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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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segunda-feira, 30 de maio de 2022

Instrução deve visar conscientização, ou somente confiança, reverência, resignação e subserviência?

Só havia sido instruído naquele modo inocente e ineficaz com que os padres católicos ensinam os índios e pelo qual o aluno nunca é educado ao nível de conscientização, mas ao de confiança e reverência, e que faz com que a criança se mantenha nesse estado sem atingir a maturidade. (...)  sacerdotes que falavam de Deus como se gozassem de monopólio do assunto e não podiam suportar divergências de opinião - DAVID THOREAU - A vida nos bosques

Acordar cedo, respirar o ar da manhã, faz muita diferença ou a proposta de vender "ar engarrafado"

Em vez de encher a cara quase todos os dias e levantar perto (ou até depois) do meio-dia), quebre essa rotina lastimável e exprimente deitar cedo e acordar cedo. 

(...) deixai-me tomar um trago do ar puro da manhã. Ar da manhã! 

Se os homens, não vão bebê-lo no manancial do dia, por que então devemos engarrafá-lo e vendê-lo nas lojas em proveito dos que perderam o bilhete de entrada para o espetáculo da manhã no mundo? 

Porém, lembrai-vos de que não se manterá incólume até meio-dia, nem mesmo no porão mais fresco, mas explodirá as rolhas muito antes para seguir os passos da aurora na direção oeste. 

DAVID THOREAU - A vida nos bosques.

domingo, 29 de maio de 2022

Faltam, quando menos, poleiros

Estamos acostumados a afirmar na Nova Inglaterra que cada vez escasseiam mais os pombos que nos visitam cada ano. As nossas florestas não lhes proporcionam poleiros. - DAVID THOREAU - Andar a pé.

Pois então: elimina-se as árvores. Faltam até simples poleiros, para as aves pernoitarem. Já nem falo de frutos, para comerem.

E, quando as aves e pássaros se ausentam, os ratos, os répteis e os insetos tomam conta do ambiente. E com eles vêm as doenças.

Vale a pena refletirmos um pouco sobre isso.

E há, ainda, na presença dos pássaros, a beleza das cores e dos cantos. Ainda do citado THOREAU (desta feita em A vida nos bosques) é o seguinte período:

Diz o "Harivansa": "Casa sem pássaros é feito carne sem tempero".

A minha não era assim, pois, de repente, me descobri vizinho dos pássaros; não por ter aprisionado um, mas por ter me engaiolado perto deles.

Estava mais perto não só daqueles que costumam freqüentar o jardim e o pomar, porém dos mais selvagens e mais impressionantes cantores da floresta e que nunca, ou raramente, fazem serenatas às pessoas da aldeia — o tordo, o sabiá, o sanhaço escarlate, o gorrião do campo, o bacurau e muitos outros.

MOACIR PEREIRA, O FASCISTA PRECONCEITUOSO

Na notícia abaixo, o colunista - que tem graduação em Direito - utilizou o verbo "denegrir" que, a exemplo de "judiar", possui uma carga de preconceito indisfarçável.

O verbo denegrir é dos que associa o que é ruim à cor preta. 

Coincidentemente, o criticado pela coluna (Min. Luiz Fux, do STF)  é judeu praticante. Só faltou o "calunista" da ND utilizar os dois verbos referidos no mesmo texto. 

DEDO SUJO DE EDUARDO BOLSONARO - Douglas Belchior denuncia empresa que treina policiais rodoviários para torturar


O militante e líder do movimento negro vai processar a AlfaCon e um dos seus sócios, Evandro Guedes, amigo de Eduardo Bolsonaro

Douglas Belchior: "O prazer na violência e na morte une essa gente".Créditos: Arquivo Pessoal
Escrito en BRASIL el 28/5/2022 · 18:19 hs


O brutal assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, cometido por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), nesta quarta-feira (25), em Sergipe, definitivamente, não foi um ato isolado.

Depois da repercussão do caso, inclusive internacional, ações violentas, como a transformação de uma viatura em “câmara de gás” e outras práticas truculentas, podem ser consideradas parte do “modus operandi” de parte da corporação.

O militante e líder do movimento negro, Douglas Belchior, usou as redes sociais para denunciar a ação de uma empresa que oferece cursos preparatórios para policiais federais, inclusive rodoviários.

A AlfaCon tem sede no município de Cascavel, no Paraná, e está ativa desde 2012. Um dos seus sócios é Evandro Bitencourt Guedes.

Em um vídeo publicado por Belchior, o sócio da empresa, em uma palestra, conta um caso em que se vangloria de agir com violência contra torcedores, em uma partida de futebol no Maracanã, além de proferir frases racistas.

Segundo Belchior, Guedes é ex-policial federal e serviu ao lado do hoje deputado federal Eduardo Bolsonaro, de quem se tornou amigo.

Fonte: REV. FÓRUM

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Falta de escrúpulos

Os meios conservadores,  não olham meios, não têm escrúpulos, não respeitam leis, quando trata de sustentar a desigualdade galopante, privilegiando poucos, em detrimento das massas trabalhadoras.

Para os que não se cansam de elogiar a monarquia, notadamente o governo de D. Pedro II...

 ..., reproduzo o que escreveu JOSÉ DO PATROCÍNIO:

Feliz governo o do sr. d. Pedro II. A corrupção e a morte formam em torno dele uma impenetrável muralha. Quem não se deixa corromper morre!

Combate às mazelas sociais

(...) nenhum Governo que tenha exata compreensão da sua responsabilidade histórica, pode assumir a direção dos negócios públicos sem ter um plano assentado acerca da questão, cuja complexidade enleia o país na sua honra e na sua riqueza. - JOSÉ DO PATROCÍNIO - Campanha abolicionista.

A frase acima - como o próprio título da obra revela - foi escrita num ambiente de combate à escravidão, mas serve como uma luva no combate À fome das camadas sociais mais exploradas e desprovidas de meio de subsistência. 

Urge que se encete campanhas vigorosas de combate à fome, ao desabrigo (por moradias dignas), ao desemprego, dentre outras mazelas sociais. 

Pouco importa que nos chamem de comunistas, de subversivos, de baderneiros, de anarquistas, se a intenção for nobre, humana, piedosa. 

E não me venham com a cantilena dos pregadores religiosos, exploradores de ingênuos, que vivem, qual estelionatários parasitas às custas do trabalho alheio, com a consolação fraudulenta de que "deus haverá de dar jeito". 

Se deus existe, desde que a humanidade presume tal embuste, e nunca deu jeito, continuando a injustiça social a campear, por que,  será nas gerações atuais, irá corrigir os abusos dos ricos?

As urnas falarão a verdade?

"O Governo prepara-se para executar a sua palavra de honra, de dar à urna a verdade relativa de que ela é capaz". - JOSÉ DO PATROCÍNIO - Campanha abolicionista.

Trocando-se "o Governo", pelo TSE - que não deixa de ser um órgão de governo, no sentido lato, isto é, de administração pública - é induvidoso que o resultado das urnas, em termos de retrato da vontade popular livre, é sempre "relativo". 

Isto porque a vontade popular é sempre manipulada pela insidiosa propaganda, que encetam as igrejas, os meios de comunicação em geral e os denominados cabos eleitorais, que fazem a corretagem dos votos, como se fossem proxenetas, cobrando dos candidatos para captar os votos dos menos favorecidos pela sorte, em troca de qualquer quinquilharia, ou da mais humilde sinecura.

Boa parcela do povo vota iludida, ou por conveniência pessoal, sem atentar para os interesses coletivos, os quais, em última razão, são difusos, supra-individuais, ou seja, seus mesmos também. 

É o que, em outras palavras, já proclamou o mesmo JOSÉ DO PATROCÍNIO: O eleitorado, entre nós, costumou-se a não ver na eleição mais que a conveniência do seu partido, e, no entanto, nunca se preocupou em saber se as ideias ou os interesses desse partido são conformes com o bem geral da nação.

sábado, 21 de maio de 2022

VOCÊ ACHA QUE ESSE SUJEITO É BOLSONARISTA?

 Tem toda pinta. Mentiroso já está a mostrar-se. Demagago também. Está na cara que caça os votos do bolsominions. Só ser escolhido para uma entrevista pelo "bucica", notório facista da imprensa catarinense,  já diz muito sobre ele. 

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Supremo Tribunal Federal: “O pior da história do Brasil”, diz promotor catarinense
Odair Tramontin foi cirúrgico na análise
MOACIR PEREIRA21/05/2022 ÀS 15H58 - Atualizado Há 52 minutos


Odair Tramontin concedeu entrevista recente ao Grupo ND – Foto: Léo Munhoz/ND

Com a autoridade de um promotor exemplar, com 34 anos de luta permanente contra a corrupção, o candidato do Novo ao governo, Odair Tramontin, foi certeiro quando criticou duramente os abusos de ministros do Supremo Tribunal Federal.


Alvejou: “Este é o pior Supremo Tribunal da história”. A desmoralização é ampla em todas as camadas. Nas redes sociais circula uma placa gigantesca, no interior de um terreno, atrás da tela, anunciando: “ATENÇÃO: Da cerca para dentro, agimos igual ao STF. Acusamos, julgamos e executamos a pena!”

Monkeypox: “Dizer que este é um vírus que infeta preferencialmente homossexuais é um perfeito disparate”



 
Lesões por Monkeypox

Portugal e Reino Unido registaram, desde o início de maio, um total de 21 casos confirmados de infeção humana por vírus monkeypox. Os especialistas explicam o que é, que sintomas dá e por que razão não devemos acreditar que ser homem homossexual seja um fator de risco para a infeção


VISÃO Saúde 19.05.2022 às 19h19



A infeção humana por vírus monkeypox, parente da varíola que, tal como o nome indica, foi identificado pela primeira vez em macacos, em 1958, era uma total desconhecida para a maioria dos europeus até há bem pouco tempo.

Principalmente restrito à África Ocidental e Central, o vírus surgiu entre os humanos nos anos 70, quando já existia uma vacina contra a varíola humana, que também protegia, parcialmente, contra o monkeypox.

Talvez por esta razão, e pela dificuldade com que se transmite entre humanos, o número de casos existentes em todo o mundo nunca foi muito elevado. Ao contrário da varíola, associada a altas taxas de transmissão e uma elevada mortalidade (30%), o virologista do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, Celso Cunha, indica que este é um vírus que não se transmite tão facilmente e tem uma mortalidade “muito mais baixa”.

Porém, como tudo o que é novo, ou pouco habitual, assusta. Basta recordar a recente pandemia por SARS-CoV-2 ou, há mais de 40 anos, os primeiros casos registados de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA). O facto é que, tanto no Reino Unido como em Portugal, países onde foram registados respetivamente, até à data, sete e 14 casos confirmados, o medo e preconceito parecem ter falado mais alto que a ciência.

Alguns dos casos confirmados em ambos os países foram observados em homens que mantém relações sexuais com outros homens, dando origem a declarações como as de Vítor Duque, presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia, que disse à CNN que este “pode ser o início de uma epidemia entre os homossexuais que eventualmente se pode alastrar toda a população”. Ou o facto de o Reino Unido ter aconselhado os homens homossexuais e bissexuais a estarem atentos ao aparecimento de erupções cutâneas ou lesões incomuns.

“Dizer que este é um vírus que infeta preferencialmente homossexuais é um perfeito disparate”, insurge-se Celso Cunha. “Nunca foi uma doença que tivesse preferência por pessoas com a orientação sexual A, B, C ou D. Tal como sabemos que a SIDA não é uma doença de homossexuais, mas de pessoas que têm determinados comportamentos de risco, tenham a orientação sexual que tiverem.”

O facto de o coronavírus ter infetado primeiro um heterossexual também não faz da doença uma doença de heterossexuaiscelso cunha – virologista do Instituto de Higiene e Medicina Tropical

De facto, dos 14 casos confirmados em Portugal, alguns são “homens que têm sexo com outros homens, mas isso pode ser apenas uma circunstância”, afirma a infecciologista Margarida Tavares, diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e VIH. Ao que Celso Cunha acrescenta: “O facto de o coronavírus ter infetado primeiro um heterosexual também não faz da doença uma doença de heterossexuais”.

Também Margarida Tavares duvida que, “se alguém com lesões provocadas pela infeção pelo vírus monkeypox tiver um contacto íntimo e prolongado com uma mulher não o transmita”.

A médica sublinha que o facto de alguns dos infetados serem homens homossexuais não constitui um fator de risco, mas “uma circunstância, na melhor das hipóteses. Já houve muitos outros surtos, noutros países, e sabemos que uma mulher exposta da mesma forma também é contagiada”.


Já houve muitos outros surtos, noutros países, e sabemos que uma mulher exposta da mesma forma também é contagiadamargarida tavares – diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e VIH

Mais, ambos os especialistas referem que, até hoje, esta doença nem sequer tinha sido considerada uma infeção sexualmente transmissível e que, apesar da importância da utilização de preservativo em relações sexuais com parceiros não habituais, neste caso, a sua utilização, por si só, não evita a transmissão.


Como evitar a transmissão?

“A longa história da transmissão desta doença em humanos mostra-nos que se transmite por contacto com lesões cutâneas nas mais diversas fases da sua evolução ou com objetos contaminados com a pele dessas pessoas, nomeadamente roupa de cama, roupa de banho, a própria roupa”, afirma Margarida Tavares.

Tal acontece porque as ”bolhinhas” que surgem na pele têm dentro de si um líquido com partículas virais infecciosas. Quando o infetado coça as lesões e liberta o líquido, este poderá contagiar quem nele toca.

Precisamente por esta razão, Celso Cunha alerta para o facto de o ambiente mais provável de contágio serem os agregados familiares, pessoas que vivem na mesma casa e, inevitavelmente, convivem prolongadamente, partilhando talheres, loiça, lençóis ou toalhas.

Não é como o SARS-CoV-2, não vamos para um café, alguém tosse a transmite a doença

CELSO CUNHA – VIROLOGISTA DO INSTITUTO DE HIGIENE E MEDICINA TROPICAL

Outra forma clássica de transmissão, acrescentam os especialistas, é através de gotículas respiratórias. “Não é uma transmissão fácil, é preciso um contacto muito próximo e face a face”, descansa Margarida Tavares. Ou seja, como sublinha Celso Cunha, “não é como o SARS-CoV-2, não vamos para um café, alguém tosse a transmite a doença”.

Ainda assim, neste momento, a forma de evitar a transmissão é evitar o contacto próximo com uma pessoa confirmada ou suspeita de ter a infeção. Margarida Tavares não quer falar em isolamento de infetados, mas aconselha que os mesmos se abstenham de todo o contacto próximo e prolongado com outras pessoas.

Quais são os principais sintomas?

Os primeiros sintomas são “absolutamente inespecíficos”, nas palavras de Celso Cunha, e vão da febre às cefaleias, cansaço ou aumento dos gânglios linfáticos, podendo depois surgir lesões na pele.

Estas lesões, diz Margarida Tavares, podem ser mais discretas ou expandir-se. “Nas formas clássicas, começam na face e, depois, podem atingir o tronco, os membros e, inclusivamente, as palmas das mãos e plantas dos pés”. Nos casos que têm aparecido em Portugal, estão a ser também observadas lesões ao nível das mucosas, nomeadamente mucosas na região genital.

Como acontece em muitas outras infeções víricas, a médica refere que, em certos casos, podem exisitr complicações, desde infeções locais das lesões cutâneas até pneumonias. “Mas não é de esperar que seja essa a forma habitual. São complicações raras”.

Com um período de incubação que pode ir de seis a 21 dias, durante o qual os infetados estão contagiosos mesmo que não apresentem lesões cutâneas, não há nenhum tipo de tratamento especifico aprovado para esta situação. “Nos casos ligeiros trata-se a febre ou a dor, mas não há mais nenhum tipo de tratamento a fazer”, indica Margarida Tavares.
De onde vêm estes surtos?

Não se sabe. Este vírus, identificado em humanos, pela primeira vez, nos anos 70, transmite-se, normalmente, quando há uma mordedura de um roedor num humano, “sobretudo alguns ratos e esquilos em África”, explica Celso Cunha.

O virologista revela que a maioria dos casos que têm surgido na Europa e nos Estados Unidos, ao longo dos anos, foram importados, nomeadamente da Nigéria ou do Congo. No que respeita os 14 casos confirmados em Portugal, por agora, existem muito poucos dados e, como sublinha Margarida Tavares, “ainda não foi feito um inquérito epidemiológico a estas pessoas”.

Assim, “apesar de, nos primeiros casos, não parecer ter havido viagens a África”, ainda não se sabe quem foi o paciente zero nem onde é que este apanhou o vírus.

Apesar de, nos primeiros casos que surgiram em Portugal, não parecer ter havido viagens a África, ainda não se sabe quem foi o paciente zero nem onde é que este apanhou o vírus.

Outra coisa que os especialistas também não conseguem dizer já é se estas pessoas constituem uma única ou várias cadeias de contacto. “As suspeitas surgiram em diferentes locais, não apareceram todos no mesmo sítio, não se perguntou a todas as pessoas as mesmas coisas. As amostras foram enviadas naturalmente e agora é que estamos a tentar reunir a informação”, explica Margarida Tavares.

Segundo Celso Cunha, estes surtos podem também estar a surgir devido ao facto de a maioria das pessoas mais jovens ter nascido após a varíola ter sido declarada como doença erradicada pela Organização Mundial de Saúde.

“A vacina da varíola, em parte, também protegia para este vírus. As pessoas nascidas depois da erradicação da doença já não foram vacinadas, não estando imunes de qualquer forma, quer à varíola propriamente dita quer à monkeypox”.

De facto, entre os casos confirmados e os casos suspeitos que se conhecem, até agora em Portugal, as pessoas afetadas são homens jovens, entre os 20 e os 40 anos.

EUA - “Prateleiras vazias. Bebés com fome. Pais desesperados”.


https://visao.sapo.pt/atualidade/mundo/2022-05-20-prateleiras-vazias-bebes-com-fome-pais-desesperados-como-se-explica-a-falta-de-leite-em-po-infantil-no-pais-mais-rico-do-mundo/


Como se explica a falta de leite em pó infantil no país mais rico do mundo
Foto: Paul Weaver/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Bastou o fecho de uma fábrica e a retirada dos seus produtos do mercado, por alegada contaminação, para expor todas as fragilidades da cadeia de abastecimento nos Estados Unidos da América. Trump e Biden não escapam à contestação




Rui Antunes Jornalista



Mundo 20.05.2022 às 15h51




Há escassez de suplemento infantil nos Estados Unidos da América a ponto de os supermercados não deixarem comprar mais de duas ou quatro embalagens por cliente – quando elas existem nas prateleiras. O leite em pó, que substitui ou complementa o leite materno nos primeiros seis meses de vida dos bebés, entrou em rutura de stock no país mais rico do mundo, deixando a nu as fragilidades da cadeia de abastecimento.

A dependência de apenas quatro produtores nacionais de fórmula infantil, aliada a uma regulação técnica excessiva com aparentes motivações políticas e a um protecionismo feroz, levaram a uma falta de leite artificial a nível nacional, na sequência do encerramento de uma fábrica, em meados de fevereiro.

Desde então, a oferta de mercado, que já tinha sido afetada pela pandemia da Covid-19 entre cinco a dez por cento, reduziu para quase metade (43%) do habitual. Há pais e mães a procurarem saber o dia em que cada loja faz a reposição para serem os primeiros clientes e outros a pesquisarem online para identificarem os supermercados que têm o produto em stock. O desespero é tal que há relatos de pessoas a atravessarem estados na tentativa de comprarem o alimento e a regressarem de mãos vazias.

Este agravamento da situação acontece depois de cinco bebés terem sido hospitalizados com infeções graves por bactérias. Dois acabaram por morrer. Pelo menos dois dos cinco alimentavam-se com suplementos da marca Abbott, a maior produtora dos EUA, com cerca de 40% da quota de mercado. Por iniciativa própria, a empresa mandou retirar os seus produtos de circulação e, por ordem das autoridades sanitárias, fechou uma fábrica no estado do Michigan, responsável por mais de metade da sua produção total e de onde tinham saído os leites supostamente contaminados.

As autoridades recolheram no local amostras de leite em pó, mas não foram detectadas as bactérias em causa em nenhuma delas. Nem a FDA (Administração Federal de Alimentos e Medicamentos ) nem o CDC (Centro de Controlo e Prevenção de Doenças) detetaram uma relação direta dos produtos da Abbott com os problemas de saúde dos cinco bebés, embora as tais bactérias tenham sido identificadas noutras amostras recolhidas nas instalações da fábrica. Daí o encerramento decretado. No início desta semana, corrigida a situação, a Abbott recebeu luz verde para reabrir, mas a empresa já informou que pode demorar mais dois meses até que tudo voltar ao normal.



O grau de escassez expôs o monopólio e o protecionismo do setor. Para começar, quatro empresas nacionais detêm 90% do mercado. Isto acontece, em parte, porque o governo dos EUA é o seu principal cliente, uma vez que comparticipa a compra destes produtos para os mais carenciados – mas só em determinadas marcas, beneficiando-as em relação a outras e tornando mais difícil a entrada em cena de mais concorrência.

Por outro lado, a importação de produtos lácteos, que poderia ajudar a resolver a crise, é dificultada ao máximo. Basta referir que apenas 2% dos suplementos infantis vem de fora. A FDA exige mil e uma obrigações aos produtores europeus para exportarem para os EUA, apesar de estar provado que, a nível de qualidade nutritiva, o leite em pó da Europa é superior. Alguns analistas falam em motivações políticas, mais do que técnicas, para justificar o que consideram ser um excesso de zelo da FDA.

Em cima disso, as taxas cobradas desincentivam a entrada no mercado norte-americano. A administração Trump, por exemplo, subiu para 17% a taxa a pagar pelos canadianos para comercializarem lacticínios no território vizinho. Mas a presidência de Biden também está a ser acusada de prosseguir as políticas protecionistas e de não conseguir resolver a crise atual.

É um caso de saúde pública com grandes implicações políticas, isso é certo. Estimativas indicam que três em cada quatro bebés norte-americanos consomem leite em pó infantil e 20% fazem-no logo a partir do segundo dia de vida. São muitas bocas para alimentar. Resultado: “Prateleiras vazias. Bebés com fome. Pais desesperados”, para citar Ian Bremmer, cientista político norte-americano que fundou o grupo de média G-Zero e a consultora Euroasia Group.

“A atual crise é a prova que tentar fazer tudo em casa pode tornar a economia mais vulnerável do que resiliente, à custa dos consumidores americanos”, afirma o também colunista da revista Time. “Os bebés americanos estão a pagar o preço.” Pelo menos, durante mais dois meses, se nada for feito até lá.

Fonte: VISÃO

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Quanta verdade ...

 “Tua irmã é dada ao governo.” 

“Dada ao governo, Joe?” 

Fiquei atônito, pois formei a ideia vaga (e, devo confessar, a vaga esperança) de que Joe havia se divorciado dela, cedendo-a ao almirantado ou ao Tesouro nacional. 

“Dada ao governo”, repetiu Joe. “Quer dizer, a governar eu e tu.” 

“Ah!” 

E ela não há de gostar da ideia de ter estudioso na casa dela”, prosseguiu Joe, “principalmente de eu virar estudioso, com medo de eu me revoltar. Uma espécie de rebelde, não vês?”

CHARLES DICKENS -  Grandes esperanças.


O texto não é meu

“É mentira!”, exclamou o meu prisioneiro, com energia feroz. “Ele nasceu mentindo, e vai morrer mentindo. Olha só pra cara dele; não está escrito nela?

É isso que alguém irá dizer a Bolsonaro, atrás das grades.

O texto é de CHARLKES DICKENS, em Grandes esperanças.  

NÃO É UMA PIADA RACISTA - "Brasileiro é 1° infectado por varíola de macacos na Alemanha"

A manchete é original da fonte. 

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Brasileiro de 26 anos, que esteve em Portugal e Espanha, está em isolamento numa clínica em Munique. Com vários casos confirmados na Europa, este é o maior e mais extenso surto da doença já visto no continente.

https://www.dw.com/pt-br/brasileiro-%C3%A9-primeiro-infectado-por-var%C3%ADola-dos-macacos-na-alemanha/a-61880506




A Alemanha registrou seu primeiro caso de varíola dos macacos, informou nesta sexta-feira (20/05) o Instituto de Microbiologia da Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs. O vírus foi detectado na quinta-feira num brasileiro de 26 anos.

Ele chegou na Alemanha após viagem com origem em Portugal, passando pela Espanha, e estava há uma semana em Munique, no sul da Alemanha, aonde chegou depois de passar por Düsseldorf e Frankfurt. O paciente teria apresentado erupções cutâneas, um dos sintomas característicos da doença. O brasileiro está em isolamento numa clínica na cidade.

Em comunicado, a instituição ressalta que as autoridades sanitárias da Europa e da América do Norte vêm detectando um número crescente de casos de varíola dos macacos desde o início de março, o que suscita receios de que a doença, habitualmente presente apenas em algumas regiões da África, esteja se alastrando.
Maior surto da doença na Europa

Com vários casos confirmados no Reino Unido, Itália, Suécia, Espanha e Portugal, este é o maior e mais extenso surto de varíola dos macacos já visto na Europa. Ainda não se sabe se há uma conexão entre os casos individuais e o surto atual e, em caso afirmativo, qual é essa relação.

O Canadá foi um dos países mais recentes a relatar casos suspeitos da varíola de macacos, depois que Espanha e Portugal confirmaram 28 e 23 infecções, respectivamente. Os dois países também investigam dezenas de casos suspeitos.

Já o Reino Unido confirmou 20 casos desde 6 de maio e os Estados Unidos um, afirmando que o paciente havia estado no Canadá. A Suécia e a Itália confirmaram um caso. A França e a Bélgica também registraram as primeiras infecções nesta sexta-feira.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está em contato com autoridades de saúde europeias sobres os possíveis surtos.

Uma grande parte ou possivelmente todos os casos até agora afetam homens. O instituto aconselha viajantes que retornam da África Ocidental a consultarem um médico imediatamente se notarem qualquer alteração incomum na pele, principalmente homens que mantiveram relações sexuais com outros homens.

O período de incubação do vírus varia de sete a 21 dias. Os sintomas, porém, costumam aparecer após dez ou 14 dias. Além das erupções cutâneas, a varíola dos macacos causa dores na cabeça, costas e muscular, febre, calafrios, cansaço e inchaço dos gânglios linfáticos.

A doença, da qual a maioria se recupera em semanas e só é fatal em casos raros. A enfermidade infectou nos últimos anos milhares em algumas regiões da África Central e Ocidental.

No primeiro caso do Reino Unido, o infectado tinha voltado da Nigéria. Autoridades de saúde locais não descartam, porém, a transmissão comunitária do vírus.
Contágio por contato prolongado

A varíola dos macacos não é de fácil transmissão. O vírus é transmitido por meio de contato direito com animais ou humanos infectados ou com roupas e objetos de infectados, por meio da mordida de animais que carregam o vírus ou consumo destes e por gotículas respiratórias, porém, neste caso é necessário um contato pessoal prolongando.

Homens que tiveram relações sexuais com parceiros do mesmo sexo são maioria entre os infectados recentemente. Especialistas britânicos, porém, afirmam que ainda não há evidências suficientes para provar que a varíola dos macacos também é transmitida sexualmente.

A varíola de macaco foi registrada em humanos pela primeira vez em 1970 na República Democrática do Congo. Casos isolados surgiram em outros países africanos. Em 2003, uma infecção por esse vírus foi identificada nos Estados Unidos, e, em 2018, outras duas no Reino Unido e Israel. Desde então, nenhum caso havia sido registrado fora do continente africano.

A OMS considera o risco endêmico da varíola dos macacos como extremamente baixo. A doença é uma zoonose, que passa de animais para humanos.

O patógeno que causa a doença circula entre roedores. Os macacos são considerados hospedeiros de transporte – ou seja, carregam o vírus sem que esse se desenvolva em seus corpos.

md/cn(AFP, Reuters, DPA), via DW

SEM PROVAS - TRF-2 nega recurso contra Lula e Dilma por construção de refinaria


 da Petrobras19 de maio de 2022, 16h46



Por perda de objeto e falta de provas, a 8ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (RJ e ES), por unanimidade, negou remessa necessária e manteve sentença que rejeitou ação popular contra a União, os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e os ex-presidentes da Petrobras Graça Foster e José Sergio Gabrielli de Azevedo por supostas irregularidades na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A decisão é de 26 de abril.Refinaria Abreu e Lima começou suas operações em 2014 em Pernambuco
Reprodução

A ação questionou a construção da Refinaria Abreu e Lima e pediu a paralisação da obra, devolução do investimento feito e indenização por danos morais coletivos.

Em dezembro de 2021, a 27ª Vara Federal do Rio de Janeiro negou e extinguiu ação popular por entender não ter ficado provado que a construção da Refinaria Abreu e Lima foi ilegal ou lesou os cofres públicos.

Em remessa necessária, o relator do caso, desembargador federal Marcelo Pereira da Silva, apontou que houve perda do objeto quanto ao pedido de paralisação das obras de Abreu e Lima. Afinal, após o ajuizamento da ação, a refinaria foi concluída e iniciou suas atividades.

Também houver perda de objeto quanto ao pedido para Lula, Dilma, Graça Foster e Gabrielli restituírem a Petrobras pelos recursos aplicados na obra, destacou o magistrado. Afinal, esse requerimento tem relação direta com o de paralisação da construção, já que a ação buscava que os ex-presidentes do Brasil e da Petrobras devolvessem à estatal os valores até então investidos na implementação da refinaria que o autor queria que não fosse finalizada.

Silva ainda avaliou que eventual discussão sobre a excessividade dos gastos ou a ocorrência de corrupção na construção na refinaria fogem do escopo da ação, até porque não foi produzida nenhuma prova nesse sentido. E tal ponto está sendo apurado em ações criminais e de improbidade administrativa.

O desembargador disse que não há qualquer demonstração de que Lula, Dilma, Graça Foster, Gabrielli, Petrobras ou União cometeram danos morais na construção da refinaria. Portanto, negou o pedido de indenização.

O ex-presidente Lula foi representado no caso pelo escritório Teixeira Zanin Martins Advogados.

Clique aqui para ler a decisão
Processo 0007746-90.2013.4.02.5101

Fonte: CONJUR

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Fux considera constitucional punição a motorista que recusa bafômetro


Relator no STF, Fux considera constitucional punição a motorista que recusa bafômetro

Supremo também julga a proibição da venda de bebidas alcoólicas nas rodovias e tolerância zero ao álcool no volante. Julgamento foi suspenso e será retomado nesta quinta-feira (19).


Por Rosanne D'Agostino e Wellington Hanna, g1 e TV Globo — Brasília

18/05/2022 18h06 Atualizado há 24 minutos

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta quarta-feira (18) que é constitucional punir o motorista que se recusa a fazer o teste do bafômetro.

O Supremo julga, em conjunto, nesta quarta (18), três ações que questionam pontos do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), entre eles, a proibição da venda de bebidas alcoólicas nas rodovias e a tolerância zero ao álcool no volante (veja mais abaixo).

Relator de um recurso que discute a legalidade da punição a motoristas que se recusam a fazer o teste do bafômetro, Fux foi o primeiro a votar no julgamento e votou pela constitucionalidade das normas sob o argumento de que, nelas, “há um consenso de que o melhor dos mundos é a tolerância zero”.

Segundo o ministro, o questionamento contra punição igual para os motoristas com diferentes graus de embriaguez “não se sustenta”.

“Não há um nível seguro de alcoolemia na condução dos veículos. Todo condutor tendo ingerido álcool deixa de ser considerado um motorista responsável”, argumentou.

Fux também lembrou que “a tolerância zero não é exclusividade do ordenamento jurídico brasileiro”.

Em relação ao bafômetro, Fux afirmou que “o risco de ser fiscalizado tem uma capacidade de dissuasão”. “A percepção do risco é considerada mais efetiva do que a densidade da pena”, disse.

Para o relator, o bafômetro é necessário em um país que sofre dos usos nocivos do álcool no trânsito.

Já em relação à questão de o motorista não se autoincriminar, Fux lembrou que esse princípio é parte da esfera penal, não administrativa. Segundo o ministro, trata-se de “incentivo para que os condutores cooperem, cabível sanção em caso de não cumprimento”.

O julgamento foi suspenso e será retomado nesta quinta-feira (19) com o voto dos demais ministros. A decisão do STF tem repercussão geral, ou seja, deverá ser seguida pelos demais tribunais no país.

Atualmente, o Código de Trânsito Brasileiro prevê multa administrativa para quem se recusa a fazer “teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa”.

Além de multa, há suspensão do direito de dirigir por 12 meses, recolhimento da habilitação e retenção do veículo.

Casos

O plenário avalia um recurso do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS), que tenta reverter decisão que anulou multa aplicada a um motociclista de Cachoeirinha (RS), que recusou o teste.

O motociclista alegou que não havia nenhum outro sinal de embriaguez, portanto, não há infração. Já o Detran diz que é razoável a multa diante da recusa, porque ela impede a fiscalização.

Em outra ação, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) e Associação Brasileira das Empresas de Gastronomia, Hospedagem e Turismo contestam a proibição da comercialização de bebidas alcoólicas em rodovias federais.

Segundo a CNC, a mudança das regras, sem justificativa para a paralisação completa de uma atividade econômica, representa intervenção indevida na ordem econômica.

Além disso, a Associação Brasileira Restaurantes e Empresas de Entretenimento (Abrasel Nacional) questiona trechos da Lei Seca e quer que seja estabelecido um limite de álcool diferente do zero para os motoristas.

PGR

O procurador-geral da República, Augusto Aras, defendeu a rejeição das ações.

“A liberdade individual pode sofrer restrições quando ameaçar a segurança de todos. O trânsito seguro é direito de todos”, afirmou

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Você acha que conhece o melhor da literatura brasileira, mas nunca leu "Canaã", de Graça Aranha?

Tenho minhas dúvidas se você já bebeu da fonte mais lúcida da nossa literatura.

quinta-feira, 12 de maio de 2022

EXPLORAÇÃO DE TRABALHO INFANTIL INDÍGENA, NOS EUA - El horror de los internados para niños nativos en Estados Unidos


Una investigación oficial calcula que “miles o decenas de miles” de niños murieron en escuelas públicas para indios desde el siglo XIX

MIGUEL JIMÉNEZ
Washington - 12 MAY 2022 - 00:40 BRT


Homenaje a las decenas de niños que murieron hace más de un siglo en un internado de Albuquerque (Nuevo México).SUSAN MONTOYA BRYAN (AP)

Les arrebataban de los brazos de sus padres, les cambiaban el nombre, les cortaban el pelo, les impedían hablar su idioma o practicar su religión y costumbres, les imponían disciplina marcial. Muchos no sobrevivieron y fueron enterrados al lado de los colegios en que estaban internados.

El Gobierno de Estados Unidos ha publicado el primer volumen de su investigación sobre el trato denigrante que durante más de un siglo se dio a niños nativos americanos en internados y colegios públicos. Entre las conclusiones, que más de 500 niños murieron en 19 de esos internados del horror. “Se espera que ese número crezca” según avance la investigación, dice el informe, que estima que la cuenta subirá hasta “los miles o las decenas de miles” de niños muertos en los internamientos.
El descubrimiento de centenares de tumbas de niños indígenas sin marcar en internados de Canadá llevó a Estados Unidos a poner en marcha su propia investigación. Los primeros resultados se han publicado este miércoles por parte del Departamento de Interior, que en Estados Unidos se encarga de la gestión y protección de los territorios de propiedad federal y se ocupa también de las comunidades indígenas
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Niños apaches a su llegada al internado para indios de Carlisle, en Pensilvania.

La investigación muestra que, entre 1819 y 1969, el sistema federal de internados para niños indios americanos constaba de 408 escuelas federales en 37 estados o entonces territorios, incluidas 21 escuelas en Alaska y 7 en Hawái. La investigación identificó lugares de enterramiento marcados o sin marcar en 53 escuelas, y admite que es probable que vayan apareciendo más.

El informe ha sido presentado por la actual secretaria de Interior, Deb Haaland, la primera nativa americana en el cargo. “Las consecuencias de las políticas federales de internado indígena, incluyendo el trauma intergeneracional causado por la separación de la familia y la erradicación cultural infligida a generaciones de niños desde tan solo cuatro años, son desgarradoras e innegables”, ha señalado a través de un comunicado.

Haaland considera que se deben aprovechar los resultados de esta investigación para dar voz a las víctimas y sus descendientes y tratar de curar las heridas que esa actuación dejó en las poblaciones indígenas.
La secretaria de Interior, Deb Haaland, en un acto de febrero pasado en Jackson, Misisipi.ROGELIO V. SOLIS (AP)

El primer volumen, de 106 páginas sin contar los anexos, describe cómo el intento de asimilación cultural de los niños indígenas a través del sistema de internados contribuía en realidad al objetivo más amplio de despojar de sus tierras y posesiones a las tribus indias americanas y los nativos de Alaska y Hawái. “Creo que este contexto histórico es importante para entender la intención y la escala del sistema federal de internados para indios, y por qué persistió durante 150 años”, señala Bryan Newland, subsecretario para Asuntos Indios, en la carta de presentación del informe.

El documento se extiende en recopilar testimonios históricos que apuntan en esa dirección y recuerda que se firmaron centenares de tratados en la segunda mitad del siglo XIX con los nativos americanos que sirvieron para despojarles de sus territorios. Algunos de ellos contemplaban la educación, pero el informe señala que hay abundantes pruebas de que muchos niños fueron forzados a separarse de sus padres o internados sin consentimiento familiar. Algunos nativos pagaron con su vida la resistencia a que les arrebatasen a sus hijos.

Uno de los anexos muestra los mapas de localización de los internados. La ilustración mancha de puntos negros todo el mapa de Estados Unidos, pero muy especialmente los actuales estados de Oklahoma, Nuevo México y Arizona.
Mapa de localización de los internados para niños indios de Estados Unidos (sin incluir Alaska ni Hawái), en una captura tomada del informe oficial.

En muchos de esos lugares, como parte de la formación, los niños desarrollaban trabajos de ganadería, agricultura, avicultura, ordeño, fertilización, explotación maderera, fabricación de ladrillos; cocina, confección de ropa... pero el informe indica que salían de la escuela con una formación poco útil para integrarse en el sistema productivo. 

En la práctica, bajo la apariencia de una supuesta educación, lo que se estaba es usando trabajo infantil. Con frecuencia, el Gobierno federal colaboró con organizaciones e instituciones religiosas que gestionaban los internados.

En el informe se documenta cómo se llevó a cabo una política de desarraigo deliberada. No solo se les separaba de sus padres y familiares, sino que en los internados se mezclaba a indios de diferentes tribus, con el propósito adicional de que tuvieran que utilizar necesariamente el inglés para comunicarse.

El comisario para Asuntos Indios William A. Jones señalaba en 1902 que había que ser persistente y comparaba a los nativos con pájaros enjaulados. Decía que la primera generación quiere volar de la jaula porque conserva los instintos, pero tras varias generaciones el pájaro preferirá vivir en la jaula que salir volando. “Lo mismo ocurre con el niño indio”, añadía, según recoge el informe: “El primer piel roja salvaje llevado a la escuela se resiente de la pérdida de libertad y anhela volver a su hogar salvaje. Sus descendientes conservan algunos de los hábitos adquiridos por del padre, pero evolucionan en cada sucesiva generación, fijando nuevas reglas de conducta, diferentes aspiraciones y mayores deseos de estar en contacto con la raza dominante”.
Niños recogiendo patatas en un internado para indígenas.

La investigación ha recopilado los maltratos y abusos a que se vieron sometidos los niños, más allá de la separación de sus familias y el internado forzoso. “El sistema federal de internados para indios desplegó metodologías sistemáticas de militarización y de alteración de la identidad para intentar asimilar a los niños indios americanos”, dice el informe.

“Las normas a menudo se hacían cumplir mediante castigos, entre ellos castigos corporales como el aislamiento, la flagelación, la privación de alimentos, azotes, bofetadas y esposas. (...) A veces se obligaba a los niños indios mayores a castigar a los menores”, añade. Algunos niños trataban de escapar de los internados. Si eran descubiertos o capturados, recibían un severo castigo.
Un profesor de historia observa una foto de un internado para nativos del siglo XIX en Santa Fe.SUSAN MONTOYA BRYAN (AP)

La investigación ha descubierto ya 53 enterramientos en esos internados y en 19 de los centros se han identificado más de 500 muertes infantiles. El informe no entra a analizar directamente las causas, pero sí señala que todo el sistema de asimilación y desarraigo fue “traumático y violento”.

Aunque por ahora las muertes que se han detectado son unos cientos, el Departamento de Interior prevé que la investigación en marcha “revele que el número aproximado de niños indios que murieron en los internados indios federales sea de miles o decenas de miles”, muchos de ellos enterrados en fosas comunes o sin identificar. “Las muertes de niños indios mientras estaban bajo el cuidado del Gobierno Federal, o de instituciones apoyadas por él, condujo a la ruptura de las familias indias y a la erosión de las tribus indias”, concluye el informe.

Fonte: EL PAIS

Braço forte, mas olhos vesgos?


Braço forte, mira nem tanto: Exército disparou míssil e acertou fazenda, diz deputado
Militares que faziam exercício com disparo de foguetes erraram o alvo e atingiram propriedade rural, afirma parlamentar aliado, que exige explicações. Caserna parece estar mais empenhada em campanha golpista de Bolsonaro

General Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa..Créditos: YouTube/Reprodução
Escrito en BRASIL el 11/5/2022 · 22:49 hs


Não bastassem as denúncias de vida boa, regada a iguarias finas e com comprimidos para disfunção erétil, próteses penianas pagas com dinheiro público e a possibilidade de ganhar dois salários acima do teto, além da pecha de golpistas por endossarem os devaneios autoritários de Jair Bolsonaro, os militares brasileiros têm agora mais uma coisa com que se preocupar: a mira de seus canhões.

O deputado federal José Nelto (Podemos-GO) foi à sessão da Câmara desta quarta-feira (11), em Brasília, e denunciou, da tribuna, que um exercício militar realizado pelo Comando de Artilharia do Exército, localizado em Formosa (GO), atingiu por engano uma fazenda de soja do município com um míssil.

“Acabo de receber uma notícia de que caiu um míssil na minha cidade de Formosa, lá no Forte Santa Bárbara. Ele foi lançado e mudou o trajeto, caindo perto da cidade, numa plantação de soja. Diante deste grave incidente, eu estarei convidando o ministro da Defesa, o comandante do Exército e o comandante do Forte de Santa Bárbara, para comparecer no plenário ou na comissão para dar as explicações. Como pode um míssil ser lançado e ser desviado? Caiu em uma plantação ao lado da cidade de Formosa”, denunciou o deputado goiano.

O parlamentar estava indignado com o episódio e exigiu do Ministério da Defesa uma explicação para um evento tão grave, que poderia ter resultado numa tragédia. A pasta, comandada atualmente pelo general Paulo Sérgio Nogueira, ainda não se pronunciou sobre o suposto ocorrido relatado pelo deputado.

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Bolsonaro capricha na escolha de gente da pior espécie

'Pinochet é de esquerda' e 'China é uma merda': o que pensa o novo ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida


Sachsida é um defensor das propostas neoliberais de Paulo Guedes e já disse que "mulheres são mais eficientes fora do mercado"

11 de maio de 2022, 12:31 h Atualizado em 11 de maio de 2022, 13:47
(Foto: Alan Santos/PR)

247 - Jair Bolsonaro decidiu substituir Bento Albuquerque por Adolfo Sachsida no comando do Ministério de Minas e Energia. Ele assume o cargo desde já.

Tendo servido anteriormente como assessor especial no Ministério da Economia, Saschida chega à nova pasta diante da alta dos combustíveis.

Dentro do governo, ele foi um defensor da agenda de reformas de Paulo Guedes, como a privatização da Eletrobrás e uma reforma tributária.

Segundo o jornalista Maurício Angelo, Saschida "é da turma ultraliberal que trouxe o modelo pinochetista para cá", escreveu no Twitter

Um vídeo circula nas redes sociais com cortes de falas do novo ministro de Minas e Energia, algumas demonstrando apoio a Jair Bolsonaro e críticas contra China ("é uma merda"). Ele diz ainda que "mulheres são mais eficientes fora do mercado".

Em certa ocasião, chegou a dizer que o ex-ditador neoliberal chileno Augusto Pinochet seria de esquerda: "Pinochet é um cara difícil de enquadrar, porque, por um lado, ele colocava o Estado acima do indivíduo. Então, desse jeito ele é um esquerdista, mas por outro lado ele queria o sistema de preço via mercado e a propriedade privada. Na parte econômica, Pinochet era de direita, mas na política, de esquerda".

Na área acadêmica, Saschida é formado em Direito com mestrado e doutorado em economia pela Universidade de Brasília (UnB). Também realizou pós-doutorado na University of Alabama, nos Estados Unidos.

Ele atuou como professor na Universidade Católica de Brasília e a Universidade do Texas. Atualmente, leciona nos cursos de graduação e mestrado em Economia no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).


sexta-feira, 6 de maio de 2022

Do Morro do Antão

Há nas vizinhanças do Desterro o “morro do Antão”, eminência bastante elevada, de onde se domina lindo panorama, realmente notável, no conjunto daquelas estupendas belezas que da ilha de Santa Catarina, e suas vizinhanças, fazem uma das mais belas regiões marítimas do mundo. 

(...) De cima do morro do Antão, todos estes lindos arrabaldes do Desterro, Mato Grosso, Olarias, praia de Fora tinham encantador aspecto com as suas casas e casinhas brancas, cercadas de vegetação, rodeadas de verdejantes pomares e sebes vivas, pequenos cafezais, potreiros, tudo isto formando o mais agradável contraste de cores. 

O porto movimentado pelo número considerável de navios fundeados era do maior pitoresco o contraste entre os vapores já de certo viso e os veleiros, sem contar que numerosas embarcações de pesca se ocupavam na faina que tinham, velejando em diversas direções daqueles mares piscosíssimos. 

No segundo plano divisávamos o Estreito que separa as águas das duas baías de Santa Catarina, a grande planície que se acha entre a praia dos Barreiros e a praia Comprida, de areias alvíssimas, arraial do Estreito, a cidade de São José, as pequenas vilas de São Miguel e Biguaçu, as freguesias de Santo Antônio e Ribeirão. 

E o que àquela paisagem dilatada dava o maior encanto era surgirem ao norte, ao sul, a oeste, em todas as direções, uma infinidade de casinhas brancas, beirando o mar, cercadas pelo verde-escuro dos cafezais e dos laranjais. E os recortes do litoral? Que rendilhado variado magnífico!

Visc. de TAUNAY - Paisagens brasileiras.

"Justiça contaminada: o teatro do lavajatismo na Paraíba": jornalistas lançam documentário

 

Dividida em oito episódios, produção mostra a semelhança entre métodos políticos no judiciário

Brasil de Fato | João Pessoa - PB |
 
Ilustração - Imagem: Reprodução

O sistema judicial brasileiro é o suspeito em um documentário lançado nesta quarta-feira (4). Justiça contaminada: o teatro do lavajatismo na Paraíba mostra como a Operação Lava Jato pode ter “contaminado” o sistema judiciário brasileiro, replicando seus tentáculos políticos e métodos irregulares para a Paraíba, onde ocorreu a Operação Calvário.

O documentário produzido pelos jornalistas Camilo Toscano e Eduardo Reina foi lançado com transmissão ao vivo pela TV Conjur, e com a presença do ex-governador Ricardo Coutinho em uma live para debater o tema. Principal alvo da operação deflagrada pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Justiça, Coutinho governou a Paraíba por dois mandatos, eleito em 2010 (53,7% dos votos) e reeleito em 2014 (52,6%).

Responsáveis pela Calvário na Paraíba, o promotor Octávio Paulo Neto, do Ministério Público, e o desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça, eram chamados pela imprensa local como ‘Moro e Dallagnol da Paraíba’. 

O enredo em muito lembra o da Operação Lava Jato: divulgação de notícias sem checagem de dados e sem um motivo justo e o combate à corrupção  como justificativa para abusos.

Destruição da imagem

Na live de lançamento do documentário, Coutinho apontou como primeiro problema a “dificuldade enorme de acesso às supostas provas” e a busca constante de destruição da imagem. “Não é só a institucionalidade, a mídia não lhe dá um único minuto para você responder, esclarecer. Até hoje, três anos depois, eu nunca fui ouvido. Esse processo todo é uma violência do Estado”, afirma o ex-governador, citando a imprensa e seu “papel fundamental de destruidor” no processo.

Depois de ter sofrido ameças, inclusive de morte, ele acredita que foi perseguido por ter se posicionado contra o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – ou, como ele diz, os “golpes” de 2016 e 2018. “Eu era governador e tive posição, e teria de novo”, acrescenta Coutinho, lembrando que sua crítica não é dirigida à instituição MP, mas a alguns promotores. “Os juízes sabem que não há materialidade, não há provas”.

Delator com regalias

A operação foi realizada no final de 2019, quase um ano depois de Coutinho deixar o governo estadual. Ele chegou a ser preso sob acusação de liderar uma organização criminosa que teria desviado dinheiro público especialmente na área da saúde, por meio de contratos com a Cruz Vermelha.

“O principal delator da Calvário – Daniel Gomes da Silva – contou com regalias para acusar Ricardo Coutinho e seu grupo político”, afirmam os autores do filme. “O delator usava um notebook na cela da Penitenciária da Papuda, em Brasília, para transcrever conversas que foram utilizadas para sustentar prisões, buscas e apreensões e as acusações feitas pelo Ministério Público na investida que perseguiu a família e pessoas ligadas politicamente ao ex-governador.” Daniel era representante da Cruz Vermelha.

Documentário tem nove episódios

O documentário foi elaborado a partir da leitura de 10 mil páginas dos processos e da realização de várias entrevistas. Além de apontar semelhanças entre as operações e irregularidades, a investigação busca mostrar o fenômeno conhecido como lawfare, ou “o uso das investigações de corrupção como arma de destruição no campo político”.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Que te parece: cocoroca ou corcoroca?

- Moça bonita é fruta rara por estas matarias e brenhas do inferno... Quanto a mim, ainda não botei o olho senão em velhas corcorocas e serpentões... -  Visc. de TAUNAY -  Inocência

Isso só confirma quem manda nesse governo traidor - Reportagem exclusiva da Reuters revela que chefe da CIA mandou Bolsonaro não melar as eleições no Brasil




Recado do diretor da CIA, William Burns, foi repassado em julho do ano passado a assessores e ministros militares do governo Jair Bolsonaro
5 de maio de 2022, 10:11 h Atualizado em 5 de maio de 2022, 10:41
72William Burns e Jair Bolsonaro (Foto: Reuters)

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Reuters - O diretor da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) disse a autoridades de alto escalão do Brasil no ano passado que Jair Bolsonaro deveria parar de questionar o sistema eleitoral do país antes do pleito de outubro, segundo disseram fontes à Reuters.

Os comentários do diretor da CIA, William Burns, que ainda não haviam sido levados a público, foram feitos em uma reunião a portas fechadas em julho, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto, que falaram sob condição de anonimato. Burns era, e continua sendo, a autoridade de maior escalão dos EUA a se reunir em Brasília com o governo Bolsonaro desde a eleição do presidente norte-americano, Joe Biden.

Uma terceira pessoa em Washington com conhecimento do assunto confirmou que a delegação liderada por Burns havia dito a assessores importantes de Bolsonaro que o presidente deveria parar de minar a confiança do sistema eleitoral do Brasil. A fonte não tinha certeza se foi o próprio diretor da CIA quem expressou a mensagem. A CIA se recusou a comentar. O gabinete de Bolsonaro não respondeu ao pedido por comentário.

Burns chegou a Brasília seis meses depois da invasão de 6 de janeiro ao Capitólio, após a derrota do ex-presidente norte-americano Donald Trump na eleição norte-americana. Bolsonaro, que idolatra Trump, ecoou as alegações sem fundamento do ex-líder norte-americano de que houve fraude nas eleições de 2020 nos EUA. Ele também fez questionamentos similares sobre o sistema eletrônico de votação do Brasil, classificando-o como suscetível a fraudes, sem apresentar evidências. 

Isso gerou medo entre seus adversários de que Bolsonaro, perdendo para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de opinião, está semeando a dúvida para que possa seguir o exemplo de Trump, rejeitando uma possível derrota na votação de outubro. Em várias ocasiões, Bolsonaro ventilou a ideia de não aceitar os resultados e atacou repetidas vezes o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Semana passada, em seu mais recente ataque, Bolsonaro sugeriu que os militares deveriam conduzir sua própria contagem de votos, paralelamente ao tribunal. Duas fontes alertaram para uma possível crise institucional se Bolsonaro perdesse por uma margem pequena, com muita atenção voltada às Forças Armadas do Brasil, que governaram o país entre 1964 e 1985 durante uma ditadura militar celebrada por Bolsonaro.

Durante a sua viagem que não foi anunciada, Burns, um diplomata de carreira indicado por Biden ano passado, se reuniu no Palácio do Planalto com Bolsonaro e dois assessores de alto escalão de inteligência - o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e o então chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.

Ambos foram nomeações de Bolsonaro.Burns também jantou na residência do embaixador dos EUA com Heleno e o então ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, dois ex-generais. O Exército brasileiro é historicamente próximo da CIA e de outros serviços de inteligência dos EUA. No jantar, de acordo com uma das fontes, Heleno e Ramos buscaram minimizar o significado das repetidas alegações de fraude eleitoral feitas por Bolsonaro.

Em resposta, segundo a fonte, Burns disse a eles que o processo democrático é sagrado, e que Bolsonaro não deveria falar daquela maneira. "Burns estava deixando claro que as eleições não eram uma questão em que eles deveriam se intrometer", disse a fonte, que não estava autorizada a falar em público. "Não foi um sermão, foi uma conversa."

Enviado de Biden

Não é comum que diretores da CIA enviem mensagens políticas, disseram as fontes. Mas Biden deu poder a Burns, um dos mais experientes diplomatas norte-americanos, para ser um porta-voz discreto da Casa Branca.

Mês passado, por exemplo, Burns disse em um discurso público que em novembro, quatro meses depois de visitar Brasília, Biden o enviou a Moscou "para transmitir diretamente ao (presidente russo Vladimir) Putin e vários de seus conselheiros próximos a profundidade da nossa preocupação sobre seus planos de guerra e as consequências à Rússia" caso eles seguissem em frente.

O conteúdo dos seus comentários em Brasília foi reforçado este mês, após sua viagem, quando o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, visitou Bolsonaro e expressou preocupações similares sobre os ataques à confiança das eleições. No entanto, a mensagem da delegação de Burns foi mais forte que a de Sullivan, disse a fonte que mora em Washington, sem entrar em mais detalhes.

"É importante que brasileiros tenham confiança nos seus sistemas eleitorais", disse uma autoridade do Departamento de Estado dos EUA em comunicado, em resposta a um pedido por comentários, acrescentando que os Estados Unidos confiam nas instituições brasileiras, incluindo eleições livres, justas e transparentes.

No último sábado, no entanto, em mais um sinal de inquietação entre o establishment da política externa de Washington, o ex-cônsul dos EUA no Rio de Janeiro escreveu em um jornal brasileiro que os Estados Unidos deveriam deixar claro a Bolsonaro que qualquer tentativa de minar as eleições deveria gerar sanções multilaterais.
Biden e Bolsonaro ainda não comentaram

Durante a campanha presidencial norte-americana de 2020, os dois entraram em conflito em relação ao histórico ambiental de Bolsonaro, e ele foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Biden sobre Trump.

Autoridades em Washington tentaram melhorar os laços com Brasília nas últimas semanas, e os presidentes das duas maiores nações do Hemisfério Ocidental podem se reunir em pessoa em breve, se Bolsonaro comparecer à Cúpula das Américas, marcada para junho em Los Angeles.