Se tem um campo onde as aparências não coincidem com a realidade, este é a política, que refelete os interesses econômicos, dentre eles os das mais diversas religiões.
As duas matérias abaixo reproduzidas, uma publicação do tempo da campanha, outra do pós eleição do "mandatário do povo argentino" (ou seria "preposto dos interesses judaicos"?) mostram que o povo ilude-se com democracia e que o exercício do direito de votar acaba influindo um tantinho que seja nos destinos de uma nação.
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A Argentina pode eleger o primeiro presidente convertido ao Judaísmo
O fenômeno eleitoral na Argentina, Javier Milei, quer ser o primeiro presidente convertido ao judaísmo da história daquele país.
Suas ideias libertárias se ajustam à tradição do uso da religião como instrumento da política.
07:24
Pedro Pinto de Oliveira – Com La Nación
A religião definitivamente é parte da política como elemento de distinção em relação aos adversários da hora. Uma distinção que enfatiza o fosso social, uma espécie de algoritmos divinos que marcam preferências e acentuam a formação e a separação da sociedade em grupos radicais. A religião define o campo de oposição entre crentes contra hereges, do “nós contra eles”, do povo do bem contra o povo do mal. Enfim, reproduz a velha luta de sempre: para existir Deus é preciso criar o Diabo.
Na Argentina, majoritariamente católica, o fenômeno eleitoral da extrema direita, Javier Milei, é retratado como um político convertido aos ideais religiosos do judaísmo. Ele faz desta religião a base do seu discurso de transformação radical da vida política naquele país. Milei quer ser o primeiro presidente argentino convertido ao judaísmo.
Foto: Reprodução/ Redes sociais
Mas nem tudo é só espiritualidade que se vende como um caminho novo para o povo argentino, massacrado por uma economia caótica e definitivamente, com trocadilho, sem fé nos políticos tradicionais.
Milei já anunciou que, caso seja eleito presidente, a primeira visita que fará será para conhecer o Estado de Israel, e levando o anúncio da mudança da embaixada da Argentina para Jerusalém.
Para os muçulmanos esta mudança é uma blasfêmia religiosa e política, uma briga comprada francamente por Milei.
Os brasileiros lembram que o ex-presidente Jair Bolsonaro ensaiou fazer esta mudança e foi convencido pela diplomacia brasileira de que seria um tiro no pé nas relações comerciais com os países árabes.
Por enquanto, como candidato, o anúncio da mudança da embaixada é só mais um dos “torpedos” disparados por Milei, para demonstrar coragem e vontade para mudar tudo na Argentina.
Para um povo cansado de promessas dos velhos quadros partidários, essa conversa da miríade do novo parece estar funcionando.
Na edição desta sexta-feira (14/9) no jornal argentino La Nacion, a jornalista Maia Jastreblansky descreveu esta trajetória de atração e provável conversão de Milei ao judaísmo, criado no catolicismo, cuja ascensão meteórica nos últimos anos na política se deu em paralelo a essa busca espiritual. De todo modo, o processo de conversão não se dará neste período de campanha eleitoral, por conta de requerer tempo e dedicação aos estudos do judaísmo.
Uma frase da irmã de Milei demonstra a importância da religião agregada francamente à política.
“A reflexão sobre o Torá (livro referencial do judaísmo) dá maior amplitude para ele poder analisar a realidade do país”.
Os brasileiros viram esta encenação da fusão dos valores da religião com os valores da política. Uma fusão movida pela esperteza, fonte de sedução eleitoral e exclusão no apelo do nós contra eles. Jair Bolsonaro usou a religião evangélica como instrumento eleitoral, rebaixando os ideais da fé dos crentes aos seus interesses pessoais e politico-eleitorais.
A conferir se o judaísmo, na Argentina católica, servirá para converter a descrença dos argentinos na política tradicional em voto para o candidato chamado de “libertário”.
Milei, o libertário, que se apresenta como novo, livre, e com ideias radicais para mudar a vida dos argentinos num passe de mágica, quer dizer, num “passe de fé” religiosa.
Fácil como se vira uma página de livro, no caso de Milei, uma página do Torá.
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Javier Milei, Chabad Lubavitch, Trump, Putin e o messianismo judaico que é considerado uma heresia dentro do judaísmo
por Agência EN
25/10/2023
André Figueiredo
Menachem Mendel Schneerson , rabino ao qual o candidato à presidência da Argentina, Javier Milei, foi visitar o túmulo em Nova York, foi um grande articulador político.
A máfia russa está intimamente associada ao Chabad-Lubavitcher seja frequentemente listado como parte do Judaísmo Ortodoxo, tem sido sucessivamente condenado como herético pelos judeus tradicionais.
Na década de 1980, e início da década de 1990, o rabino Eliezer Menachem Schach, um líder dos judeus estritamente ortodoxos em Israel que exerceu influência poderosa sobre a política do país durante mais de duas décadas, empreendeu uma campanha contra o movimento Lubavitcher. A afirmação messiânica, disse o rabino Schach, era “heresia total”, acrescentando que aqueles que a fazem “queimarão no inferno”.
O messianismo de Lubavitch envolve a crença na vinda do Messias e o objetivo de aumentar a consciência de que sua chegada é iminente. Além disso, o termo também se refere mais especificamente à esperança de que o rabino Menachem Mendel Schneerson (1902–1994), conhecido por muitos como o Rebe, pudesse ser ele próprio o Messias.
Quem foi Schneerson
Schneerson foi um rabino judeu ortodoxo americano nascido no Império Russo, e último Rabino Lubavitcher, considerado um dos líderes judeus mais influentes do século XX. Schneerson transformou o movimento Chabad-Lubavitch, que quase chegou ao fim com o Holocausto, num dos movimentos mais importantes do judaísmo mundial, com uma rede internacional de milhares de centros educacionais e sociais, conhecidos como Chabad Houses.
São João Evangelista afirma que Nosso Senhor Jesus Cristo revelou a ele que havia uma “sinagoga do demônio”, composta por não judeus que se diziam judeus. Se essa sinagoga é o pessoal do Chabad Lubavitch e do Sionismo, não se pode afirmar de modo categórico. Porém, são fortes candidatos.
O Rabino Levi Shemtov chefia o Comitê Central dos Rabinos Chabad-Lubavitch. Shemtov atende às necessidades governamentais e diplomáticas diárias do movimento internacional Chabad-Lubavitch, voando para Buenos Aires, Moscou e outras capitais. Shemtov está frequentemente na Casa Branca, no Pentágono, no Departamento de Estado dos Estados Unidos e em outros locais oficiais de Washington, e mantém relações estreitas com numerosos membros do Congresso dos EUA, altos funcionários da Administração e líderes da comunidade internacional, incluindo vários chefes de estado e governo.
Na década de 1930, o sexto Rebe de Chabad e filho do Rashab, Rabino Yosef Yitzchak Schneersohn, mudou o centro do movimento da Rússia para a Polônia.
Após a invasão da Polónia pela Alemanha em 1939, com a intercessão do Departamento de Estado dos EUA e com o lobby de muitos líderes judeus, incluindo o juiz Louis Brandeis, do Supremo Tribunal, o governo dos Estados Unidos usou suas relações diplomáticas para convencer os nazistas a resgatar Schneersohn.
O esforço também recebeu o apoio do almirante Wilhelm Canaris, chefe da Abwehr, que embora fosse um oficial nazista de alto escalão, muitas vezes ajudava os judeus. Canaris recrutou o major Ernst Bloch, um condecorado oficial do exército alemão de ascendência judaica, que foi colocado no comando de um grupo de oficiais Mischlinge (“mestiços”), designados para localizar Schneersohn e escoltá-lo em segurança até a liberdade. Eles finalmente resgataram mais de uma dúzia de judeus Chabad da família do Rebe ou que estavam associados a ele.
Schneersohn finalmente recebeu imunidade diplomática e passagem segura para ir via Berlim para Riga, Letônia e depois para a cidade de Nova York, onde chegou em 19 de março de 1940.
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Durante a última década da vida de Schneersohn, de 1940 a 1950, ele se estabeleceu no bairro de Crown Heights, no Brooklyn, na cidade de Nova York. Trabalhando com o governo e os contatos que Schneersohn teve com o Departamento de Estado dos EUA, Chabad conseguiu salvar seu genro e o próximo Rebe, Menachem Mendel Schneerson da Vichy Francesa, em 1941, antes que as fronteiras fossem fechadas.
Um dos aspectos mais “intrigantes” da vida judaica russa contemporânea é a estreita relação entre o Kremlin e Chabad Lubavitch. Em 1992,o Rabino Berel Lazar conheceu o confidente de Putin, Lev Leviev, que o apresentou a Boris Berezovsky e Roman Abramovich, oligarca russo e ex proprietário do Chelsea.
Putin criou uma estrutura judaica afiliada ao Kremlin chamada Federação das Comunidades Judaicas Russas. Em 1999, Leviev, aliado de Putin, criou a nova organização, presidida por Abramovich.
Lazar, cidadão americano e natural de Milão, Itália, obteve rapidamente a cidadania russa e foi nomeado rabino-chefe da nova federação.
Lazar é por vezes referido como “Rabino de Putin”, aparece frequentemente ao lado de Putin em eventos públicos e é o líder da Federação das Comunidades Judaicas (conhecida pela sigla russa FEOR).
Os membros do Chabad são uma pequena fração da pequena comunidade judaica da Rússia. Adolf Shayevech, uma figura proeminente na comunidade judaica desde o final do período soviético, foi considerado rabino-chefe até 2000 e ainda reivindica o título. O Congresso Judaico Russo, a maior organização judaica secular do país, também reconhece Shayevech. No entanto, a FEOR recebeu apoio governamental, que restaurou dezenas de sinagogas e construiu centros comunitários judaicos em todo o país. “Em 80% de todas as sinagogas, os rabinos são Chabad”, disse o rabino Alexander Boroda, principal porta-voz da organização.
Numa reunião em 2014 com Lazar e rabinos-chefes de Israel, Europa e Rússia, Putin disse que “apoia a luta de Israel”, foi apontado como um “verdadeiro amigo” e aliado de Benjamin Netanyahu, e prometeu combater o anti-semitismo e “ Negação do Holocausto” na Rússia. Durante a reunião, o Rabino Chefe Sefardita de Israel, Yitzhak Yosef, disse sobre o governo de Putin na Rússia: “de acordo com a tradição judaica, sua liderança é decidida pelo reino de D’us, REI DO MUNDO, e portanto nós o abençoamos: Abençoado seja Aquele que deu a Sua glória à carne e ao sangue.”
Estudiosos ortodoxos e autoridades rabínicas geralmente acreditam que a reconstrução do Terceiro Templo de Jerusalém deveria ocorrer na era do Messias.
O Sinédrio revivido contactou Trump, que prometeu reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, e Putin, que expressou o desejo do mesmo, para unir forças e cumprir os seus papéis biblicamente ordenados, reconstruindo o Templo Judaico em Jerusalém.
O Sinédrio revivido, também conhecido como Sinédrio Nascente, foi estabelecido em 2004. Representa a sexta tentativa na história recente, depois do Rabino Jacob Berab em 1538, do Rabino Yisrael de Shklov em 1830, do Rabino Aharon Mendel haCohen em 1901, do Rabino Zvi Kovsker em 1940 e Rabino Yehuda Leib Maimon em 1949.
O Sinédrio Nascente considera-se um órgão provisório aguardando integração no governo israelense como uma corte suprema e uma câmara alta do Knesset, enquanto a imprensa secular israelense o considera uma organização fundamentalista ilegítima de rabinos.
Um dos últimos Nasi do Sinédrio foi o Chabad-Lubavitcher Adin Steinsaltz [9], que foi aclamado pela revista Time como um “estudioso que ocorre uma vez no milênio”. Os seus objetivos a longo prazo são construir o terceiro templo judaico no Monte do Templo.
O obstáculo mais imediato e óbvio à realização destes objetivos é o fato de duas estruturas islâmicas históricas com treze séculos de idade, nomeadamente a Mesquita de Al Aqsa e a Cúpula da Rocha, são construídos no topo do Monte do Templo. Al Aqsa, também o nome da última operação do Hamas contra Israel, é o terceiro local mais sagrado do Islã sunita. Os muçulmanos acreditam que Maomé foi transportado da Mesquita Sagrada em Meca para al-Aqsa durante a Jornada Noturna, conhecida como o Isra e o Mi’raj.
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