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domingo, 15 de julho de 2012

Judaísmo e Vegetarianismo



Por Baruch S. Davidson
 
Pergunta:
Como o Judaísmo vê o vegetarianismo? É favorecido ou desencorajado pela Torá?

Resposta:
As leis da dieta casher proíbem camarão, toucinho, cheesebúrgeres e lagosta, mas a carne em si não está na lista de “nãos” da Torá ­ se for preparada seguindo determinadas orientações. Para o melhor ou para o pior, a carne é inegavelmente um item favorito no menu casher. Isso é bom? Vamos dar uma olhada.

A História 
Quando da sua criação, Adam, o primeiro homem, é ensinado por D'us como funciona o mundo: “Veja, dei a você toda erva que produz semente que está sobre a superfície da terra inteira, e toda árvore que tem fruto que dá semente; será sua para alimento.” Semente, planta, árvore e fruto ­ sim; tudo o mais ­ não.

Vários capítulos (e mais de 1.600 anos) depois, quando sobrevive à devastação do Dilúvio, Nôach deixa a arca e é avisado pelo Todo Poderoso: “Todo ser movente que vive será seu para comer; como a vegetação verde, Eu dei tudo a você.” Sua dieta agora também inclui a carne.

Poderia parecer que o plano original (e ideal) de D'us era que não deveríamos comer carne. Um problema com essa abordagem é que muitas declarações na Torá implicam que a ingestão de carne é ideal e encorajada, por exemplo, para honrar o Shabat e as Festas.

Então como ficamos? D'us preferiria que fôssemos vegetarianos como Adam, ou comedores de carne como Nôach?

A Abordagem Filosófica ­ Distinção da Responsabilidade

O filósofo do Século Quinze Rabi Yosef Albo, autor de sefer ha-Ikarim (“O Livro dos Princípios”), entende as instruções de D'us a Adam como uma implicação de que o plano Divino original era que o homem deveria se abster de matar e de comer carne. Em sua opinião, a matança de animais é um ato cruel e furioso, instilando esses traços negativos no caráter humano; além disso, a carne de determinados animais deixa o coração grosseiro e mata sua sensibilidade espiritual.

As pessoas das primeiras gerações entenderam mal isto, porém, como significando que seres humanos e animais eram iguais, com padrões e expectativas iguais. Isso levou à degeneração da sociedade em violência e corrupção ­ pois se o ser humano nada mais é que outro animal, então matar um homem é equivalente a matar um animal. Foi essa atitude e comportamento que fizeram D'us purificar o mundo com o grande dilúvio.

Após o Dilúvio, D'us estabeleceu uma nova ordem mundial. As pessoas precisaram reconhecer as obrigações morais e o propósito divino confiado à humanidade. Para deixar isso claro, D'us disse a Nôach que a humanidade pode ­ na verdade, deve ­ comer a carne de animais. Nosso domínio sore os animais destaca nossa superioridade, e nos lembra que somos encarregados com a divina responsabilidade de aperfeiçoar o mundo. Para minimizar os efeitos negativos sobre o ser humano, quando a Torá foi outorgada, D'us proibiu a carne daqueles animais que têm uma influência grosseira sobre a alma.

Segundo essa abordagem, comer carne não é bom, mas serve a uma função muito importante.

A Abordagem Cabalística

Embora alguns questionem o direito do homem matar um animal para se alimentar, o notável místico do Século Dezesseis, Rabi Isaac Luria questiona o direito do homem de consumir qualquer organismo para sua própria auto-preservação. Se tudo neste mundo foi criado deliberadamente por D'us, por que o seu sangue é mais vermelho que a existência proposital de um tomate? E a resposta é que… não é. Aquele que come apenas por seus desejos egoístas engoliu a existência significativa de um vegetal sem desculpas. “Não é justo!” grita a planta indefesa.

Por outro lado, quando comemos com a intenção de usar a energia para ampliar nosso serviço unicamente humano a D'us, elevamos o alimento. Quando uma pessoa realiza um ato Divino ­ um ato que transcende seu ser natural ­ o alimento que ela come é elevado junto com ela, e é reunido com sua fonte Divina.

Mas há uma diferença entre alimentos com base animal e base vegetal. Para os iniciantes, não se pode viver sem pão. Se você comesse pão somente quando estivesse pronto para elevá-lo, poderia morrer de fome e jamais ter uma chance de tentar novamente. Portanto não podemos restringir a ingestão de pão ao espiritual. Além disso, ao comer alimentos simples, necessários, como o pão, é mais fácil manter uma perspectiva significativa. Porém carne é um luxo. E a indulgência neste luxo torna a pessoa mais materialista do que era ants de comer. Então, deve-se comer carne somente se for capaz de realizar mais com a carne do que seria capaz de fazer com vegetais. Uma maneira de fazer a ingestão de carne valer a pena é elevar não apenas seus componentes físicos, mas também o fator do prazer. Se você puder fazer isto, levou a si mesmo e ao seu almoço até alturas espirituais e sensibilidade mais elevadas que pode atingir comendo verduras. Por outro lado, se não o fizer, você arrasta a si mesmo ­ e ao animal ­ a um plano mais materialista.

Por que somente o mundo pós-dilúvio pode aceitar o desafio da carne?

A raça humana de Adam até Nôach tinha o potencial e a missão de comer aquilo que é indispensável à sobrevivência básica, com a intenção de levar uma vida com propósito; assim, o homem e o alimento teriam atingido seu propósito. Mas comer carne exige muito mais que isto. A carne, com suas propriedades que induzem ao prazer, naturalmente leva na direção do desejo material. Elevar a carne exige a capacidade de subir acima da ordem natural, de trazer vida nova e altruísta a algo que é naturalmente a incorporação do materialismo e da auto-indulgência. A humanidade pré-dilúvio e a carne pós-dilúvio não permitiam isto.

Nôach emergiu da arca para um mundo mudado, um mundo onde tudo tem a capacidade criativa de ir além do seu estado natural de ser, e assumir uma identidade muito mais elevada. Uma nova era de potencial terreno nasceu. O mundo era agora um lugar onde o homem podia elevar a própria natureza dos componentes da terra a alturas sobrenaturais ­ e elevar até seu poder de sedução e prazer também. Ora, o homem recebeu a capacidade de comer carne e elevar sua energia.

Até para nós rareficados pelo dilúvio, comer carne não é algo simples. Antes que você coloque os dentes naquele hambúrguer de pastrami, aqui estão umas coisinhas para ter em mente:

Os sábios declararam que uma pessoa com a mente vazia não tem direito de comer carne. Eles ensinaram também que jamais se deve comer carne por fome: primeiro satisfaça sua fome com pão. (Num estômago vazio, é muito difícil manter o foco em algo que não seja “se estufar”.) Somente quando comemos “com atenção”, concentrando-nos na nossa missão divina, estamos fazendo mais pelo animal do que o animal está fazendo por nós.
AS
Segundo essa atitude, pode ser cruel não comer carne, porque isso rouba o animal de sua chance para servir a um propósito mais elevado.

Não tenha medo. Concentre-se a aja de cordo; a concretização do plano universal de D'us está “na carne”.

Bom apetite!
 
Fonte: COISAS JUDAICAS

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