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quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Antissemitismo


Termo usado pela primeira vez em 1879, em um ensaio do filósofo alemão Wilhelm Marr, para descrever o ódio aos judeus. Literalmente, significa “oposição aos povos de origem semita”, o que inclui também outros semitas, como os árabes. Porém, desde sua criação, tem sido usado em referência a pensamentos, conspirações e atitudes violentas ou discriminatórias contra os judeus. 

É difícil situar sua origem. Mas autores especialistas no tema, como Robert Wistrich e Peter Schafer, afirmam que o ódio aos judeus teria sido difundido pela primeira vez pelos gregos na Antiguidade, inconformados com a resistência das comunidades judaicas em abrirem mão de seus costumes e tradições. 

No século 3 A.E.C., o historiador grego Hecateu de Abdera, referindo-se aos judeus, escreveu que Moisés, “em memória do exílio de seu povo, lhes instituiu um estilo de vida misantrópico (que tem aversão à humanidade) e inospitaleiro”. No mesmo sentido, quase um século depois, Filon, o famoso filósofo judeu-helênico, descreveu em uma das suas obras o ataque à comunidade judaica de Alexandria (atualmente no Egito), no qual milhares teriam morrido. Na ocasião, os judeus também foram acusados de misantropos. 

Muitos fatores motivaram e fomentaram o antissemitismo ao longo da história. Os estudiosos apontam para fenômenos religiosos, políticos e socioeconômicos. Na Idade Média, o principal fator foi religioso. A Igreja Católica defendia a doutrina de que os judeus foram os responsáveis pela morte de Jesus Cristo (deicídio) e que, por isso, deveriam ser punidos. A única forma de salvação da alma para os judeus era a conversão “para a verdadeira fé”. Os massacres de inúmeras comunidades judaicas europeias pelos cavaleiros das Cruzadas a caminho de Jersalém e, séculos mais tarde, a Inquisição foram marcos deste período de perseguições. 

Ao fator religioso, juntaram-se o social e o econômico. Desde a Idade Média até o início do século 20, foi vedada aos judeus, em muitas sociedades europeias, a ocupação de alguns cargos e profissões, dificultando sua integração. Com as atividades restritas, muitos judeus passaram a se dedicar àquelas proibidas pela Igreja aos cristãos, como emprestadores de dinheiro e coletores de impostos, profissões altamente impopulares. 

A mistura do ódio religioso e econômico foi um campo fértil, tanto durante a Idade Média como já na Idade Moderna, para a criação de mitos . Talvez o mais famoso e repetido seja o “libelo de sangue”. Os judeus, geralmente na época da Páscoa, eram acusados de sequestrar e matar crianças cristãs para fazer pão ázimo (matzá) com seu sangue. Essas histórias inventadas serviram como pretexto para ataques e pogroms contra comunidades judaicas. 

O componente político do antissemitismo ganhou força já no fim do século 19, com o início do processo de unificação dos Estados europeus. Os judeus, mesmo sem ter direitos políticos e sociais equivalentes ao restante da socidade, foram vistos como indivíduos cuja fidelidade aos países em que habitavam - e aos seus governantes - não era confiável. 

Uma das principais expressões desta vertente é a publicação, no início do século 20, dos Protocolos dos Sábios de Sião. Elaborada por integrantes da monarquia czarista, na Rússia, a obra narra uma suposta conspiração judaica para dominar o mundo e enfraquecer as sociedades em que os judeus viviam. Embora reconhecidamente uma farsa, ainda hoje dá margem a inúmeras teorias conspiratórias. Na mesma época, a divulgação de obras paralelas de pseudofilósofos, como o alemão Richard Wagner, o inglês Stewart Chamberlain e o francês Joseph Arthur de Gobineau plantou a semente de ideologias totalitárias. 

Juntamente com Chamberlain, o conde Gobineau, que chegou a trabalhar como diplomata no Brasil, em 1869, é considerado o pai do racismo moderno. Foi ele que juntou, pela primeira vez, o antissemitismo ao racismo, misturando os conceitos de povo e raça. Segundo Gobineau, os judeus eram inferiores aos arianos e aos teutônicos europeus, “tanto moral quanto fisicamente”. Esse conceito foi “desenvolvido” por Chamberlain no livro “The Foundations of the 19th Century”, publicado em 1912. Na obra, chega a pedir explicitamente a eliminação da "infecção judaica" no mundo. Poucos anos depois, essas ideias formariam a espinha dorsal do nazismo, o ápice do antissemitismo europeu contemporâneo, que culminou com o Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial. 

Com a criação do Estado de Israel, em 1948, e a persistência do conflito árabe-israelense, ganharam corpo o antissemitismo originário de países árabes e o antissionismo. 

Com as contínuas derrotas militares para Israel, a propaganda no mundo árabe procurou explicar suas derrotas para um povo supostamente inferior, caracterizando os judeus como lacaios de uma potência maior, os EUA, e Israel como ponta de lança do imperialismo ocidental. Temas clássicos do antissemitismo cristão tornaram-se comuns na propaganda de movimentos fundamentalistas islâmicos, como Hamas e Hezbollah e países como o Irã. O Artigo 22 da Carta do Hamas, de 1988, afirma que os sionistas estão por trás da Revolução Francesa, da Revolução Russa, do colonialismo e das duas guerras mundiais. 

Como notou o líder negro norte-americano Martin Luther King: "Quando as pessoas criticam os sionistas, elas querem atingir os judeus”. Em 1975, a Assembleia Geral das Nações Unidas, em campanha orquestrada pelos países árabes e pela ex-União Soviética, aprovou uma resolução que afirmava que o sionismo era uma forma de racismo. Posteriormente, quase todos os países não–árabes que a haviam apoiado, como o Brasil, se desculparam e se retrataram. 

No início do século 21, a linha que separa antissionismo de antissemitismo é tênue. O antissionismo tem frequentemente o propósito de deslegitimar a existência de Israel, ignorando que o sionismo é produto de um processo histórico endógeno e legítimo de aspiração nacional. As críticas antissionistas muitas vezes procuram demonizar Israel e levaram ao ressurgimento de ataques aos judeus e aos símbolos judaicos em muitos países.

Fonte: http://www.conib.org.br/glossario

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