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sexta-feira, 8 de julho de 2022

A água, resultado de uma luta exemplar, de meras gotas persistentes, que não se dão por vencidas, nunca!!!


Durante esta semana, envolvi-me, de corpo e alma, em busca de solução jurídica para problemas de clientes proprietários/possuidores de imóveis que tangenciam ou são cortados por cursos d'água.

E, forçado a filosofar sobre a importância de águas e seu uso, álveos, rios, margens de rios e outros temas correlatos, deparei-me com excertos de leitura (que organizo sob a forma de glossário) que não me canso de admirar, pela veia poética do escritor.

Uma das questões que tive de encarar é sobre a importância de acidentes geográficos de menor significado (os filetes, as valas, os córregos, os riachinhos). Pois bem: da junção de moléculas de oxigênio e hidrogênio, dizem que é feita a água. De muitas moléculas, surgem as gotas. Do aglomerado de gotas surgem os filetes. Destes as nascentes e olhos d'água. E assim por diante, de sorte que, nada, por minúsculo que seja, pode ser considerado desprezível. Assim como, "o povo unido, jamais será vencido", as gotas também não se dão por vencidas e se juntam em algo indispensável para a sobrevivência humana: a água potável. 

Mas, vejamos, como o poeta nordestino descreveu tudo isso: 

- Os seixos roliços aumentam e os filetes d’água, recuando, fugindo, contornando esta pedra, vingando essoutra depois de formarem poças, vão se ajuntando aos poucos para fazerem as nascentes dos grandes rios. 
Quanta perseverança, quanto obstáculo vencido, que trabalho insano, incalculável, pequeninas gotas, para vos reunirdes aos poucos, permeando as grossas camadas de terra, tecendo - animálculos invisíveis - uma trama delicada e bem composta, que se vai enredando cada vez mais compacta, até que o último torrão se dilua e possais cantar ao sol o hino glorioso de uma vitória tão bem pelejada!

É de ver-se, então, o murmúrio alegre com que os regatos se formam e as fontes retoiçam, pompeando ao sol o seu dorso prateado.

Prodigiosa força de atração que chama de cá e de lá aquelas duas células imperceptíveis e as vai levando até ao oceano, onde, mais tarde, quem sabe se o sol as vai buscar, cheias de saudades dos montes e de luta. - AFONSO ARINOS - Pelos sertões.

 

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