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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

CINEMA: O EXERCÍCIO DO PODER



“O Exercício do Poder” traz duelo entre ética e política

 Por Redação, com Reuters - de São Paulo





"O Exercício do Poder" é um filme para quem se interessa por política e também pelo desempenho de grandes atores

O Exercício do Poder tem uma missão difícil: criar algum tipo de empatia para os políticos, que estão no centro desta história, escrita e dirigida pelo cineasta francês Pierre Schöller e vencedora do prêmio da Federação Internacional dos Críticos no Festival de Cannes 2011.

É um filme eminentemente cerebral, que se conspira em torno da figura do ministro dos Transportes da França, Bertrand Saint-Jean, vivido pelo intenso ator belga Olivier Gourmet -um habituê do cinema humanista dos irmãos diretores Jean-Pierre e Luc Dardenne e que venceu, num trabalho deles, O Filho (2002), o prêmio de melhor ator em Cannes. Os Dardenne, aliás, são produtores de O Exercício do Poder.

Ambientado em gabinetes, O Exercício do Poder é um filme para quem se interessa por política e também pelo desempenho de grandes atores. Além de Gourmet, está na tela outro grande veterano do cinema francês, Michel Blanc, na pele de Gilles, o minucioso chefe de gabinete do ministro, seu braço direito. O papel valeu a Blanc o César de melhor coadjuvante.

O filme parte de uma imagem intrigante: uma mulher abocanhada por um enorme crocodilo num palácio ministerial, e que vem de um sonho de Bertrand, que é brutalmente acordado pelo telefone. Ele recebe a notícia de um grave acidente de ônibus, que custou a vida de vários adolescentes.

Com a discussão da segurança nas estradas ganhando o topo dos noticiários, a primeira tarefa do ministro é minimizar os efeitos negativos, comparecendo ao local do desastre e medindo as palavras com a providencial intervenção de sua assessora de imprensa, Pauline (Zabou Breitman).

Não é a única crise que se desenha no horizonte de Bertrand, já que outros setores do governo, à sua revelia, pretendem privatizar as ferrovias.

Os sindicatos se enfurecem na direção do ministro e é ele, mais uma vez, quem tenta apagar o incêndio -ao mesmo tempo em que testa os limites da própria influência e jogo de cintura, se quiser permanecer no posto.

Escapando da armadilha de ficar limitado a esses bastidores, o filme promove a humanização do ministro, desviando-se dos palácios para sua intimidade. Ele é visto em casa com a mulher (Arly Jover) e também numa surpreendente visita a pessoas comuns.

Isto acontece quando ele troca de motorista, contratando um desempregado, Martin Kuypers (Sylvain Deblé) -escolhido a dedo numa jogada de marketing, para dar o exemplo. Caladão, Kuypers exerce a nova função discretamente, até que um dia o próprio ministro, num acesso de solidão – 4.000 contatos no celular e nenhum amigo, ele se lamenta-, praticamente força um convite para ser recebido na casa do motorista.

A experiência é um pequeno banho de realidade. Trata-se de uma casa localizada num bairro distante, ainda inacabada diante das recentes dificuldades econômicas de seus habitantes.

Nada disso desencoraja a mulher de Kuypers, a jovem Josepha (Anne Azoulay), de discordar do ministro em boa parte da discussão sobre as condições sociais da França e que assumem um tom acalorado.

Certamente, o ministro voltará em breve para seu protegido aquário, o circuito que o leva de um palácio e de uma reunião a outra, procurando ler nas entrelinhas as posições que deve assumir diante da privatização que parece cada vez mais inevitável.

Ancorado boa parte do tempo no rosto tenso de Bertrand, tirando partido do intérprete sutil e admirável que é Olivier Gourmet, o enredo coloca em primeiro plano a questão da lealdade aos próprios princípios e colaboradores.

A ética, enfim, se apresenta como a grande encruzilhada para Bertrand. E as fortes imagens de um acidente de carro fornecem uma poderosa metáfora visual para o deserto de homens, ideias e sentimentos em que o exercício cotidiano do poder tantas vezes transforma a política.

Fonte: JORNAL CORREIO DO BRASIL

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