como reconhecido teórico. - p. 44
- (...) o clérigo ingês Thomas Fuller afirmava que "as mulheres são de natureza servil, de modo que talvez ficarão melhores se apanharem" (...) - p. 51.
- (...) A imagem da prostituição variou bastante durante os séculos. É uma das virtudes mais antigas, e também o vício mais antigo da história. Muitas religiões pré-cristãs a consideravam uma forma de serviço divino, uma obrigação para levantar fundos para o templo e esperava-se que mulheres respeitáveis, e às vezes alguns homens, contribuíssem. Foi bem conhecida a prostituição ritual na Babilônia, em Heliópolis e na Armênia. Como uma forma de serviço religioso temporário ou permanente, foi muito comum em várias partes da Índia e da África Ocidental. Entre os muçulmanos havia os profetas kedeshim, aos quai se permitia satisfazer seus desejos com sérias matronas. Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino surpreendentemente abençoaram a prostituição como um meio de reduzir o adultério: muitas vezes recebeu o aval do Estado. A prostituição de escravas foi exaltada na América espanhola do século XVII como uma renda para os patrões. Segundo Leach, "da confusão sobre o papel dos deuses em relação a sexo veio a incerteza sobre se a tolerância excessiva ou intolerância sexual é a verdadeira forma de alteridade sagrada".
Os adamitas germânicos e os ranters (vociferadores) ingleses acreditavam que o Deus cristão abençoava a promiscuidade total. - p. 61
- (...) Houve um templo homossexual na antiga Jerusalém, mas os judeus se opuseram à homossexualidade, assim como os assírios, que castravam os homens praticantes. Os hititas, por outro lado, pareciam tolerá-la, e na ilha de Lesbos, no século VI a.C., a poetisa Safo tornava-se lírica com suas amantes, num clima obviamente não tão hostil. De fato, os gregos geralmente pareciam estar à vontade com relação à homossexualidade. Epaminondas de Tebas conduziu seu famoso exército de pares masculinos que lutavam juntos até a morte. Do mesmo modo, os Cavaleiros Hospitalários Germânicos da Terra Santa adotaram um culto à amizade masculina e os soldados do moderno exército chinês eram vistos caminhando de mãos dadas. (...) - p. 64.
- A prostituição estava centrada nos templos, onde tinha um significado religioso e econômico, embora as cahamdas, eufemisticamente, "vendedoras de vinho" fossem vistas como perniciosas, as barimate, as piores rameiras da Babilônia. No templo de Ishtar também havia a prostituição masculina. Diferentemente dos egípcios, os babilônios não acreditavam em nenhuma vida após a morte; eram um povo comerciante, materialista e pragmático. Que talvez bebessem um pouco além da conta é o que mostram as leis específicas no Código de Hamurabi contra essas autocomplacências. (...) - p. 150.
- (...) Las Casas - frei Batolomeu, dominicano espanhol da época de Colombo, autor de Historia das Indias - advogava o tráfico de escravos africanos, pois queria poupar os aborígenes (...) de um trabalho que julgava muito pesado para eles - p. 74.
- (...) O catolicismo do século XIV produziu uma moralidade que incentivava a queimar na fogueira os membros não ortodoxos da sua própria fé. Os escrupulosos puritanos consideravam moral afogar mulheres velhas perturbadas e suspeitas de bruxaria. - p. 75
- (...) A recomendação relativamente moderada de São Paulo para que os padres não se casassem transformou-se numa idealização obsessiva do celibato, que causou muitos problemas para uma grande parte da Igreja cristã, durante longo período. O erudito Orígenes castrou a si próprio, o eremita Santo Antão atirou-se sobre arbustos espinhosos para evitar a tentação. O jejum e a dor auto-infligida tornaram-se meios de obter admiração pública e influência, um caminho obsessivo para a veneração e até mesmo a santidade. São Simeão Estilita empoleirou-se em sua coluna durante vinte anos, arranhando deliberadamente suas chagas e atraindo grandes multidões; o mesmo fizeram os irmãos flagelantes, açoitando uns aos outros nas ruas da europa, e alguns faquires e dervixes que torturam a si próprios no Oriente (...) - p. 78
- (...) Não era permitido ao grão-sacerdote de Roma tocar num cavalo, usar laços ou anéis, olhar para o exército ou comer pão com levedura (...) - p. 84/85.
- (...) As vantagens do que Nietzsche, com certo desdém, chamou de "virtude dos escravos" foram duramente defendidas pelos católicos romanos e pelas religiões do Extremo oriente (...) - p. 89
- (...) Moisés chegou a dar orientação de como cavar latrinas e lavar roupas de cama . Confúcio providenciou um vocabulário completo de atitudes sociais e detalhou regras que incluíam desde o comprimento das saias masculinas até a maneira apropriada de gaguejar quando apresentado a um estranho. (...) - p. 91
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