
Juliana Conte
Publicado em: 3 de junho de 2014
Revisado em: 11 de agosto de 2020
Redação Notícias
seg., 12 de abril de 2021 10:23 AM·6 minuto de leitura

De acordo com a Folha de S. Paulo, o ministério ainda comprou 28 milhões de cápsulas pagando até R$ 5,33 por dose, cerca de 33% mais caro do que antes da pandemia quando o valor era de R$ 4 (Foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP via Getty Images)

Publicado em: 3 de junho de 2014
Revisado em: 11 de agosto de 2020
Tamiflu só é indicado para tratar H1N1 em casos graves, como os que envolvem doentes crônicos, gestantes, idosos e crianças menores de dois anos.
No início do mês de abril, a Cochrane Collaboration — uma rede de cientistas independentes que analisam a eficácia dos medicamentos comercializados — divulgou que o antigripal Tamiflu®, utilizado no tratamento da gripe A H1N1, não evita a disseminação da doença nem diminui as complicações que ela pode causar. Na verdade, segundo o estudo, ele teria o mesmo efeito do paracetamol (analgésico popular).
Em tempos de propagação do vírus, é preciso ficar atento a algumas questões que não foram bem esclarecidas.
Segundo a médica Nancy Cristina Junqueira Bellei, coordenadora da Comissão Científica de Influenza e Virologia Clínica da Sociedade Brasileira de Infectologia, a pesquisa da Cochrane foi realizada com pacientes ambulatoriais que ainda não tinham o diagnóstico de H1N1 confirmado por meio de exames laboratoriais e foram escolhidos aleatoriamente. Esses pacientes foram avaliados depois de tomarem a medicação. “O que se observou é que os sintomas da doença, como febre e mal-estar, passaram num período de três a cinco dias. Ou seja, a maior parte dos doentes, com influenza ou com outros vírus respiratórios, que não está em tratamento terá redução de quase 100% dos sintomas em alguns dias. Quem tiver qualquer outra virose respiratória leve, sem complicações, vai melhorar em cinco dias mesmo sem tomar nenhum medicamento.”
Se o custo-benefício do medicamento em pacientes ambulatoriais é questionado, o uso do Tamiflu® mostra-se bastante útil em indivíduos hospitalizados e em estado grave. Ainda segundo a médica, acumulam-se estudos observacionais adquiridos pós-pandemia de 2009, feitos com grupos de pesquisadores de diversos países e com mais de 20 mil pacientes. Nessas publicações, foi mostrado que a introdução precoce do medicamento diminui as taxas de mortalidade, inclusive para aqueles cuja introdução do Tamiflu® foi feita após 48 horas depois do início dos primeiros sintomas. “Claro, não são estudos randomizados controlados, são observacionais. Mas, falando da minha própria experiência clínica, em que pude acompanhar pacientes com H1N1 e H3N2, quanto mais cedo entramos com o Tamiflu®, menor o tempo de internação e de permanência na UTI. Então, ele continua como única opção terapêutica, com algumas evidências de benefícios, principalmente nos pacientes mais graves”, esclarece a médica.
“Mas é importante salientar que o Tamiflu® é indicado para os grupos de risco, ou seja, para doentes crônicos, gestantes, idosos e crianças menores de 2 anos. Quando uma pessoa chega ao consultório doente, mas não se enquadra nessas condições, o médico deve, num primeiro momento, observá-la, avaliar os riscos, ter bom senso. Se ela, em torno do segundo ou terceiro dia, não apresentar melhora e mostrar sinais de que a doença está se agravando, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, mesmo que ela não pertença aos grupos de risco”, completa Bellei.
Fonte: https://drauziovarella.uol.com.br/infectologia/tamiflu-so-e-indicado-para-casos-graves-de-h1n1/
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Governo gastou R$ 125 milhões com Tamiflu em 'kit Covid'; remédio não tem eficácia contra o coronavírus
Redação Notícias
seg., 12 de abril de 2021 10:23 AM·6 minuto de leitura
De acordo com a Folha de S. Paulo, o ministério ainda comprou 28 milhões de cápsulas pagando até R$ 5,33 por dose, cerca de 33% mais caro do que antes da pandemia quando o valor era de R$ 4 (Foto: YASUYOSHI CHIBA/AFP via Getty Images)
Governo Bolsonaro gastou R$ 125 milhões com Tamiflu para combater a Covid-19, mas medicamento não tem eficácia contra a doença
O Ministério da Saúde ainda comprou 28 milhões de cápsulas pagando até R$ 5,33 por dose, cerca de 33% mais caro do que antes da pandemia quando o valor era de R$ 4
Segundo a pasta, o Tamiflu deve ser recomendado para crianças com sintomas leves, moderados e graves, com o propósito de "exclusão de influenza"
O Ministério da Saúde gastou R$ 125 milhões com o Tamiflu, um medicamento que combate os efeitos da gripe e não tem eficácia contra a Covid-19. A pasta incluiu a droga no documento com orientações contra a doença, o chamado tratamento precoce — o popular "kit Covid".
De acordo com a Folha de S. Paulo, o ministério ainda comprou 28 milhões de cápsulas pagando até R$ 5,33 por dose, cerca de 33% mais caro do que antes da pandemia quando o valor era de R$ 4.
Segundo a pasta, a droga seria necessária para evitar superlotação de hospitais por síndromes respiratórias decorrentes do vírus da gripe e do H1N1.
Mas, não foi o que aconteceu. O Tamiflu está ao lado de outros medicamentos sem comprovação de eficácia ao coronavírus. Entre eles, estão:
Cloroquina
Hidroxicloroquina
Azitromicina
Segundo a nota informativa do Ministério da Saúde de 30 de julho de 2020, o Tamiflu deve ser recomendado para crianças com sintomas leves, moderados e graves, com o propósito de "exclusão de influenza".
Outros protocolos da pasta recomendam o Tamiflu no combate à pandemia para gestantes com gripe e para pacientes com síndromes respiratórias até que um teste aponte infecção pelo novo coronavírus — por isso, o chamado "tratamento precoce".
Financiamento com dinheiro público
De acordo com a Folha de S. Paulo, o financiamento majoritário do remédio se deu com recursos públicos emergenciais, destravados por meio de MPs (medidas provisórias) voltadas ao combate à pandemia — também foram usados recursos originários do SUS. (Confira lista no final da matéria).
Em 2019, o ministério firmou uma parceria — chamada TED (termo de execução descentralizada) — com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) para a produção de 7,2 milhões de cápsulas de Tamiflu de 75 mg. O custo unitário decidido ficou em R$ 4. O valor total, em R$ 28,8 milhões.
A maior parte do medicamento foi entregue, no entanto, entre março e setembro de 2020. Ou seja, durante a pandemia. O próprio ministério citou a doença num dos documentos do TED, para justificar o fornecimento.
"A partir de 2020, no contexto da pandemia, houve forte demanda por esse medicamento, pelos entes federados. Assim, ao atuar no tratamento dos casos de síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave causada pela influenza, esse medicamento tem contribuído para evitar o aumento de doenças respiratórias e sobrecarga do sistema de saúde", afirmou a pasta.
Em julho, a pasta abriu uma terceira frente para a compra de Tamiflu dentro do contexto da pandemia (Foto: AP Photo/Eraldo Peres, File)
Remédio 33% mais caro
Em maio, o Ministério da Saúde assinou um contrato com a Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos, para a compra de mais 5 milhões de cápsulas do medicamento. O valor individual foi de R$ 5,33, e o custo total de R$ 26,65 milhões.
"O cenário de abastecimento encontrava-se bastante crítico, dado o elevado aumento no consumo", justificou o ministério. O dinheiro usado foi destravado por uma MP voltada ao combate à Covid-19.
Em julho, a pasta abriu uma terceira frente para a compra de Tamiflu dentro do contexto da pandemia.
Em ofício à Fiocruz e à Farmanguinhos, a unidade da Fiocruz que produz medicamentos e vacinas, o secretário de Ciência e Insumos Estratégicos do ministério, Hélio Angotti Neto, encomendou 2,5 milhões de cápsulas de 30 mg, 2,35 milhões de 45 mg e 11 milhões de 75 mg.
Os preços individuais cobrados foram R$ 2,60, R$ 3,80 e R$ 5, respectivamente. O valor total foi de R$ 70,4 milhões, e também teve origem numa MP assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Em nota, o Ministério da Saúde disse apenas que o medicamento é indicado para tratamento de síndrome respiratória aguda grave e síndrome gripal causada pelo vírus influenza e que, diante de "risco de desabastecimento da rede", a pasta fez "uma compra emergencial da Roche e solicitou importação de novos lotes de matéria-prima e antecipação na produção a Farmanguinhos".
O Ministério da Saúde diz ter distribuído até agora na pandemia 22,3 milhões de cápsulas de Tamiflu, que custaram R$ 88,9 milhões.
AS COMPRAS DE TAMIFLU
Farmanguinhos, da Fiocruz
Parceria assinada em 2019
Fornecimentos entre dezembro de 2019 e setembro de 2020
7,2 milhões de cápsulas 75 mg
Custo unitário de R$ 4,00
Custo total de R$ 28,8 milhões
Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos
Contrato assinado em maio de 2020
Fornecimento até novembro
5 milhões de cápsulas 75 mg
Custo unitário de R$ 5,33
Custo total de R$ 26,65 milhões
Farmanguinhos, da Fiocruz
Pedido de produção em julho de 2020
Fornecimento entre agosto e novembro de 2020
2,5 milhões de cápsulas 30 mg
2,35 milhões de cápsulas 45 mg
11 milhões de cápsulas 75 mg
Custos unitários de R$ 2,60, R$ 3,80 e R$ 5,00
Custo total de R$ 70,4 milhões
'Kit Covid' e hepatite medicamentosa
Um paciente diagnosticado com a Covid-19 que se tratou com medicamentos ineficazes contra a doença, as drogas do chamado 'kit Covid' defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), acabou na fila do transplante de fígado em março deste ano, em Campinas, interior de São Paulo, por desenvovler intoxicação chamada hepatite medicamentosa.
De acordo com o HC (Hospital das Clínicas) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o uso prolongado de remédios, ejoo, cansaço, confusão mental, olhos e pele amarelados são o histórico que levou ao diagnóstico da doença. Esse tipo de hepatite é uma intoxicação provocada pelo uso da azitromicina, hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento da Covid-19.
O paciente diagnosticado pela Unicamp com a hepatite medicamentosa tem cerca de 50 anos, é morador de Indaiatuba (SP), e não possui histórico de outras doenças ou comorbidades. Três meses após ser infectado pelo novo coronavírus, o paciente começou a apresentar coloração amarela na pele e nos olhos. Ele assumiu que além da cloroquina, azitromicina e ivermectina, utilizava também zinco e vitamina D.
No início desta semana, em São Paulo, cinco pacientes esperam na fila de transplante de fígado pelo uso dos remédios que compõe o “kit Covid". Médicos relatam que três pessoas morreram com hepatite causada pelos medicamentos.
"Em março do ano passado, a gente observou a cloroquina, depois a Annita [vermífugo], a ivermectina. Hoje tem dez medicamentos. Começou a haver um uso indiscriminado e contínuo de medicações, às vezes sozinhas ou acompanhadas, e não havia relatos desses casos antes", completou Ilka Boin.
Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/governo-gastou-r-125-milhoes-com-tamiflu-em-kit-covid-remedio-nao-tem-eficacia-contra-o-coronavirus-132326074.html?guccounter=1&guce_referrer=aHR0cHM6Ly93d3cuZ29vZ2xlLmNvbS8&guce_referrer_sig=AQAAAJ8lUxwyVSjyPYDBDQfaQFDZi3Oll-uIU3QavuZSCDB29eM7B1RzyUMy610hl66qU-Nu3R4dosiUw8om8YRmkvlagfiGANRSiiBVTJE8kVn7tSfW3R651Ne-F2W97RpEs7no8sxw4ggezdeHdc5m_ZzaWEngXH3v2N7_tIMeXaV0
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