Florianópolis cada vez mais cosmopolita
Mas será isto bom?
O cosmopolitismo, disse-o Euclides da Cunha (em Contrastes e confrontos) é essa espécie de regime colonial do espírito que transforma o filho de um país num emigrado virtual vivendo, estéril, no ambiente fictício de uma civilização de empréstimo.
No nosso caso, com efeito, os valores culturais locais foram menosprezados, vilipendiados, anulados. Pouco, ou quase nada valem atualmente, aos nossos próprios olhos.
Andando pelas nossas cidades e pelo interior, o que vemos é uma sufocante invasão de culturas estranhas à nossa formação e ao sangue pioneiro - paulista desde Dias Velho - dentre elas o gauchismo, o argentinismo, o norteamericanismo, isto sem falarmos no germanismo, porque os germânicos para aqui foram trazidos já no início do século XIX e em nada nos prejudicaram. Muito pelo contrário, com a sua notória capacidade de trabalho e sacrifício, alavancaram, assim como os italianos, o nosso desenvolvimento.
A nossa reação à dominação adventícia resume-se a bater no peito, com um estranho ufanismo, afirmando-nos "manezinhos", isto é, nativos, ao mesmo tempo em que cedemos espaço aos Centros de Tradição Gaúcha, por exemplo, como se os costumes da pampa fossem da nossa tradição de pescadores e pequenos agricultores.
Resumindo: em qualquer lugar que visitemos, dentro da nossa própria terra, tendemos a sentir-nos deslocados, como se fossemos nós os adventícios, os "gringos", os estranhos, os invasores e, porque não dizer, desqualificados, brutos, bárbaros, em comparação com os supostamente ilustrados, vindos de outras plagas, que por aqui aportaram.
Estranha sensação essa. E podem chamar-me de xenófobo, ou coisa que o valha. Estou apenas retratando o que sinto e que, tenho certeza, muitos dos nossos nativos gostariam de expressar, sem intenção de ofender quem quer que seja.
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