O homem acusado de planejar um atentado a bomba frustrado contra a Times Square de Nova York (EUA) em 1º de maio se declarou culpado nesta segunda-feira de dez acusações. Ele disse querer deixar claro que ao menos que os EUA parem de atacar as terras muçulmanas, "vamos atacar os EUA".
AP
Primeira foto de Faisal Shahzad, 30, após ser detido em conexão com ataques frustrados na Times Square
Primeira foto de Faisal Shahzad, 30, após ser detido em conexão com ataques frustrados na Times Square

Faisal Shahzad, 30, que nasceu no Paquistão e se tornou cidadão americano no ano passado, se declarou culpado poucos dias após um grande-júri federal em Manhattan tê-lo indiciado por dez acusações, incluindo tentativa de uso de armas de destruição em massa e tentativa de terrorismo transcendendo as fronteiras nacionais.

Ele foi preso no aeroporto internacional John F. Kennedy, ao tentar deixar os Estados Unidos em um voo para Dubai, dois dias após um veículo utilitário contendo uma bomba ter sido encontrado estacionado na Times Square, no dia 1º de maio.

Shahzad foi ouvido nesta segunda-feira pela juíza Miriam Goldman Cedarbaum em uma sala lotada. Ele pode pegar até prisão perpétua e cooperou com as autoridades desde que foi preso, disseram representantes oficiais.

Shahzad se declarou culpado, mas a juíza não aceitou a declaração de imediato. Ela fez uma série de perguntas para garantir que ele entendia seus direitos. Cedarbaum perguntou a Shahzad se ele entendia que poderia passar o resto de sua vida preso. Ele disse que sim. A certa altura, ela perguntou se ele tinha certeza que queria se declarar culpado.

Shahzad disse que queria "se declarar culpado e cem vezes mais" para fazer com que os EUA saibam que, se não saírem do Iraque e Afeganistão e pararem de atacar terras muçulmanas, "vamos atacar os EUA".

Taleban

Segundo a acusação divulgada na semana passada, Shahzad recebeu um total de US$ 12 mil antes do ataque do Taleban no Paquistão por meio de saques em caixas eletrônicos em Massachusetts e Long Island.

O promotor-geral Eric Holder disse que o Taleban do Paquistão "facilitou a tentativa de ataque de Faisal Shahzad em solo americano".

A acusação também afirma que Shahzad recebeu treinamento sobre explosivos no Waziristão, no Paquistão, durante uma viagem de cinco semanas ao país. Ele voltou aos EUA em fevereiro.

A acusação diz que ele recebeu US$ 5.000 em dinheiro em 25 de fevereiro de um conspirador no Paquistão, e US$ 7.000 em 10 de abril supostamente enviados pela mesma pessoa.

O Paquistão prendeu ao menos 11 pessoas desde a tentativa de ataque. Um representante de inteligência disse que dois deles participaram do plano. Ninguém foi formalmente acusado ainda.

Três homens em Massachusetts e Maine suspeitos de fornecer dinheiro a Shahzad foram detidos sob acusações ligadas a imigração; um foi recentemente transferido para Nova York.

Autoridades federais disseram acreditar que o dinheiro foi enviado por uma rede de transferência de dinheiro conhecida como "hawala", mas disseram duvidar que pessoas nos EUA que forneceram dinheiro soubessem para o que seria usado.

Taleban?

Azam Tariq, um porta-voz do Taleban do Paquistão, disse à rede americana CNN o dia 5 de maio que o grupo não treinou o suspeito do ataque frustrado da Times Square, em Nova York, no último sábado (1º).

Faisal Shahzad disse ter recebido treinamento militar em campos de terrorismo no Paquistão, segundo autoridades. A alegação gerou temor de que o atentado de sábado possa fazer parte de um complô internacional.

Segundo as autoridades, ele admitiu o atentado, mas disse ter agido sozinho. Investigadores descobriram, contudo, possíveis vínculos com o grupo islâmico Taleban, no Paquistão, e um grupo islâmico da Caxemira. Antes da prisão de Shahzad, o Taleban paquistanês assumiu autoria do ataque. Caso seja provado, seria a primeira ação do grupo em solo americano.

Autoridades legais disseram que Shahzad também tinha planos de atacar outros locais em Nova York, incluindo o Rockefeller Center e o terminal Grand Central.

Ataque

A polícia encontrou no veículo dispositivos de fogos de artifício, tanques de propano, gasolina, fertilizante e dois relógios.

Dois vendedores de rua viram fumaça sair de dentro do carro e chamaram a polícia, que isolou o local.

Os motivos da falha do detonador ainda não foram esclarecidos, depois que a caminhonete pegou fogo parcialmente, mas segundo especialistas o dispositivo era improvisado e obra de alguém com pouca experiência.

A polícia informou, no entanto, que se a bomba tivesse explodido teria criado uma "significativa bola de fogo", capaz de matar várias pessoas.

Nova York está em alerta terrorista constante desde os atentados de 11 de setembro de 2001.


Fonte: JORNAL DO BRASIL