Imagem do dia 21 de novembro mostra a estátua de Hitler ajoelhado e rezando
Foto: AFP
O grã-rabino da Polônia, Michael Schudrich, manifestou a sua indignação nesta sexta-feira com a presença de uma estátua representando Adolf Hitler ajoelhado no local do antigo gueto judeu de Varsóvia, uma provocação do polêmico artista italiano Maurizio Cattelan.
"Quando se trata de mostrar o personagem de Hitler, temos a responsabilidade extraordinária de sermos sensíveis àqueles que sofreram, por causa do que Hitler provocou aos sobreviventes do Holocausto e aos sobreviventes não-judeus", declarou nesta sexta-feira à AFP o rabino Schudrich.
Uma estátua de cera representando Adolf Hitler, com a estatura de uma criança, vestido com um uniforme cinza, ajoelhado e rezando, foi instalada no antigo gueto de Varsóvia em 16 de novembro.
A estátua pode ser vista apenas de costas e somente as pessoas mais atentas conseguem descobrir a instalação que passa despercebida da maior parte dos passantes. É possível observá-la apenas através de um buraco na porta de entrada de um prédio residencial abandonado.
A obra, intitulada "Him" ("Ele") é apresentada como parte de uma exposição do artista, no Centro de Arte Contemporânea de Varsóvia.
"Colocá-la exatamente aqui, na rua Prozna, que fazia parte do antigo gueto, é prova de uma falta de sensibilidade, e mostra por que isso causa problemas", acrescentou o grã-rabino da Polônia.
Segundo Michael Schudrich, antes do início da exposição, os responsáveis pelo museu haviam dito a ele que esta obra não constituía uma reabilitação de Hitler, mas mostrava que o mal pode existir na forma de uma criança de ar ingênuo e inocente.
"Eu achava que tinha ouvido que (a obra) fosse ficar no museu, mas talvez isso não tenha sido dito. Mas é certo que eles não disseram que a colocariam no antigo gueto", acrescentou Schudrich.
O Centro Simon-Wiesenthal de Jerusalém havia classificado a instalação da estátua no antigo gueto de Varsóvia "de deturpação da arte, que insulta as vítimas dos nazistas" e "de uma provocação sem sentido", em um comunicado de 27 de dezembro.
Um ano depois da invasão da Polônia no dia 1º de setembro de 1939, os alemães criaram o bairro do gueto judeu de apenas 3 km2 onde ficaram amontoados cerca de meio milhão de judeus.
Seus habitantes foram quase todos dizimados pela fome e por doenças, ou deportados para os campos da morte. O bairro foi destruído pelos nazistas em 1943 após a insurreição do gueto.
Fonte: TERRA
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