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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Separados pela religião, a ira e a natureza humana



 

Pai e filha veem-se pressionados pela urgência da protagonista em sair do país




A Separação mostra por que levou o Oscar de melhor filme estrangeiro


Publicado em 23/07/2012 | HELENA CARNIERI



Quando era um candidato ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o longa iraniano A Separação, que agora chega às locadoras, podia parecer uma carta marcada, destinado a dar um prêmio-recado ao Irã de Ahmadinejad, que proíbe cineastas de trabalhar. Depois que o filme de Asghar Fahardi fez a limpa no Festival de Berlim, levou mesmo a estatueta de Hollywood e começou a ser exibido nos cinemas, pôde-se comprovar a qualidade do drama, que ultrapassa qualquer intenção de denúncia.

Fechado num circuito familiar, ele aparentemente mostra pouco do país que pudesse ser entendido como politicamente engajado. Nas entrelinhas das cenas, porém, está a crítica à repressão.

As duas mulheres protagonistas, Simin (Leila Hatami), e Razieh (Sareh Bayat) querem o melhor para suas filhas, mas com preocupações de origens opostas. A primeira quer deixar o país levando a adolescente Termeh. A segunda é religiosa, e teme cometer pecados que reflitam negativamente sobre a pequena Somayeh.

Como forma de pressão, Simin sai de casa, onde atendia o sogro, afligido pelo Alzheimer. Nader (Peyman Moadi) contrata então Razieh, que sofre conflitos de consciência quando começa a realizar o novo trabalho.

Sua vida é encrencada. Enquanto o primeiro casal, que está se
separando, tem um padrão de vida de classe média, ela e o marido sofrem com o desemprego. Ela está grávida e ele, endividado, mas, por legalismo religioso, não quer a mulher trabalhando numa casa sem “dona”.

Por trás das diferenças sociais, o sofrimento acontece em ambos os lados, e se aprofunda à medida em que as duas famílias se chocam, quando Razieh sofre um aborto e acusa Nader de a haver empurrado da escada.

Segue-se uma corrida à Justiça, que envolve longas esperas no tribunal, conversas acaloradas com juízes que, surpreendentemente, parecem querer o bem das pessoas. E, cada vez mais, cresce o medo e a insegurança.

No meio disso tudo, duas crianças e um idoso doente sofrem. Os homens e mulheres, sem se reconciliar, sofrem também.

Sem estereótipo

A Separação divide casais, famílias e a sociedade. Revela muito mais da configuração iraniana do que se buscasse um formato documental. Além disso, atrai o olhar do Ocidente ao romper com estereótipos que talvez tenham sido reforçados em longas anteriores, classificados genericamente como “filmes iranianos”.

A universalidade do drama filial, social e entre casais suscita uma identificação que ultrapassa as barreiras colocadas pelo desconhecimento.


Fonte: GAZETA DO POVO

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