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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

JUDIAS DE BURKA

JUDIAS A LA TALIBAN

por Marcos Wasserman 


 Pois é, meu caro leitor. O título desta crônica não é uma fantasia, mas o espelho de uma realidade israelense. Já nos acostumamos a ver, através dos meios de comunicação, mulheres muçulmanas cobertas dos pés à cabeça, com aquela burka, que permite no máximo ver os olhos das que se locomovem com esta inusitada vestimenta.
Não sei se todos viram que, entre as muitas publicações, andou pela internet uma foto de duas jovens parisienses, cuja tendência religiosa não foi definida, mas que todo mundo na rua parou para olhá-las, pois estavam vestidas com mini-burkas, ou seja, aquela negra vestimenta que desce da cabeça até os joelhos, o resto estava à disposição para quem as quisesse ver, de salto alto, irradiando sensualidade com a nova moda.
Agora, em Israel, ao que consta um número ainda reduzido de jovens judias ultra-ultrarreligiosas resolveu adotar vestimenta idêntica às burkas muçulmanas, originando um sério conflito entre os próprios rabinos ultra-ultraortodoxos, como sempre com uns a favor dessa exótica nova vestimenta judaica e outros contrários. Embora estranho, não deixa de ser pitoresco de alguma forma tomar conhecimento do que dizem certos rabinos extremistas sobre esta burka judaica. Está na internet, em hebraico, para quem quiser ver na versão eletrônica do jornal “Yediot Aharonot”. Lá consta como funciona a propaganda dos rabinos a la Talibã (numa tradução livre):
“O anjo da morte pairará sobre toda a casa judia e somente serão salvas as mulheres que estiverem com sua cabeça totalmente coberta, vestindo uma blusa cerrada, meias daquelas [minha nota: das que usam as jovens ‘filhas de Maria’] e um xale complementar.”
Quem quiser poderá encontrar, na referida reportagem, os nomes e as fotos dos rabinos ultra-ultra, o que leva todos a supor estarmos vivendo, em Israel, um fenômeno de mimetismo religioso com relação ao Islã. Essa inusitada situação tem aspectos muito mais abrangentes, quando já se faz sentir, em Israel, um extremismo religioso totalmente incompatível com a tradição judaica, segundo observa a grande maioria dos rabinos tradicionais.
De repente, em certas ruas de Jerusalém alguém decidiu que as mulheres devem caminhar de um lado da calçada e os homens, do outro. E, quando se trata de um enterro no cemitério, a Instituição Religiosa responsável pelos sepultamentos colocou placas na qual determina que as mulheres devem dirigir-se em conjunto para acompanhar o féretro até o túmulo, e os homens devem vir, também em grupo, de outra direção. Não devem se misturar.
Também apareceram ônibus onde as mulheres são solicitadas a sentarem-se nos últimos bancos; e há outros ônibus, numa nova formulação de kashrut, em que, em um deles, viajam somente homens e, em outro, somente mulheres. Por incrível que pareça, essa infiltração, que provoca muitos pontos de interrogação, chegou até ao exército que, em Israel, é um baluarte popular, onde elites não existem, mas todo o povo dele participa, e onde as mulheres, até há pouco tempo, tinham e gozavam de igualdade de condições.
Não é que, numa certa cerimônia religiosa comemorando a festividade de Simchat Torá, os soldados de sexo feminino foram convidados a evacuar o local e ir dançar (com a Torá?) em outra área, para não ferirem a pureza dos virtuosos olhos dos soldados religiosos, que também exigiram não participassem mulheres cantoras em qualquer ato comemorativo militar.
O Primeiro-ministro Netanyahu proclamou, de público, de forma altissonante, que se opõe ao que está acontecendo. Shimon Peres, Presidente do Estado de Israel, declarou, categoricamente, que toda discriminação contra as mulheres é um gravíssimo erro e é inadmissível que se pretenda que cantoras sejam proibidas de aparecer em público, sendo todo tipo de exclusão das mulheres contrário aos nossos princípios judaicos. E, ainda, acrescentou em tom de blague: “Ninguém obriga nenhum homem a subir num ônibus e muito menos obriga uma mulher que fique sentada onde ele assim o determine”.
Nos acontecimentos acima referidos, e em outros mais, que são desnecessários referir, há algo de muito espetacular que merece a devida citação. Pois não é que apareceram também rabinos que decidiram defender – pasmem – a existência de poligamia em Israel! E se explicam: “Se você perguntar aos casamenteiros que organizam 90% dos casamentos no mundo ultraortodoxo, eles responderão que, para cada 2,5 mil mulheres livres, há apenas 600 homens solteiros. Há muitas mulheres condenadas ao celibato” – nas palavras do Rabino Yehezkel Sofer, morador de Tel Aviv. E continua: “A proibição está suspensa e nós temos que nos reger pelos costumes de nossos antepassados”, enquanto lembra que os pais fundadores do Povo Judeu tiveram várias esposas (Abraão, 2, e Jacó, 4)!!!
Na virada do Século X para o Século XI, houve um tal Rabino Gershom Ben Judá, de Meinz, que publicou um édito proibindo a poligamia “até o final do quinto milênio”. Para que fique claro, o ano 5000 no calendário hebraico refere-se ao ano de 1240 do calendário gregoriano. A decisão do ilustre doutrinador chegou aos judeus da Europa, mas, dela, não tiveram conhecimento aqueles que viviam em alguns países do Oriente e que continuaram prazerosamente a contrair núpcias com várias mulheres.
Os rabinos, que hoje pleiteiam a instituição oficial da poligamia, o fazem com a devida base legal, vez que o édito do Rabino Gershom já prescreveu de longa data. Em contraposição, o Rabino Jacob Bezalel, assessor do Rabino Chefe Sefaradita Shlomo Amar, refere que a campanha pró poligamia é “uma perversão do judaísmo motivada unicamente pela luxúria carnal”. Se tudo o que comentamos até agora pode ser considerado pitoresco, na realidade é motivo de grande preocupação, pois a sociedade israelense está sendo levada, por força de coalizões políticas, a começar a fazer parte de alguns clubes retrógrados que existem numa certa área pouco simpática nas vizinhanças do nosso Estado de Israel.

Fonte: PLETZ

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