O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, anunciou a detenção de quatro suspeitos de ligação a redes de recrutamento islamistas, na região de Paris e do Sul de França. Esta informação chega um dia depois de ter sido detido, em Marselha, um suspeito pelo ataque ao Museu Judaico de Bruxelas e de ter morto quatro pessoas.
“Não vamos dar qualquer hipótese aos terroristas”, disse Cazeneuve à Rádio Europe 1.
O suspeito do ataque em Bruxelas foi detido minutos depois de pisar solo francês, acrescentou o ministro. Num terminal de autocarros em Marselha, foi apanhado com uma kalashnikov, munições semelhantes às usadas no ataque contra o museu, e um vídeo onde uma voz parecida com a sua reivindica os ataques, segundo procuradores franceses e belgas.
Mehdi Nemmouche, 29 anos, tinha passado a maior parte do ano de 2013 na Síria a combater ao lado dos islamistas, depois de, em França, ter cumprido cinco penas de prisão.
O Presidente François Hollande já comentou a ameaça que o regresso destes jovens constitui para vários países, sendo França um dos principais pelo número de franceses que já passaram pela Síria. “Vamos vigiá-los para assegurar que, quando regressarem de uma luta que não é a deles, e que não é definitivamente a nossa, que não podem fazer mal”, disse Hollande.
Estima-se que cerca de 700 jihadistas franceses tenham passado pela Síria – não é claro quantos ficaram no país e quantos regressaram a França. Esta é uma grande preocupação num país que tem das maiores comunidades tanto judaica como muçulmana da Europa.
Em Dezembro, os ministros do Interior francês, Manuel Valls, e belga, Joëlle Milguet, diziam que 1500 a 2000 europeus tinham viajado desde Março de 2013 para a Síria. Destes, 80% eram muçulmanos, os restantes tinham-se convertido recentemente. A maioria não tinha ido para se unir aos esforços dos rebeldes sírios como os que integram o Exército Livre, explicavam então estes responsáveis, mas para integrar grupos como a Frente al-Nusra (que se diz leal à Al-Qaeda) ou ao ISIS, grupo que cresceu muito na Síria e tem acções desde o Iraque ao Líbano.
Países como Espanha e Alemanha também se têm preocupado com a participação de pessoas vindas de ambos os países na guerra na Síria, embora Espanha tenha, depois dos atentados de 11 de Março de 2014, expulso muitos dos jihadistas mesmo antes de cumprirem as penas. Na Alemanha, no final do ano passado, analistas falavam de um aumento dos islamistas alemães na Síria, de 60 para 150 em apenas seis meses.
Segundo o Centro Internacional de Estudos da Radicalização, um think tankcom sede em Londres, 18% de todos os combates estrangeiros que chegaram à Síria vêm da Europa – um número que poderia ser ainda superior se a Turquia não tivesse expulsado 1100 europeus só em 2013, antes de estes conseguiram cruzar a fronteira síria.
Fonte: http://www.publico.pt/
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