Nikolas Ferreira também propagou mentira criada pela mídia israelense, que ganhou repercussão na GloboNews, mas foi desmentida pelo próprio Exército de Israel.
Escrito em Mídia11/10/2023 · 09:42
Jorge Pontual, Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira. TV Globo / Instagram
A cobertura da guerra entre Hamas e o Estado Sionista de Israel desta terça-feira (10) revelou como fake news criadas pela mídia liberal alimentam o discurso de ódio e preconceito propagado pela extrema-direita bolsonarista no Brasil.
Após Mônica Waldvogel criar fake news sobre apoio do PT ao Hamas, foi a vez do correspondente da GloboNews em Nova York, o jornalista veterano Jorge Pontual, disseminar a mentira de que o grupo islâmico teria decapitado bebês durante ação no kibutz Kfar Aza, localizado na fronteira com a faixa de Gaza.
Em comentário na GloboNews, Pontual falou sobre o "horror de todos, não só americanos e israelenses, diante dessa monstruosidade que o Hamas fez em Israel: é pior que terrorismo você decapitar bebês".
A fake news, no entanto, foi desmentida pelo próprio Exército de Israel. Segundo a agência de notícias turca Anadolu, as forças israelenses afirmaram que não tem informações sobre a decapitação de bebês durante o conflito.
"Temos visto as notícias, mas não temos nenhum detalhe ou confirmação a respeito", afirmou à agência o porta-voz do Exército de Israel.
A informação passou a circular após a jornalista Nicole Zedeck, do canal israelense i24News, acompanhar a ação de um grupo de militares em Kfar Aza
"Um dos comandantes aqui disse que, ao menos, 40 bebês foram mortos. Alguns deles foram decapitados, ele disse que nunca viu um ato de brutalidade desta forma", afirmou.
Em seguida, compartilhando a notícia na rede X (antigo Twitter), a jornalista afirmou que "os soldados disseram que acreditam que 40 bebês/crianças foram mortos. O número exato de mortos ainda é desconhecido".
Oren Ziv, outro repórter que acompanhou a ação dos militares na região, afirmou em sequência de publicações na rede X que "não vimos nenhuma evidência disso, e o porta-voz ou comandantes do exército também não mencionou nenhum desses incidentes", sobre supostos bebês decapitados pelo Hamas.
"Durante a visita, os jornalistas foram autorizados a falar com centenas de soldados no local, sem a supervisão da equipa de porta-vozes do exército. A repórter do I24 disse que ouviu isso 'de soldados'. Os soldados com quem conversei ontem em Kfar Aza não mencionaram 'bebês decapitados'. O porta-voz do exército afirmou: 'Não podemos confirmar neste momento… estamos cientes dos atos hediondos de que o Hamas é capaz'”, afirmou Ziv.
O jornalista ressaltou que "a cena em Kfar Aza era horrível, com dezenas de corpos de israelenses assassinados em suas casas", mas alertou que a fake news agora será usada pela máquina de guerra do governo sionista de Israel.
"Infelizmente, Israel irá agora usar estas falsas alegações para intensificar o bombardeamento de Gaza e para justificar os seus crimes de guerra naquele país".
Redes do ódio
A divulgação da fake news pela Globo se propagou nas redes do ódio da extrema-direita. Filho de Jair Bolsonaro (PL), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) compartilhou a fake news em ao menos duas publicações na rede X.
"Bom dia para você não apóia que terroristas decapitem 40 bebês", escreveu em publicação já na manhã desta quarta-feira (11).
Outro expoente das redes do ódio, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também surfou na onda de fake news divulgada pela GloboNews.
"40 bebês decapitados pelo Hamas. Nem assim autoridades brasileiras virão condenar e chama-los de terroristas? Surreal", escreveu o parlamentar mineiro disseminando a fake news, que segue sendo propagada nas redes e grupos de WhatsApp e Telegram bolsonaristas.
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