EFEBerlim20 fev 2017
A pintura "Uma tarde nos jardins de Tuileries", do pintor alemão Adolph von Menzel (1815-1905). EPA/Dresden State Art Collections/Karpinski/Handout
A ministra da Cultura da Alemanha, Monika Grütters, devolveu nesta segunda-feira uma nova obra de arte roubada pelos nazistas a seus legítimos donos judeus, neste caso um desenho do pintor Adolph von Menzel encontrado na valiosa coleção de Cornelius Gurlitt.
Gurlitt doou sua coleção ao morrer em 2014 ao Museu de Arte de Berna, mas este chegou a um acordo com as autoridades alemãs para garantir que as centenas de obras de arte supostamente saqueadas pelo regime nazista que faziam parte daquele tesouro fossem devolvidas a seus donos originais.
Hoje foi a vez de "Interior de uma igreja gótica", um desenho a lápis de Menzel datado de 1874 e que foi recolhido em Berlim pelos herdeiros de quem foi sua última proprietária legítima, Elsa Helene Cohen.
Segundo as investigações realizadas, o desenho pertenceu a Albert Martin Wolffson, conhecido advogado, político e colecionador de arte de Hamburgo. Elsa Helena, sua filha, o recebeu de herança, mas se viu obrigada a vendê-lo em 1938 para financiar sua fuga aos Estados Unidos, onde seus descendentes seguem vivendo na atualidade.
"Cada uma destas obras é uma peça do mosaico da verdade histórica sobre o qual a Alemanha é moralmente obrigada a trabalhar. É uma dívida com todas as pessoas perseguidas e, em muitos casos, assassinadas pelos nacional-socialistas", afirmou a ministra da Cultura em comunicado.
A Alemanha, segundo Grütters, deve fazer todo o possível para investigar o destino de perseguidos como Elsa Cohen, que foi forçada a se desfazer de suas obras de arte, e garantir que todos os bens saqueados retornem às mãos de seus herdeiros.
A equipe de trabalho encarregada de analisar a coleção Gurlitt identificou no final de 2015 como "arte roubada" o desenho "Interior de uma igreja gótica", mas a restituição da obra à família foi adiada até hoje pelo processo judicial aberto entre supostos herdeiros de Gurlitt.
Em dezembro do ano passado, a Audiência de Munique determinou finalmente a validade do testamento de Gurlitt, o que permitiu executar o acordo alcançado entre o Museu de Arte de Berna e o governo da Alemanha para a devolução das obras das quais exista comprovação de que foram confiscadas.
Na semana passada, o citado museu e o Bundeskunsthalle da cidade de Bonn anunciaram que será exibido ao público em novembro, pela primera vez, parte do tesouro de Gurlitt, que foi descoberto em 2012 dentro de uma investigação por fraude fiscal.
Cornelius era filho do marchand de arte Hildebrandt Gurlitt, um dos poucos que tiveram autorização do regime nazista para negociar obras da denominada "arte degenerada", retiradas de museus e galerias porque se considerava que transgrediam os princípios e valores do nazismo.
A exposição no museu de Berna se concentrará na "arte degenerada" e em obras do círculo familiar de Gurlitt, enquanto a do Bundeskunsthalle terá como eixo as peças desapropriadas pelos nazistas e quadros cuja origem ainda é incerta.
Fonte: http://www.efe.com
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