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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Força-tarefa prende 14 em operação contra quadrilha suspeita de praticar fraudes em cartórios do RJ


Entre os presos estão o vereador José Valter Dias, o Valtinho (PDT), e o ex-vereador Arthur Fabiano Lima de Andrade. Grupo é apontado como responsável por adulterar registros de imóveis em diversos pontos do RJ.


Por Edivaldo Dondossola, Felipe Freire, Henrique Coelho e Marco Antônio Martins, TV Globo e G1 Rio

28/02/2019 06h37 Atualizado há 10 minutos



MP-RJ realiza operação contra esquema de fraudes em cartórios


O Ministério Público e a Polícia Civil do Rio de Janeiro prenderam, na manhã desta quinta-feira (28), 14 suspeitos de participar de um esquema de fraudes imobiliárias em cartórios na Baixada Fluminense. Entre os presos estão o vereador José Valter Dias, o Valtinho (PDT), de Belford Roxo, e o ex-vereador Arthur Fabiano Lima de Andrade, de Nova Iguaçu.


Ao todo, os agentes tentam cumprir 17 mandados de prisão. A Corregedoria do Tribunal de Justiça também auxilia na operação.


As investigações iniciadas em 2017 apontaram diversas fraudes em vários municípios da Baixada e no Centro do Rio e identificaram os seguintes crimes:



Estelionato
Falsificação de documento público
Falsidade ideológica
Lavagem de dinheiro
Denunciação caluniosa
Peculato
Corrupção passiva
Associação criminosa

Os agentes cumpriram mandados de prisão em endereços na Zona Sul e Oeste do Rio, além da cidade Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. As equipes da Corregedoria do Tribunal de Justiça e do MP-RJ ainda cumpriram mandados de busca e apreensão em dois cartórios.

Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/02/28/forca-tarefa-faz-operacao-para-prender-quadrilha-suspeita-de-praticar-fraudes-em-cartorios-da-baixada-fluminense.ghtml

Rádio Ratones - Blues

Moro nomeia Ilona Szabó como suplente de Conselho e causa revolta na base bolsonarista


Indicação de cientista política e especialista em segurança pública como suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária desagradou eleitorado que elegeu Bolsonaro. #IlonaNão atingiu o primeiro lugar nos trending topics do Twitter


Por O Dia

Publicado às 18h52 de 27/02/2019 - Atualizado às 19h55 de 27/02/2019





Ilona Szabó já se posicionou contra o Escola Sem Partido e a facilitação da posse de armas, e chamou de "populistas" algumas das principais promessas de campanha de Bolsonaro - Reprodução Facebook


Rio - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, nomeou nesta quarta-feira a cientista política Ilona Szabó como suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. A nomeação, contudo, desagradou a base que ajudou a eleger Jair Bolsonaro. Replicada por diversas páginas de direita, em poucas horas a hashtag #IlonaNão atingiu o primeiro lugar nos trending topics do Twitter.

Especialista em segurança pública e co-fundadora do Instituto Igarapé, um think thank "dedicado à integração das agendas da segurança, justiça e do desenvolvimento", Ilona foi uma indicação técnica – mas que, no entanto, se chocou com a agenda ideológica do atual governo. A cientista política já se posicionou contra o Escola Sem Partido e a facilitação da posse de armas, e chamou de "populistas" algumas das principais promessas de campanha de Jair Bolsonaro.

Ilona participou de uma mesa sobre crime organizado internacional com o ministro Sergio Moro, em Davos, no início do ano. Ela é uma das vozes mais ativas do país no debate sobre segurança pública.
Fonte: https://odia.ig.com.br/brasil/2019/02/5623067-moro-nomeia-ilona-szabo-como-suplente-de-conselho-e-causa-revolta-na-base-bolsonarista.html

Operação mira policiais civis acusados de extorsão


Um dos quatro alvos da ação é o policial Flavio Pacca Castelo Branco, consultor de segurança do governador Wilson Witzel


Por O Dia

Publicado às 06h49 de 28/02/2019 - Atualizado às 06h50 de 28/02/2019




O policial Flavio Pacca Castelo Branco é um dos alvos da operação - Reprodução


Rio - O Ministério Público (MPRJ) e a Corregedoria da Polícia Civil fazem, na manhã desta quinta-feira, uma operação contra policiais civis acusados de praticarem extorsão. Um dos alvos da ação, que é a terceira fase da Operação Quarto Elemento, é o policial Flavio Pacca Castelo Branco, consultor de segurança do governador Wilson Witzel (PSC). Os agentes estiveram na residência dele na Glória, na Zona Sul do Rio, para prendê-lo. 

Além de Pacca, a operação ainda mira os também policiais Helio Ferreira Machado, Tiago Pereira e Ricardo Canavarro, que já está preso. Todos são acusados de praticar extorsão contra comerciantes envolvidos em atividades criminosas no Rio.

O nome da operação veio da forma como os policiais agem. Eles atuam sempre em trio e contam com a ajuda de uma quarta pessoa como informante.

Fonte: https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2019/02/5623141-operacao-mira-policiais-civis-acusados-de-extorsao.html

Colombiano é preso no Aeroporto de Brasília com cocaína preta


Os cerca de 4kg da droga estava camuflada, envolta em uma mala. Passageiro preso vinha de Manaus e tentava embarcar para Lisboa

CB Correio Braziliensepostado em 27/02/2019 18:04





Droga estava escondida dentro da mala e moldada no formato dela. Também foi encontrado dinheiro com o suspeito(foto: PF/Divulgação)
Um passageiro colambiano de 40 anos foi preso, nesta quarta-feira (27/1), no Aeroporto de Brasília, com cerca de 4kg de cocaína preta. Com o homem, a Polícia Federal também apreendeu 485 euros e 903 mil pesos colombianos em espécie.

Natural de Urrao, na Colômbia, o passageiro desembarcou em Brasília de um voo que vinha de Manaus e tentava embarcar para Lisboa. 

No entanto, em fiscalização de rotina, policiais federais verificaram, nas imagens do aparelho de raios X, a presença de "substância orgânica suspeita" na mala do colombiano.

A droga estava envolta na mala, para dificultar a identificação. O suspeito foi preso em flaagrante depois que testes preliminares deram positivo para cocaína.

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Trata-se de uma mistura da pasta-base do entorpecente com outras resinas e substâncias que disfarçam o odor e a aparência, daí a coloração mais escura que dá o nome pelo qual a droga é conhecida.


O homem foi encaminhado à Superintendência da Polícia Federal em Brasília e responderá pelo crime de tráfico internacional de drogas.

Fonte: CORREIO BRAZILIENSE

ACUSAÇÃO INCOMPLETA - TJ/SP tranca ação que acusava Fernando Haddad de corrupção e lavagem de dinheiro


27 de fevereiro de 2019, 13h10


A 12ª Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo trancou, nesta quarta-feira (27/2), ação que acusava Fernando Haddad (PT) de corrupção e lavagem de dinheiro.Segundo a acusação, Haddad teria recebido R$ 2,6 milhões de propina para pagar dívidas com gráficas, em 2012, durante campanha eleitoral
Rovena Rosa/Agência Brasil

De acordo com a acusação, o ex-prefeito de São Paulo teria recebido R$ 2,6 milhões de propina para pagar dívidas com gráficas, em 2012, durante campanha eleitoral, por meio de caixa dois com o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia. A denúncia foi baseada na delação premiada da empresa.

Segundo o voto do relator, desembargador Vico Mañas, a denúncia não esclarece qual a vantagem pretendida pelo empreiteiro, uma vez que os interesses da UTC foram contrariados pela gestão municipal, que chegou a cancelar um contrato já assinado com a empresa para a construção de um túnel na avenida Roberto Marinho.

O representante do Ministério Público junto ao tribunal, Mauricio Ribeiro Lopes, concordou também com a tese da defesa, destacando que a acusação falhou na descrição do crime e que não foram trazidos elementos que justificassem a ação penal. 

A defesa do petista, feita pelos advogados Pierpaolo Cruz Bottini e Leandro Racca, entrou com Habeas Corpus contra a aceitação da denúncia, que tornou Haddad réu em novembro de 2018. Eles afirmam que, com a decisão, o TJ-SP reconheceu as falhas da acusação e a inexistência de benefícios ilegais. 

"O próprio Ministério Público concordou com a inviabilidade do processo penal contra o ex-Prefeito. A decisão põe um ponto final a uma injustiça que durava meses."

A mesma decisão de trancar o processo também foi válida para João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, e Ricardo Pessoa. Segundo o advogado de Vaccari, Luiz Flavio Borges D’Urso, os desembargadores foram eminentemente técnicos e traduziram justiça ao caso. 

"Embora o juiz da 5ª Vara Criminal da Barra Funda tenha recebido a denúncia, os acusados sustentaram em suas defesas, a existência de outro processo pelo mesmo fato e a ausência que qualquer vantagem da UTC, pelo financiamento da campanha de 2012, portanto, carecia justa causa para esta ação penal", comentou D'Urso

*Texto alterado às 15h do dia 27/2/2019 para acréscimo de informações. 

Revista Consultor Jurídico, 27 de fevereiro de 2019, 13h10

IMÓVEIS EM CONSTRUÇÃO - É legítimo equiparar IPTU de imóvel em construção ao de terreno, diz TJ-SP


27 de fevereiro de 2019, 17h56



Cobrar alíquotas de IPTU diferentes para imóveis prontos e em construção, enquanto se equipara os últimos a terrenos baldios, é algo que não ofende a Constituição, pois atenderia ao princípio da essencialidade. Esse foi o entendimento do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo em Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade tratando das taxas cobradas em Guarulhos de acordo com a Lei Municipal 6.793/2010.

O processo chegou à segunda instância em recurso da JJO Construtora Limitada, defendida pelo tributarista Evandro Azevedo Neto, sócio do escritório Viana e Azevedo Advogados. A tese da defesa, desenvolvida em conjunto com o tributarista Leandro Farias, foi de que deveria ser observada a função social da propriedade, já que estão atualmente equiparados com taxas de 3,5% os terrenos baldios e os imóveis em construção, que não seriam iguais.

"Se a intenção da lei é atender à função social da propriedade, qualquer imóvel em regular processo de construção atende plenamente a esse quesito, com recolhimento de IPTU, ISS e ICMS, além de trazer a contratação de funcionários e estimular o comércio do entorno", disse o advogado.

A argumentação, contudo, não foi acolhida pelo relator do processo, desembargador Fernando Ferreira Rodrigues. Para o magistrado, a questão não é verificar o cumprimento da função social, mas saber se a municipalidade pode trazer alíquotas diferenciadas.

"Em vez de conter exigência quanto ao adequado uso do imóvel, o legislador entendeu que o pronto para uso merece uma alíquota menor do que aquele em construção. Não tem relevância a função social da propriedade, mas apenas a sua utilização", apontou Rodrigues.

No mesmo sentido, o desembargador Moacir Peres, afirmou que a progressividade do IPTU comporta que quem possui um imóvel maior deve pagar mais e que, se fosse reconhecida a inconstitucionalidade do artigo 3º da lei de Guarulhos, correr-se-ia o risco de não ser aplicada nenhuma alíquota. A decisão foi unânime.

O advogado da construtora informou que vai recorrer.
Processo 0052660-44.2018.8.26.0000

 é repórter da revista Consultor Jurídico
Revista Consultor Jurídico, 27 de fevereiro de 2019, 17h56

QUANDO OS ACUSADOS SÃO RICOS, INVERTE-SE A REGRA QUE VIGORA PARA POBRES, SEM O MENOR PUDOR



FALTA DE IDONEIDADE
Regra é responder processo em liberdade, Nefi ao conceder HC a funcionários da Vale


27 de fevereiro de 2019, 20h19



"O modelo acusatório do processo penal, adotado constitucionalmente e em crescente concreção legal no país, se realiza não apenas pela presunção de inocência, mas pela regra da liberdade durante o processo." A declaração é do ministro Nefi Cordeiro, do Superior Tribunal de Justiça, que mandou soltar oito funcionários da Vale investigados no rompimento da barragem de Brumadinho.Para Nefi, o modelo acusatório do processo penal presunção de inocência, mas pela regra da liberdade durante o processo. 

O entendimento do ministro foi tomada na análise do habeas corpus do gerente-executivo de geotecnia corporativa da Vale, Alexandre de Paula Campanha, um dos oito funcionários presos da mineradora.

Segundo o ministro, em síntese, prende-se para genericamente investigar, ou colher depoimentos. Para Cordeiro, porém, não há indícios de que os empregados da Vale agiam para prejudicar a investigação.

"Se pode o matiz acusatório do processo democrático aparentar inicial impunidade, isso é somente temporário, e na preservação do bem maior da segurança: de punir a todos os culpados de crime, mas apenas a estes. Inobstante a grandeza da tragédia ocorrida na espécie, ambiental, humana e até moral, não se pode fazer da prisão imediata e precipitada forma de resposta estatal, que deve ser contida nos ditames da lei: somente se prende durante ao processo por riscos concretos ao processo ou à sociedade, somente se prende por culpa do crime após condenação final", defende o ministro.

Cordeiro entendeu que a prisão temporária exige a indicação de riscos à investigação de crimes taxativamente graves. No entanto, a ordem de prisão se resume a destacar a "complexidade da apuração". "Sem especificados riscos à investigação por qualquer dos atingidos, não se pode admitir a prisão temporária por genéricos e presumidos riscos."
Clique aqui para ler a decisão.
HC 495.038

 é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 27 de fevereiro de 2019, 20h19

DESPAUTÉRIO - O cartório é particular, mas o ônus é do Estado, isto é, dos cidadãos



SERVIÇOS DELEGADOS
Estado é quem deve indenizar cidadãos por erros de cartórios, decide Supremo

27 de fevereiro de 2019, 16h52



Por maioria, os ministros do Supremo Tribunal Federal definiu que a responsabilidade por danos causados a terceiros por erros cometidos por cartorários é do Estado. Nesta quarta-feira (27/2), o Plenário definiu que quem tem o dever de indenizar, nesses casos, é o Estado.

Como a análise foi feita no julgamento de um recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, o colegiado ainda fixou tese em que ficou definido que a demanda deve ser proposta contra o Estado e o Estado tem o dever de regresso sob pena de improbidade administrativa.

O Plenário deu início ao debate sobre o tema na manhã desta quarta, em sessão extraordinária. À tarde, na volta dos trabalhos, em sessão ordinárias, o colegiado foi tomado por debate sobre a melhor interpretação e solução sobre o caso.

Mais cedo, na abertura do julgamento, em quatro votos, três teses foram levantadas: do relator, ministro Luiz Fux, seguido do ministro Alexandre de Moraes, e que acabou vencedora, a do ministro Luiz Edson Fachin, segundo a qual os cartorários deveriam assumir responsabilidade sobre os próprios atos desde que são agentes públicos mas delegados e em regime especial, e a do ministro Luís Roberto Barroso, para quem a decisão questionada deve prevalecer porque segue a jurisprudência, mas esta deveria ser revista: o Estado não deveria arcar com ônus se não conta com as receitas dos serviços.

O recurso foi interposto pelo estado de Santa Catarina contra acórdão do Tribunal de Justiça local que entendeu que o Estado, na condição de delegante dos serviços notariais, responde objetivamente pela reparação de tais danos em decorrência do parágrafo 6° do artigo 37 da Constituição Federal. O Supremo manteve a decisão.

A ministra Rosa Weber, ao abrir a sessão da parte da tarde e acompanhar o relator, ministro Luiz Fux, ressaltou que há a garantia do direito de regresso do Estado contra os cartorários na hipótese de responsabilidade subjetiva. "Aí teria de ser informada, nesse caso, por dolo e culpa."

Ela afirmou enxergar, no caso, responsabilidade solidária. "Então, não há nada que impeça que se demande Estado e de cartorários, ou exclusivamente do Estado. Basta a comprovação de nexo de causalidade entre o ato e o prejuízo", apontou. Conforme ênfase dada pela ministra Rosa Weber, quando o cidadão procura serviços cartorários, ele está se valendo de serviço de natureza pública. "Não se pode viver em sociedade se não tiver os atos de sua vida objeto de registro", disse.

Na mesma linha, a ministra Cármen Lúcia deu mais destaque ao entendimento de que se deve ser obrigatório ao Estado o regresso de culpa ou dolo ao agente. "Mantenho decisão do tribunal no sentido de ser possível e responsabilizando o Estado de Santa Catarina sem embaraço de que possa ser acionado também o agente e sem embargo de rediscutirmos o tema em outro momento. Tenho sempre enfatizado que é obrigatório o regresso de dolo ou culpa", disse.

O ministro Ricardo Lewandowski afirmou ter mudado de posição ao acompanhar o debate promovido pelos colegas em Plenário. "Precisamos ouvir os argumentos para firmar convicção. Depois dos debates, acabo optando pela solução do relator. A jurisprudência reafirma aquilo que está contido no art. 236 da Constituição Federal, que assenta que os serviços notariais e de registros são exercidos por particulares, mas por delegação do Estado. Então, em última análise, o Estado é responsável. É uma atividade submetida ao regime de direito público", explicou. Para ele, é importante anotar que se trata de serviço obrigatório ao particular, que não pode fugir de emitir certidão de nascimento, transferir propriedade.

RE 842.846

 é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 27 de fevereiro de 2019, 16h52

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Rádio Ratones - HANNE BOEL

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No Vaticano “quanto mais homofóbico alguém é, mais hipóteses haverá de ser gay”


No Armário do Vaticano — Poder, Hipocrisia, Homossexualidade é um mergulho explosivo nas entranhas do Vaticano. Onde se descobre, com espanto, o seu segredo mais guardado: um “sistema” homossexual de grande violência, cúmulo de hipocrisia, a todos os níveis, da Igreja desde há décadas. Um livro espantoso este de Frédéric Martel.

Jan Le Bris de Kerne



No Armário do Vaticano –​ Poder, Hipocrisia, Homossexualidade é um livro-cisma que põe a nu a homossexualização maciça do Vaticano e da Igreja em décadas e no mundo inteiro. Nomeações para os lugares de poder, guerras fratricidas, rumores, ajustes de contas, complots contra o Papa: os homossexuais que constituem uma esmagadora maioria da entourage do Papa vivem num inferno esquizofrénico de homossexualidade-homofobia que eles próprios construíram. Descobrem-se chaves indispensáveis para compreender finalmente o funcionamento da instituição católica, máquina congelada e anacrónica – nomeadamente sobre a questão da protecção dos abusos sexuais: a homossexualidade-homofobia, tendo-se tornado um “sistema” no Vaticano, um modo de funcionamento da estrutura, os padres abusadores aproveitam-se da chantagem tácita e beneficiam assim de protecção. Se acabassem por ser expostos, centenas de prelados seriam ameaçados de outing.
Compreende-se com espanto que os discursos mais violentos sobre a homossexualidade, as condenações mais medievais vêm de personagens tão ferozmente homofóbicas quanto homossexuais praticantes – aqueles a que o papa Francisco chama “os rígidos” e cuja funesta hipocrisia denuncia. De forma geral a homofobia é uma maneira de proteger o segredo da Igreja: a da sua homossexualidade maciça.

Frédéric Martel dá-nos aqui um inquérito magistral e fascinante. Quatro anos de trabalho sobre cinco pontificados, 1500 testemunhas entrevistadas sobre os arcanos do Vaticano e da Igreja, centenas de padres, 50 bispos, 40 cardeais, em 30 países com 80 colaboradores. Jornalista francês de renome, escritor e sociólogo, é um habitué das longas e profundas imersões em meios hostis. Publicou numerosos livros-documento com a mesma precisão e profusão que este. Desta vez, acabada de publicar, a obra suscitou milhares de artigos no mundo inteiro e tem o efeito de uma bomba a deflagrar no Vaticano. Encontram-se aqui todos os esplendores e misérias do quotidiano de seres extravagantes e infelizes, caprichosos e torturados, que vieram à procura de refúgio na Igreja, porque enquanto homossexuais nos anos 40 não havia carreira melhor para fazer de alguém um “eleito” depois de ser um “pária”.

Um livro de efeito fulminante, brilhante, que pode obrigar a Igreja a reavaliar o seu discurso e a sua doutrina.
Frédéric Martel investigou durante quatro anos cinco pontificados; entrevistou 1500 testemunhas, centenas de padres, 50 bispos, 40 cardeais, tudo isto em 30 países e com 80 colaboradores YOAN VALAT/EPA
Estes cardeais homofóbicos são apelidados de ‘rígidos’ pelo Papa e levam uma vida dupla. Há uma esquizofrenia radical: se se é homossexual, expressa-se a homofobia e vice-versaFrédéric Martel

Nos evangelhos, Jesus Cristo em momento algum condena a homossexualidade, não se exprimiu nunca sobre o assunto. O único momento em que evoca a questão da sexualidade é para defender uma prostituta ou uma mulher adúltera (que aquele que nunca pecou atire a primeira pedra). Os religiosos com que se encontrou alguma vez se referiram a isso?
No Vaticano e nos episcopados através do mundo, encontra-se por vezes gente que utiliza Sodoma (Génesis 19) que para eles e sem dúvida de forma errada é a condenação pela Igreja da homossexualidade, e gente que efectivamente usa outras passagem, como a famosa “primeira pedra”, que cita, se não para defender a homossexualidade pelo menos para rejeitar a homofobia. O problema é que a Bíblia é de tal forma complexa que, como os especialistas confirmam, pode-se fazer com que ela diga uma coisa e o seu contrário, não é um terreno estável. Devo acrescentar que também fiz a história da cidade de Sodoma: fui em busca dela e os arqueólogos mostram que se existiu (encontrei quatro ou cinco [localizações], o que significa que não se sabe exactamente onde seria), não podia ser lugar de homossexuais, porque é suposto ter durado vários séculos e não teria podido perdurar. O problema é provavelmente a falta de hospitalidade, como está escrito claramente em todos os textos, e não a homossexualidade. Se a cidade foi destruída, foi provavelmente, como aconteceu a Pompeia, por razões climáticas, vulcânicas ou por um terramoto na zona do mar Morto.

Dezenas de religiosos saíram da sombra para lhe confessarem a si a sua homossexualidade e denunciarem o mundo gay do Vaticano. A notícia da sua investigação deve-se ter espalhado nos corredores do Vaticano. Não terá sido aproveitado pelos dirigentes da Igreja para iniciar uma mudança profunda, fazer explodir a capa homofóbica que torna tão infelizes estes eclesiásticos e que afinal não tem justificação alguma face à mensagem de Cristo? Ou seja, combater a homofobia institucionalizada sem dar o ar de que se está a fazer isso e recorrendo a si?
Não creio. Em primeiro lugar, porque a informação não circulou. As pessoas são homossexuais no armário. São muito secretas. A sua primeira preocupação era não falar da sua homossexualidade. A maior parte destas pessoas é explícita em relação a outrem: cardeais que falam da homossexualidade de outros cardeais ou padres que contam sobre quem dorme com quem. Não havia mesmo vontade nem das minhas fontes, nem dos cardeais, nem de próximos do papa Francisco que isso saísse. Aliás, a recepção ao livro é um pouco como a famosa Última Ceia de Leonardo da Vinci – de repente, toda a gente recebe a informação, que se difunde, e fica aterrorizada pelo que está a acontecer. Este livro teve este efeito de bomba, na semana passada, porque no fundo os que falaram comigo não tinham compreendido a amplitude do que eu estava a fazer.

Podia ser um pequeno ensaio, uma coisa pequena, ninguém sabia que estava em causa um inquérito a cinco pontificados, em 30 países, com 40 cardeais entrevistados, 50 bispos, centenas de padres, 1500 pessoas no total. E, de repente, as pessoas descobriram a amplitude da coisa. Ficaram surpreendidos, positiva ou negativamente, aliás. Há tantos críticos como pessoas que elogiam. Deu origem a milhares de artigos em menos de uma semana. Não acredito mesmo que a entouragehomossexual do Papa desejasse que este tipo de livro existisse.

Como é que esta grande maioria de padres homossexuais vive o facto de alimentar, de propagar e de ser a fonte do ódio homofóbico que mata, destrói e magoa os homossexuais? Como vivem com isso? Cinismo político absoluto? Há alguma empatia? Não há honra?
Creio que infelizmente as duas coisas estão ligadas. O facto de serem homofóbicos liga-se à sua homossexualidade: é o recurso ao segredo, para mascarar uma homossexualidade reprimida e mal assumida. Quando ela se explicita, porque há desejos, é sempre culpabilizada. Ela pode atingir formas de ódio de si e de esquizofrenia verdadeiramente surpreendentes.

O que evoca o heroísmo dos “pequenos gays” do quotidiano, os do interior, de classe média ou popular, que ousam viver a sua homossexualidade à luz do dia com perigo para as suas vidas, face à cobardia e cinismo dos prelados poderosos e instalados no conforto absoluto?
Diz muito bem. É completamente anacrónico no mínimo, e é dizer pouco. É preciso ver que os cardeais do Vaticano, que constroem esta doutrina e contribuíram para este sistema, têm hoje 80-90 anos. Passei tempo a entrevistar cardeais que tinham, nalguns casos, 95 anos. Não estamos na homossexualidade de 2019, mas na dos anos 40-50. É preciso compreender isso. Os códigos dessas pessoas, o seu mundo homossexual, a sua relação com a verdade neste assunto, a vida dupla, a maledicência, a coscuvilhice incessante, os rumores permanentes, isso é a homossexualidade dos anos 50 e, por isso, desse ponto de vista, a Igreja está condenada a mudar, não pode continuar como está. Mas ainda vive com um sistema dirigido por estas pessoas.

Conta com bastante detalhe as torpezas sexuais no Vaticano e na Igreja. O apetite sexual é multiplicado pelo poder ou pela ambição? Encontram-se os mesmos comportamentos em todos os escalões da Igreja?
Utilizei esta fórmula: “Estamos perante fifty shades of gay”, cinquenta nuances de gays. Há todo o tipo de comportamentos. Há prostituição, festas chemsex [orgias de sexo e drogas], há cardeais com múltiplos parceiros, mas há sobretudo uma homossexualidade mal vivida, complexada. Na verdade, há uma maioria silenciosa que é ela própria vítima do quadro e da ratoeira que ajudou a criar. É bastante triste e cheio de sofrimento. Não se pode resumir apenas a uma só vertente homossexual.

"Vigarista, racista e batoteiro". Michael Cohen vai dizer ao Congresso que Trump sabia antecipadamente da campanha do Wikileaks

Antigo advogado de Donald Trump vai ser ouvido esta quarta-feira em Washington. Michael Cohen promete entregar documentos que provam acusações contra o Presidente relativas à ingerência russa na campanha eleitoral de 2016 e ao pagamento ilícito feito no caso Stormy Daniels.

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Vigarista, batoteiro, racista. É assim que o advogado Michael Cohen se prepara para descrever o Presidente norte-americano Donald Trump, esta quarta-feira, numa audição no Congresso, em Washington. No documento que irá ler no início da audição, e que já foi divulgado publicamente, o advogado que durante uma década foi um dos mais leais colaboradores de Trump afirma o milionário soube de antemão que o site de denúncias Wikileaks iria divulgar os e-mails de Hillary Clinton em plena campanha presidencial.

Cohen, que se declarou culpado de mentir ao Congresso em audições anteriores acerca das negociações de um projecto imobiliário em Moscovo, admite agora que as suas afirmações possam ser recebidas com cepticismo. “É por essa razão que incorporei nesta declaração pública documentos irrefutáveis que demonstram que a informação que irão ouvir é rigorosa e verdadeira”, lê-se no documento.

“Nunca num milhão de anos, quando aceitei trabalhar para Donald Trump em 2007, imaginei que ele um dia se candidataria a Presidente e iria lançar uma campanha baseada numa plataforma de ódio e intolerância”, começa por justificar. “Arrependo-me do dia em que disse ‘sim’ a Trump. Arrependo-me de toda a ajuda e apoio que lhe dei ao longo do caminho”, continua Cohen.

“Tenho vergonha porque sei o que é que Trump é. É racista. É vigarista. É batoteiro”, resume. “Ele era um candidato presidencial que sabia que Roger Stone [consultor político conhecido por pesquisar informação sobre oposição do Partido Republicano] estava a falar com Julian Assange sobre a divulgação de e-mails do Comité Nacional Democrático através da WikiLeaks”, lê-se no documento.

“Em Julho de 2016, dias antes da convenção Democrata, estava no escritório de Trump quando a sua secretária anunciou que Roger Stone estava ao telefone. Trump colocou Roger Stone em alta voz. Stone disse a Trump que Julian Assange lhe tinha dito que, num espaço de dias, uma divulgação massiva de emails iria prejudicar a campanha de Hillary Clinton iria prejudicar a campanha de Clinton. Trump respondeu com ‘isso seria óptimo’”.

Fonte: PUBLICO PT

Rádio Ratones - QUADRO NUEVO

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Crise na Venezuela: maioria dos brasileiros rejeita ajuda para deixar o país em caso de conflito, diz Itamaraty


André Shalders - @andreshaldersDa BBC News Brasil em São Paulo

26 fevereiro 2019

Direito de imagemEPAImage caption
Manifestantes entram em confronto com forças venezuelanas na fronteira com o Brasil

A maioria dos brasileiros que moram na Venezuela não pensa em sair do país, mesmo que a situação política local se agrave, diz o Itamaraty. Desde o último sábado (23), o ministério têm enviado emails a cidadãos brasileiros questionando-os acerca do interesse em receber ajuda do governo brasileiro para sair da região, em caso de conflito.

Dos cerca de 9.000 brasileiros que moram na capital Caracas, por exemplo, 2.000 responderam ao questionário do Itamaraty até o momento. E desses, cerca de 600 disseram que gostariam de ajuda para sair do país, segundo informou o Itamaraty à BBC News Brasil.

"Prezado (a) Senhor (a), em vista da situação por que passa a Venezuela, o consulado-geral do Brasil está coletando informações dos brasileiros residentes nesse país para fins de adotar medidas cabíveis de assistência consular. Para tanto, solicita o preenchimento do formulário 'Brasileiros na Venezuela'", diz o email enviado pelo Itamaraty. A mensagem e o questionário também foram postados numa página do serviço consular brasileiro na Venezuela na internet.

"Em caso de agravamento da situação política na Venezuela teria interesse em retornar ao Brasil caso o governo brasileiro venha oferecer meios de transporte?", diz uma das perguntas do formulário. O documento também pergunta sobre possíveis dependentes que acompanhariam o brasileiro em caso de saída do país, bem como suas idades.Direito de imagemREUTERSImage caption
Presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó (foto) autoproclamou-se presidente interino do país

Segundo o ministério, levantamentos deste tipo com a comunidade brasileira são comuns, especialmente em lugares que enfrentam algum tipo de crise. "Nesse caso específico incluímos essa pergunta sobre a possibilidade de sair do país em caso de complicação. O objetivo é mapear a situação e se precaver, mas não significa que esteja sendo planejada uma retirada", diz um assessor do Itamaraty.

Brasileiros relatam tensão nas fronteiras, mas não em Caracas


A reportagem da BBC News Brasil conversou com brasileiros que vivem na Venezuela nesta segunda-feira (25). Segundo eles, o clima de tensão experimentado no sábado (23) ficou restrito às fronteiras venezuelanas com a Colômbia e com o Brasil, sem chegar à capital, Caracas.Direito de imagemNURPHOTOImage caption
Manifestantes entraram em confronto com a polícia nas fronteiras do país, no sábado

Segundo uma jornalista brasileira que vive no país, houve alguns protestos em Caracas durante o fim de semana, mas foram menores e menos intensos do que os ocorridos no fim de janeiro e no começo de fevereiro, depois que o líder opositor venezuelano Juan Guaidó autodeclarou-se presidente interino do país.

As fronteiras do país viveram momentos de tensão no sábado, quando comboios com ajuda humanitária da Colômbia e do Brasil tentaram entrar no país - a entrada não foi permitida pela Guarda Nacional do país, e retornaram. Houve protestos e confrontos na fronteira Brasil-Venezuela. Ao menos quatro pessoas morreram e outras 22 ficaram feridas.

"Até agora, eu não vi nenhum brasileiro desesperado, dizendo 'quero sair agora da Venezuela'. O governo da Venezuela não agiu até agora de forma agressiva em relação aos brasileiros. Não houve até agora nenhum discurso do Maduro ou do Cabello (Diosdado Cabello Rondon, presidente da Assembleia Nacional e aliado de Maduro) falando mal dos brasileiros", diz um brasileiro que mora na Venezuela, sob anonimato.

"A grande maioria (da comunidade brasileira) quer é ficar em paz. E como não se sentem agredidos, não há urgência em sair do país", diz ele.

"O que acontece na Venezuela é que é um país extremamente polarizado (politicamente). Por exemplo: eu conheço um grupo de empresários que se dizem otimistas com a Venezuela, no longo prazo. Eles dizem que são 'otimistas anônimos'. Porque, se falarem abertamente, temem ser chamados de 'enchufados'", conta o brasileiro.

"Enchufado" é uma forma pejorativa de referir-se a apoiadores do regime de Nicolás Maduro. Em português, o termo significa algo como "apadrinhado" ou "apaniguado", alguém que obteve uma posição de destaque por causa de conexões políticas.
70 turistas brasileiros tentam sair

Segundo o Itamaraty, a situação mais complexa no momento ocorre na localidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, que faz fronteira com o município brasileiro de Pacaraima (RR). Um grupo de cerca de 70 turistas brasileiros que fazia turismo no Monte Roraima está na localidade tentando voltar para o Brasil - o que não foi autorizado ainda pelo governo venezuelano. O Itamaraty diz que continua negociando para tentar o retorno do grupo.

A fronteira entre os dois países foi fechada pelo governo venezuelano na sexta-feira (22), sem prazo para ser reaberta. O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) esteve em Pacaraima no fim de semana. Ele assistiu aos protestos na fronteira, mas diz ter recebido relatos de moradores de que seus parentes no lado venezuelano estavam em segurança. "Não houve incidentes com brasileiros (em Santa Elena). Os amigos de Pacaraima, que tem parentes do lado venezuelano, dizem que não houve qualquer problema com eles", relatou o senador à BBC News Brasil

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-47366713

SUBMISSÃO DE BOLSONARO A TRUMP PODE QUEBRAR O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO


O agronegócio, setor que financiou a eleição de Jair Bolsonaro, pagará caro pelo apoio a um presidente que bate continência para os Estados Unidos – e não defende os interesses nacionais; isso porque, com o Brasil convertido em colônia de Donald Trump, a China decidiu comprar de fazendeiros americanos a soja e as carnes que antes vinham das fazendas nacionais; o prejuízo será bilionário e Bolsonaro ainda não esboçou reação.

Fonte: https://www.brasil247.com/

DIREITA NO PODER JÁ FEZ PIB PER CAPITA RECUAR A 2010; ATÉ ONDE AFUNDAREMOS?


Fonte: https://www.brasil247.com/

“Eles me pisaram, me chutaram e então perdi a consciência”, diz rabino argentino sobre o ataque sofrido


27 de fevereiro de 2019

“Eles me pisaram, me chutaram e então perdi a consciência”, disse o rabino Gabriel Davidovich sobre o ataque que sofreu ontem em sua casa, em Buenos Aires. “Cheguei a implorar para que me deixassem respirar”, disse ele.

Em entrevista concedida no hospital, onde está internado, o rabino, de 60 anos, disse que nesse dia foi dormir mais cedo e o que aconteceu depois foram cenas de filme de terror, diz ele.

“Acordei, fui ao banheiro e lá me deparei com um homem que havia entrado pela janela estreita, com vista para a rua. Tentei lutar com ele, corri para a entrada da casa, abri a porta e gritei por socorro. Naquele momento, os demais agressores – sete no total – entraram na casa. Eles me colocaram de bruços no chão, me bateram e me chutaram. Foi quando perdi a consciência”. A próxima coisa que o rabino se lembra é de ter acordado no hospital.

Depois que Davidovich desmaiou, os agressores foram até a esposa, amarraram-na e disseram a ela: “Nós sabemos que ele é o rabino-chefe e que você tem uma joalheria”. “Onde está o dinheiro?”

Os ladrões vasculharam todos os armários, pegaram as joias e saíram do apartamento. Do lado de fora do prédio havia dois turistas brasileiros que testemunharam o assalto e chamaram a polícia. Os policiais que chegaram ao local encontraram o rabino ainda no chão, desmaiado. Os agressores o deixaram em estado grave com nove costelas fraturadas, um pulmão perfurado e ferimentos no rosto. Ele passou por uma cirurgia e agora está em condição estável.

O rabino não descarta a possibilidade de o ataque ter sido praticado por motivo antissemita, mas disse que prefere aguardar os resultados das investigações.

“Eu não tenho ideia de quem poderia estar por trás desse ataque”, disse ele. “Quero agradecer ao povo de Israel pelo acolhimento que recebi”, disse ele em telefonema ao presidente israelense, Reuven Rivlin. “É horrível quando essas coisas acontecem. Minha esposa tem medo de voltar para casa”.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu também enviou mensagem ao rabino desejando pronta recuperação.

Aryeh Leib Davidovich, filho do rabino, disse que a comunidade judaica acredita que foi um ataque antissemita, por causa da frase de um dos agressores, mas destacou que “eles só pediram dinheiro”.

A Polícia de Buenos Aires acredita que o ataque ao rabino foi um crime comum, com premeditação, uma vez que os assaltantes sabiam do movimento da casa e sobre a janela do banheiro, que estaria sempre aberta. Outro motivo possível é que o ataque tenha sido um ato de vingança de alguém que tenha se sentido prejudicado por uma decisão do Tribunal Rabínico de Buenos Aires, da qual o rabino é membro.

Davidovich é rabino-chefe da AMIA, organização judaica cuja sede foi destruída num atentado terrorista, em 1994. Ele atua como membro da organização e como secretário-chefe do tribunal rabínico.

O bairro onde mora – Balvanera – é conhecido como o reduto judaico da capital argentina, onde quase 10.000 judeus vivem em uma área de um quilômetro quadrado. O prédio onde mora fica a cerca de 150 metros da Yeshiva Chaim Jofetz (Chofetz Chaim), em um prédio de dois andares na esquina da San Luis e Azcuénaga. A Argentina tem uma das maiores comunidades judaicas, com 190 mil pessoas (Itamar Eichner, Ynet News).

Fonte: http://www.conib.org.br/eles-me-pisaram-me-chutaram-e-entao-perdi-a-consciencia-diz-rabino-argentino-sobre-o-ataque-sofrido/

“Os desastres da mineração no Brasil podem ser julgados como crimes contra a humanidade”


Advogada que luta para incluir o ecocídio, a morte do meio ambiente, na lista de crimes contra a paz, defende que é preciso punir criminalmente diretores de empresas que cometem atrocidades; na Corte Penal Internacional, se necessário

Polly Higgins, a advogada e ativista de direitos humanos e ambientais. DIVULGAÇÃO




A escocesa Polly Higgins tinha um bem-sucedida carreira como advogada em Londres, atuando como especialista em direito corporativo e trabalhista. Uma mudança na área do Direito, porém, acabou por torná-la conhecida como a "advogada da Terra". Ao migrar para a área civil, ela se questionou de que maneira seria possível criar formas legais de cuidar daquele que seria seu principal cliente a partir de então, o próprio Planeta.


Nessa jornada, ela tem um objetivo: incluir o ecocídio como quinto item da na lista de crimes contra a paz, ao lado de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e os crimes de agressão. O termo vem sendo utilizado, com diferentes interpretações, desde os anos 1970, e pode ser definido como "a extensa destruição, dano ou perda do ecossistema de um determinado território, seja por ação humana ou por outras causas, a tal ponto que a utilização pacífica daquele território por seus habitantes seja severamente comprometida”.

Na prática, a inclusão do ecocídio como um novo crime significaria que atrocidades cometidas por empresas poderiam ser levadas ao Tribunal Penal Internacional (TPI). A Corte internacional de última instância apenas julga pessoas condenadas pelos crimes de interesse internacional. Apesar de o Brasil ter legislação que reconhece os crimes ambientais, caso os diretores de empresas acusadas não sejam condenados na esfera criminal, não é possível, pela legislação internacional atual, que se recorra ao TPI em busca de punição, como aconteceria em caso de um crime de genocídio. Para citar um exemplo de como a justiça brasileira pode ser morosa inclusive em casos graves, o processo penal contra os diretores da Samarco, por exemplo, foi suspenso em 15 de outubro de 2018, por um juiz federal de Ponte Nova, atendendo a pedidos de réus ligados à BHP Biliton, uma das controladoras da empresa ao lado da Vale. Até hoje, ninguém foi responsabilizado criminalmente pelo crime ocorrido há mais de três anos na barragem de Mariana, em Minas Gerais.

Higgins conversou com o EL PAÍS sobre como este crime poderia ser atribuído aos desastres da Vale, em Brumadinho, e da Samarco, em Mariana.

Pergunta. O crime de ecocídio quase foi incluído no Estatuto de Roma, o tratado que estabeleceu a Corte Penal Internacional, em 1998. O que aconteceu?

Resposta. O ecocídio começou a ser elaborado 11 anos antes do Estatuto de Roma. Mas, em 1996, foi removido de maneira pouco ortodoxa, a portas fechadas, apesar de 50 dos 54 países que discutiram o tratado o terem aprovado. Não temos todas as informações para entender o que aconteceu na época. Sabemos que o Estatuto de Roma que estava sendo redigido durante as década de 1980 e 1990 foi fatalmente comprometido e várias disposições foram alteradas, incluindo a remoção de ecocídio, que seria um crime autônomo em si mesmo, assim como o genocídio. Os crimes de atrocidade foram coletivamente referidos como os crimes internacionais contra a paz, que remontam aos julgamentos de Nuremberg, e o crime de ecocídio seria o quinto crime internacional contra a paz, se tivesse permanecido.

P. Quem estava fazendo lobby para que esse crime fosse removido do tratado?


R. Reino Unido, Estados Unidos, França, Holanda e há também indicações do Brasil. Sabemos disso a partir de pesquisas realizadas pela Escola de Estudos Avançados da Universidade de Londres, que localizou os registros na ONU. O Estatuto de Roma foi determinado com um voto por estado membro, como é o caso da maioria das decisões das Nações Unidas, por isso sugere que práticas não ortodoxas ocorreram nos bastidores. O que estou fazendo hoje é basicamente realinhar a lei para onde deveria ter sido originalmente.

P. Várias empresas criticam a necessidade de uma nova lei para proteger o planeta. Como o ecocídio é diferente das regulamentações atuais?

R. Em primeiro lugar, não é um novo regulamento de influência local. É um crime, e em nível internacional. Há uma grande diferença: a lei civil pode ser usada para processar uma empresa quando esta viola algum tipo de regulamentação ambiental. O resultado da penalidade por meio de solução financeira é frequentemente limitado e raramente alcançado. Indivíduos ou comunidades podem entrar com uma ação civil contra o Estado também. Mas, no momento, o Estatuto de Roma não tem o ecocídio como um dos crimes de atrocidades, como o genocídio, reconhecido internacionalmente, e cuja proteção é obrigatória para todos os países que são signatários do tratado. Quando estiver operacional, os países signatários do Estatuto de Roma, que inclui o Brasil, serão protegidos por ele. Por isso, podemos dizer que ecocídio é potencialmente o crime que falta ser tipificado.

P. É mais difícil responsabilizar empresas?

R. Não é a empresa que é processada, são os indivíduos, os alto funcionários. São os CEOs e os diretores. Não é a empresa (ou o estado) que é processada; é o indivíduo que carrega o fardo do que é conhecido na lei como 'responsabilidade superior'. Por exemplo, se o CEO da empresa apunhala um de seus diretores, ele será processado por assassinato. Não importa se ele faz parte de uma empresa. É a sua ação como indivíduo que é abordada em um tribunal penal. É a mesma premissa com o crime de ecocídio: indivíduos são responsabilizados dentro da corporação. É o princípio da 'responsabilidade superior'. São os indivíduos no topo do comando que são considerados responsáveis pelo crime, não a empresa em si. Por exemplo, veja o que aconteceu com o desastre de mineração no Brasil. A polícia está investigando e já prendeu alguém por acusações criminais relacionadas à destruição do meio ambiente? Se não há crime para a destruição ambiental, então não há nenhum processo para ser julgado. Por não ter nenhum crime de ecocídio, as reparações que uma comunidade que foi adversamente afetada estão limitados à ação civil, que pode ser longa e custosa.

P. É possível considerar o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, como um ecocídio?

R. Possivelmente. É preciso examinar as evidências como tamanho, duração ou impacto: o tamanho do território afetou negativamente uma área de 200 quilômetros ou mais? Até onde vai a destruição ou a perda de trechos do ecossistema? O desastre terá um impacto adverso no meio ambiente por um período substancial? Sabe-se que onde há perda de ecossistemas por mais de 90 dias, a recuperação é rara. É preciso ver também o impacto humano e não humano deste território. Houve alguma morte? Quão severa é a destruição? A partir daí, você começa a examinar as evidências para criar um possível caso de ecocídio. Mas é difícil examinar com os dados disponíveis. Embora o ecocídio não exista como crime no Brasil, examinar as evidências neste contexto como um potencial ecocídio reformula a questão. Deixa de ser visto como um ‘acidente’ para se analisar se houve uma falha significativa de um dever legal de cuidado da empresa, o que, por sua vez, abre a questão sobre se o Estado deve processar os responsáveis.

P. O fato de o rompimento da tragédia de Mariana, da Samarco, que tem a Vale como uma das donas, ter acontecido apenas três anos antes pode ser um agravante?

R. O que você vê é um possível padrão operacional emergindo; um desrespeito imprudente pelas consequências. Esta pode ser uma questão de toda a indústria, em que as salvaguardas não são postas em prática ou a atividade industrial perigosa continua, apesar do conhecimento de quais são as consequências. Isto é algo que estamos examinando; especificamente, olhando para a falha quântica dos altos funcionários de uma empresa em particular, que sabiam que suas operações eram perigosas. Em dezembro, no Tribunal Penal Internacional, em Haia, lançamos um exame sobre um tipo especial de ecocídio. Estamos analisando o ecocídio ecológico e climático como resultado das operações da empresa petrolífera Shell. Examinamos a possibilidade de que casos de ecocídio possam ser processados como um crime contra a humanidade dentro das provisões existentes do Tribunal Penal Internacional.

P. E como fazer isto sem uma nova lei?

R. Quando você olha para as atividades de uma empresa que tem como resultado um grande número de mortes, isto é sem dúvida um ato desumano. E se este é o caso, poderia ser considerado um crime contra a humanidade, um ato desumano de ecocídio. Mas como responsabilizar criminalmente indivíduos por estas atrocidades se ecocídio não é crime? Nós pensamos que há possivelmente um argumento para usar o Artigo 7 (1) (k) do Estatuto de Roma, que caracteriza crimes contra a humanidade em caso de atos desumanos [que causam intencionalmente grande sofrimento, ou lesões graves ao corpo ou à saúde mental ou física]. É possível argumentar —se a imprudência for estabelecida—, que ambos os desastres de mineração que aconteceram no Brasil são atos desumanos. Embora tal caso possa não ter sucesso por outras razões, a importância de tal caso sinaliza uma mudança; porque muda a narrativa de aceitação de atividades corporativas perigosas. Em vez de litígio civil pelo indivíduo, o Estado tem que processar os CEOs das corporações e seus diretores em um tribunal criminal, para examinar a evidência de seus atos de atrocidade. Isto é muito importante: é sobre a empresa assumir a responsabilidade por suas ações e ser responsabilizada em um tribunal criminal.

P. Na prática, como esta mudança de narrativa pode ajudar a mudar o comportamento da empresas?

R. O que você tem atualmente é uma prática industrial amplamente consolidada e aceita, de colocar o lucro na frente das pessoas e do planeta. O mesmo ocorreu com outras empresas de mineração cujas barragens de rejeitos estouraram causando desastres. Houve um na Alemanha há alguns anos. Este é um modus operandi, uma falha constante para garantir que as provisões de segurança estejam realmente em vigor. A situação atual é particularmente preocupante, pois há evidências que sugerem que as pessoas que trabalhavam na empresa já haviam reconhecido que era potencialmente insegura. Isso exige uma investigação criminal dentro do Estado. Mas, a menos que se aplique a lei criminal que responsabiliza os altos funcionários, enormes desastres deste tipo, em que houve uma falha substantiva na ação corporativa, geralmente termina apenas em multa.

P. De fato, o próprio presidente da Vale, Fabio Schvartsmann, afirmou durante audiência no Congresso que a empresa não vai “optar por judicialização”, mas sim por negociação, como forma de acelerar o atendimento a todos os atingidos.

R. Na verdade, ele tem uma certa razão. Este é o problema. Alterar as regulamentações ambientais que obrigam a empresa a pagar apenas uma multa não é suficiente. Se esta empresa sabia o que aconteceria, neste caso, quando seu lago de rejeito que estava posicionado em uma encosta começasse a vazar e, acabasse por explodir, inundando casas, vilas, matando centenas de pessoas e destruindo vastas extensões de terra, então algo precisa ser feito. As consequências são enormes. Conhecer e não agir sugere um ato desumano. Se uma investigação mostra que tem havido uma constante falta de certas salvaguardas que deveriam ter sido postas em prática, então você está olhando para uma possível acusação. E isso é algo que o próprio Estado deveria fazer. Se o Estado não quiser, e a evidência merecer, o caso poderá ser levado ao Tribunal Penal Internacional – por indivíduos ou organizações.

P. Como seria este procedimento?

R. O Brasil é signatário do Tribunal Penal Internacional, portanto, se o Estado não impetrar uma ação penal, qualquer indivíduo poderá apresentar uma petição para que o caso seja examinado como um crime contra a humanidade. Mas, primeiro, é necessário verificar se o Estado teve a oportunidade de apresentar sua própria ação judicial.

P. Neste caso, quem seria cobrado pelo crime?

R. Sob o princípio de responsabilidade superior pode ser o CEO e/ou os diretores (ou qualquer outro funcionário sênior) que são responsabilizados no direito penal internacional. Não são os operadores menores, nem os agentes subcontratados. Isso ocorre porque a atrocidade ocorreu sob seu comando. Durante os julgamentos de Nuremberg, a IG Farben, que era uma empresa química, teve seus diretores e CEOs julgados e condenados por crimes contra a humanidade. Portanto, temos precedentes para isso.

P. Até agora, 10 países já possuem o crime de ecocídio em seu código penal – Vietnã (1990), Federação Russa (1996), Cazaquistão (1997), Quirguistão (1997), Tajiquistão (1998), Geórgia (1999), Bielorrússia (1999), Ucrânia (2001), Moldávia (2002) e Armênia (2003). Alguns destes países não são exatamente famosos por respeitar os direitos humanos ou o meio ambiente. Por que eles foram os primeiros?

R. O Vietnã foi o primeiro por causa da guerra no país. O que aconteceu com os outros foi realmente um marco histórico. Em 1996, foi anunciado que o crime ambiental estava sendo retirado do Estatuto de Roma. A Rússia era um porta-voz, sob o Governo Gorbachev, em apoio ao crime de ecocídio. Após o colapso da União Soviética, os Estados soviéticos anteriores adotaram e implementaram seus próprios códigos penais criminais, em grande parte baseados nos russos, que incluíram o chamado quinto crime contra a paz, ecocídio —alguns com sutis diferenças legais de redação.

P. Hoje em dia quais são as principais barreiras para que o ecocídio seja reconhecido como um crime contra a humanidade em escala global?

R. Seja ou não corrupção ou interesses corporativos, há um fato que não pode ser ignorado. O maior lobista do direito é a indústria; quando você tem alcance global e lucros às vezes maiores do que o PIB de um país, fazer lobby por leis se torna uma prática aceitável por corporações transnacionais para determinar o destino de nosso povo e de nossa terra. Isso não é justiça. É preciso um nível de legislação muito mais alto; um que opere a partir de um lugar de justiça e, talvez se possa dizer, de uma consciência mais elevada do que aquela que temos agora. Mas, é importante ser ser dito, isso não é uma realidade em todos os países. Por exemplo, há pequenos Estados insulares em desenvolvimento, como Tuvalu e Vanuatu, no Pacífico, que têm um interesse real em discutir essa questão porque sofrem de ecocídio climático. É uma crise humanitária existencial para eles. É por isso que estamos agora examinando se podemos discutir os efeitos das mudanças climáticas, impulsionados por atividades industriais perigosas pela indústria de combustíveis fósseis e seus altos funcionários que conheciam as consequências, como um crime de atrocidade contra a humanidade. Estamos examinando [no caso da Shell], em particular, se suas atividades sob os auspícios de vários CEOs podem ou não ser um ato desumano, porque há evidências substanciais para mostrar que eles sabiam, desde os anos 80, que o que estavam fazendo agravaria a situação e o colapso climático.
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/22/politica/1550859857_043414.html