domingo, 15 de janeiro de 2012

Será Teló um patronímico judaico?

O sucesso da música do artista brasileiro dá o que pensar e um amigo me perguntou se acho que "Teló" é sobrenome de origem judaica (insinuando que adviria de tal circunstância a promoção em torno da música "Ai se eu te pego"), detalhe que, para ele, explicou o sucesso de outra "brasileira": CARMEM MIRANDA (li num certo blog, cuja referência perdi, que: Para acompanhar a maratona de shows e filmagens, Carmen começou a fazer uso de medicamentos.  E morreu aos 46 anos, na sua mansão em Beverly Hills, nos EUA. O marido, Dave Sebastian, obedeceu as suas tradições judaicas e não deixou que fizessem autópsia no corpo da estrela. Ele doou os seus balangandãs para o Brasil e o que restou pode ser visto no pequeno Museu que fica na Praia do Flamengo).
 Confesso que a tese do meu amigo conta com certa simpatia da minha parte, mas, sinceramente não sei se Teló é patronímico hebraico e a única referência de proximidade do sobrenome em destaque com ancestralidade hebraica é a que segue reproduzida:


Os cognomes, apelidos, sobrenomes ou nomes de família já eram utilizados na Antigüidade, os romanos possuíam um sistema próprio de distinguir uma pessoa de outra pelo nome e por outros apostos a ele.

Pela historia desse povo, julga-se que este sistema tenha surgido em épocas remotas e que já fosse de uso comum logo após o inicio da expansão do poderio de Roma, os romanos possuíam um sistema pelo qual identificavam no nome do indivíduo qual seu clã de origem, foi a primeira forma de se identificar um grupo familiar em especifico, porem, com a queda do Império Romano em 476 d.C. este sistema virtualmente deixou de existir, caindo em desuso.

Na idade média (476-1453) passou, pois, a vigorar tão somente o nome de batismo para designar, distinguir e caracterizar as pessoas. Fala-se em nome de batismo porque, na época da queda do Império Romano Ocidental, a península itálica já era praticamente toda cristã. Por outro lado, os povos invasores foram cristianizados em massa no período que se segue à desagregação do Império. O cristianismo se tornou um elemento aglutinador que aproximou todos estes povos.

O estabelecimento de vários povos estrangeiros introduziu uma grande variedade de nomes e palavras que paulatinamente foram sendo latinizadas, salienta-se que os povos estrangeiros não possuíam a tradição da sobrenominização das pessoas, fato este que influiu sistematicamente no abandono de tal costume.

O aporte de grande acervo de novos nomes, trazidos pelos povos invasores, principalmente germânicos, o abandono da sistemática latina de individualizar pessoas, a influencia do cristianismo que difundia os nomes de seus mártires e santos criaram uma confusão generalizada. Os nomes se repetiam com freqüência o que tornava difícil distinguir um indivíduo de outro.

Surgiu então a necessidade de se estabelecer uma modalidade para se distinguir um cidadão do outro, para tal finalidade foram criadas algumas formulas que auxiliavam em tal distinção.

Na verdade, não foram estabelecidas normas baixadas por autoridades, mas  sim o surgimento de um modo espontâneo na pena do escrivão, no convívio social e na linguagem popular que inventava formas para distinguir os dez ou vinte Johannes (João) que viviam na mesma comunidade. 

Os primeiros registros do uso de sobrenomes familiares como hoje os conhecemos foram encontrados por volta do século VIII, ou seja após o ano 701 d.C.

Na Inglaterra por exemplo, só passaram a ser usados depois de sua conquista pelos normandos, no ano de 1066. Foi só no inicio do renascimento que os cognomes voltaram a ter aceitação geral.

No ano de 1563, o Concílio de Trento concretizou a adoção de sobrenomes, ao estabelecer nas igrejas os registros batismais, que exigiam, além do nome de batismo, que teria de ser um nome cristão, de santo ou santa, um sobrenome, ou nome de família.

Os locais de nascimento davam origem aos sobrenomes:
A maior parte dos sobrenomes que circulam no Brasil é de origem portuguesa e chegou aqui com os colonizadores. Alguns tinham origem geográfica, ou seja, no local em que a pessoa nasceu ou em que morava. Desta forma, Guilherme, nascido ou vindo da cidade portuguesa de Coimbra, passou a ser, como seus parentes, Guilherme Coimbra. Assim, também Varela, Aragão, Cardoso, Araújo, Abreu, Lisboa, Barcelos, Faro, Guimarães, Braga, Valadares, Barbosa e Lamas eram nomes de cidades ou regiões que identificavam os que lá nasceram, passando a funcionar, com o tempo, como sobrenomes.
 
Alguns desses sobrenomes, aliás, não se referem a localidades, mas a simples propriedades rurais onde um determinado tipo de plantação era privilegiado. Por exemplo, os moradores de numa quinta em que se cultivavam oliveiras passaram a ser conhecidos como Oliveira, o mesmo acontecendo com Pereira, Amoreira, Macieira e tantos outros.

As alcunhas,ou apelidos davam origem aos sobrenomes:
Outra origem de sobrenomes foram as alcunhas, ou apelidos, atribuídos a uma pessoa para identificá-la e que depois se incorporava a seu nome como se dele fizesse parte. É ocaso de Louro, Moreno, Guerreiro, Bravo, Pequeno, Calvo e Severo, por exemplo. Muitos nomes de família se originaram também de nomes de animais, fosse por traços de semelhança física ou de características de temperamento: Lobo, Carneiro, Aranha, Leão e Canário são alguns deles.

Os pais davam seu nomes aos filhos:
Vários sobrenomes de origem portuguesa/espanhola podem ser classificados como sendo um patronímico, pois tem sua origem no nome próprio do fundador deste tronco familiar. Por exemplo: Nunes é uma forma alternada de Nunez, o qual é o patronímico do nome Nuno.
Situação semelhante podemos observar em alguns sobrenomes ingleses quando estes terminam em "son", esta palavra significa "filho". Assim um nome como John Richardson significava, antigamente, simplesmente "João filho de Ricardo" ( John Richard's son ). O mesmo valendo para John Peterson, Peter Johnson, etc.

Veja abaixo uma lista com alguns sobrenomes comuns e seu correspondente paterno:

Antunes – origem em “António”
Alves ou Álvares - origem em “Álvaro”
Bernardes - origem em “Bernardo”
Diniz - origem em “Dionísio”
Domingues - origem em “Domingos”
Ferraz - origem em “Ferraci” (latim)
Gonzáles - origem em “Gonzalo” (espanhol)
Gonçalves - origem em “Gonçalo” (português)
Guedes - origem em “Gueda”
Hernandez - origem em “Hernan”
Lopes - origem em “Lopo”
Martinez - origem em “Martin” (espanhol)
Martins - origem em “Martin” ou “Martino” (português)
Mendes - origem em “Mendo” ou “Mem”
Nunes - origem em “Nuno”
Rodrigues – origem em “Rodrigo”
Ruiz - origem em “Rui”
Sanches - origem em “Sancho”
Soares - origem em “Soeiro” ou “Suário”
Teles - origem em “Telo”
Vasquez - origem em “Vasco”

Sobrenome dos Cristãos Novos (antigos Judeus Ibéricos)
Quando os judeus foram obrigados a adotar a religião católica, desapareceram os Isaac, Jacob, Judas, Salomão, Levi, Abeatar, Benefaçam, etc., e ficaram somente nomes e sobrenomes cristãos. Tomaram nomes vulgares, sem nada que os diferenciasse da maioria dos cristãos velhos, a não ser por vezes a manutenção de algum sobrenome antigo judaico pelo qual o indivíduo era vulgarmente conhecido. Assim aconteceu com Jorge Fernandes Bixorda, Afonso Lopes Sampaio, Henrique Fernandes Abravanel, Duarte Fernandes Palaçano, Duarte Rodrigues Zaboca, etc.

É, portanto, falsa a idéia de que os cristãos novos usavam nomes de árvores como Nogueira, Pereira, Pinheiro Carvalho, etc., para distinguir-se. Estes já eram sobrenomes existentes e pertencentes a própria nobreza de épocas anteriores.

Nas listas de processados pelo Santo Ofício, por serem judeus ou cristão-novos, encontram-se milhares de nomes e sobrenomes genuinamente portugueses, causando mesmo estranheza que nomes hebraicos raramente sejam mencionados.

Analisando essas listas, nota-se que qualquer sobrenome português poderá ter sido, em algum tempo ou lugar, usado por um judeu ou cristão-novo. Não escaparam ao uso sobrenomes bem cristãos, tais como "dos Santos", "de Jesus", "Santiago", etc. Certos sobrenomes, porém, aparecem com maior freqüência, tais como "Mendes", "Pinheiro", "Cardoso", "Paredes", "Costa", "Pereira", "Henriques", etc. O de maior incidência, no entanto, foi o "Rodrigues".

Alguns documentos ainda mantêm registrados os nome originais dos judeus que, ao serem batizados, assumiram nomes tipicamente portugueses. Eis alguns exemplos:

Nome Original Judeu --> Nome Cristão Português
Abraão ...? --> Gonçalo Dias
Abraão Gatel --> Jerônimo Henriques
Benyamim Beneviste --> Duarte Ramires de Leão <
Eliézer Toledano --> Manoel Toledano
Isaac Catalan --> Rafael Dias
Isaac Tunes --> Gabriel Velho
Icer ...? --> Grácia Dias
Luna Abravanel --> Leonor Fernandes >
Salomão aben Haim --> Luís Álvares
Salomão Coleiria --> Gonçalo Rodrigues
Salomão Molcho --> Diogo Pires
Samuel Samaia --> Pero Francisco
Santo Fidalgo --> Diogo Pires
...? Arame --> Francisco Martins
...? Cabanas --> Estevam Godinho
...? Cohen --> Luis Mendes Caldeirão
...? Gatel --> Francisco Pires

Fonte: http://www.atzingen.kit.net

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