Por mero equívoco, quando postei a matéria, olvidei-me de atribuir sua autoria ao Dr. Edison da Silva Jardim Filho, de quem foi recebida por e-mail. Sempre que posto matéria produzida por outrem, faço-o em itálico e dou o devido crédito ao autor. A primeira providência foi adotada e a segunda esquecida. Agora, está sanada minha omissão.
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MILAGRE DO NOEL
Muita
gente acha - e eu junto - que o Ministério Público do Estado de Santa
Catarina é uma das instituições que dão pouco retorno à sociedade,
comparativamente com o que recebem, tanto em estrutura e apoio para os
seus órgãos, quanto em salários e vantagens para os seus membros.
Prova
disso é que os maiores ladrões do erário catarinense galopam, há
décadas, as suas cavalares impunidades pelas ruas e, principalmente,
bares de Florianópolis, inobstante os moradores daqui- pelo menos, os
bem informados- terem, na ponta da língua, os seus nomes, sobrenomes,
apelidos- quando os possuem, geralmente são ternos-, endereços e os atos
de corrupção escabrosa que protagonizaram.
Mas
o que impede o MP/SC de enfrentar, de peito aberto, a corrupção da
classe política, ao invés de transferir essa sua responsabilidade
institucional para o cidadão comum, através da campanha publicitária: “O
que você tem a ver com a corrupção?”
Este
final de ano abriu uma avenida diante de quem deseja trilhar uma
resposta a essa instigante pergunta. O governador Leonel Pavan enviou à
Assembleia Legislativa do Estado, para ser votado nos estertores da
legislatura e quando já se divisava logo ali o recesso parlamentar, o
projeto de lei complementar (PLC) nº 64.1/2010, cuja minuta lhe fora
apresentada pelo MP/SC. Sim, ele mesmo! O governador Leonel Pavan que,
até então, pensava-se estar na alça de mira do MP/SC por ter, quando era
vice-governador, chegado ao cúmulo de ler, para uma pessoa ligada a
Arrows Petróleo do Brasil Ltda., ofício endereçado pelo MP/SC à
Secretaria de Estado da Fazenda, através do qual eram requisitadas
cópias dos procedimentos administrativos abertos em face da mencionada
empresa, visando instruir a apuração que vinha fazendo sobre o atentado à
vida e ao patrimônio de um fiscal, ocorrido em Itajaí.
Tal
PLC tinha por objetivo reajustar, a partir de 1º de janeiro de 2011, os
subsídios dos membros do MP/SC, ou seja, de procuradores e promotores
de Justiça, levando em conta o aumento dos subsídios dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, previsto nos projetos de lei nºs 7749 e 7753,
ambos de 2010, ora em tramitação no Congresso Nacional.
Perceberam
o absurdo? Ante uma mera expectativa de direito, por efeito cascata de
eventual reajuste do subsídio paradigma, o MP/SC resolveu dar as favas
do Congresso Nacional como contadas e se munir, antecipadamente, do
mecanismo legal que possibilitasse o recebimento, sem quaisquer
delongas, do aumento dos seus subsídios. A “Exposição de Motivos” do PLC
nº 64.1/2010, datada de 13/12/10 e subscrita pelo procurador-geral de
Justiça, Dr. Gercino Gerson Gomes Neto, não deixa dúvidas sobre a
prestidigitação esgrimida: “Consigno, para extirpar qualquer
questionamento, que, mesmo sendo o projeto ora apresentado aprovado por
essa Casa, sua eficácia plena dependerá da aprovação dos PLs acima
referidos pelo Legislativo federal...”
A
Assembleia Legislativa do Estado, como era de se esperar, aprovou o
referido PLC através de duas votações realizadas no mesmo dia, com um
único voto contrário, o do deputado estadual Antônio Carlos Vieira. Do
microfone de apartes, no plenário, o deputado Joares Ponticelli ainda
elogiou o MP/SC, “por não escamotear o salário dos seus membros, como o
fazem outras instituições.”
O
PLC nº 64.1/2010- depois da sanção governamental, passará a ser lei
complementar estadual- era tão “diferenciado” que a sua aprovação deixou
de queixo caído alguns funcionários da augusta Assembleia Legislativa,
mesmo já acostumados com os milagres dos deputados por ocasião da
proximidade das festas de fim de ano.
2 comentários:
Caro Izidoro: Como se diz aqui em Floripa, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, totalmente diferente da outra. O MP, que certamente possui defeitos e deve ser aperfeiçoado, é uma das instituições que mais tem contribuindo para a punição de corruptos e corruptores. Aliás, o ex-governador, por ti citado, bem sabe disso, haja vista a ação que sofreu por parte do MP. De outro norte, a campanha de combate à corrupção não repassa a responsabilidade do MP para o cidadão. Deves conhecer melhor o projeto antes de fazer considerações equivocadas. Segue para reflexão "UM AMIGO FILÓSOFO": http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3145314.xml&template=3898.dwt&edition=16107§ion=1320
Tem razão o leitor e comentarista Neves. Com efeito, a instituição do MP é integrada por muita gente de valor e é preciso admitir que nem tudo é joio, que se deixa cooptar por aumento de proventos.
Eu próprio tenho obtido provas, nas ações populares que propus, de que a maior parte dos membros do MP se porta com a dignidade funcional esperada.
O título que dei à matéria foi mesmo infeliz, admito e agradeço ao "amigo filósofo".
Como prova da minha boa vontade, estou mudando o título da matéria neste instante.
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