A entrega do estatuto de prata da EarthCheck abriu o congresso anual do Conselho Global de Turismo Sustentável, que durante dois dias reúne 250 participantes de 42 países na ilha Terceira, no grupo central dos Açores
Cumpridos mais de 40 critérios de uma avaliação periódica, os Açores são o primeiro e único arquipélago do mundo com esta certificação “verde”, bem como a única região de Portugal com o selo da EarthCheck, entidade certificadora de destinos turísticos sustentáveis que integra o Conselho Global de Turismo Sustentável, uma organização não governamental independente que junta agências das Nações Unidas, ONG’s, governos e operadores turísticos, entre outras entidades ligadas à área.
O certificado de prata (depois do bronze alcançado em agosto passado) é o reconhecimento de um trabalho que já leva dois anos, com o objetivo de tornar todo o arquipélago dos Açores no destino mais sustentável do mundo. A missão de quem avalia é verificar se todas as políticas ambientais previstas maximizam os benefícios e minimizam os efeitos negativos a nível social, cultural e ambiental.
Segundo Marta Guerreiro, Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo a estratégia do Governo dos Açores tem tido “efeitos positivos”, que se fazem notar com “níveis de crescimento que nunca se tinham verificado antes”, associado ao facto de liderar alguns indicadores turísticos a nível nacional de 2015. Nos primeiros nove meses deste ano, a atividade turística nos Açores aumentou 17%. Já foi ultrapassado o total de dormidas de 2018 (dois milhões e meio), por isso, estimam terminar 2019 muito perto dos três milhões de dormidas.
Natureza em estado puro
Com elevadas áreas de habitats protegidos (39%) e de zonas verdes (92%), os Açores não querem turismo de massas. “Esses destinos não têm diferenciação e têm concorrências muito fortes entre eles, além de impactos fortíssimos nos territórios, precisamente o oposto de tudo aquilo que pretendemos”, garante Marta Guerreiro. “Queremos que se desenvolvam as características que nos tornam únicos. Somos nove ilhas completamente diferentes, no meio do Atlântico, de origem vulcânica, com possibilidade de termos atividades muito diversas, desde trilhos fantásticos pedestres e cicláveis, banhos termais quentes no meio da Natureza, potencial fantástico de birdwatching, mergulho com jamantas e com tubarões, whalewatching, surf, kitesurf, tudo isto num ambiente de tranquilidade e bem-estar único.”
Os dois maiores desafios deste organismo criado em 2016, logo a seguir ao posicionamento de sustentabilidade, é fazer com que os turistas venham ao longo de todo o ano e não se concentrem nas ilhas maiores. “Para distribuir os fluxos turísticos por todas as ilhas tem de haver promoção junto de quem vende o destino, para que quem entre no arquipélago por uma ilha maior tenha informações sobre as restantes ilhas e depois possa planear uma nova viagem”, explica a secretária regional. “Por ser um destino de Natureza, já apela a um conjunto de atividades com melhores condições para serem praticadas no inverno. O canyoning, por exemplo, precisa da água das ribeiras, e os trilhos percorrem-se melhor sem o calor do verão”, acrescenta. Em termos de taxa de sazonalidade, os quatro meses mais fortes (junho a setembro), há cerca de seis anos, tinham um peso de 60%; agora, situa-se nos 50%, e o objetivo é continuar a descer.
Para atrair visitantes para a época baixa, existem incentivos para a realização de congressos e outros eventos; o programa de turismo do Governo “Meus Açores, Meus Amores” faz com que os açorianos seniores visitem e circulem por todas as ilhas.
Os açorianos em primeiro lugar
São vários os exemplos de projetos que, ao mesmo tempo que são sustentáveis, mantêm a comunidade envolvida e protegida. No Pico, a caça à baleia foi transformada em whale watching: as vigias que antigamente serviam para sinalizar as baleias no mar são agora usadas para identificar as zonas onde elas estão e avisar os barcos de passeio para onde devem seguir. Além de ajudar à preservação da espécie, permite o surgimento de novos negócios. No Corvo, uma comunidade local teve a iniciativa de restringir para a pesca uma determinada zona, de modo a preservar o ecossistema e garantir uma quantidade e qualidade de peixe que não se pescava naquela zona, sem qualquer intervenção legal ou regulamento. Já o seu ecomuseu conta com os próprios habitantes como personagens principais de toda a vila museu.
Números do terceiro trimestre deste ano contabilizam nove mil postos de trabalho no setor de alojamento, restauração e similares, o que corresponde a 7,6% do total de empregos na região. Nos últimos três anos, foram criados mais de 30% dos postos de trabalho existentes. Ficam a faltar os números dos setores que incluem as empresas de aluguer de viaturas, o comércio local e as empresas de animação turística (existem 400 em todo o arquipélago).
Para já, não está pensada a criação de uma taxa turística ou taxa ambiental a cobrar a quem entra no arquipélago e todas as limitações de entrada de turistas nas nove ilhas ou em determinadas zonas são estudadas uma a uma. Já existem limites de acesso diários – por exemplo, na subida à montanha na ilha do Pico, na Reserva Natural da Caldeira no Faial, ou no Ilhéu da Praia na Graciosa.
Para 2020, as políticas de sustentabilidade da Secretaria Regional da Energia, Ambiente e Turismo são uma prioridade e passam por diversas ações, algumas delas já em curso. Na área de Ambiente, estão a decorrer duas candidaturas ao programa Life da União Europeia (€19 milhões de investimentos nos próximos nove anos) que permitirá agir em todas as ilhas para garantir a preservação das espécies e a biodiversidade. No combate ao uso dos plásticos e outros materiais de uma única utilização, será apresentado até ao final do ano propostas de legislação específica para proibir nas grandes superfícies comerciais os plásticos ainda usados para as compras de frescos a granel. No setor da Energia há, atualmente, 40% de integração de renováveis. Com os investimentos em curso (geotermia, solar, eólica, hidroelétrica), o Governo Regional conta, no prazo de cinco anos, subir para os 60 por cento. Na mobilidade elétrica, por exemplo, até maio de 2020 serão instalados 26 postos de carregamento elétrico nas nove ilhas, em todos os concelhos abrangidos, e estão disponíveis €500 mil de incentivos à aquisição de carro elétrico. Para Marta Guerreiro, “o turismo só é bom para os Açores se for bom para os açorianos.”
Cumpridos mais de 40 critérios de uma avaliação periódica, os Açores são o primeiro e único arquipélago do mundo com esta certificação “verde”, bem como a única região de Portugal com o selo da EarthCheck, entidade certificadora de destinos turísticos sustentáveis que integra o Conselho Global de Turismo Sustentável, uma organização não governamental independente que junta agências das Nações Unidas, ONG’s, governos e operadores turísticos, entre outras entidades ligadas à área.
O certificado de prata (depois do bronze alcançado em agosto passado) é o reconhecimento de um trabalho que já leva dois anos, com o objetivo de tornar todo o arquipélago dos Açores no destino mais sustentável do mundo. A missão de quem avalia é verificar se todas as políticas ambientais previstas maximizam os benefícios e minimizam os efeitos negativos a nível social, cultural e ambiental.
Segundo Marta Guerreiro, Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo a estratégia do Governo dos Açores tem tido “efeitos positivos”, que se fazem notar com “níveis de crescimento que nunca se tinham verificado antes”, associado ao facto de liderar alguns indicadores turísticos a nível nacional de 2015. Nos primeiros nove meses deste ano, a atividade turística nos Açores aumentou 17%. Já foi ultrapassado o total de dormidas de 2018 (dois milhões e meio), por isso, estimam terminar 2019 muito perto dos três milhões de dormidas.
Natureza em estado puro
Com elevadas áreas de habitats protegidos (39%) e de zonas verdes (92%), os Açores não querem turismo de massas. “Esses destinos não têm diferenciação e têm concorrências muito fortes entre eles, além de impactos fortíssimos nos territórios, precisamente o oposto de tudo aquilo que pretendemos”, garante Marta Guerreiro. “Queremos que se desenvolvam as características que nos tornam únicos. Somos nove ilhas completamente diferentes, no meio do Atlântico, de origem vulcânica, com possibilidade de termos atividades muito diversas, desde trilhos fantásticos pedestres e cicláveis, banhos termais quentes no meio da Natureza, potencial fantástico de birdwatching, mergulho com jamantas e com tubarões, whalewatching, surf, kitesurf, tudo isto num ambiente de tranquilidade e bem-estar único.”
Os dois maiores desafios deste organismo criado em 2016, logo a seguir ao posicionamento de sustentabilidade, é fazer com que os turistas venham ao longo de todo o ano e não se concentrem nas ilhas maiores. “Para distribuir os fluxos turísticos por todas as ilhas tem de haver promoção junto de quem vende o destino, para que quem entre no arquipélago por uma ilha maior tenha informações sobre as restantes ilhas e depois possa planear uma nova viagem”, explica a secretária regional. “Por ser um destino de Natureza, já apela a um conjunto de atividades com melhores condições para serem praticadas no inverno. O canyoning, por exemplo, precisa da água das ribeiras, e os trilhos percorrem-se melhor sem o calor do verão”, acrescenta. Em termos de taxa de sazonalidade, os quatro meses mais fortes (junho a setembro), há cerca de seis anos, tinham um peso de 60%; agora, situa-se nos 50%, e o objetivo é continuar a descer.
Para atrair visitantes para a época baixa, existem incentivos para a realização de congressos e outros eventos; o programa de turismo do Governo “Meus Açores, Meus Amores” faz com que os açorianos seniores visitem e circulem por todas as ilhas.
Os açorianos em primeiro lugar
São vários os exemplos de projetos que, ao mesmo tempo que são sustentáveis, mantêm a comunidade envolvida e protegida. No Pico, a caça à baleia foi transformada em whale watching: as vigias que antigamente serviam para sinalizar as baleias no mar são agora usadas para identificar as zonas onde elas estão e avisar os barcos de passeio para onde devem seguir. Além de ajudar à preservação da espécie, permite o surgimento de novos negócios. No Corvo, uma comunidade local teve a iniciativa de restringir para a pesca uma determinada zona, de modo a preservar o ecossistema e garantir uma quantidade e qualidade de peixe que não se pescava naquela zona, sem qualquer intervenção legal ou regulamento. Já o seu ecomuseu conta com os próprios habitantes como personagens principais de toda a vila museu.
Números do terceiro trimestre deste ano contabilizam nove mil postos de trabalho no setor de alojamento, restauração e similares, o que corresponde a 7,6% do total de empregos na região. Nos últimos três anos, foram criados mais de 30% dos postos de trabalho existentes. Ficam a faltar os números dos setores que incluem as empresas de aluguer de viaturas, o comércio local e as empresas de animação turística (existem 400 em todo o arquipélago).
Para já, não está pensada a criação de uma taxa turística ou taxa ambiental a cobrar a quem entra no arquipélago e todas as limitações de entrada de turistas nas nove ilhas ou em determinadas zonas são estudadas uma a uma. Já existem limites de acesso diários – por exemplo, na subida à montanha na ilha do Pico, na Reserva Natural da Caldeira no Faial, ou no Ilhéu da Praia na Graciosa.
Para 2020, as políticas de sustentabilidade da Secretaria Regional da Energia, Ambiente e Turismo são uma prioridade e passam por diversas ações, algumas delas já em curso. Na área de Ambiente, estão a decorrer duas candidaturas ao programa Life da União Europeia (€19 milhões de investimentos nos próximos nove anos) que permitirá agir em todas as ilhas para garantir a preservação das espécies e a biodiversidade. No combate ao uso dos plásticos e outros materiais de uma única utilização, será apresentado até ao final do ano propostas de legislação específica para proibir nas grandes superfícies comerciais os plásticos ainda usados para as compras de frescos a granel. No setor da Energia há, atualmente, 40% de integração de renováveis. Com os investimentos em curso (geotermia, solar, eólica, hidroelétrica), o Governo Regional conta, no prazo de cinco anos, subir para os 60 por cento. Na mobilidade elétrica, por exemplo, até maio de 2020 serão instalados 26 postos de carregamento elétrico nas nove ilhas, em todos os concelhos abrangidos, e estão disponíveis €500 mil de incentivos à aquisição de carro elétrico. Para Marta Guerreiro, “o turismo só é bom para os Açores se for bom para os açorianos.”
Fonte: https://visao.sapo.pt/atualidade/2019-12-05-acores-volta-a-ser-considerado-um-dos-destinos-turisticos-mais-sustentaveis-do-mundo/
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