Opção militar poderia 'reverberar bem além das fronteiras da região do Oriente Médio', disse Moscou
STEVE GUTTERMAN - Reuters
MOSCOU - A Rússia fez um duro alerta a Israel e Estados
Unidos para que não ataquem o Irã, argumentando que não há indícios de
que a República Islâmica esteja desenvolvendo armas nucleares, disse a
agência de notícias Interfax nesta quinta-feira, 6. "Alertamos àqueles
que não são estranhos a soluções militares... que isso seria muito
nocivo, literalmente desastroso para a estabilidade regional", disse o
vice-chanceler Sergei Ryabkov à agência.
Um ataque ao Irã poderia "desencadear profundos choques nas esferas
de segurança e econômica, o que iria reverberar bem além das fronteiras
da região do Oriente Médio", acrescentou Ryabkov.
As autoridades russas já fizeram alertas semelhantes no passado, mas
as declarações de Ryabkov parecem indicar uma crescente preocupação de
Moscou com as ameaças israelenses de atacar instalações nucleares
iranianas.
Os EUA e seus aliados suspeitam que o Irã pretenda desenvolver armas
atômicas, embora Teerã insista no caráter pacífico das suas atividades.
Líderes israelenses vêm adotando uma retórica cada vez mais agressiva
nessa questão, gerando rumores de que um ataque poderia ocorrer antes da
eleição presidencial norte-americana de novembro.
Ryabkov insistiu na tese russa de que não há sinais de caráter
militar no programa atômico iraniano, e que o monitoramento da agência
nuclear da ONU é suficiente para tranquilizar o mundo. "Nós, como antes,
não vemos sinais de que haja uma dimensão militar no programa nuclear
iraniano. Nenhum sinal. Vemos algo diferente - que há material
nuclear... no Irã que está sob controle de inspetores, especialistas da
Agência Internacional de Energia Nuclear", afirmou.
Contradição
"Esse material nuclear não está sendo desviado para necessidades
militares, isso é oficialmente confirmado (pela AIEA)". Mas essas
declarações contradizem preocupações manifestadas pela própria AIEA. Na
semana passada, a agência disse que o Irã duplicou nos últimos meses o
número de centrífugas de enriquecimento de urânio em uma usina
subterrânea.
Os inspetores também têm tentado sem sucesso obter acesso a uma
instalação militar onde há suspeitas de terem ocorrido testes de
explosivos relacionados ao desenvolvimento de ogivas atômicas.
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