Por : Jeff | 11:27 | 02/01/2012
Se você possui Facebook, certamente já se deparou com algum texto ou
citação atribuida a Clarice Lispector. Certamente muito deste material,
de fato nem foi escrito por ela, mas é comum este tipo de situação, por
ignorância ou na tentativa de promover um texto, usando o seu
reconhecimento como escritora. Mas apesar de ouvir tanto falar em
Clarice Lispector, será que você sabe quem ela realmente foi? Quer
descobrir?
Clarice Lispector, nascida Haia Pinkhasovna Lispector (Tchetchelnik, 10 de dezembro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977) foi uma escritora e jornalista brasileira, nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira.
O Início…
De origem judaica, Clarice foi a terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Nasceu na cidade de Tchetchelnik
enquanto seus pais percorriam várias aldeias da Ucrânia por conta da
perseguição aos judeus durante a Guerra Civil Russa de 1918-1921. Chegou
ao Brasil quando tinha dois meses de idade e sempre que questionada
sobre sua nacionalidade, Clarice afirmava não ter nenhuma ligação com a
Ucrânia: – ‘Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de
colo’. Dizia que sua verdadeira pátria era o Brasil.
A família chegou a Maceió em março de 1922, sendo recebida por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e primo José Rabin. Por iniciativa de seu pai todos mudaram de nome, exceto Tânia,
uma de suas irmã. O pai passou a se chamar Pedro, Mania passou a se
chamar Marieta, Leia, sua outra irmã, passou a ser Elisa e Haia, por
fim, se tornou Clarice.
Pedro passou a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante, porém
com dificuldades de relacionamento com Rabin e sua família, Pedro
decide mudar-se para Recife, então a cidade mais importante do
Nordeste. Clarice Lispector começou a escrever logo que aprendeu a ler,
na cidade do Recife, onde passou parte da infância no bairro de Boa
Vista. Estudou no Ginásio Pernambucano de 1932 a 1934. Falava vários
idiomas, entre eles o francês e o inglês. Cresceu ouvindo no âmbito
domiciliar o idioma materno, o Iídiche, um idioma falado por algumas
comunidades judaicas.
Sua mãe morreu em 21 de setembro de 1930, quando Clarice tinha 9
anos, após vários anos sofrendo com as consequências da Sífilis,
supostamente contraída por conta de um estupro sofrido durante a Guerra
Civil Russa, enquanto a família ainda estava na Ucrânia. Clarice sofreu
com a morte da mãe e muitos de seus textos refletem a culpa que a autora
sentia e figuras de milagres que salvariam sua mãe. Quando tinha 15
anos seu pai decidiu se mudar para o Rio de Janeiro. Sua irmã Elisa
conseguiu um emprego no ministério, por intervenção do então ministro Agamemnon Magalhães, enquanto seu pai teve dificuldades em achar uma oportunidade na capital.
Clarice estudou em uma escola primária na Tijuca até ir para o curso
preparatório para a Faculdade de Direito. Foi aceita para a Escola de
Direito na então Universidade do Brasil em 1939. Se viu frustrada com
muitas das teorias ensinadas no curso e descobriu um escape: a
literatura. Em 25 de maio de 1940, com apenas 19 anos, publicou seu
primeiro conto ‘Triunfo’ na Revista Pan. Três meses após uma cirurgia
simples para a retirada de sua vesícula biliar, seu pai Pedro morre de
complicações do procedimento.
As filhas ficam arrasadas com as circunstâncias da morte tão
inesperada e como consequência, Clarice se afasta da religião judaica.
No mesmo ano, Clarice chama a atenção de Lourival Fontes, então chefe do Departamento de Imprensa e Propaganda (órgão responsável pela censura no Estado Novo de Getúlio Vargas), provavelmente com o conto ‘Eu e Jimmy’ e é alocada para trabalhar na Agência Nacional, responsável por distribuir notícias aos jornais e emissoras de rádio da época. Lá conheceu o escritor Lúcio Cardoso, por quem se apaixonou (não correspondido, já que Lúcio era homossexual) e de quem se tornou amiga íntima.
No mesmo ano, Clarice chama a atenção de Lourival Fontes, então chefe do Departamento de Imprensa e Propaganda (órgão responsável pela censura no Estado Novo de Getúlio Vargas), provavelmente com o conto ‘Eu e Jimmy’ e é alocada para trabalhar na Agência Nacional, responsável por distribuir notícias aos jornais e emissoras de rádio da época. Lá conheceu o escritor Lúcio Cardoso, por quem se apaixonou (não correspondido, já que Lúcio era homossexual) e de quem se tornou amiga íntima.
Em 1943, no mesmo ano de sua formatura, casou-se com o colega de
turma Maury Gurgel Valente, futuro pai de seus dois filhos. Maury foi
aprovado no concurso de admissão na carreira diplomática e passou a
fazer parte do quadro do Ministério das Relações Exteriores. Em sua
primeira viagem como esposa de diplomata, Clarice morou na Itália onde
serviu durante a Segunda Guerra Mundial como assistente voluntária junto
ao corpo de enfermagem da Força Expedicionária Brasileira. Também morou
em países como Inglaterra, Estados Unidos e Suíça, países para onde
Maury foi escalado. Apesar disso, sempre falou em suas cartas a amigos e
irmãs como sentia falta do Brasil.
Em 10 de agosto de 1948, nasce seu primeiro filho, Pedro, em Berna na
Suiça. Quando criança Pedro se destacava por sua facilidade de
aprendizado, porém na adolescência sua falta de atenção e agitação foram
diagnosticados como esquizofrenia. Clarice se sentia de certa forma
culpada pela doença do filho, e teve dificuldades para lidar com a
situação. Em 10 de fevereiro de 1953, nasce Paulo, o segundo filho de
Clarice e Maury, em Washington, D.C., nos Estados Unidos. Em 1959 se
separou do marido que ficou na Europa e voltou permanentemente ao Rio de
Janeiro com seus filhos, morando no Leme.
No mesmo ano assina a coluna ‘Correio Feminino – Feira de Utilidades’, no jornal carioca Correio da Manhã, sob o pseudônimo de Helen Palmer. No ano seguinte, assume a coluna ‘Só para mulheres’, do Diário da Noite, como ghost-writer da atriz Ilka Soares.
No dia 14 de setembro de 1966, Clarice provoca um incêndio ao dormir
com um cigarro acesso e seu quarto fica destruído, além da escritora ser
hospitalizada entre a vida e a morte por três dias. Sua mão direita é
quase amputada devido aos ferimentos e depois de passado o risco de
morte, ainda ficou hospitalizada por dois meses.
Em 1975 foi convidada a participar do ‘Primeiro Congresso Mundial de
Bruxaria’, em Cali na Colômbia. Fez uma pequena apresentação na
conferência e falou do seu conto ‘O ovo e a Galinha’, que depois de
traduzido para o espanhol fez sucesso entre os participantes. Ao voltar
ao Brasil, a viagem de Clarice ganhou ares mitológico, com jornalistas
descrevendo (falsas) aparições da autora vestida de preto e
coberta de amuletos. Porém, a imagem se formou, dando a Clarice o título
de ‘A grande bruxa da literatura brasileira’.
Seu próprio amigo Otto Lara Resende disse sobre a obra de Lispector: – ‘não se trata de literatura, mas de bruxaria’.
O Fim…?
Clarice foi hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance
‘A Hora da Estrela’, com câncer inoperável no ovário, diagnóstico
desconhecido por ela. Faleceu no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes
de completar 57 anos. Foi enterrada no Cemitério Israelita do Caju, no
Rio de Janeiro, em 11 de dezembro. Até a manhã de seu falecimento, mesmo
sob sedativos, Clarice ainda ditava frases para a amiga Olga
Borelli. Durante toda sua vida Clarice teve diversos amigos de destaque
como Fernando Sabino, Lúcio Cardoso, Rubem Braga, San Tiago Dantas e
Samuel Wainer, entre diversos outros literários e personalidades.
Ilustração: By Jubran
Obras
1943 – Perto do Coração Selvagem – Romance
1946 – O Lustre - Romance
1949 – A Cidade Sitiada - Romance
1960 – Laços de Família - Contos
1961 – A Maçã no Escuro – Romance
1964 – A Legião Estrangeira – Contos
1964 – A Paixão Segundo G.H. – Romance
1967 – O Mistério do Coelho Pensante – Infantil
1968 – A Mulher que Matou os Peixes – Infantil
1969 – Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres – Romance
1971 – Felicidade Clandestina – Contos
1973 – Água Viva – Romance
1974 – Onde Estivestes de Noite – Contos
1974 – A Via Crucis do Corpo – Contos
1974 – A Vida Íntima de Laura – Contos
1977 – A Hora da Estrela – Romance
1946 – O Lustre - Romance
1949 – A Cidade Sitiada - Romance
1960 – Laços de Família - Contos
1961 – A Maçã no Escuro – Romance
1964 – A Legião Estrangeira – Contos
1964 – A Paixão Segundo G.H. – Romance
1967 – O Mistério do Coelho Pensante – Infantil
1968 – A Mulher que Matou os Peixes – Infantil
1969 – Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres – Romance
1971 – Felicidade Clandestina – Contos
1973 – Água Viva – Romance
1974 – Onde Estivestes de Noite – Contos
1974 – A Via Crucis do Corpo – Contos
1974 – A Vida Íntima de Laura – Contos
1977 – A Hora da Estrela – Romance
Póstumos
1978 – Para Não Esquecer – Crônicas
1978 – Um Sopro de Vida – Romance
1978 – Quase de Verdade – Infantil
1979 – A Bela e a Fera – Contos
1987 – Como Nascem as Estrelas – Infantil
1978 – Para Não Esquecer – Crônicas
1978 – Um Sopro de Vida – Romance
1978 – Quase de Verdade – Infantil
1979 – A Bela e a Fera – Contos
1987 – Como Nascem as Estrelas – Infantil
Copilações
2002 – Correspondências – Org. Teresa Montero
2004 – Aprendendo a Viver – Crônicas – Org. Pedro K. Vasquez
2005 – Aprendendo a Viver – Imagens
Ed. de Textos: Teresa Montero
Ed. de Imagens: Luiz Ferreira
2002 – Correspondências – Org. Teresa Montero
2004 – Aprendendo a Viver – Crônicas – Org. Pedro K. Vasquez
2005 – Aprendendo a Viver – Imagens
Ed. de Textos: Teresa Montero
Ed. de Imagens: Luiz Ferreira
2005 – Outros Escritos - Org. Lícia Manzo e Teresa Montero
2006 – Correio Feminino - Org. Aparecida Maria Nunes
2006 – A Hora da Estrela - Ed. Especial c/ Áudio Livro
2007 – Clarice Lispector Entrevistas
2007 – Minhas Queridas – Org. Teresa Montero
2008 – Só para Mulheres – Org. Aparecida M. Nunes
2008 – A Descoberta do Mundo – Crônicas
2009 – Clarice na Cabeceira – Contos - Org. Teresa Montero
2010 – De Amor e Amizade – Crônicas para Jovens
2010 – De Escrita e Vida - Crônicas para Jovens
Organização (ambos): Pedro Karp Vasquez
2006 – Correio Feminino - Org. Aparecida Maria Nunes
2006 – A Hora da Estrela - Ed. Especial c/ Áudio Livro
2007 – Clarice Lispector Entrevistas
2007 – Minhas Queridas – Org. Teresa Montero
2008 – Só para Mulheres – Org. Aparecida M. Nunes
2008 – A Descoberta do Mundo – Crônicas
2009 – Clarice na Cabeceira – Contos - Org. Teresa Montero
2010 – De Amor e Amizade – Crônicas para Jovens
2010 – De Escrita e Vida - Crônicas para Jovens
Organização (ambos): Pedro Karp Vasquez
2010 – Clarice na Cabeceira – Contos - Org. Teresa Montero
2010 – O Mistério do Coelho Pensante e Outros Contos – Infantil
2011 – Do Rio de Janeiro e Seus Personagens – Crônicas para Jovens
Organização: Pedro Karp Vasquez
2010 – O Mistério do Coelho Pensante e Outros Contos – Infantil
2011 – Do Rio de Janeiro e Seus Personagens – Crônicas para Jovens
Organização: Pedro Karp Vasquez
2011 – Como Nasceram as Estrelas – Infantil
2011 – Clarice de Cabeceira – Romances
Organização: José Castello
2011 – Clarice de Cabeceira – Romances
Organização: José Castello
Fonte: http://www.gelonegro.com.br/
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