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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Discussão sobre aquecimento global envereda por caminhos místicos



MEIO AMBIENTE


Líderes religiosos em todo o mundo se engajam na conscientização sobre as mudanças climáticas. E com sucesso, já que provavelmente 80% da população mundial são, de uma forma ou de outra, religiosos.

O profeta Moisés já sabia que o ser humano tem o dever de cuidar da Mãe Natureza, pois na Bíblia está escrito: "E Deus tomou o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar". Não para o desflorestar ou o poluir.

A relação entre o ser humano e o mundo físico que o rodeia é abordada não só pelo cristianismo, mas por todas as religiões do mundo. E para uma grande parte da humanidade as religiões desempenham papel crucial. Em todo o mundo, estima-se que mais de 80% dos homens e mulheres são, de alguma forma, religiosos.

"Ainda não tínhamos consciência de que nós também sofremos quando o planeta sofre", escreveu o ambientalista Fazlum Khaled, que criou a Fundação Islâmica para Ecologia e Ciências Ambientais (Ifees, na sigla em inglês) e que se engaja por um Islã "verde".

A Ifees apoia a construção de mesquitas ecológicas, "verdes", que só usam energias renováveis. coincidentemente, o verde era a cor preferida do próprio profeta Maomé.

Autoridade religiosa



Líderes de várias religiões passam a pregar em defesa do meio ambiente

Levar a cor predileta do profeta ao centro do sermão é uma decisão do líder religioso. É ele quem folheia as sagradas escrituras e decide quais as passagens enfatizar.

"Os líderes religiosos influenciam a forma como as pessoas veem o mundo e, com isso, influem também nos seus comportamentos", escrevem os antropólogos norte-americanos James Peoples e Garrick Baley no livro "Humanity".

Em muitas regiões do mundo, se concede grande autoridade aos líderes religiosos. Eles guiam as sociedades de que fazem parte, regulam a vida comunitária, determinam quais os rituais que devem ser seguidos no casamento, na morte e nas desavenças, e esclarecem também o inexplicável e o místico. Através disso, determinam até certo ponto os comportamentos dos seus fieis.

Os líderes religiosos querem, por isso, utilizar esse poder de influência para transformar os fieis em defensores do ambiente, "absolvendo" assim os seus pecados ambientais.

Pregar a proteção do ambiente

Em 2009, delegados de várias igrejas e representantes religiosos de todo o mundo se reuniram no castelo britânico de Windsor para a cúpula religiosa do clima "Many Heavens, One Earth" – em português, "Muitos Céus, uma só Terra".



Hindus prometem limitar queima de incenso a três por pessoa

Quer sejam hindus, cristãos ou sikhs, todos são ameaçados pelas mudanças climáticas. O objetivo não é somente pregar do púlpito; os responsáveis religiosos querem também implementar projetos concretos para proteger o meio-ambiente.

Os budistas chineses e taoístas querem limitar o número de pauzinhos de incenso para três por pessoa e, assim, contribuir para a redução da poluição atmosférica. A Igreja Anglicana e os sikhs querem instalar mais painéis solares nos telhados dos templos.

Líderes religiosos africanos querem também alertar seus fiéis para as problemáticas ambientais: em 2010, eles se comprometeram, numa declaração, a falar frequentemente sobre as mudanças climáticas em seus sermões.

Nessas ocasiões, deveriam ser destacados versículos relevantes das sagradas escrituras, onde se fala sobre o papel do ser humano e da natureza. Os líderes religiosos pretendem também sensibilizar os fieis a levarem uma vida mais amiga do ambiente.

Uma árvore por casamento

Todas as semanas, Mufti Mubajje, líder muçulmano no Uganda, prega aos seus fiéis sobre a necessidade de proteger o meio-ambiente: ele pede para as pessoas não cortarem árvores, para utilizarem menos carvão e para plantarem uma árvore.



Líder muçulmano condiciona cerimônia religiosa ao plantio de uma árvore no Uganda

Neste país do leste africano, muitos cortam árvores para construir ou para queimar como lenha. Extensas áreas de floresta já foram destruídas.

Na região de Bunyoro, no oeste do Uganda, um bispo anglicano dá também a sua contribuição para reflorestar o país. Ele só faz casamentos ou batizados se antes as pessoas plantarem uma árvore. Projetos como este são também apoiados por organizações internacionais, como o instituto cultural britânico, o British Council.

As igrejas alemãs também se mobilizam contra as mudanças climáticas, como, por exemplo, com a campanha "Mudança climática – Mudança de vida" de uma igreja evangélica no leste da Alemanha.

A igreja promove ações como o "jejum" do automóvel ou sextas-feiras sem carne. "Em vez de ficarmos à espera das decisões políticas, temos de ser nós próprios a começar", explica Annelie Hollmann, responsável pelo projeto.

Pois, como já dizia o bispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz, na Cúpula do Clima em Copenhague, "temos apenas um mundo. Este mundo. Se o destruirmos, não teremos mais nada." O profeta Moisés teria provavelmente concordado.

Autor: Michael Führer (gcs)
Revisão: Francis França



Fonte: DEUTSCHE WELLE


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MEIO AMBIENTE
Projeto "Campeões do Clima" no Uganda


Uganda é considerado um dos países mais férteis do continente africano. Mas as colheitas pioram de ano para ano e o tempo entre os períodos de seca é cada vez menor.

Objetivo do projeto: educar jovens lideranças para a proteção do meio ambiente
Amplitude do projeto: 2000 Campeões do Clima em 60 países
Custos do projeto: 2,7 milhões de euros
Duração: desde abril de 2008

A população do Uganda sofre há anos com a seca extrema. No entanto, explora a natureza de forma exaustiva. A iniciativa "Climate Champions", ou em português "Campeões do Clima", do instituto cultural britânico British Council, quer sensibilizar as pessoas para a problemática do meio ambiente. Uma cantora, um imã e um bispo – personalidades conhecidas no país – dão o exemplo e se engajam no projeto.

Reportagem de Manuel Özcerkes

Projeto "Campeões do Clima" em Uganda



Fonte: DEUTSCHE WELLE

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