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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Arqueólogos encontram restos das câmaras de gás de Sobibor


Após quase uma década de pesquisas, arqueólogos poloneses e israelenses acham vestígios das câmaras de gás do campo de extermínio de Sobibor. Em entrevista à DW, historiador alemão fala sobre a importância da descoberta.


Após anos de pesquisa, arqueólogos poloneses e israelenses descobriram os restos das câmaras de gás do campo de extermínio de Sobibor, no sudeste polonês. "Depois de oito anos, chegamos à reta final", disse o arqueólogo israelense Yoram Haimi.

O historiador polonês Tomasz Kranz, diretor do memorial do campo de concentração de Majdanek, chamou a descoberta, anunciada na última quarta-feira (17/09), de histórica.

Diferentemente do campo de concentração de Ausschwitz-Birkenau, Sobibor era um mero campo de extermínio. Entre 1942 e 1943, mais de 250 mil pessoas foram mortas no local. Após uma rebelião em 1943, os nazistas destruíram todos os vestígios do campo para apagar as pistas de seus crimes.

Em entrevista à DW, o historiador Wolfgang Benz falou da importância da atual descoberta, explicando que a destruição dos vestígios foi extremamente rigorosa, o que dificultou o descobrimento dos fundamentos das câmaras de gás. Benz foi diretor do Centro de Pesquisa sobre Antissemitismo na Universidade Técnica de Berlim até 2011.

DW: Que espécie de lugar era Sobibor e o que foi encontrado ali agora?

Historiador Wolfgang Benz diz que descoberta serve, em primeira linha, à memória

Wolfgang Benz: Sobibor era um campo de extermínio, ou seja, não era um campo de concentração. Quem lá chegava era assassinado imediatamente, sem grandes demoras. Somente um pequeno número, no máximo algumas centenas de judeus, permaneceu por mais tempo, como trabalhadores escravos, necessários para o extermínio. Lá foram encontrados fundações das câmaras de gás, que há muito tempo não eram mais visíveis.

Por que isso foi encontrado só agora?

Em 14 de outubro de 1943, houve em Sobibor uma revolta dos prisioneiros. Cerca de 300 conseguiram fugir, mas a maioria não sobreviveu. Após essa rebelião, Heinrich Himmler, o chefe de todos os campos de concentração, ordenou a remoção de todos os vestígios e a destruição completa de Sobibor.

Isso foi executado com grande rigor e, em dezembro do mesmo ano, os últimos soldados da SS se retiraram do local, após terem matado os trabalhadores escravos judeus que haviam sobrevivido. A remoção dos vestígios foi executada com um rigor extraordinário.

Mas isso não impediu que, após 1945, saqueadores de túmulos e ladrões tenham sistematicamente vasculhado os campos de extermínio de Sobibor, Treblinka e Belzec, à procura de tesouros e pertences das vítimas. Depois a natureza tomou conta do terreno. O vilarejo de Sobibor é extremamente isolado, na fronteira entre a Polônia e Belarus. Durante décadas, ninguém mais se interessou pelo que restou daquele campo.

Qual a importância da descoberta das fundações?

Sobibor está entre os campos de extermínio mais bem pesquisados do período nazista. Graças à pesquisa histórica e ao testemunho de sobreviventes, estamos muito bem informados sobre o que aconteceu no local. Isso significa que a descoberta das fundações das câmaras de gás tem, em primeira linha, um caráter emocional. O fato de lá existirem sinais visíveis serve à memória.

Agora, Sobibor pode ser elevado ao status de memorial, onde os visitantes também podem ver algo. Até então, ele não parecia mais do que um pedaço de floresta, no qual se encontra uma barraca e, a alguma distância, uma estação ferroviária, onde chegavam os condenados à morte.

A descoberta foi uma ação que agrega caracteres táteis à memória, mas não traz novidades sobre o que aconteceu em Sobibor e a finalidade de sua construção.

O que vai acontecer à descoberta?

Isso não deve ser perguntado a um historiador, mas àqueles capazes de financiar um memorial adequado para esse lugar, onde 250 mil pessoas foram assassinadas, como já existe em Belzec e Treblinka.

Fonte: DW

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