Ao longo da vida tenho percebido,
mormente nas lides jurídicas e nas leituras sobre a postura assumida por homens
públicos, que há muita gente que não abdica da qualidade de vassalo de
interesses externos.
Muitos dos nossos políticos
(legisladores e ocupantes de cargos no Poder Executivo), membros do Ministério
Público e muitos julgadores também parecem sofrer de um temor reverencial aos
homens de sotaina, aos banqueiros, às multinacionais e aos dirigentes de
superpotências. Mostram subserviência extrema, chegando a parecer lacaios, em
detrimento dos interesses do povo brasileiro, que teoricamente representam,
tudo para agradar aos poderosos.
Sofrem de uma espécie de síndrome
que não lhes permite autonomia, muito menos independência, em relação às
“metrópoles”, agindo como “colonizados”.
Falta-lhes brio, dignidade.
Carecem de coragem para romper a dominação e acabam comprometendo os interesses
nacionais. Não são poucos os que, mostrando irritante tendência para prestar
vassalagem, cometem o que se pode considerar “crimes de lesa pátria”.
Quanto aos operadores do Direito
– membros do Ministério Público e da magistratura federal e estadual – as
consequências são mais graves, porque acabam por desrespeitar a Constituição
Federal, a qual afirma a qualidade de república e de estado laico do Brasil. E
quando os operadores do Direito convalidam atitudes desrespeitosas à
constituição, praticadas por legisladores e gestores públicos, um país perde
todo o respeito que poderia gozar entre as nações.
Uma coisa é gostar de servir, de
ser lacaio. Outra, bastante reprovável e inadmissível, é dispor das riquezas
nacionais para favorecer imperialistas.
Considero abominável traição
permitir que setores religiosos, financeiros e/ou mercantilistas apoderem-se
das riquezas do povo brasileiro e é preciso tomar uma atitude bastante
contundente contra esses entreguistas de carteirinha. Defenestrá-los dos
serviços públicos é o mínimo que se deveria fazer. Eles não são dignos de dizer-se brasileiros, menos ainda de ocupar cargos públicos de tanta relevância.
Que guardem suas simpatias pelos
poderosos para as suas vidas pessoais, nunca para as suas vidas públicas.
Tribunais brasileiros, forçando
interpretações da legislação vigente em favor da Igreja Católica, por exemplo,
concedem privilégios abomináveis, fazendo surgir uma espécie de Direito
Confessional que faz lembrar a submissão da humanidade ao Direito Canônico.
Imunidade e isenções tributárias não são suficientes. O Estado ainda custeia
restauro de templos ditos históricos, eventos religiosos e até constrói templos
em terrenos estatais, como o fez o TJ/SC, ao edificar a denominada capela
ecumênica. É um acinte ao republicanismo: res
publica, os magistrados não desconhecem, obviamente, tal circunstância, é
sinônimo de coisa pública e não de coisa privada, de sorte que a construção do
templo religioso, com dinheiro público, lesou os cofres do Estado e o(s)
ordenador(es) daquela despesa cometeram desvio de recursos para instituições particulares.
Vários magistrados não honraram a
autoridade que lhes foi delegada pelo povo, quando se portaram como simplórios
defensores dos interesses de um ou mais cultos, em detrimento do estado laico
e, portanto, da república.
Tais adeptos da clerocracia
possuem plena consciência das irregularidades que praticam, mas colocam
conveniências pessoais bem acima dos interesses coletivos. Sonhando com uma
cadeira num Tribunal de Justiça, num TFR, no STJ e até no STF, não titubeiam em
atropelar a Constituição, rasgando o juramento que leram quando foram
empossados como servidores do Estado. Apostam na reciprocidade: defendem os
interesses da Igreja Católica, ou de outra instituição religiosa, na esperança
de serem lembrados e apoiados para a ocupação de cargos de desembargadores e de
Ministros.
Corja!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário