O banco do Opus Dei
Dirigentes do banco espanhol Santander, um dos dez maiores do mundo, têm relacionamento estreito com o Opus Dei, ala ultraconservadora do Vaticano
Da redação
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Já o Santander foi fundado em 1857, no norte da Espanha, na cidade que lhe emprestou o nome. Depois, o banco comprou outras instituições financeiras daquele país até chegar à capital, Madri, em 1942, já sob o comando da família Botín, que tem ligação histórica com o Opus Dei.
Nas mãos dos membros dessa discreta organização católica, o banco cresceu bastante no período do fascismo espanhol, liderado pelo ditador Francisco Franco (1892-1975), com o qual líderes da Opus Dei também tiveram laços estreitos. Na década de 1960, o Santander passou a expandir seus negócios, começando pela América Latina. A primeira investida ocorreu na Argentina. Depois se instalou em Cuba, Porto Rico, Chile, Venezuela e México, antes de dar seus primeiros passos no Brasil, na Colômbia, no Peru e no Uruguai.
O fortalecimento da marca também ocorreu nos Estados Unidos, demonstrando a intenção da instituição em se expandir pelo mundo, sempre sob o comando da família Botín, que tem a presidência do Grupo Santander desde 1920, quando Emilio Botín y López assumiu o cargo. Hoje, além da presidência, exercida desde 1986 por Emílio Botín Sanz de Sautuola y García de los Ríos, vários parentes ocupam cargos de direção. Para ter maior inserção nos círculos do poder, o Santander costuma financiar integralmente jovens que fazem cursos em universidades ligadas ao Opus Dei, onde serão “catequizados”. O banco chegaria até a pagar os estudos de parentes de juristas, políticos, donos e diretores de meios de comunicação.
Para se ter uma ideia do poder de influência do Opus Dei, o jornalista Alberto Dines, em texto publicado no “Observatório da Imprensa”, diz que há mais de 200 editores a serviço da organização na imprensa brasileira. “A Opus Dei é uma confissão ou ordem religiosa mas é, principalmente, um projeto ideológico para conquistar o poder através da lavagem cerebral de seus adeptos”, diz o jornalista no mesmo artigo.
Na instituição financeira oficial da Igreja Católica, Tedeschi virou réu num processo que envolve mais de 23 milhões de euros em apenas uma operação, segundo divulgou a agência de notícias Ansa. Na ocasião, a oficial da polícia financeira italiana Maria Teresa Covatta congelou o valor, que havia sido depositado irregularmente numa conta corrente do IOR. O Banco do Vaticano teria violado normas contra a lavagem de dinheiro.
Nova coincidência: assim como o banco da Igreja Católica, a poderosa família Botín, do banco Santander, também enfrenta problemas com o fisco (veja reportagem ao lado).
Na Espanha, suspeita de fraude. No Brasil, muitas reclamações
Na Espanha, o banco Santander é investigado por fraudes. Emilio Botín e integrantes de sua família são alvos de um inquérito por suspeitas de fraude fiscal e de falsificação de documentos, que teriam ocorrido entre 2005 e 2009. Apesar de o processo ainda estar em andamento, o banco Santander informa que já disponibilizou voluntariamente 200 milhões de euros, em 2010, para a Fazenda Espanhola regularizar a situação de todos os membros da família Botín, que estariam envolvidos em processos com o fisco suíço.
No Brasil, o Santander é o campeão em queixas dos consumidores. No Cadastro de Reclamações Fundamentadas do Procon, em São Paulo, por exemplo, consta que o banco espanhol desponta como a instituição que ignorou 79% das 695 queixas procedentes em 2010 – aquelas que, por não terem sido resolvidas, redundaram em abertura de processo administrativo, para serem trabalhadas pelo órgão de defesa do consumidor. Os dados do Procon em relação às queixas em 2011 ainda não foram divulgados. As reclamações mais frequentes se referem a transações eletrônicas não reconhecidas e a cobranças irregulares de tarifas e serviços não contratados – além do descumprimento de prazo para a solução de problemas dos clientes.
Em outubro e novembro do ano passado foram registradas pelo Banco Central 384 reclamações contra o banco Santander, por descumprimento de determinações do Conselho Monetário Nacional ou do próprio BC. Nos dois últimos rankings anunciados pelo Banco Central, o Santander ainda teve outras 2.540 contestações. O grau de irritação dos clientes do banco provocou até o surgimento de um endereço no Facebook chamado “Eu Odeio o Santander”.
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