De Hugo Chávez ao "Efeito Coolidge", veja ocasiões em que chefes de Estado deram declarações polêmicas sobre o sexo
Ariel Palacios
10/03/2019 - 17:13 / Atualizado em 11/03/2019 - 06:59
Representação da morte do presidente francês Félix Fáure, que teria falecido em encontro com amante Foto: Print Collector / Print Collector/Getty Images
Representação da morte do presidente francês Félix Fáure, que teria falecido em encontro com amante Foto: Print Collector / Print Collector/Getty Images
Nestes tempos de presidentes postando vídeos pornográficos nas redes sociais e perguntando o que é uma urolágnica "golden shower", destrincharemos como chefes de Estado e de governo, ao longo da História, dedicaram-se a falar sobre assuntos sexuais durante a jornada de trabalho.
1 – Chávez: "Se prepara para esta noite!"
Notório por seus comentários machistas e misóginos e por sua pose delatin lover , Hugo Chávez, presidente da Venezuela entre 1999 e 2013 (ano de sua morte), fazia seu programa de rádio "Alô, presidente" no dia de São Valentim, no 14 de fevereiro do no ano 2000, quando enviou um recado para sua esposa na época, Marisabel. "Se prepara, Marisabel, que hoje à noite te dou aquilo que você gosta!"
Depois, com milhões de ouvintes atentos às declarações de "El Comandante Supremo", Chávez arrematou: "ei, lembra aquela noite no Volkswagen?" Ao seu lado, seus ministros e secretários, aplaudiram as frases do presidente.
2 – Cristina Kirchner: Quem precisa de viagra quando tem pururuca?
Em agosto de 2010, a então presidente Cristina Kirchner fez apologias da carne suína como afrodisíaca, destacando a pele e a gordura dos leitõezinhos. Dando continuidade à sua apologia das benesses vasodilatadoras das costeletas de leitão, lombinho e pernis, a presidente Cristina, em defesa dos estimulantes naturais em detrimento dos químicos, relativizou a importância da indústria farmacêutica nesse setor ao ressaltar que considera que "é mais gratificante comer um leitãozinho na grelha do que ter que usar o viagra" .
O público sentado no auditório da Casa Rosada estava peculiarmente estupefato pelas observações suíno-sexuais da presidente da República. Na terra par excellence dos bovinos, CFK fez uma inédita enfática defesa do consumo dos ungulados onívoros que propiciariam melhores coitos. 

Nestor Kirchner, então presidente argentino, e sua esposa e senadora Cristina Kirchner Foto: Horacio Villalobos / Corbis via Getty Images
Para arrematar, sustentou que havia tido oportunidade de verificar isso empiricamente em um fim de semana na Patagônia com seu marido Néstor Kirchner. “Fantásssssssssstico!” (assim pronunciado), disse para definir a somatória do leitão e o fim de semana. “Tudo andou muito bem”, afirmou Cristina, em referência às horas posteriores ao repasto suíno em companhia do ex—presidente e então primeiro—cavalheiro. Coincidentemente — como contamos antes — Kirchner morreu com a carótida entupida dois meses depois.
3 – Determinação presidencial ugandense: boca é só para comer
O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, durante uma coletiva de imprensa, dissertou — para surpresa dos jornalistas — sobre o sexo oral. Ou melhor, segurando firme o microfone, aproveitou para pregar contra a prática do felattio , a.k.a. sexo oral.
Museveni sustentou que "a boca é para comer! Não é para o sexo. A gente sabe onde é que o sexo tem que ser feito!". Segundo o presidente ugandês, o sexo oral é uma pervertida moda proveniente de fora da Uganda. Isto é, uma atrocidade estrangeira que pretenderia conspurcar o sexo feito na modalidade nacional de Uganda. "Permitam-se aproveitar esta oportunidade para advertir publicamente nosso povo sobre práticas equivocadas e promovidas pelos estrangeiros". Museveni sustentou que pretendia redigir uma lei contra a prática do fellatio. O presidente sustenta que sexo oral provoca a existência de lombrigas no estômago.
Em 2014 ele já havia decretado a ilegalidade da homossexualidade na Uganda. A pena é de prisão perpétua. E, se alguém souber que uma pessoa é gay e não denunciá-la perante a Polícia, essa pessoa também será presa.
4 – Efeito Coolidge: Tempo para a recuperação da capacidade erétil presidencial
Calvin Coolidge foi o trigésimo presidente dos Estados Unidos (1923-1929). Era lacônico e reservado. Gostava de ser low profile. Mas, um incidente verbal entre ele e sua esposa acabou vinculado o presidente com questões sexuais, o "Efeito Coolidge". Esse efeito, descrito na psicologia e biologia, refere-se ao período refratário, isto é, o tempo em que uma pessoa tem para se recuperar de uma ejaculação entre um coito e outro. Essa recuperação oscila de pessoa para pessoa (e envolve os mais variados fatores, como idade, estado físico, questões psicológicas, etc).
Mas, como Coolidge foi envolver-se com o período refratário? Acontece que o casal presidencial estava visitando uma granja de galinhas onde realizavam experiências para estimular a reprodução. A sra Coolidge caminhava mais rápido e entrou em um pavilhão onde percebeu que vários galos não paravam de copular e perguntou sobre a frequência dos plumíferos. O técnico responsável respondeu: "uma dúzia de vezes, aproximadamente". Ao ouvir isso, ela disse: "conte isso ao presidente quando ele passe por aqui".
Quando Coolidge passou e o técnico lhe comentou sobre o assunto e o pedido da primeira-dama, ele perguntou mais detalhes: "o galo faz sexo com a mesma galinha todos os dias?". O técnico respondeu: "não, presidente. Ele faz sexo com uma dúzia de galinhas diferentes". Coolidge então disse ao técnico: "pois então conte isso à sra Coolidge quando ela passar por aqui na volta".
Então presidente dos EUA Calvin Coolidge e a primeira-dama Grace Coolidge, em maio de 1924 Foto: Universal History Archive / UIG via Getty Images
Então presidente dos EUA Calvin Coolidge e a primeira-dama Grace Coolidge, em maio de 1924 Foto: Universal History Archive / UIG via Getty Images
5 – Para "não soltar a franga", Evo Morales evita frango
O presidente Evo Morales, que neste momento é o que está há mais tempo no poder na América do Sul (ele tomou posse em 2006), é outra comprovação de que os presidentes, em vez de se ocupar da economia do país, dedicam parte de sua jornada de trabalho a falar sobre o sexo de terceiros.
Esse foi o caso em 2010 quando, em pleno comício em uma cidade do interior, do alto do palanque Morales deu uma de biólogo, pontificando que o suposto crescimento do número de homens gays no mundo, devia-se à carne de frango transgênica. Na sequência sustentou que a influência galinácea na opção sexual dos homens estava comprovada pela ciência. E, para arrematar, como se fosse um pastor pregando para seus fiéis em um templo sobre os "perigos satânicos", Morales chamou a homossexualidade de “desvio”. Para deixar claro que seria heterossexual, o presidente boliviano rapidamente explicou que evita comer frangos de granja.
Meia década depois, Evo criou nova polêmica sobre a homossexualidade. Durante um comício, ao ver que sua ministra da Saúde, Ariana Campero, não estava supostamente prestando atenção nele e em seu discurso, Evo interrompeu a fala para dirigir-se a ela: "não quero pensar que você é lésbica, Ariana!" (no sentido de algo como se ele fosse um sex symbol a ser admirado). Os ministros riram. Campero esboçou um sorriso amarelo.
Associações de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais lamentaram as declarações de Morales, ressaltando que — mais uma vez — ele discrimina, ironizando sobre os direitos dos outros, neste caso, como se fosse um defeito ser lésbica.
As declarações de Morales tiveram repercussão negativa em todo o mundo. Para tentar colocar panos quentes, o presidente argumentou "sou um feminista que conta piadas machistas...". Meses depois, obcecado com o mundo gay, voltou ao assunto: "Não entendo como mulheres podem se casar com mulheres e homens com homens...sou meio conservador".
6 – Félix Fauré: Fatal Feliz Fellatio
Félix Fauré foi o 6º presidente da Terceira República francesa (1895-99). Volta e meia ele dava uma escapada do palácio presidencial para encontrar sua amante, Marguerite Steinheli, com a qual mantinha um tórrido affaire. No dia 16 de fevereiro de 1899 o presidente fez uma visita a Marguerite. Tudo transcorria com entusiasmo até que aconteceu uma catástrofe.
Mas existem duas versões para o desenlace:
1 – Marguerite estava realizando um fellatio no membro presidencial quando, subitamente, Fauré teve um ACV e morreu. Essa versão foi batizada de "final feliz". O fato é que o ácido humor parisiense não cansava de citar as "pompas fúnebres" do chefe de Estado, já que "pompier" era (e ainda é) gíria para o sexo oral. Georges Clemenceau, que foi presidente anos depois, dizia com ironia sobre seu defunto colega: "desejou ser César...mas acabou como Pompeu".
2 – Marguerite e Félix estavam em pleno coito vaginal quando o presidente morreu. Marguerite entrou em choque. Quando recuperou a consciência, horas depois, o rigor mortis e o entumescimento impedia que ela se desacoplasse de Monsiuer Le Président. Ela pediu socorro, as criadas apareceram e chamaram os médicos. Ao constatar a impossibilidade de remover o presidente, tiveram que amputar o membro presidencial.
7 – Rodríguez Sáa: Do motel à Casa Rosada
Em outubro de 1993 o então governador da província argentina de San Luiz, Adolfo Rodríguez Saá apareceu subitamente na TV provincial para explicar que havia sido seqüestrado e colocado à força no motel "Y...no c" (jogo de palavras equivalente a ‘E…não sei’). Junto com ele foi levada sua amante, Esther Sesín, dona de curvas abundantes, que tinha o nom de guerre de “La Turca”. Perante a audiência de telespectadores de San Luis, o próprio Rodríguez Saá relatou que em meio ao sequestro havia sofrido um grave abuso sexual.
Segundo ele, um grupo de pessoas estava tentando extorqui-lo, pois haviam gravado cenas de conteúdo hardcore. Os sequestradores o deixaram em uma estrada de terra, espancado e com a ameaça de divulgar o vídeo caso ele não pagasse US$ 3 milhões. No entanto, a polícia imediatamente encontrou e deteve “La Turca” e o mentor do sequestro. Seus inimigos afirmam que foi uma jogada de Rodríguez Saá que agiu rápido, dando sua própria versão da história sobre o vídeo.
Rodríguez Sáa ficaria mais famoso (mundialmente) por outra ação. Não sexual, mas financeira: no dia 23 de dezembro de 2001, em meio à grave crise política e econômica, Rodríguez Saá foi designado presidente provisório da Argentina. Sua primeira medida foi declarar o calote da dívida pública com os credores privados. Uma semana depois, alvo de panelaços e sem apoio dos governadores, renunciou.
Fonte: https://epoca.globo.com/sete-polemicas-envolvendo-presidentes-atos-sexuais-que-voce-talvez-nao-conheca-23511931
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