Uma grande confusão,
O povão tá revoltado,
Me chamando de ladrão.
A justa se faz de irada,
Mas em mim não põe a mão,
Cadeia não é pra rico,
Cai nela só pobretão.
Mandou quebrar meu sigilo,
Lá no banco, sim sinhô
Mas o banqueiro é amigo,
E o gerente me avisô.
O leão daquele imposto
Faz que corre atrás de mim,
Mas se quiser confiscar,
Só lhe resta o meu rim.
Ainda bebo o meu Porto,
Fiscais não me assustam, não
Gozo e até faço piadas,
Tenho dólar no cofrão.
Meu cartão corporativo
Não vou poder mais usar,
Mas isto eu tiro de letra,
É só as verdinhas trocar.
Tem muita gente comigo,
Na lambança que aprontei,
Proteção não vai faltar,
Porque já os avisei.
Se abrirem o bico, eu levo
Um monte de gente fina,
Comigo irão pro inferno,
Masculina e feminina.
Se me meterem processo,
A mim não me pegam, não
Sempre tem homem de toga,
Pra decretar prescrição.
Digo que sou o São Dimas,
Um ladrão arrependido,
Engano até o messias,
Me faço de bom bandido.
Pra tratar minha gastrite,
Não vou encarar o SUS,
Prefiro orar numa igreja
E apelar pra Jesus.
Um padre tudo resolve
Desde que uma ajuda venha
Com dinheiro ele absolve,
Pra ter deus, grana é a senha.
Tô, assim, muito à vontade
Não consigo me assustar
Aposto na impunidade,
Que em nada tudo vai dar.
Mordomia ainda tenho
Filé, picanha e salmão,
E nos pés ainda ostento,
Meu belo cromo alemão.
Se não ando de importado
Popular não quero, não
Andar em lata de azeite
Só mesmo pra tolerão.
Pro meu tempo ocupar
Vou parar num Tribunal
De contas eu vou cuidar,
Que as públicas andam mal.
Enquanto tal não acontece,
Vou vender computador,
Pois tenho amigos no ramo,
Que é rentável setor.
Também espero ganhar
Diversas licitações,
Pra construir pro governo
Além de muitas mansões.
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