Estará a Justiça, de modo tão irresponsável, fazendo insinuações, ou tirando ilações desprovidas de qualquer fundamento, contra os catarinenses que constam da famosa lista de políticos corruptos?
Se isso estiver acontecendo, com eles ou com qualquer outro, precisam reagir de forma enfática, contundente e urgente, pois seus nomes, ao simples anúncio de envolvimento, já restaram bastante enxovalhados.
De qualquer sorte, contam com o benefício da dúvida.
Tenho pensado muito que essa onda sobre corrupção generalizada pode ter um vetor importante por detrás.
Quem tem interesse maior em conter a sangria da corrupção?
Aqueles que ganham de maneira abusiva, em cima do dinheiro público, ou seja, os banqueiros.
Se políticos continuarem a roubar, como se proclama, sobrará bem menos para eles, os financistas, porque a carga tributária já está pra lá de insuportável e o povo não recebe retorno digno em matéria de educação, saúde, segurança, dentre outros direitos fundamentais.
O mais importante, todavia, é que, enquanto se malha os políticos, a Justiça, a Polícia, os machistas, os outros, enfim, os bancos se mantêm fora da berlinda. O foco da insatisfação pública não se volta contra eles.
Que existe corrupção - e muita - não se pode duvidar. Mas que essa repentina e escandalosa preocupação tem algo mais forte do que o interesse coletivo à sua retaguarda, também é coisa passível de cogitação séria.
Lembra da charge de uma montanha de dinheiro, de cujo topo um capitalista aponta para o trabalhador, que vindica seus parcos direitos e o acusa de estar prejudicando a economia?
Pois a mesma charge - "mutatis mutandi" (guardadas as devidas proporções) - vale para os políticos corruptos, se colocados no lugar do trabalhador.
No caso da relação de trabalho, o judas são os obreiros, os Sindicatos e a Justiça do Trabalho e, no caso da alegada corrupção, o judas a ser malhado é o político, ou até o povo, acusado de os haver escolhido irresponsavelmente.
Os banqueiros querem a pecha de ladrões bem longe deles. Que os outros apareçam como grandes culpados, para os financistas é bem mais interessante. A mídia corporativa, sempre ao lado deles, até por afinidade étnica, faz o seu papel, aumentando o estardalhaço.
O combate à corrupção é inadiável e bem-vindo, mas a revisão da dívida do Estado (gênero) com o sistema financeiro é ainda mais urgente.
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