sábado, 29 de outubro de 2022

Uma crônica de Lima Barreto, sobre eleições presidenciais

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Não será, pensei de mim para mim, que a República é o regime da fachada, da ostentação, do falso brilho e luxo de parvenu, tendo como repoussoir a miséria geral? 

Não posso provar e não seria capaz de fazê-lo. 

Saí pelas ruas do meu subúrbio longínquo a ler as folhas diárias. Lia-as, conforme o gosto antigo e roceiro, numa "venda" de que minha família é freguesa. 

Quase todas elas estavam cheias de artigos e tópicos, tratando das candidaturas presidenciais. 

Afora o capítulo descomposturas, o mais importante era o de falsidade. Não se discutia uma questão econômica ou política; mas um título do Código Penal. 

Pois é possível que, para a escolha do chefe de uma nação, o mais importante objeto de discussão seja esse? 

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