BICHO DE PÉ E HIGIENE DOS COLONOS ALEMÃES
- A ausência de asseio corporal entre esses adventícios não está, com certeza, entre os menores motivos da sua falta de resistência às mazelas do país. Embora não se refira à colonização em S. Paulo, é bem expressivo a esse respeito o depoimento de Teófilo Benedito Ottoni sobre os colonos do Mucuri — alemães, suíços, belgas, holandeses.
"As imundícies da habitação — diz — tinham produzido tal praga de bichos que ninguém podia passar impunemente em torno das duas casas que serviam de depósito provisório dos colonos.
O pouco asseio do corpo atraía os daninhos insetos. Debalde se dizia aos colonos que aquela doença se extirpava com a tesourinha ou alfinete, e que o grande preservativo era recorrer diariamente ao rio e trazer o corpo limpo de imundícies.
Mas eles queriam curar-se do mal dos bichos com unguentos e cataplasmas, e não foi possível convencer a um grande número que o hábito brasileiro de lavar ao menos os pés todas as noites é uma necessidade do homem do povo, e não como pensa o proletário europeu uma fantasia ou regalo de aristocratas e sibaritas.
Os Chins como não têm horror à água nunca sofreram de bichos de Mucuri.
Um só não vi ainda manquejar por tal motivo. Foram há três anos para o Mucuri 89 de que só têm morrido dois".
Não há razão para crer que as condições dos colonos em S. Paulo fossem muito mais animadoras.
E sabemos que estragos pode causar nos desprevenidos o mal de que morreu o padre Estanislau de Campos. - THOMAS DAVATZ - Memórias de um colono no Brasil - Martins Livraria/SP, p. 11.
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