MUDANÇA CLIMÁTICA (Ver AQUECIMENTO GLOBAL, ARBORICULTURA, ARVORICULTIRA, DESFLORESTAMENTO, DESMATAMENTO, EFEITO ESTUFA, ELEVAÇÃO DO NÍVEL DOS OCEANOS, INCÊNDIO FLORESTAL, QUEIMADA, SIBÉRIA, TOPO DE MORRO, VIVEIROS DE PLANTAS)
- C. A. TAUNAY - Manual do Agricultor brasileiro (ESCRITO EM 1825) - Edit. Schwarcz Ltda/SP/2001, ps. 252 e seguintes: (...) necessidade que há, desde já, de não abusar deste manancial de riqueza quase inesgotável que a natureza nos outorgou, não só pela razão da economia a favor de nossos vindouros (*) como mesmo para a boa conservação da terra e temperamento da nossa atmosfera; não só os matos defendem e engordam o chão em que nascem, como obstam o furor dos ventos, os ardores do sol, chamam as nuvens para refresco da atmosfera e produção de fontes e corgos (**), e purificam o ar absorvendo os gases deletérios, e exalando oxigênio. Estes serviços são ainda mais precisos nas serras e morros, a ponto de que o descortinamento de grande porção deles pode ocasionar uma sensível alteração do clima e notável diminuição das águas, como acontece no Rio de Janeiro, cuja diferença de clima foi observada desde a vida d’el-rei d. João VI (***). A grande extensão que a cultura tomou nas vizinhanças da cidade e indiscreto corte de matas que causou originaram sem dúvida esta alteração.
O calor está notavelmente mais intenso. As trovoadas outrora diárias são raríssimas, e finalmente, de tantas fontes próximas à cidade, umas já secaram de todo e outras correm mais escassas.
O governo deu a miúdo providências para coibir o corte das matas sobranceiras aos aquedutos; porém estas ordens, como muitas outras, são pouco observadas. Um sistema permanente de devastação assola e desguarnece as fraldas da serra do Corcovado e das serras da Tijuca, e entretanto um respeito sagrado se deveria apegar àquelas matas, que tanto préstimo têm para ornato, refresco e purificação da atmosfera da cidade. O governo deveria dar nelas um exemplo por que todo o lavrador, lembrado das gerações futuras (#), haveria de tratar seus morros deixando cada pico isolado com uma coroa de uma terceira quarta parte da altura total do morrão (++). As matas e catingas das fraldas íngremes e barrancos merecem igualmente serem poupadas. Quem observar semelhantes regras nos seus roçados será premiado pela conservação dos declives, cuja fertilidade míngua depressa por as chuvas levarem o húmus consigo., e ajudarão a viscosidade das plantas pela sua sombra e umidade que atraem. (...)
-==-=
(*) e (#) - Preocupação com as gerações futuras.
(**) - Era assim mesmo que se grafava a palavra (corgo), a qual hoje escrevemos córrego.
(***) - 1808
(++) - Ver art. 4, do Código Florestal de 2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário