Prima da minha mãe, de vez em quando a visitava e, quando coincidia de nos encontrarmos, conversávamos muito sobre vários assuntos. Mente aberta, sabia que sou ateu e nunca negou-se a dialogar sobre qualquer assunto, incluindo religião. Era de uma doçura contagiante, ponderando firmemente, "sem perder a ternura", procedimento que traz em si uma enorme dificuldade para a maioria das pessoas, inclusive para mim, admito. Nunca abdicou da sua fé, mas também nunca tentou convencer-me a voltar para as hostes católicas, das quais afastei-me há muito tempo.
Uma perda bastante lamentável.
Irmã Neves sofreu muito quando, em companhia de outras freiras, viu-se expulsa da Sociedade Divina Providência, por um enviado da Sagrada Congregação do Vaticano, que não admitia a política da província de SC, em favor dos menos aquinhoados pela sorte, que o grupo tentou implementar. A expulsão atingiu cerca de 70 religiosas, as quais se reorganizaram e foram trabalhar em comunidades carentes, incluindo o Casqueiro (Palhoça) e Crato (Ceará), etc...
Sobre a expulsão da dedicada freira e suas companheiras, quem escreveu a nota publicada na coluna do Cacau Menezes (não foi ele, com certeza) não teve coragem de comentar, porque parece ter medo do Vaticano. Pobre mente colonizada!!!
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Irmã Neves morre aos 89 anos, em Palhoça
Missionária de Palhoça era conhecida como “Irmã Dulce de Santa Catarina”
Keli Magri
FLORIANÓPOLIS
Fundadora da ONG João Paulo II, no bairro Ponte do Imaruim, em Palhoça, conhecida por ajudar cerca de 600 famílias da sua comunidade, a missionária Alete Alves, a irmã Neves, morreu sábado, aos 89 anos. Ela foi sepultada na tarde de ontem, no cemitério do Passa Vinte, em Palhoça.
O bairro Ponte do Imaruim é habitado por pescadores de baixa renda e tem problemas de infraestrutura. Desde 1978, irmã Neves, que era da congregação das Irmãs da Fraternidade Esperança, e um grupo de religiosos promoviam junto às lideranças do bairro o projeto de Desenvolvimento Comunitário da Praia. A iniciativa leva saneamento básico e urbaniza as favelas de palafitas que se formaram na margem direita do rio Marrom. No local, ela inaugurou a creche, depois construiu a igreja e formou a associação dos moradores.
Nascida em Florianópolis, filha de pescador, irmã Neves era formada em pedagogia e, aos 18, anos ingressou na congregação das Irmãs da Fraternidade Esperança. Lecionou em Florianópolis, Lages, Laguna, Tubarão e Tijucas. Há mais de 30 anos atendia crianças carentes, por meio da educação formal e da educação para o trabalho, na ONG João Paulo II. Seus projetos atendem 1.600 pessoas na Ponte do Imaruim.
Para alguns, ela é a Irmã Dulce de Santa Catarina. Fazia questão de afirmar que se realizava “promovendo cidadãos de bem”, como ela chamava as crianças atendidas nos projetos. Em 2010, irmã Neves recebeu o prêmio Betinho - Atitude Cidadã, que valoriza pessoas que lutam, no dia a dia, contra a fome e pela promoção da cidadania. “Foi uma grande perda para a comunidade”, afirmou o presidente de honra da associação dos moradores, José da Silva Mattos.
Fonte: NOTICIAS DO DIA
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