Preocupação com as retiradas, que prejudicariam clientes lesados na fraude da qual advogado é acusado, motivou ação da PF
por Carlos Wagner e Humberto TrezziAtualizada em 23/09/2014 | 16h4723/09/2014 | 14h40
Advogado é acusado de lesar clientes no Rio Grande do Sul
Foto: Stéfanie Telles / Especial
O advogado Maurício Dal Agnol, recolhido desde segunda-feira no Presídio Regional de Passo Fundo, foi preso, entre outros motivos, porque já teria sacado R$ 99 milhões de 400 contas bancárias diferentes.
Isso ocorria porque a Justiça apenas bloqueou pouco mais de R$ 2 milhões pertencentes a ele e que seriam usados para garantir pagamento de sua fiança e a da mulher, Márcia Fátima Dal Agnol. Uma parente dele teria sacado R$ 1,7 milhão. Todos serão convocados a depor na PF e explicar o que fariam com o DINHEIRO.
Outro motivo alegado para a prisão é que Dal Agnol tentaria sair do país na noite de segunda-feira. Esta informação é do chefe da Delegacia da Polícia Federal em Passo Fundo, delegado Mauro Vinícius Soares de Moraes.
— Recebemos a informação de que ele tinha arrumado uma mala cheia de dinheiro e pedimos prisão imediata dele, concedida pela juíza — diz Mauro Vinícius.
O pedido foi corroborado pelos promotores de Justiça Álvaro Poglia, Marcelo Pires e Júlio Ballardin.
— A soma de todos esses fatos nos levou a pedir e a conseguir a preventiva dele — afirmou o promotor Marcelo Pires.
Os promotores e a PF acreditam ter desmontado uma "máquina criminosa" responsável por um golpe dado em mais de 30 mil pessoas e que pode chegar à casa dos R$ 300 milhões. O escritório de advocacia de Dal Agnol é acusado de se apropriar de maneira ilegal do dinheiro de ações ganhas pelos clientes contra a EMPRESA DE TELEFONIA BrT (atual Oi).
A prisão aconteceu no anoitecer de segunda-feira, no centro de Passo Fundo, importante cidade agroindustrial do norte do Estado, onde era a sede do grupo ligado a Dal Agnol e que tem ramificações em vários Estados brasileiros.
Na LAND Rover usada por Dal Agnol, na qual estavam também um motorista e um segurança, foram encontrados R$ 200 mil em espécie e cerca de R$ 130 mil em cheques de empresas, que poderiam ser descontados pelo advogado. Os policiais receberam uma dica de que Dal Agnol pretendia se refugiar no Uruguai, temeroso de ser preso novamente.
Com Dal Agnol foi encontrado um passaporte vencido, mas com visto válido para entrada nos EUA. O passaporte válido, sem VISTO AMERICANO, ele tinha entregue à PF. Mesmo assim, o delegado Mauro Vinícius acredita que o advogado poderia tentar ingresso em território americano.
— Nas aduanas americanas, olham mais o visto do que a data do passaporte — cogita o policial.
Dal Agnol teve a prisão preventiva decretada pela juíza Ana Cristina Frighetto, da 3ª Vara Criminal de Passo Fundo. Foram duas as motivações: o advogado costumava guardar armas de uso restrito, como fuzis e pistolas (o que é crime inafiançável). E, o principal motivo: o saque de milhões de reais de suas contas bancárias no Rio Grande do Sul, dando ao DINHEIRO destino ignorado.
Um levantamento em poder da juíza estima que Dal Agnol e seus familiares sacaram R$ 99 milhões desde junho, mês em que se apresentou à Justiça, após conseguir um habeas corpus que revogava sua prisão preventiva decretada em fevereiro.
Em fevereiro, Dal Agnol e seu grupo tinham sido denunciados pela Operação Carmelina, cujo nome homenageia uma senhora que morreu de câncer enquanto esperava o dinheiro jamais pago pelo advogado. Na ocasião da prisão, Dal Agnol conseguiu fugir. Um mês depois da fuga, ele conseguiu um habeas corpus para responder ao processo em liberdade.
No habeas, a Justiça estipulou uma fiança de R$ 1,6 milhão, que ainda não tinha sido paga por Dal Agnol.
A defesa de Dal Agnol entrou nesta terça-feira com um pedido de habeas corpus junto à 6º Camara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ), em PORTO ALEGRE. O pedido deverá ser decidido pela desembargadora Vanderlei Teresinha Tremeia Kubiak, informou a assessoria de imprensa do TJ. Em Passo Fundo, os três promotores que estão com o caso devem enviar para o TJ, ainda hoje, uma farta documentação apreendida pela PF demonstrando que Dal Agnol estava usando a liberdade provisória para ameaçar testemunhas, entre outros crimes.
Fonte: ZERO HORA
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