Perfil

Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

Mensagem aos leitores

Benvindo ao universo dos leitores do Izidoro.
Você está convidado a tecer comentários sobre as matérias postadas, os quais serão publicados automaticamente e mantidos neste blog, mesmo que contenham opinião contrária à emitida pelo mantenedor, salvo opiniões extremamente ofensivas, que serão expurgadas, ao critério exclusivo do blogueiro.
Não serão aceitas mensagens destinadas a propaganda comercial ou de serviços, sem que previamente consultado o responsável pelo blog.



terça-feira, 31 de agosto de 2021

Vereador vai à polícia contra bolsonarista que ameaçou sequestrar e enforcar Lula


Leonel Radde (PT-RS) registrou boletim de ocorrência contra Ricardo Chevarria que, segundo ele, seria servidor da Justiça gaúcha

Por Ivan Longo 30 ago 2021 - 18:08


Foto: Ricardo Stuckert

O vereador Leonel Radde (PT-RS), de Porto Alegre, registrou nesta segunda-feira (30) um boletim de ocorrência contra um bolsonarista que ameaçou assassinar o ex-presidente Lula (PT).

Através das redes sociais, Radde publicou imagem que mostra um trecho da ocorrência registrada.

Conforme noticiado pela Fórum, o vereador denunciou, na última semana, que um sujeito identificado como Ricardo Chevarria estaria ameaçando sequestrar e enforcar Lula.

“Vamos limpar os bandidos do país sequestrrando o Lula e fazendo ele devolver nosso dinheiro. Depois enforcamos em praça pública para que sirva de exemplo. Só a morte do maior bandido do mundo poderá mudar este país”, diz uma das mensagens atribuídas a Chevarria divulgada por Radde.


Em outras mensagens, o bolsonarista ainda diz “esse bandido ainda vai morrer, é só sair às ruas e pá” e “estou só pelos comícios, quero ver ele na rua”. “Não dura 5 minutos”, diz.

Segundo o vereador, o autor das mensagens trabalharia no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). “Esse criminoso, Ricardo Chevarria, ameaça de sequestro, homicídio e tortura uma figura pública do país. E o pior: aparentemente ele trabalha no TJ-RS. Esse tipo de fascista tem que responder pelos seus crimes, urgente! As autoridades devem se manifestar, agora!”, tuitou o petista.

Após a revelação da mensagem, perfis relacionados ao nome Ricardo Chevarria foram apagados no Twitter e Instagram.

A Fórum consultou o Portal da Transparência do TJ-RS e verificou que há um servidor com o nome Ricardo Correa Chevarria. O servidor atua como oficial escrevente na Central de Cumprimento Cartorário (CCC) Gravataí.

Como todos os perfis foram apagados, não foi possível confirmar se é de fato a mesma pessoa, mas nas redes sociais diversos usuários cobraram um posicionamento do TJ diante da possibilidade de um servidor bolsonarista ameaçar sequestrar Lula. O órgão, no entanto, não se manifestou.

Avatar de Ivan Longo

Ivan Longo

Jornalista, editor de Política, desde 2014 na revista Fórum. Formado pela Faculdade Cásper Líbero (SP). Twitter @ivanlongo_


Fonte: Revista Fórum

BENEFÍCIO IRRENUNCIÁVEL - Bem de família só pode ser penhorado por credor ao qual outorgada a hipoteca


30 de agosto de 2021, 20h01


A penhora do imóvel de família destinado à residência do devedor e de sua família só é possível para o exato credor em favor do qual o bem foi outorgado em hipoteca.
Impenhorabilidade do bem de família é benefício irrenunciável, afirmou o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, relator

Lucas Pricken/STJ

Com essa conclusão, a 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso especial ajuizado por um homem cujo imóvel onde mora com a família seria penhorado para pagamento de dívida com o Banco de Crédito Nacional (BCN).

A penhora foi admitida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais porque o imóvel já foi oferecido como garantia hipotecária. Assim, para o tribunal mineiro, incide a exceção à impenhorabilidade do bem de família prevista no inciso V do artigo 3º da Lei 8.009/1990.

Para o STJ, o problema está no fato de que a garantia hipotecária foi feita em favor de outra instituição financeira: o Banco do Brasil, com quem o devedor assinou contrato de emissão de cédula de crédito bancário.

Para o TJ-MG, ao oferecer o bem em hipoteca, o devedor abriu mão da impenhorabilidade, o que permitiria até mesmo ao BCN indicá-lo a penhora. Para o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, relator do recurso, esse argumento não se sustenta, pois a impenhorabilidade é benefício irrenunciável.

Assim, se a execução do BCN não trata de hipoteca, não é possível incidir a regra excepcional do artigo 3°, V, da Lei 8.009/1990. "Neste caso, já que a garantia real fora constituída apenas em favor de outra instituição, não poderia ter sido afastada a regra de impenhorabilidade", disse o relator.

"Também em razão da interpretação restritiva que deve ser dada à regra excepcional invocada pelo tribunal a quo, não é possível afastar a impenhorabilidade diante da constituição de hipoteca pretérita em favor de outro credor", acrescentou.

A conclusão foi acompanhada à unanimidade pela 3ª Turma. Votaram com o relator os ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Marco Aurélio Bellizze, Moura Ribeiro e Nancy Andrighi.

REsp 1.604.422

Danilo Vital é correspondente da revista Consultor Jurídico em Brasília.

Revista Consultor Jurídico, 30 de agosto de 2021, 20h01

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Waack, Constantino e os bolsominions imbecis

Por Altamiro Borges

A direita nativa está em guerra também nos meios jornalísticos. Na semana passada, William Waack, que foi da TV Globo e hoje está na CNN-Brasil, chamou os bolsonaristas de “fanáticos imbecilizados”. De imediato, Rodrigo Constantino, o ex-pateta da revista Veja e atual jagunço da rádio Jovem Pan, saiu em defesa dos seguidores do presidente fascista.

“Os fanáticos imbecilizados” e os racistas

Em artigo publicado na quinta-feira (26) no jornal Estadão, William Waack afirmou que a saúde mental de Jair Bolsonaro é “para lá de preocupante” e que seus apoiadores são “fanáticos imbecilizados em redes sociais que não sabem até agora muito bem onde está o ‘palácio de inverno’ a ser tomado e ocupado. Eles são contra um monte de coisas, mas ainda aguardam uma ordem específica do ‘mito’ sobre em qual direção marchar e qual inimigo precisam aniquilar”.

Babando ódio, os bolsonaristas reagiram nas redes sociais. Um deles foi o jagunço da rádio Ku Klux Pan. “O jornalista com inclinação racista chamou qualquer apoiador do governo (ou crítico do STF, por tabela) de ‘fanáticos imbecilizados’. Isso não é crítica, mas ofensa. Quem com ferro fere…”, reagiu Rodrigo Constantino, lembrando a cena de racismo que custou a demissão da William Waack da TV Globo em 2017.

“Ambiente tóxico” na rádio Jovem Pan

O âncora da CNN preferiu não responder à provocação do colega de profissão. Talvez por saber que Rodrigo Constantino adora um “ambiente tóxico” – conforme definição da jornalista Amanda Klein. No início de julho passado, ela anunciou a sua saída do programa “3 em 1”, da Jovem Pan, exatamente em decorrência de atritos com o miliciano bolsonarista.

Pelo Twitter, ela explicou: “Pedi pra sair do ‘3 em 1’. Em ambiente tóxico e com ataques pessoais não se faz jornalismo. E eu sou jornalista. Continuo na JP no ‘Jornal da Manhã’ e em outros programas. Conto com vocês”. O anúncio ocorreu um dia após um embate com o homofóbico Rodrigo Constantino ao vivo durante o programa ao tratar de casamento gay.

Após o anúncio da saída, o arrogante jagunço ainda festejou também pelo Twitter: “É sempre a mesma coisa: desmascaro o ‘esquerdista’ disfarçado de jornalista, que vem sem argumentos e só com narrativas fajutas e uma agenda, eles me atacam, depois bancam a vítima e pedem para sair. Virou rotina”. De fato, os bolsonaristas são “fanáticos imbecilizados”.

Fonte: 

"Não é dono do próprio negócio, mas escravo do próprio negócio", diz motorista de app

 

Alta dos combustíveis e redução no valor repassado pelas empresas leva motoristas a deixarem plataformas

|
 
Motoristas de aplicativo relatam perda de renda com aumento da gasolina e congelamento das tarifas - Luiza Castro/Sul21

É uma notícia que não sai das manchetes: o preço dos combustíveis aumentou de novo. Em alguns lugares do Brasil, a gasolina já passa de R$ 7. Em Porto Alegre, está na casa dos R$ 6. Como consequência, e por ser um insumo essencial para praticamente todas as cadeias econômicas, a alta tem puxado a inflação para cima e afetado indiretamente a renda do trabalhador brasileiro. Contudo, para algumas categorias, cada variação para cima significa perda direta de renda, como é o caso dos motoristas de aplicativo, o que tem levado muitos a desistirem de atuar nas plataformas.

“Antigamente, a gente tinha um faturamento bem melhor com um desgaste menor. Hoje, nós temos um consumo e um desgaste maiores, trabalhando mais, para tentar manter o mesmo nível”, diz o presidente da União Gaúcha dos Motoristas Autônomos (Ugama), Mauro Souza.  “A gente já perdeu muita gente que está voltando para a CLT, porque está complicado”.

:: Saiba por que o dólar alto, e não o ICMS, explica a disparada do preço dos combustíveis ::

Para compensar as perdas, as empresas oferecem promoções para os motoristas, concedendo um bônus financeiro a quem cumpre uma série de metas ou condições, que vão desde realizar um número X de corridas durante um período de uma semana, por exemplo, a taxas melhores para quem circula em determinados horários e aceita alguns tipos de corrida que não seriam vantajosos.

Mauro ressalta, contudo, que são os motoristas com as melhores classificações nas plataformas que recebem esses incentivos. Atualmente na categoria diamante da Uber, a principal do setor, ele teve acesso a uma promoção que lhe daria um bônus de R$ 100 ao completar 90 corridas na semana passada. Contudo este valor de bônus é inferior ao que ganhava a mais por dia, ou a cada dois dias, antes da disparada dos combustíveis e das mudanças nas taxas cobradas dos motoristas pelas plataformas.  “A bem dizer, fica R$ 1 real por corrida. Mas o que desanima o motoristas é tu pegar, por exemplo, uma corrida de R$ 20 e ver o que teu valor é R$ 11. Isso te desmotiva um pouco perante a plataforma”, diz.

::Artigo | Entenda por que o gás e a gasolina estão tão caros ::

Recentemente, a BBC Brasil publicou uma reportagem em que informa, citando dados da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), que 25% dos motoristas de aplicativo deixaram as plataformas desde o início de 2020. Mauro diz que a Ugama tenta fazer um levantamento sobre a situação em Porto Alegre, mas que ele é dificultado pelo fato de que as plataformas preservam os números.

Procurada pela reportagem do Sul21, a Uber informou apenas os números nacionais, dizendo que “são mais de um milhão de motoristas e entregadores parceiros” do aplicativo.

Jefferson Peixoto é motorista de aplicativos há três anos. Ele diz que, hoje, são vários os fatores que o levam a repensar a atividade, entre os quais está o preço da gasolina. Contudo, ressalta que não é só a gasolina que é afetada pela variação do petróleo.

:: BdF Explica: Por que os preços não param de subir? ::

“Quando a gente fala da alta do petróleo, a gente fala do diesel, do óleo que vai no carro, das borrachas de porta, das pastilhas de freio, são várias coisas que sobem em cascata, direta ou indiretamente. Isso, para o motorista, não dá mais. Hoje o item mais caro de um carro é a gasolina, não é nem imposto, nem os juros abusivos da prestação”, diz.

Como consequência do aumento dos custos, o presidente da Ugama, Mauro Souza, afirma que muitos motoristas acabam adotando a prática de escolher corridas, isto é, cancelar chamadas nos aplicativos que não considerem vantajosas. Por exemplo, quando é preciso percorrer uma longa distância para chegar ao passageiro. “Às vezes, a busca de uma corrida é cinco, seis quilômetros, para o cliente andar um quilômetro e alguma coisa. Não nos compensa”, complementa Jefferson.

Jefferson trocou a gasolina pelo GNV, o que lhe permitiu uma economia ao menos de R$ 1,1 mil. Como leva todos os gastos anotados na ponta do lápis, ou melhor, numa planilha, diz que os R$ 2,2 mil a R$ 2,4 mil que gasta hoje com o gás natural seriam cerca de R$ 3,5 mil com a gasolina no valor atual.

:: Ações da Uber despencam após decisões judiciais favoráveis a motoristas nos EUA e no Canadá ::

“O motorista, hoje, começa pagando para trabalhar. Não é esse negócio de ser dono do próprio negócio, mas escravo do próprio negócio, porque a relação dos aplicativos conosco é massacrante”, diz. “A gente fica preso a uma coisa chamada livre mercado, mas que livre mercado é esse que eu não tenho livre arbítrio em relação a algumas coisas? Eu tenho que trabalhar um mínimo de horas, sou avaliado a cada passo, e acho justo ser avaliado, mas e a contrapartida?”, complementa.

Ele defende que a Uber deveria adotar uma política de reajuste no preço da tarifa que siga a variação do preço dos combustíveis. “A Uber nunca repassou a gasolina e todas as alterações da tarifa foram para menos. Quando eu entrei na Uber, o litro de gasolina era R$ 3,19, R$ 3,29, e a tarifa era R$ 7,20. Hoje, a gasolina está R$ 6 em média, com descontos e promoções, mas a tarifa é R$ 5,21”, diz.

:: Uber: tribunais veem “manipulação de jurisprudência” e começam a decidir a favor de motoristas ::

Além da alta dos combustíveis, Jefferson aponta que os motoristas vêm sendo prejudicados por reduções promovidas pelos aplicativos no valor do quilômetro rodado, na tarifa inicial e por promoções oferecidas aos passageiros. Segundo ele, os motoristas sequer sabem quanto vão receber de cada corrida, uma vez que as taxas da Uber, por exemplo, são variáveis, podendo ser de 20% a 40% do valor total da corrida.

“Uma coisa que não é transparente quanto à tarifa é que a gente não sabe qual é a base matemática que eles usam para fazer isso. Uma hora eles vêm com tarifa, outra com premiações, uma hora eles vêm com horário dinâmico, outra eles vêm com a necessidade de fazer x corridas para ganhar tanto de premiação. No final, quando a gente põe na ponta do lápis, a gente acaba não chegando no valor que nos foi repassado, estamos sempre perdendo em relação a isso”, diz.

:: "Fui traído pela Uber": a história do 1º motorista a vencer a empresa em um tribunal ::

Mauro Souza acredita que o mais complicado é o não reajuste de valores pelas empresas. Segundo ele, quando começou a trabalhar com a Uber, o valor do quilômetro rodado pago pela empresa era de R$ 1,20, mas caiu para R$ 0,90. “Isso dificulta muito o nosso dia a dia”. Ele diz que aplicativos como 99, o maior concorrente da Uber no País após a saída do Cabify, e inDriver remuneram melhor o motorista, mas oferecem menos condições de segurança, permitindo, por exemplo, o cadastro de pessoas usando apenas o Facebook, sem exigir comprovação de identidade.

Na reposta encaminhada à reportagem, a Uber afirma que, originalmente, cobrar uma taxa fixa de 25% para “intermediação de viagens”, mas que, a partir de 2018, passou a torná-la variável para permitir uma “maior flexibilidade” para concessão de descontos e promoções. “Em qualquer viagem, o motorista parceiro sempre fica com a maior parte do valor pago pelo usuário – há confusão entre os parceiros sobre o valor da taxa porque em algumas viagens ele pode aumentar enquanto, em outras, pode diminuir. É por isso que todos os motoristas parceiros ativos recebem semanalmente, por e-mail, um compilado sobre os seus ganhos que mostra quanto ele pagou de taxa Uber naquela semana”, diz a empresa.

A Uber também argumenta que, em razão do aumento da demanda por aplicativos desde o início da pandemia, potencializado com a retomada dos serviços e do comércio em razão da vacinação, os ganhos dos motoristas têm aumentado, especialmente nas últimas semanas. “Os ganhos de quem dirige com o app da Uber têm sido os maiores desde o início do ano. Em Porto Alegre, por exemplo, os parceiros que dirigiram por volta de 40 horas ganharam, em média, de R$ 1.200 a R$ 1.300 na semana. Em um mês, significa que os motoristas estão com média de ganhos superior à média salarial de várias profissões no país, como fisioterapeutas, intérpretes, nutricionistas ou corretores, por exemplo, de acordo com o site da empresa Catho, que compila informações do mercado de trabalho”, diz a nota da empresa.

A empresa diz ainda que compreende a insatisfação causada pelo aumento dos combustíveis e que, para mitigar o aumento dos custos, tem adotado iniciativas para ajudar os motoristas, como a Uber Pro, que reúne iniciativas que vão desde parcerias com postos de combustíveis para garantir desconto no reabastecimento, parcerias com empresas de telefonia e na área de saúde, e as promoções citadas por Mauro, que dão bônus financeiros a motoristas que cumprirem algumas metas estipuladas pela empresa.

“Lançamos o Turbo+, um novo formato de promoção para os parceiros que adiciona um valor fixo em cada nova oferta de viagem em locais e horários específicos. Também criamos promoções com ganhos adicionais para viagens curtas e estamos testando uma nova forma dos parceiros acompanharem as promoções disponíveis, tudo no mesmo lugar do app, para que ele possa se programar e avaliar os melhores momentos para dirigir”, diz a empresa em nota.

:: Primeiro motorista a processar a Uber no Brasil: “O algoritmo é o novo capataz” ::

Já a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa todas as empresas do setor, também diz que compreende as “consequências do aumento do valor dos combustíveis aos seus parceiros” e que trabalha para ajudar motoristas e entregadores a reduzir gastos fixos, mas ressalta que a variação de preço dos combustíveis foge do controle das plataformas.

“As associadas da Amobitec também implementaram, desde o início da pandemia, diversas ações de apoio aos profissionais, como a distribuição gratuita ou reembolso pela compra de equipamentos e materiais de higiene e limpeza, e a criação de fundos que somam mais de R$ 200 milhões para o pagamento de auxílio financeiro para parceiros diagnosticados com COVID-19 ou em grupos de risco. Desde março de 2020 foram distribuídos ou reembolsados mais de 4 milhões de itens de proteção como máscaras e álcool em gel para os parceiros cadastrados nas plataformas. A Amobitec reforça que em nenhum momento houve a redução de taxas de remuneração dos parceiros, mesmo em um período de instabilidade econômica do país”, diz a associação, em nota encaminhada à reportagem.

Em busca de alternativas

Mauro destaca que muitos motoristas estão partindo para outras plataformas ou, aqueles que conseguem, trabalhando como motoristas particulares por demanda, o que tem pago valores maiores. Jefferson é um dos motoristas que têm atuado cada vez mais com alternativas. Ele firmou uma parceria com uma rede de hotéis para realizar o translado dos hóspedes ou ficar à disposição dos clientes.

“Hoje, a chamada do aplicativo para você ir a Gramado ou para Caxias do Sul, gira entre R$ 188 e R$ 245, dependendo da plataforma. Pela tabela que eu deixei a disposição do hotel, é R$ 400, eles tiram 20% e para mim entra líquido R$ 320”, diz, explicando que também faz viagens para outros municípios. “Se eu fizer uma viagem a Gramado por dia pelo hotel, eu não preciso ligar o aplicativo e, no final do dia, eu vou ter uma renda superior, com muito menos desgaste do carro, físico e mental”.

Os motoristas também veem com bons olhos a chegada de concorrentes locais às plataformas internacionais, como a Liga e o Guri. Criado pela Cooperativa de Mobilidade Urbana do Rio Grande do Sul (Comobi-RS), a Liga é um aplicativo que funciona atualmente em Caxias do Sul que diz que tem como diferencial buscar uma relação mais humana com os motoristas, o que passa por melhorar as condições de trabalho.

“Os motoristas de aplicativo não podem nem ser considerados como trabalhadores autônomos, porque eles não conseguem nem negociar o valor do seu trabalho. Aqui, ele vai ser um cooperado da empresa, onde ele vai ter a divisão de sobras do exercício fiscal da cooperativa, como se fosse um 13º, um PPR, já é uma primeira vantagem”, diz Guilherme da Silveira, diretor-financeiro da cooperativa.

Guilherme diz que o objetivo do aplicativo é ser uma alternativa que permita jornadas inferiores às praticadas nos aplicativos atuais com o intuito de ter um atendimento de maior qualidade. Para isso, também oferece assistência jurídica, assistência psicológica e faz parceria com postos de combustíveis de Caxias do Sul, bem como com lojas de peças e seguradoras de veículos.

QUE CLIMA!!! - JÁ TEMOS ADVOGADO ATROPELANDO OUTRO PROPOSITALMENTE

Ainda na UTI, médicos retiram sedação de advogada atropelada no DF
Tatiana Matsunaga está internada na unidade de terapia intensiva do Hospital Brasília desde a última quarta-feira (25/8)



30/08/2021 9:47,atualizado 30/08/2021 11:15

Divulgação/Arquivo pessoal


Os médicos que acompanham o caso da advogada e servidora da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) Tatiana Machado Matsunaga, 40 anos, atropelada propositalmente pelo também advogado Paulo Ricardo Moraes Milhomem, 37, na última quarta-feira (25/8), retiraram a sedação da paciente, na manhã desta segunda-feira (30/8).

Segundo o pai da vítima, a filha começou a apresentar melhoras e foi possível reduzir a medicação.

“Tiraram a sedação. Agora, é aguardar ela acordar. A melhor avaliação virá depois que ela despertar”, relatou Luiz Sérgio Machado.


Fonte: https://www.metropoles.com/distrito-federal/ainda-na-uti-medicos-retiram-sedacao-de-advogada-atropelada-no-df

Alessandro Vieira anuncia pré-candidatura à Presidência

"Estamos ficando para trás no processo de construção da Terceira Via. Não vamos nos omitir e fortalecer a polarização”, disse o parlamentar ao apresentar a pré-candidatura

30 de agosto de 2021, 10:21 h Atualizado em 30 de agosto de 2021, 10:21
(Foto: Pablo Valadares - Câmara)

247 - O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou neste domingo (29), através de nota, sua pré-candidatura à Presidência. O senador acredita que pode ser uma alternativa para a terceira via em meio a um cenário de polarização entre Bolsonaro e Lula.

O parlamentar disse que precisou pensar muito antes de colocar o seu nome à disposição do partido como pré-candidato à Presidência.

“Pelo que tenho visto, nas movimentações de partidos, parlamentares e movimentos de renovação, estamos ficando para trás no processo de construção da Terceira Via. Não vamos nos omitir e fortalecer a polarização”, disse o parlamentar.

Fonte: https://www.brasil247.com/poder/alessandro-vieira-anuncia-pre-candidatura-a-presidencia

'Bolsonaro cometeu crime comum ao estimular que população se arme como opção política', diz Santos Cruz


“Uma autoridade dizer que o cidadão armado é uma opção política, é completa falta de responsabilidade", disse o general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz

30 de agosto de 2021, 12:11 h Atualizado em 30 de agosto de 2021, 12:32
Carlos Alberto dos Santos Cruz e Jair Bolsonaro com fuzil (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil | Reprodução/Instagram)

247 - O general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-secretário de Governo de Jair Bolsonaro, afirmou, nesta segunda-feira (30), que Jair Bolsonaro incorreu em “crime comum” ao estimular que a população civil adquira armas e munições como uma “opção política”.

“Uma autoridade dizer que o cidadão armado é uma opção política, é completa falta de responsabilidade. Por que está acontecendo isso? Por conta das características pessoais do presidente e também pela falta de atuação do nosso Congresso e da nossa Justiça, tem que ser mais firme em relação a tudo. E não precisa ser necessariamente impeachment. Existem outras medidas para isso, até de crime comum”, disse Santos Cruz em entrevista ao programa Despertador, da TV Democracia.

Ainda segundo o militar, “isso aí é um absurdo, estimular uma população a se armar, achando que pode concretizar as suas opções, aquilo que tem na cabeça. Isso aí fica incontrolável, principalmente num ambiente de fanatismo. Nós estamos vivendo num ambiente de fanatismo que está entrando numa histeria, uma esquizofrenia absurda. Nesta véspera de sete de setembro, isso aí para desaguar em violência é um passo. E isso está no horizonte. Então, não pode haver a irresponsabilidade de um governante que é eleito para governar, para unir um país, ele radicalizar e fazer um país dividido entre amigos e inimigos, ou então dando a sensação de que cada um pode, com uma arma, concretizar aquilo que o presidente acha que está correto. É um problema seríssimo.”

A declaração de Santos Cruz faz referência a uma conversa de Bolsonaro com apoiadores na saída do Palácio do Alvorada, em transmissão ao vivo pelas redes sociais, na última sexta-feira (27). Na ocasião, ele disse que "todo mundo precisa comprar fuzil" e que tem idiota que reclama que "tem que comprar feijão". No sábado, ao receber um violão de presente o ocupante do Palácio do Planalto usou o instrumento como se fosse um fuzil.


Islamofobia: o que oprime muçulmanas no Brasil não é o lenço, diz pesquisadora da USP


Letícia Mori
Da BBC News Brasil em São Paulo

28 agosto 2021


CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto, No Brasil, entre 800 mil e 1,2 milhão de pessoas são muçulmanas


A tomada do poder pelo Talebã no Afeganistão teve consequências não só para as mulheres que vivem sob o regime, mas também para muçulmanas no Brasil.


Isso porque os episódios de islamofobia — preconceito e ataques contra muçulmanos — aumentaram após as notícias sobre as ações do Talebã. O crescimento foi registrado pela pesquisadora Francirosy Campos, que estuda o assunto há mais de 20 anos.


"Tudo o que alguém faz de errado em nome da religião se volta contra a comunidade muçulmana, especialmente contra as mulheres", diz Campos, que é professora da Universidade de São Paulo, antropóloga com pós-doutorado na Universidade de Oxford, feminista e muçulmana.

A pesquisara explica que movimentos políticos com teor religioso, como o Talebã, não são a mesma coisa que a religião do Islã. E que há muita diversidade e muitas diferenças no mundo muçulmano.

A opressão das mulheres em alguns lugares, diz, não é resultado da religião, mas do "contexto cultural e político de cada lugar".

"O patriarcado, o machismo estão em todas as sociedades. Os homens são machistas dentro do Islã, fora do Islã, com religião, sem religião. Mas isso não impede que as mulheres construam suas agências, suas formas de luta e suas formas de resistência", afirma.

Leia a seguir trechos da entrevista de Campos à BBC News Brasil.


CRÉDITO,ARQUIVO PESSOAL
Legenda da foto, Campos é antropóloga, tem pós-doutorado na Universidade de Oxford e é docente na Universidade de São Paulo


BBC News Brasil - Que sentimento vem, para uma pessoa muçulmana, ao ver um grupo fundamentalista como o Talebã oprimir pessoas em nome da religião?

Francirosy Campos - Primeiro é um sentimento de impotência, de tristeza. A gente tem uma religião que nos ensinou a beleza da compreensão, do diálogo, dos valores humanos. Porque se a gente for olhar para os objetivos da Sharia [lei islâmica], eles são a preservação da vida, da consciência, da propriedade, da religião. E, quando você vê situações como essa, essas pessoas não estão nem chegando a 0,01% do objetivo da Sharia. Não adianta rezar dez vezes ao dia, mais do que está prescrito, sendo que você maltrata sua mãe, maltrata um animal, não é um pessoas honesta... Sua oração não vale nada. Isso é ser extremista. E, além de tudo, tudo o que alguém faz de errado (em nome da religião) volta para nós, para a comunidade muçulmana.

BBC News Brasil - O fato do Talebã ter tomando controle do Afeganistão pode criar ou aumentar preconceitos contra muçulmanos?

Campos - Já está acontecendo, aumentou muito. Minha área de pesquisa é justamente sobre islamofobia, e eu não estou dando conta de ver tudo. Porque as pessoas não sabem o que é o Islã, elas não sabem que (a situação no país) é um conflito político, não sabem muitas vezes nem onde fica o Afeganistão. Isso reverbera nos grupos mais frágeis, que são as mulheres que usam lenços, que muitas vezes sofrem ataques verbais e até físicos muito violentos. A gente precisa explicar o que isso representa para as mulheres afegãs, que têm suas lutas e movimentos que não necessariamente são os mesmos daqui, e descolonizar um pouco o olhar sobre esse povo e sobre as próprias mulheres muçulmanas que estão no Brasil. Porque há uma diversidade entre os muçulmanos - eles não são iguais, vêm de culturas diferentes, têm valores diferentes. Eu fiquei vendo várias postagens de mulheres falando sobre o lenço, dizendo para muçulmanas tirarem o lenço... Não é o lenço que é o problema.

BBC News Brasil - O uso do lenço pelas mulheres é um dos aspectos mais reconhecíveis do Islã para muitas pessoas. Essa peça é sinônimo de opressão?

Campos - O uso do hijab é uma obrigação alcorânica, mas existe o livre arbítrio. Tenho várias amigas muçulmanas que não usam — e elas não são mais ou menos muçulmanas, só não estão seguindo um preceito religioso. Existem sociedades e famílias que permitem que suas filhas escolham, e tem sociedades teocráticas, como a Arábia Saudita, o Irã, que obrigam. Se existem sociedades em que as mulheres vivem sem roupas, usam pinturas corporais, porque as mulheres muçulmanas não podem vestir as vestimentas tradicionais? Porque, se algumas questionam, outras não questionam ou escolhem usar. Faz parte da cultura e da individualidade delas.

BBC News Brasil - O que o uso do lenço representa para uma mulher muçulmana que escolhe fazer uso dele?

Campos - Tem vários significados que eu colhi nas minhas pesquisas. Para algumas mulheres, é um empoderamento, para outras é religiosidade, para outras é um ato político. Se você pensar nas opressões contra mulheres muçulmanas que tiveram mais destaque na França, começando em 1989, a partir daí houve uma revolta tão grande das mulheres de origem islâmica que muitas que não usavam o lenço passaram a usar, como um ato político. Eu, por exemplo, sou muçulmana há muitos anos e sou docente da USP há mais de dez anos. E eu sempre tive o desejo de usar, mas eu não tinha coragem. Por medo da islamofobia, ou por medo de intimidar os meus alunos, passavam mil coisas pela minha cabeça. Mas quando eu comecei a ver a quantidade de meninas que não tinham a mesma estabilidade que eu, que estão lutando para usar o lenço e recebem todo tipo de ofensa, eu resolvi usar.


CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto, Para muitas mulheres, o uso do lenço é um ato político, diz Campos


BBC News Brasil - O que é essencial esclarecer sobre o Islã para quem não conhece a religião e só leu ou ouviu sobre ela em notícias sobre grupos fundamentalistas?

Campos - A primeira coisa é tirar essa imagem de que a Sharia é o mal. O que é a Sharia? Sharia significa "caminho", são as orientações do Corão, os ensinamentos e as atitudes do Profeta Muhammad. Quem é muçulmano pratica a Sharia: os muçulmanos rezam, os muçulmanos fazem jejum, isso faz parte da Sharia. O tipo de casamento islâmico, o tipo de divisão de herança etc. O que acontece é que esses escritos, esse código de conduta, passam por uma interpretação, então quanto mais sábio, mais erudito, quanto mais compreensão da língua árabe (língua do Corão), melhor a interpretação. Existem diversas escolas e formas de interpretação e interpretações literalistas, às vezes aliadas ao analfabetismo, com pessoas que têm pouco conhecimento da língua, podem acabar caindo para o extremismo, como aconteceu com o Talebã de 20 anos atrás.

Outro ponto é em relação aos direitos das mulheres. As mulheres têm direitos no mundo muçulmano desde o século 7, desde o advento do Islã. Isso não quer dizer que em todas as sociedades esses direitos sejam garantidos. É como nós no Brasil — temos direitos, mas nem sempre eles são garantidos. As mulheres têm direito de voto, de escolher o marido, de usar anticoncepcional, direito ao prazer, à herança, ao divórcio, ao conhecimento. É um grande absurdo o Talebã proibir o estudo das mulheres. Não tem nada no Islã que diga que as mulheres não devam estudar, ao contrário: a primeira palavra revelada do Corão é "leia".

Existe uma diferença entre o Islã religião (que eu escrevo com m, islam) e o islã político, que na academia a gente tecnicamente chama de islamismo. O Talebã está dentro desse islã político, que se apropria da religião para uma ação política. Nessa categoria você pode colocar o Talebã, a Irmandade Muçulmana, e outros movimentos políticos que nascem dentro de uma perspectiva religiosa. E há muitas divisões mesmo nesses movimentos políticos, com formas diferentes de interpretar a religião: mística, tradicionalista, reformista, literalista etc.

Isso tem a ver com o contexto cultural e político de cada lugar, não com a religião. O patriarcado e o machismo estão em todas as sociedades. Os homens são machistas dentro do Islã, fora do Islã, com religião, sem religião. Mas isso não impede que as mulheres construam suas agências, suas formas de luta e suas formas de resistência.


CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda da foto, Muito discutida na Europa, a islamofobia é um problema real também para as muçulmanas no Brasil


BBC News Brasil - É possível ser feminista e muçulmana?

Campos - Sim, claro! Desde o século 18, as mulheres muçulmanas já tinham movimentos estruturados. Não necessariamente elas chamavam de movimentos feministas, mas há movimentos estruturados de mulheres. O Afeganistão é um exemplo: as meninas, quando o Talebã estava no poder pela primeira vez, elas pegavam as câmeras e colocam embaixo da burca e filmavam todas as atrocidades as violência que elas viam.

BBC News Brasil - Malala Yousafzai, do Paquistão, ficou mundialmente conhecida por querer estudar e ser atacada pelo Talebã.

Campos - Olha, eu não acho que a Malala é um grande exemplo de resistência. Onde ela sofreu o atentado, 80 crianças foram assassinadas pelos Estados Unidos, e ela nunca falou sobre essas crianças. É uma violência, um absurdo o que aconteceu com ela, mas eu não a considero um símbolo. Ela silencia sobre a morte dessas crianças e sobre a morte das mulheres do Afeganistão pela Inglaterra. Ela foi muito usada pelos Estados Unidos para falar o que eles queriam que uma mulher muçulmana falasse. Então, eu acho que o símbolo de resistência são as mulheres do Afeganistão que resistem ao Talebã todos os dias. Considero mais símbolo a Benazir Bhutto (ex-primeira ministra do Paquistão).

BBC News Brasil - Qual o impacto da islamofobia para as mulheres muçulmanas no Brasil?

Campos - O impacto da islamofobia é muito grande. A islamofobia no Brasil é de classe. O que minha pesquisa aponta é que a islamofobia afeta muito mais as mulheres revertidas (convertidas) ao Islã, de classe média baixa, jovens e acima de 40 anos. As mulheres que andam de metrô, de ônibus, que andam a pé, que têm subempregos, são essas que são as mais afetadas. Se você anda de carro, você está mais protegida. Mas vai pegar um metrô às seis da tarde de lenço. É uma vulnerabilidade. As mulheres nascidas no Islã também sofrem intolerância, mas elas têm mais apoio. A mulher que se converte, ela vai sozinha, ela não faz parte de uma comunidade, não tem uma família muçulmana para dar apoio.

A gente achava que as redes sociais teriam a maior parte das agressões, mas muitas das agressões são nas ruas. Desde puxar o lenço, fazer comentários pejorativos até pedradas. Tem mulheres que já sofreram pedradas, foram perseguidas, empurradas.

[Nota da redação: No Brasil, entre 800 mil e 1,2 milhão de pessoas são muçulmanas, segundo estimativas da Fambras, a Federação das Associações Muçulmanas do Brasil. Destas, cerca de 100 mil são convertidas, ou seja, não nasceram em famílias islâmicas.]

BBC News Brasil - A preocupação de feministas ocidentais com as mulheres no Afeganistão é legítima?

Campos - A preocupação é legítima. O que não é legítimo é que as mulheres falem pelas outras mulheres. Por exemplo: eu sou uma mulher que sempre vai estar do lado das mulheres, quer sejam muçulmanas ou não, sejam elas negras, brancas, não importa. Mas eu não posso falar por elas. Eu sou uma muçulmana que usa lenço, mas não posso falar por todas as muçulmanas que usam lenço, eu não sou eleita para isso, não sou uma representante. Eu represento o meu lugar, como acadêmica, que fala aquilo que pesquisa há mais de 20 anos.

Fonte: BBC

COM LULA, PENSAMOS ATÉ EM INTEGRAR O CONSELHO DE SEGURANÇA

Com dívida de R$ 1,8 bi, Brasil pode perder direito de voto na ONU em 2022

​Publicado em 29 agosto, 2021 7:48 pm
Brasil pode perder voto na ONU – Foto: Reprodução

O governo Bolsonaro fez com que a nação acumulasse dívida com a Organização das Nações Unidas (ONU). O país deve R$ 1.778,7 bilhão (U$ 342 milhões), segundo a Itamaraty. Isso pode fazer com que o Brasil não tenha direito de voto na Assembleia Geral de 2022. Uma derrota acachapante do chefe do Executivo.

Para que o brasileiro não passe mais uma vergonha internacional, o governo precisa pagar no mínimo US$ 114,3 milhões – o equivalente a cerca de R$ 600 milhões. A data para ocorrer o pagamento é até 31 de dezembro deste ano. 

Só que no orçamento da União o pagamento para a ONU é de R$ 397,8 milhões previstos para a ONU. Para quitar a dívida, o Executivo terá que tirar recursos de outras áreas. “Providências estão sendo tomadas para a solicitação de recursos orçamentários suplementares e posterior pagamento até o fim do presente exercício”, justificou os bolsonaristas.

O Itamaraty classificou a situação como “constrangedora”. Todos os anos o país abre a Assembleia Geral da organização. Isso ocorre desde 1947.

Quem tem dívida com a ONU?

Atualmente, três países têm dívidas acumuladas com a organização são Somália, Ilhas Comores e São Tomé e Príncipe. Essas três nações vivem enorme crise econômica e conseguiram preservas seus votos nas Nações Unidas. O Brasil não pode alegar isso.

O Ministério da Economia foi questionado sobre o assunto, mas não se posicionou. Essa é mais uma preocupação de Paulo Guedes. Além de não pagar a entidade, ainda tem feito muitos brasileiros a passarem dificuldades.

Fonte: Revista Fórum

PAÍS ASQUEROSO ESSE "STATES" - Estados Unidos pretendem formar nova milícia mercenária na Síria




Tarefa do grupo armado seria "controlar e proteger as fronteiras sírio-iraquianas"
30 de agosto de 2021, 05:47 h Atualizado em 30 de agosto de 2021, 06:08
...(Foto: Prensa Latina)

247 - As forças dos Estados Unidos presentes ilegalmente no território da Síria pretendem formar uma nova milícia mercenária na região da Al-Jazeera, no nordeste da nação árabe, informou hoje o jornal al-Watan.

Segundo fontes citadas pelo jornal, a nova formação terá o nome de 'Liwa al-Fazaa' ou 'Brigada de Assistência', cuja tarefa seria controlar e proteger as fronteiras sírio-iraquianas, informa a Prensa Latina.

Essa força incluirá cerca de 1.800 homens armados, a maioria dos quais são membros das tribos árabes na área de fronteira.

Em julho passado, as tropas estadunidenses criaram o chamado 'Exército Tribal' que opera sob seu comando, na tentativa de diminuir a indignação tribal com sua presença.

Segundo ativistas, os altos salários pagos levam os jovens a ingressar nessas milícias em meio a uma difícil situação econômica.

Analistas descrevem a medida como uma tentativa de dividir demograficamente a região, já que os instrutores norte-americanos prometeram que o componente do 'Exército de Clãs' e da 'Brigada de Assistência' será meramente árabe, ao contrário da maioria denominada Forças Democráticas Sírias Curdas, que o Pentágono financia, arma e treina desde 2012.

Os Estados Unidos mantêm pelo menos uma dúzia de bases militares na região da Al-Jazeera, no nordeste da Síria, e uma na área de Tanef, na fronteira com o Iraque e a Jordânia.

Fonte: Brasil 247

ORGANIZAÇÃO DE ESTADOS ABUSADOS E INVASIVOS - Bolívia denuncia conspiração entre OEA e oposição interna


O secretário-geral da OEA continua envolvido com processos de desestabilização no país sul-americano

30 de agosto de 2021, 05:55 h Atualizado em 30 de agosto de 2021, 06:08Rogelio Mayta, chanceler da Bolívia (Foto: Prensa Latina)

247 - O Ministro das Relações Exteriores da Bolívia, Rogelio Mayta, denunciou neste domingo (29) que o Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, e a oposição política conspiram contra o país sul-americano, informa a Prensa Latina.

O chefe da diplomacia boliviana fez tais declarações ao saber que no relatório preliminar sobre as eleições de 2019 apresentado pela OEA, a palavra fraude não é mencionada.

Nesse sentido, destacou que a publicação do documento daquela organização precipitou o desencadeamento da insubordinação das Forças Armadas e, consequentemente, da quebra da ordem constitucional, o que conduziu a um golpe de Estado com graves consequências para o país.

Almagro continua em uma atitude de interferência que não vai a lugar nenhum, disse Mayta, argumentando que o secretário-geral da OEA não para de se alinhar com a oposição política.

“Eles provavelmente estão conspirando juntos, compartilhando seus argumentos, estão fazendo política interna e Almagro está lá”, disse o chanceler da nação andino-amazônica.

Na véspera, nota técnica, enviada pela Controladoria da Bolívia à Procuradoria-Geral da República, assinalou que o referido texto da OEA foi feito sem auditoria.

Fonte: Brasil 247

domingo, 29 de agosto de 2021

Comparando pregadores

Aceitar ser iludido por gente com formação intelectual primorosa e indiscutível - como o são padres e bispos católicos, rabinos judaicos,  pastores luteranos, mulás muçulmanos, por exemplo - é uma coisa.

Topar ser enganado por pregadores mequetrefes, como o são a grande maioria dos evangélicos pentecostais, é ir longe demais na tolice.  

Os pregadores da Igreja Católica, assim como os outros citados, são gente ilustrada, de muito conhecimento, acumulado há milênios. Quanto aos que os imitam... só pobres de espírito conseguem vê-los como sábios a serem seguidos. 

Podem até cursar Teologia, mas jamais alcançarão a sabedoria e esperteza das três grandes religiões mencionadas, nem perto da sabedoria budista.

Mudanças climáticas põem hidrelétricas em xeque


Antes considerada particularmente confiável entre as energias renováveis, a energia hidráulica se vê ameaçada diante de grandes períodos de seca e chuvas intensas. As mudanças climáticas seriam o fim da hidreletricidade?


Escassez de água na barragem de Salto, na região do Paraná, Brasil

Uma vez construída, uma usina hidrelétrica pode produzir eletricidade a qualquer momento de maneira confiável: por muitos anos, esse tem sido o principal argumento para gerar eletricidade a partir da energia da água. Segundo o think tank Ren21, sediado em Paris, mais da metade da eletricidade renovável do mundo em 2019 foi gerada por hidrelétricas.

Mas essa vantagem parece estar se perdendo com o avanço das mudanças climáticas. Em 2021, secas relacionadas ao clima foram responsáveis pela maior queda na geração de energia hidráulica em décadas.

Perdas mundiais na geração de energia

No Lago Mead, não muito longe da metrópole americana Las Vegas, a Represa Hoover retém o Rio Colorado e abastece mais de 140 milhões de cidadãos com água. Atualmente, porém, o grande reservatório contém apenas um terço de seu potencial. Em julho de 2021, devido aos baixos níveis de água, sua usina gerou 25% menos eletricidade do que o normal. Recentemente, a Agência Federal de Recursos Hídricos decretou que as localidades a jusante da barragem deveriam receber menos água a partir de janeiro de 2022.

Seca no Lago de Furnas, MG

No sul do continente americano, a situação é semelhante em muitos lugares. O Rio Paraná, que atravessa o Brasil, Paraguai e Argentina, está passando por uma baixa histórica, pois o Sul do Brasil, onde nasce o Paraná, vem sofrendo uma forte seca há três anos.

Em comparação com a média das últimas duas décadas, os níveis de água nos reservatórios do Centro e Sul do Brasil caíram mais da metade, retendo atualmente pouco menos de um terço de sua capacidade. Como o Brasil obtém 60% de sua eletricidade a partir de hidrelétricas, o país corre risco de apagões.

Nesta quinta-feira (26/08), o presidente Jair Bolsonaro chegou a pedir que a população apagasse um ponto de luz em casa para economizar energia: "Ajuda, assim, a economizar energia e água das hidrelétricas. E em grande parte dessas represas já estamos na casa de 10%, 15% de armazenamento. Estamos no limite do limite. Algumas vão deixar de funcionar se essa crise hidrológica continuar existindo", apelou Bolsonaro nas redes sociais.
De volta aos combustíveis fósseis

Para evitar que isso aconteça, as autoridades brasileiras decidiram reativar as termelétricas, movidas a gás natural. Isso acarreta um novo aumento nas emissões de gases de efeito estufa, assim como dos custos da luz.

Algo semelhante está acontecendo nos EUA: o governo do estado da Califórnia permitiu que os consumidores industriais e os navios atendessem às suas demandas de eletricidade com geradores a diesel. As usinas de gás natural também deverão obter permissão para queimar mais gás a fim de gerar eletricidade.

Devido ao baixo nível da água no Lago Oroville, na Califórnia, a usina hidrelétrica parou de funcionar em agosto de 2021

Não só períodos de seca ameaçam paralisar a geração de eletricidade pelas hidrelétricas, mas também fortes chuvas e inundações. No Malawi, por exemplo, duas grandes usinas hidrelétricas foram danificadas pelas enchentes após o ciclone Idai, em março de 2019, provocando colapso do fornecimento de energia em partes do país, por vários dias.

África ainda aposta na hidreletricidade

Em países como Malawi, República Democrática do Congo, Etiópia, Moçambique, Uganda e Zâmbia, a participação das hidrelétricas na geração de eletricidade é superior a 80%, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). No total, cerca de 17% da eletricidade na África era gerada a partir de energia hidrelétrica no fim de 2019. De acordo com as previsões, a proporção deve aumentar para mais de 23% até 2040.

Megaprojeto Gibe III, na Etiópia, gera receios de enchentes e secas nos vizinhos Egito e Sudão

Outro problema, segundo a AIE, é que na maioria dos planos de novos projetos hidrelétricos na África os possíveis efeitos das mudanças climáticas não são levados em consideração ou apenas de forma insuficiente.

Muitas das usinas hidrelétricas em funcionamento também enfrentam outro problema: a idade. Segundo estudo da Universidade das Nações Unidas, as barragens chegam ao fim de sua vida útil 50 a 100 anos após a construção. devido ao desgaste do material de construção, que aumenta o risco de rompimento de barragens.
Advertências contra a expansão hidrelétrica

De acordo com os autores do estudo, construções de 25 a 35 anos já podem exigir medidas de manutenção de barragens passíveis de elevar consideravelmente os custos operacionais das usinas hidrelétricas.

Neste contexto, seria desastroso se, ao eliminar os combustíveis fósseis, fossem feitos investimentos justamente na expansão da energia hidrelétrica em países mais pobres, diz Thilo Papacek, da organização não governamental alemã Gegenstrom, que defende ações social e ambientalmente compatíveis de empresários alemães no exterior.

Geralmente, as usinas hidrelétricas têm não só um grande impacto no ecossistema, mas também podem representar uma ameaça para os seres humanos, alerta Papacek. Isso porque as barragens e açudes não apenas impedem a migração dos peixes, mas também o transporte de sedimentos, ou seja, matéria sólida, mais a jusante.

"Sem a acumulação de sedimentos nas margens do rio, o rio se afunda mais e mais estreitamente na paisagem atrás da barragem. Em chuvas fortes, ele pode desenvolver uma força enorme, especialmente se a água também tiver que ser drenada do reservatório." Isso aumentaria, portanto, o risco de inundações nos assentamentos vizinhos.

Chuvas fortes provocaram o colapso da barragem de Xepian-Xe Nam Noy, no Laos, em 2018

"De fato, não poderemos abrir mão da energia hidrelétrica no futuro", admite Klement Tockner, diretor geral da Sociedade Senckenberg para Pesquisa Natural e professor de Ciência do Ecossistema na Universidade Goethe, de Frankfurt. "Mas a questão é: onde construímos, como construímos e como vamos operar usinas hidrelétricas no futuro?"

Energia mais "natural" em vez de mega barragens

Segundo Tockner, as usinas de energia não devem ser construídas em áreas protegidas. onde ainda haja bastantes rios de fluxo livre. Se necessário, deve haver medidas compensatórias aos efeitos negativos das usinas no ecossistema, como a restauração das águas prejudicadas ou o desmantelamento de barragens.

Novos sistemas teriam que ser construídos de forma que os rios permanecessem tão permeáveis ​​quanto possível – tanto para as correntes de água durante as enchentes quanto para peixes e sedimentos. E a gestão dos sistemas também deve imitar a dinâmica natural das águas.

Planícies aluviais, como no rio Elba, fornecem proteção contra enchentes, também para usinas hidrelétricas

"Isso significa que a velocidade do fluxo não deve ser alterada em demasia, e o rio deve reter água residual suficiente, assim como contemplar áreas de inundação", explica Stefan Uhlenbrook, hidrólogo do Instituto Internacional de Gestão da Água (IWMI, na sigla em inglês). "Se necessário, os sedimentos devem ser trazidos mecanicamente de volta para o rio."

Conforme Uhlenbrook, grandes sistemas tendem a se tornar cada vez mais ineficazes como resultado das mudanças climáticas. Em princípio, aponta, as usinas hidrelétricas teriam que ser menores e o abastecimento mais descentralizado.

Tecnologia só não basta

As chamadas turbinas ecológicas, que ficam suspensas no meio de rios e geram eletricidade a partir da velocidade do fluxo da água, são particularmente permeáveis. Elas também funcionam quando o nível de água está baixo, não exigem nenhuma obra complexa e são adequadas para áreas remotas. Só que não podem ser usadas ​​para abastecer áreas metropolitanas.

Embora seja uma das maiores do mundo, a usina de Belo Monte, no Pará, raramente atinge seu pico de capacidade

A usina de eixo da Universidade Técnica de Munique (TUM), aprovada para áreas de preservação da natureza, também promete um alto grau de permeabilidade e segurança contra inundações. Um sistema piloto no estado da Baviera, no sul da Alemanha, abastece cerca de 800 famílias.

Por si só, no entanto, a nova tecnologia não ajuda contra secas intensas. "Podemos reduzir os efeitos das secas através de mudanças no uso da terra. Florestas mais preservadas armazenam muita água, que posteriormente liberam durante as secas. Precisamos descobrir como reduzir as secas e as inundações com medidas sustentáveis," propõe o pesquisador Tockner. Mas uma coisa é clara: "Em vista do aumento dos eventos climáticos extremos, a energia hidráulica não será mais a fonte confiável de energia que tem sido até agora."

O hidrologista Uhlenbrook também lembra um aspecto, a seu ver muitas vezes negligenciado, quando se fala da energia do futuro: "Precisamos nos concentrar, acima de tudo, em futuramente economizar o máximo de energia possível«."

Onde a escassez de água já provoca guerras no mundo (e quais as áreas sob risco iminente)

Sandy Milne
BBC Future



CRÉDITO,ASAAD NIAZI/AFP/GETTY IMAGES
Legenda da foto, Falta de água afeta aproximadamente 40% da população mundial e está causando conflitos e migrações


Em entrevista à BBC via Zoom de seu apartamento em Amsterdã, Ali al Sadr faz uma pausa para beber de um copo de água filtrada e limpa.

Percebendo a ironia, ele solta uma risada. "Antes de deixar o Iraque, eu lutava todos os dias para encontrar água potável", diz ele. Três anos antes, al Sadr participou de protestos de rua em sua cidade natal, Basra. Os manifestantes exigiam ações concretas das autoridades diante da crescente crise de água na cidade.

"Antes da guerra, Basra era um lugar bonito", acrescenta o jovem de 29 anos. "Eles costumavam nos chamar de Veneza do Oriente."

Limitada de um lado pelo rio Shatt al Arab, a cidade é cortada por uma rede de canais.

Sadr diz que adorava trabalhar ao lado dos canais como estivador. "Mas quando saí, eles estavam jogando esgoto não tratado nos cursos d'água. Não podíamos nos lavar, o cheiro me deu enxaqueca e, quando finalmente fiquei doente, passei quatro dias na cama."
No verão de 2018, a água contaminada enviou 120 mil residentes aos hospitais da cidade e, quando a polícia abriu fogo contra os manifestantes, Al Sadr teve sorte de escapar com vida. "Em um mês, fiz as malas e fui para a Europa", conta.

Histórias como a de Al Sadr estão se tornando muito comuns em todo o mundo. Um quarto da população mundial enfrenta agora uma grave escassez de água por pelo menos um mês por ano e, como no caso de Al Sadr, a crise está levando muitos a buscar uma vida mais segura no exterior.


CRÉDITO,HAIDAR MOHAMMED ALI/AFP VIA GETTY IMAGES
Legenda da foto, Protestos em Basra em 2018 por causa da contaminação da água na cidade

"Se não tem água, as pessoas começam a ir embora", disse Kitty Van Der Heijden, chefe de cooperação internacional do Ministério de Relações Exteriores dos Países Baixos e especialista em hidropolítica.

A escassez de água afeta aproximadamente 40% da população mundial e, segundo estimativas das Nações Unidas e do Banco Mundial, secas poderiam colocar 700 milhões de pessoas em risco de deslocamento em 2030.

Muitos observadores como Van der Heijden estão preocupados pelo que poderia acontecer. "Se não há água, os políticos vão tentar controlar esse recurso e é possível que comecem a brigar por ele."

Ao longo do século 20, o uso mundial de água cresceu mais do que o dobro da taxa de crescimento populacional. Essa dissonância está levando atualmente muitas cidades a racionar água, de Roma e Cidade do Cabo a Lima e municípios do Brasil.

A crise da água tem estado todos os anos, desde 2012, entre os cinco maiores perigos na lista de Riscos Globais por Impacto do Foro Econômico Mundial.

Em 2017, secas severas contribuíram para a pior crise humanitária desde a Segunda Guerra Mundial, com 20 milhões de pessoas na África e Oriente Médio se vendo obrigadas a abandonar suas casas devido à escassez de alimentos e aos conflitos envolvendo acesso a água.

A relação entre guerra e água

Peter Gleick, diretor do Pacific Institute, com sede em Oakland, Califórnia, passou as últimas três décadas estudando o vínculo entre a escassez de água, guerras e migração. Ele acredita que os conflitos por água estão aumentando. "Com raras exceções, ninguém morre literalmente de sede", disse Gleick.

"Mas cada vez mais pessoas morrem por causa de água contaminada ou devido a conflitos por acesso a água."


CRÉDITO,HAIDAR MOHAMMED ALI/AFP/GETTY IMAGES
Legenda da foto, Represas construídas pela Turquia reduziram o fluxo de água até o Iraque

Gleick e sua equipe estão por trás de uma cronologia de conflitos por água chamada Water Conflict Chronology. Trata-se de um registro de 925 conflitos hídricos, grandes e pequenos, que remontam aos dias do rei babilônico Hammurabi. A lista não é exaustiva e os conflitos enumerados variam de guerras a disputas de vizinhos. Mas o que a cronologia revela é que a relação entre água e conflitos é complexa.

"Classificamos os conflitos por água em três grupos", diz Gleick. "Como um 'desencadeador' do conflito, onde a violência se associa a disputas sobre o acesso e o controle da água; como uma 'arma' do conflito, onde a água é utilizada como arsenal, inclusive mediante o uso de represas que retêm água ou inundam comunidades rio abaixo; e como um 'alvo' de conflitos, onde recursos hídricos ou estações de tratamento ou dutos são alvos de ataque."

Agricultura é principal foco

No entanto, ao ver os registros que Gleick e seus colegas compilaram, fica claro que a maior parte dos conflitos está relacionada à agricultura. Talvez isso não seja surpreendente já que a agricultura representa 70% do uso da água doce no planeta.

Na região de Sahel, na África, por exemplo, há registros frequentes de violentos enfrentamentos entre pastores e agricultores devido à escassez de água para seus animais e cultivos.

À medida que aumenta a demanda por água, também cresce a escala dos potenciais conflitos. "As últimas pesquisas sobre o tema mostram que a violência relacionada com a água está aumentando com o tempo", destacou Charles Iceland, diretor global de água do World Resources Institute.

"O crescimento da população e o desenvolvimento econômico estão impulsionando a crescente demanda por água no mundo todo. Ao mesmo tempo, as mudanças climáticas estão diminuindo o abastecimento de água ou fazendo com que as chuvas sejam mais erráticas em muitos lugares."

Em nenhum lugar o efeito duplo de estresse hídrico e mudança climática é mais evidente do que na ampla bacia dos rios Tigre e Eufrates, que inclui Turquia, Síria, Iraque e oeste do Irã. Segundo imagens de satélite, a região está perdendo água subterrânea mais rápido que quase qualquer outro lugar do mundo.
E enquanto alguns países fazem tentativas desesperadas para garantir seu abastecimento de água, suas ações estão prejudicando seus vizinhos.


CRÉDITO,ROBYN BECK/AFP VIA GETTY IMAGES
Legenda da foto, A escassez de água afeta aproximadamente 40% da população mundial


Durante junho de 2019, quando as cidades iraquianas sofreram uma onda de calor de 50° C, a Turquia disse que começaria a encher o reservatório de sua barragem de Ilisu, nas origens do Tigre.

A represa é parte de um projeto de longa duração da Turquia para construir 22 grandes diques e centrais elétricas ao largo do Tigre e do Eufrates que, segundo um informe da Agência Internacional Francesa de Água, está afetando significativamente o fluxo de água até a Síria, Iraque e Irã.

De acordo com a mesma fonte, esse projeto turco, chamado GAP (Guneydogu Anadolu Projesi), deve incluir a construção de até 90 represas e 60 centrais elétricas quando for finalizado.

Como o nível da água subiu atrás da barragem de Ilisu, de mais de 1,5 km de largura, o fluxo do rio para o Iraque foi cortado pela metade. A milhares de quilômetros de distância, em Basra, no Iraque, al-Sadr e seus vizinhos viram a qualidade da água se deteriorar.

Em agosto de 2018, centenas de pessoas começaram a chegar aos hospitais de Basra com erupções cutâneas, dores abdominais, vômitos, diarreia e até cólera, de acordo com a Human Rights Watch.

"Na verdade, a história de Basra tem duas partes", destaca Charles Iceland. "Primeiro, há o despejo de esgoto nos cursos d'água locais sem nenhum tratamento. Mas a construção de barragens na fronteira com a Turquia também deve ser considerada: com menos água doce descendo o Tigre e o Eufrates, a água salgada (do Golfo persa) está se infiltrando rio acima. Com o passar do tempo, está arruinando as colheitas e deixando as pessoas doentes."

Como prever conflitos por água

É um problema complexo, mas essa capacidade de enxergar vínculos entre eventos aparentemente díspares ajudou orientar o trabalho de Charles Island com a associação Água, Paz e Segurança (Water, Peace and Security), uma iniciativa financiada pelo governo holandês e um grupo de seis ONGs americanas e europeias, incluindo o Pacific Institute e o World Resources Institute.

Eles desenvolveram uma Ferramenta Global de Alerta Precoce, que usa inteligência artificial para prever conflitos. O sistema combina dados sobre chuva, safras ruins, densidade populacional, riqueza, produção agrícola, níveis de corrupção, secas e inundações, entre muitas outras fontes de dados, para produzir alertas de conflito.

Os potenciais conflitos são mostrados em uma projeção de Mercator com pontos vermelhos e laranja até o nível do distrito administrativo. Atualmente este sistema alerta para cerca de 2.000 possíveis pontos de conflito, com uma taxa de acerto de 86%.


CRÉDITO,NADEEM KHAWAR/GETTY IMAGES
Legenda da foto, O rio Indo é fonte vital de água para a Índia e o Paquistão, mas se origina nas montanhas do Tibete, controladas pela China


Embora a ferramenta de previsão identifique conflitos em potencial, ela também pode ajudar a entender o que está acontecendo em áreas que já estão enfrentando disputas devido à escassez de água.

As planícies do norte da Índia, por exemplo, são uma das áreas agrícolas mais férteis do mundo. No entanto, essa região é palco de frequentes confrontos entre agricultores devido à escassez de água.

Os dados revelam que o crescimento populacional e os altos níveis de irrigação já ultrapassaram os suprimentos de água subterrânea disponíveis. Apesar das exuberantes terras agrícolas na área, o mapa de Água, Paz e Segurança classifica quase todos os distritos no norte da Índia como "extremamente alto" em termos de estresse hídrico.

Vários rios importantes que alimentam a área, o Indo, o Ganges e o Sutlej, originam-se no lado tibetano da fronteira, mas são vitais para o abastecimento de água na Índia e no Paquistão. Vários conflitos na fronteira eclodiram recentemente entre Índia e China, por reivindicações de áreas de acesso ao rio.

Um violento confronto em maio do ano passado no vale de Galwan, por onde passa um afluente do Indo, deixou 20 soldados indianos mortos. Menos de um mês depois, houve relatos de que a China estava construindo "estruturas" que poderiam reduzir o fluxo do rio para a Índia.


CRÉDITO,KHALED DESOUKI/AFP/GETTY IMAGES
Legenda da foto, A escassez de água não se deve somente à seca, mas também à contaminação e à poluição; acima, voluntários coletando garrafas de plástico em rio

O impacto da coesão social no grau de conflito

Mas os dados capturados pela ferramenta de alerta também revelam tendências surpreendentes, como migração populacional para algumas das áreas com maior estresse hídrico.

Omã, por exemplo, sofre de níveis mais altos de seca do que o Iraque, mas antes da pandemia recebia centenas de milhares de migrantes por ano. Isso porque Omã tem melhor classificação em termos de corrupção, infraestrutura hídrica, fracionamento étnico e tensão hidropolítica.

"A vulnerabilidade de uma comunidade à seca é mais importante que a seca em si", afirmou Lina Eklund, pesquisadora de Geografia Física na Universidade de Lund, na Suécia.

O vínculo entre escassez de água e conflitos, em outras palavras, não é tão simples como parece. Mesmo quando existe uma seca grave, uma combinação complexa de fatores vai determinar se realmente isso levará a um conflito: a coesão social é um dos mais importantes.

Peguemos a região do Curdistão iraquiano, no norte do Iraque, por exemplo - uma área que sofreu uma seca de cinco anos que empurrou 1,5 milhão de agricultores sírios a centros urbanos em março de 2011. A comunidade curda, com seus vínculos fortes, não passou pelo mesmo êxodo, descontentamento ou lutas internas.

Jessica Hartog, chefe de gestão de recursos naturais e mudanças climáticas da International Alert, uma ONG com sede em Londres, explica que o governo sírio, que aspirava a autossuficiência alimentar, apoiou durante muito tempo a agricultura, com subvenções de combustível, fertilizantes e extração de água subterrânea.

Quando Damasco eliminou abruptamente essas ajudas em meio à seca, as famílias rurais se viram obrigadas a migrar em massa aos centros urbanos. A crise causou desconfiança no regime de Bashir al Assad e isso, por sua vez, impulsionou a guerra civil que tem dizimado o país.


CRÉDITO,GIUSEPPE CACACE/AFP VIA GETTY IMAGES
Legenda da foto, A Arábia Saudita atende 50% das suas necessidades de água com plantas dessalinizadoras

Como impedir confrontos por água

Mas se conflitos potenciais de água podem ser identificados, é possível fazer algo para impedir que eles ocorram?

Infelizmente, não existe uma solução única que possa ser aplicada a várias situações. Em muitos países, a simples redução de vazamentos no encanamento pode fazer uma grande diferença: o Iraque perde até dois terços da água tratada devido à infraestrutura danificada.

O World Resource Institute também sugere abordar a corrupção e reduzir a extração desmedida para agricultura. Charles Iceland propõe até mesmo aumentar o preço da água para refletir o verdadeiro custo de fornecê-la. Em muitas partes do mundo, as pessoas se acostumaram a ver a água como um recurso abundante e barato, e não algo que deveria ser valorizado como um tesouro.

O nível de água disponível também pode ser aumentado por técnicas como a dessalinização da água do mar. Atualmente, a Arábia Saudita atende 50% de suas necessidades de água por meio desse processo.

A reciclagem de águas residuais também pode oferecer uma alternativa de baixo custo e fácil de implementar que pode ajudar as comunidades agrícolas afetadas pelas secas.

Uma avaliação da dessalinização e do tratamento de águas residuais estima que o aumento do uso dessas técnicas poderia reduzir a proporção da população mundial que sofre de severa escassez de água de 40% para 14%.


CRÉDITO,GEORGE ROSE/GETTY IMAGES
Legenda da foto, A agricultura representa 70% do uso de água doce do planeta


Em âmbito internacional, é provável que grandes represas de países a montante aumentem o risco de disputas com pessoas que dependem desses recursos rio abaixo.

No entanto, Susanne Schmeier, professora de Direito e Diplomacia da Água, no instituto IHE Delft para a Educação sobre Água, nos Países Baixos, destaca que os conflitos ribeirinhos entre países são mais fáceis de detectar e menos prováveis de chegar a um ponto crítico.

"Os conflitos locais são muito mais difíceis de controlar e tendem a aumentar rapidamente, diferentemente dos conflitos transfronteiriços, onde as relações entre os Estados muitas vezes limitam a escalada dos conflitos relacionados com a água", disse Schmeier.

No entanto, existem muitos exemplos em todo o mundo onde as tensões são altas: o conflito do Mar de Aral, envolvendo Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Tadjiquistão e Quirguistão; o conflito do rio Jordão entre os estados levantinos; e a disputa do rio Mekong entre a China e seus vizinhos do sudeste asiático.

Nenhuma dessas discórdias se transformou em conflito, mas Schmeier menciona uma disputa que poderia desencadear um confronto. Egito, Sudão e Etiópia dependem do rio Nilo e, durante muito tempo, trocam acusações sobre o projeto da Grande Represa do Renascimento da Etiópia (Great Ethiopian Renaissance Dam ou GERD)- uma obra de US$5 bilhões e três vezes o tamanho do Lago Tana.

Quando o governo etíope anunciou o plano de seguir adiante com o projeto, Egito e Sudão promoveram exercícios de guerra conjuntos em maio deste ano, que chamaram deliberadamente de "Guardiães do Nilo".

Essa disputa talvez seja, atualmente, a de maior risco de se converter numa guerra pela água, mas há vários outros locais em estado crítico de tensão.

Funcionários paquistaneses, por exemplo, têm se referido à estratégia de uso das águas que cruzam a fronteira com a Índia de "guerra da quinta geração", enquanto o ex-presidente do Uzbequistão Islam Karimov advertiu que disputas regionais por água poderiam provocar uma guerra.

"Não vou citar países específicos, mas tudo isso poderia se deteriorar ao ponto de o resultado ser não só um confronto, mas também guerras", disse Karimov, que governou o país de 1991 até a sua morte em 2016.


CRÉDITO,EDUARDO SOTERAS/AFP/GETTY IMAGES
Legenda da foto, A Grande Represa do Renascimento, construída na Etiópia, é ponto de tensão crescente com o Egito e o Sudão

Os acordos para compartilhar a água são uma forma comum de acalmar esse tipo de disputa. Foram firmados mais de 200 acordos desse tipo desde o final da Segunda Guerra Mundial, como o Tratado de Águas do Indo de 1960, entre Índia e Paquistão, e o acordo entre Israel e Jordânia firmado antes do tratado de paz.

Dificuldade de negociação

Mas uma tentativa de mais de uma década da ONU de introduzir uma Convenção Global da Água sobre rios e lagos transfronteiriços só conseguiu que 43 países aderissem à iniciativa.

Hartog diz que os tratados modernos provavelmente precisarão incluir protocolos de mitigação de secas para acalmar os temores entre países de que nações vizinhas restrinjam o acesso a rios durante uma crise. Os acordos também devem conter mecanismos de resolução de disputas.

Um exemplo positivo é o de Lesoto, África do Sul, Botswana e Namíbia que, após um aumento perigoso nas tensões por acesso a água no ano 2000, intensificaram a cooperação através da chamada Comissão do Rio Orange-Senqu (Orasecom).

Neste caso, a negociação de acordos, com a consagração dos princípios de uso razoável da água, foi suficiente para aliviar a situação.

Dessalinização é estratégia mais eficiente

Mas, quando se trata de liberar recursos adicionais, os estudos indicam mais uma vez que a dessalinização e o tratamento de águas residuais são as estratégias mais eficientes.

Talvez o Egito esteja prestando atenção a isso. No ano passado, o governo egípcio negociou uma série de acordos para construir até 47 novas plantas de dessalinização, além da maior planta de tratamento de águas residuais do mundo.

No entanto, ainda que autoridades egípcias tenham acelerado a construção das plantas, a maior parte desses projetos só vai ser concluída depois de 2030. Enquanto isso, a situação da água no país continua a se deteriorar.

Hartog acredita que Egito, Etiópia e Sudão podem precisar de ajuda externa se quiserem evitar conflitos.

"Parece improvável que os três países cheguem a um acordo por conta própria e os esforços diplomáticos internacionais devem ser intensificados para evitar uma escalada", disse ele, acrescentando que a pressão sobre o governo cada vez mais isolacionista de Addis Abeba está aumentando.

"Este poderia ser o melhor ponto de entrada para países como Estados Unidos, Rússia e China unirem forças para ajudar esses países ribeirinhos a garantir um acordo trilateral vinculativo."


CRÉDITO,JOHN WESSELS/AFP/GETTY IMAGES
Legenda da foto, Em 2000 foi firmado um acordo para compartilhar água do rio Orange-Senqu no sul da África

E como resolver conflitos internos

Vários países estão impulsionando iniciativas para administrar melhor a água. O Peru, por exemplo, requer que os provedores de serviços de água revertam parte de seus lucros em pesquisa e uso de infraestrutura verde na gestão de águas pluviais.

O Vietnã está combatendo a poluição industrial ao longo de sua parte do Delta do Mekong e também está integrando infraestrutura para garantir uma distribuição mais justa entre seus residentes urbanos e rurais.

À medida que as mudanças climáticas e o crescimento populacional continuam a agravar o problema das secas em todo o mundo, essas soluções serão cada vez mais necessárias para interromper o conflito e a migração.

Em dezembro do ano passado, mais de dois anos depois de Ali al Sadr abandonar Basra, menos de 11% das casas dessa cidade iraquiana tinham acesso a água potável.

Uma injeção de US$ 6,4 milhões no final de 2020 da Holanda por meio do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, está ajudando a melhorar a infraestrutura de água da cidade. Mas as quedas de energia no início do verão desligaram muitos dos sistemas de bombeamento de água em meio a altas temperaturas.

É difícil para os residentes de Basra pensar em problemas a nível global quando enfrentam dificuldades para obter água potável diariamente. A cidade voltou a ser palco de agitação nos últimos meses, e Al Sadr acredita que as manifestações vão continuar até que a situação melhore.

"Quando eu estava protestando, não sabia o que estava por trás de toda essa crise", disse Ali.

"Eu só queria pouco de água para beber."

Fonte: BBC