A chanceler Angela Merkel participa da manifestação junto ao presidente alemão Joachim Gauck
Merkel, em sua intervenção no protesto contra o antissemitismo. / THOMAS PETER (REUTERS)
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A tranquilidade dominical de Berlim e a visita de centenas de turistas no lugar mais emblemático da cidade, o Portão de Brandemburgo, foram interrompidas esta tarde quando o mundo político, religioso, cultural e intelectual do país se reuniu no local para denunciar uma doença que parecia ter desaparecido do país: o antissemitismo. Sob o lema “Levante-se. Ódio aos Judeus Nunca Mais”, o Conselho Central Judaico decidiu organizar uma grande manifestação, que contou com o interessado apoio da chanceler Angela Merkel.
Entre as personalidades que aceitaram estar presentes no palco, estavam o presidente da Alemanha, Joachim Gauck; o presidente do Conselho da Igreja Evangélica, Nikolaus Schneider; o presidente da Conferência Episcopal, o cardeal Reinhardt Marx; e o presidente do Conselho Judaico Mundial, Ronald S. Lauder, que também se dirigiu ao país para pedir à população uma clara mostra de solidariedade e apoio à comunidade judaica que vive na Alemanha.
A manifestação que começou às 15h no horário local representa um novo marco no país, cujo verão foi de temperaturas elevadas devido às centenas de palestinos que saíram às ruas para gritar slogans contra os judeus, e protestar pelo que classificaram como um “genocídio” conduzido pelo exército israelense na Faixa de Gaza, gritando frases que lembraram os dias sombrios vividos pela Alemanha durante o Terceiro Reich.
“Morte aos judeus!”, “Judeu, judeu, porco covarde, saia e lute sozinho!”, “Judeus, às câmaras de gás!” foram alguns dos gritos que os manifestantes, em sua maioria de origem palestina, lançaram durante as manifestações realizadas na elegante e central rua Kursfürstendamm, e diante do olhar destemido de pedestres alemães.
O fim das hostilidades na Faixa de Gaza conseguiu o milagre em Berlim e em outras capitais europeias de acabar com os protestos, mas as manifestações nas ruas deixaram uma marca profunda na comunidade judaica, sobretudo a que vive em Berlim, e também nos círculos oficiais do país devido a outro fenômeno: a população alemã, além de mostrar indiferença diante dos ataques verbais recebidos pelos judeus, nunca mostrou-se solidária.
“Todos os alemães e todas as pessoas que vivem na Alemanha têm que levantar a voz quando o antissemitismo se manifesta na rua”, disse o presidente do país, Joachim Gauck. O apelo da primeira autoridade da Alemanha foi seguido por Merkel, alertando que os eventos que abalaram a capital eram um ataque “à liberdade e à tolerância” e uma tentativa de desestabilizar a ordem democrática.
“Existe uma grande insegurança na comunidade judaica e as pessoas já não se atrevem a caminhar com um kipá por alguns bairros em Berlim, como Kreuzberg ou Neuekölln, onde existe uma grande maioria de habitantes de origem árabe ou turca e tampouco em Marzahn, onde há uma forte presença neonazista”, disse Sergey Lagodinski, um destacado cientista político judeu e membro do diretório da comunidade judaica. “Os protestos deixaram em evidência o nível de intolerância que existe em Berlim e em outras cidades alemãs”, acrescentou.
A falta de solidariedade e intolerância convenceram o Conselho Central Judaico a organizar uma manifestação, mas a convocatória, apesar de apoiada pelas personalidades mais destacadas do país, termina com um enigma que preocupa. Ninguém sabe quantas pessoas foram à manifestação em solidariedade à comunidade judaica.
Fonte; E L PAIS
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