Lavar pouco ou nada a roupa: o que é o movimento “No-Wash”, que tem somado cada vez mais apoiantes?
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No Dia Mundial do Meio Ambiente, que se celebra a 5 de junho, explicamos-lhe o que é o movimento "No-Wash", que tem ganhado cada vez mais apoiantes
Com uma maior consciencialização ambiental, existe também um conjunto cada vez maior de pessoas que evitam lavar com tanta frequência as suas roupas, ou optam, simplesmente, por não as lavar. Este movimento já ficou conhecido internacionalmente como “No-Wash” (“Não à Lavagem”, em português).
As calças de ganga são a peça que mais tem marcado esta ação climática, mas o fenómeno estende-se a qualquer tipo de roupa. De acordo com os apoiantes do movimento, a lavagem frequente da roupa pode fazer com que ela se rasgue, encolha e perca a cor, o que acaba por afetar o meio ambiente, por um lado, e criar uma necessidade maior de consumo.
Bryan Szabo, que representa o movimento, fundou o Indigo Invitational, um concurso internacional que acompanha o debotar das calças dos participantes durante um ano. Em síntese, o concurso funciona desta forma: os participantes têm um par de calças de ganga, nunca usado, e enviam atualizações mensais de fotos para que se possa acompanhar o progresso do debotar. Os participantes podem lavar as calças, mas a ideia é que o façam o mínimo possível, e não podem utilizar qualquer tipo artificial de remoção da cor.
O hábito de Szabo lavar menos a sua roupa começou quando o fundador do concurso comprou o seu primeiro par de jeans em 2010, enquanto viajava pela Europa durante seis meses, vindo do Canadá. “Foi uma peculiariedade minha usar estas calças mal cheirosas”, relata à BBC, acrescentando que as calças cheiravam “horrivelmente”.
Entre os participantes do Indigo Invitational, mais de nove em cada dez participantes atrasam a primeira lavagem das suas calças até que tenham sido usadas 150 ou 200 vezes, estima o fundador.
Em vez de recorrerem à máquina de lavar a roupa, os defensores desta prática utilizam outras formas de cuidar das suas roupas, como colocá-las ao sol. Szabo afirma também que também podem ser arejadas durante a noite, apesar de ele próprio fazer uso da máquina de lavar.
Mark Sumner, professor de moda sustentável na Universidade de Leeds, Inglaterra, garante que “uma das piores coisas que se pode fazer a uma roupa, em termos de durabilidade, é lavá-la”. Juntamente com outros investigadores, o especialista estuda como as microfibras da lavagem de roupas doméstica acabam em animais marinhos. Mas apesar de defender que deve haver uma redução na frequência de lavagem das roupas, não apoia uma medida extrema, de abandono da máquina de lavar.
“Não queremos que as pessoas pensem que não podem lavar as coisas porque estão a destruir o planeta”, explica, também à BBC. “Trata-se de tentar encontrar o equilíbrio”. Lavar a roupa é importante por razões de higiene mas também médicas, afirma, por exemplo para pessoas que sofrem de eczema.
O especialista defende, portanto, que a melhor abordagem é ser flexível. “Se as suas roupas não cheiram mal, não se preocupe em lavá-las”, aconselha. “E quando for lavá-las, faça-o para deixar a roupa limpa, mas da maneira mais eficaz”, aconselha, acrescentando que as peças devem ser lavadas a temperaturas mais baixas e com ciclos de lavagem curtos sem sabão em pó.
https://visao.pt/visao_verde/ambiente/2023-06-05-lavar-pouco-ou-nada-a-roupa-o-que-e-o-movimento-no-wash-que-tem-somado-cada-vez-mais-apoiantes/
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