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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

População muçulmana cresce 29% em 10 anos no Brasil




São Paulo concentra o maior número, seguido do Paraná e do Rio Grande do Sul


O número de muçulmanos no Brasil cresceu 29,1% de 2000 a 2010, segundo o último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A comunidade passou de 27.239 pessoas para 35.167. No mesmo período, a população brasileira aumentou em 12,3%.


As regiões com maiores concentrações de muçulmanos coincidem com as que têm grandes comunidades de origem árabe: o estado de São Paulo em primeiro lugar, seguido do Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mas todas as unidades da federação têm pessoas que se declararam seguidoras da religião.

Para Cláudio Crespo, pesquisador do IBGE, o aumento do número de muçulmanos pode ter ocorrido por várias razões, como nascimentos, conversões, migrações e até uma melhoria na captação de informações pelo próprio Censo. "Podem ser todos estes fatores", disse.


Um exemplo é o do empresário de comércio exterior Leandro Massud, de 35 anos, que se converteu ao Islã no período. Paulistano, neto de libaneses cristãos por parte de pai, ele começou a ter um contato mais próximo com a religião ao buscar suas origens. "O interesse nasceu em uma viagem que eu fiz ao Líbano em 1999, com meu pai e meu irmão. Eu senti uma ligação bem bacana com aquela terra", contou.


A partir daí, Massud buscou mais informações sobre o país, a língua árabe, a cultura e a religião. Ele conta que conseguiu uma edição do Corão, livro sagrado dos muçulmanos, com tradução para o português na Wamy, entidade de divulgação do Islã. Começou a estudar por conta própria, mas surgiu "um trilhão de dúvidas" e resolveu procurar as mesquitas de São Bernardo, na Grande São Paulo, onde mora hoje, e do Brás, na região central da capital paulista, e a própria Wamy.


Anos se passaram até que ele se decidisse pela conversão, ou "reversão", como os muçulmanos chamam. Massud afirma que viu na religião a possibilidade de uma vida mais serena e de maior autoconhecimento. "Hoje eu sou mais disciplinado, mais ligado à família, mais apegado às pessoas, levo uma vida bem mais tranquila", destacou. "Eu não abandonei meus antigos amigos, continuo a me relacionar com quem eu já me relacionava, mas adicionei muita gente ao meu convívio", acrescentou.

O empresário viaja com frequência a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a negócios e aproveita para visitar mesquitas e para conversar com seguidores locais da religião. No próximo ano ele pretende fazer a Umra, pequena peregrinação a Meca, na Arábia Saudita, e posteriormente o Hajj, grande peregrinação anual.

Casado e pai de Tariq, prestes a completar dois anos, Massud espera que o garoto siga o Islã. "O Tariq tem ido à mesquita comigo, a eventos [da comunidade], como a festa de encerramento do Ramadã. Tenho puxado ele [para a religião]. Já demos um nome islâmico. Ele vai ter livre arbítrio, mas o que puder fazer para trazê-lo [à crença] eu vou tentar", declarou.

Imigrantes


No caso das migrações, Crespo, do IBGE, disse, por exemplo, que o Brasil se tornou mais atrativo para os estrangeiros desde que os países ricos passaram a sofrer com a crise financeira, em 2008. Além disso, a presença de familiares e conhecidos facilita a escolha do novo local de moradia, afinal o Brasil é desde o final do século 19 um tradicional destino de imigrantes árabes.


Quem se mudou para o País na década passada foi Islam Shaheen, de 36 anos, nascido em Alexandria, no Egito. Dono de uma empresa de logística em sua terra natal, ele casou com uma brasileira convertida ao Islã que conheceu por meio de uma amiga em comum. "Eu não estava planejando [mudar para o Brasil], mas como eu casei com uma brasileira...", disse.

Shaheen, formado em contabilidade, chegou a São Paulo em 2006 e arrumou emprego na área de controle de qualidade da Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal (Cibal Halal), certificadora de produtos feitos de acordo com regras muçulmanas, onde está até hoje. "Eu tive sorte de aparecer um emprego numa empresa muçulmana", afirmou.

Para ele, a diferença da língua foi o principal problema que enfrentou quando chegou. "Eu procurava pessoas que conseguissem falar inglês, mas era difícil achar", contou. "Fiquei um ano assistindo TV para aprender", brincou, acrescentando que após saber o básico passou a fazer aulas de português.

Pai de uma filha de quatro anos, Shaheen disse que há poucas mesquitas em São Paulo e elas ficam longes umas das outras. Às vezes isso torna difícil manter tradições. No Ramadã, por exemplo, mês em que os muçulmanos jejuam durante o dia, volta e meia ele tem que quebrar o jejum na rua, pois não dá tempo de chegar a um templo para a tradicional refeição comunitária que ocorre após o por do sol, o Iftar.

Segundo o IBGE, entre os muçulmanos brasileiros, 21.042 são homens e 14.124, mulheres, a maioria esmagadora vive em áreas urbanas, 29.248 se declararam brancos, 1.336, negros, 268, asiáticos, e 4,3 mil, pardos. Um dado curioso: 15 indígenas se disseram muçulmanos, contra 24 em 2000.

Fonte: OPERA MUNDI

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