Crime que aconteceu em 2019, em Guaraciaba, no Extremo-Oeste Catarinense, foi julgado nesta semana em São Miguel do Oeste
WILLIAN RICARDO , CHAPECÓ09/03/2023 ÀS 14H08 -
Cézar Gastão Fonini, ex-prefeito de Xaxim/SC, foi condenado a 49 anos e 6 meses de reclusão, em regime fechado, por encomendar a morte do advogado Joacir Montagna, há cerca de cinco anos, em Guaraciaba, no Extremo-Oeste de Santa Catarina.
Cezar Gastão Fonini foi condenado a quase 50 anos de prisão – Foto: Marcos Lewe/Rádio 103 FM/ND
O ex-político ainda deverá pagar R$ 500 mil em indenização à família do profissional por danos morais. Fonini, que também era médico, foi condenado por homicídio qualificado por motivos torpe e fútil, além de uso de recurso que dificultou a defesa do advogado. O homem estava preso desde agosto de 2019.
Márcio Luiz Cristofoli, juiz titular da Vara Criminal de São Miguel do Oeste, persistiu o juri popular, que iniciou na última segunda-feira (6) e se encerrou às 11h36 desta quinta (9). A sessão ocorreu na Câmara de Vereadores em razão da complexidade do caso, que contou com reforço na segurança do local.
O ND+ não conseguiu contato com a defesa do ex-prefeito de Xaxim. O espaço segue aberto para manifestação.
A esposa do político e ex-vereadora de Xaxim, Maria de Lourdes Fonini, também era réu por homicídio, mas foi absolvida. Adelino José Dala Riva, que teria contratado dois irmãos para matar o advogado e dado a arma do crime com parte do pagamento, era réu por associação criminosa e também foi inocentado.
Montagna foi morto com um tiro na cabeça no dia 13 de agosto de 2018, enquanto trabalhava em seu escritório. O caso gerou grande comoção na região, em razão do advogado ser bastante conhecido.
Com o andamento do caso, o processo foi dividido. No primeiro julgamento, em 2019, cinco homens foram condenados pela execução da morte, cujas penas somaram 138 anos de prisão.
No primeiro júri, Adelino José foi condenado a 34 anos de reclusão por homicídio qualificado por motivo torpe e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, além de porte ilegal de arma de fogo.
O crime
Conforme a denúncia do Ministério Público, no dia 13 de agosto de 2018, dois acusados saíram de carro de Chapecó para Guaraciaba. Um terceiro foi de motocicleta com placa clonada e número do motor adulterado. Nas proximidades do trevo de Guaraciaba, o executor do homicídio embarcou na moto em direção ao escritório da vítima. Sem retirar o capacete, ele teria anunciado um “assalto” às funcionárias do escritório e pedido para ser levado ao “doutor”. Quando todos deitavam no chão, o acusado teria atirado na cabeça de Joacir Montagna, que faleceu no local.
Os acusados teriam fugido de motocicleta, a qual foi abandonada no interior do município de Guaraciaba. Depois, eles teriam voltado de carro para Chapecó. O contratante teria pago pelo crime R$ 7.500 em dinheiro, além de uma arma de fogo. Ainda de acordo com a denúncia, o tio daqueles acusados realizou a venda de uma arma de fogo e a transportou para outro estado no interior de um ônibus (Autos n. 0003785-90.2018.8.24.0067).
Segundo a denúncia, um casal contratou um homem para providenciar a morte do advogado. Esse contratado acionou o atirador, que por sua vez chamou dois irmãos e um tio para participar do crime. Segundo a investigação, a intenção era facilitar as tratativas de um possível acordo em uma ação de cumprimento de sentença, em que a vítima atuava como advogado da parte contrária e não atendia aos desejos e propostas da família processada para o desfecho da ação judicial.
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