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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Florianópolis nunca mais será a mesma

La Habana es mi ciudad y por eso puede provocarme una mezcla de pertenencia y ajenitud viscerales. Me identifico y comulgo con lugares por alguna razón entrañables —empezando por el Malecón y por mi barrio anodino de la periferia, a los que puedo sumar el Paseo del Prado, la zona antes aristocrática de El Vedado, las calles umbrías y a veces fétidas de La Habana Vieja (colonial), los parques del barrio de La Víbora, el gran estadio de beisbol. 
Arquitecturas que se remiten a épocas, economías, estilos, funciones diversas, aunque todas cargadas de unos valores simbólicos quizás generales, sin duda alguna individuales. 
Son las columnas de mi ciudad de las entrañas, entrañable por ello. Dramáticamente y al mismo tiempo, siento la artera evidencia de que esa ciudad en la que nací y vivo, a la que pertenezco y de la cual escribo, comienza a ser un sitio ajeno, que me repele y al que repelo, que se empeña en maltratar mis recuerdos y nostalgias. Tal vez porque envejecemos y nuestras percepciones físicas y espirituales cambian. Tal vez porque mi ciudad se va convirtiendo en otra ciudad dentro de la misma ciudad.

O texto acima é de LEONARDO PADURA (O homem que amava cachorros) e obviamente não diz respeito à Capital do Estado de SC/BR, mas, mutatis mutandis, pode-se dizer que o mesmo está acontecendo com a nossa querida Florianópolis, que já foi Desterro, lugar ao qual ninguém queria ser mandado - como castigo -, no passado remoto, mas que agora atrai incontáveis adventícios e, por consequência, está a ser entupida de gente de muitas nacionalidades e procedências também do território brasileiro, alguns trazendo contribuições significativas para a economia e a qualidade de vida dos nativos, outros trazendo problemas sérios de urbanismo, segurança, mobilidade, etc...
E o Plano Diretor -  que passa por uma discussão infindável, sempre sendo protelado, para amoldar-se aos interesses dos capitalistas (fontes de custeio de campanhas eleitorais) principalmente - está sendo feito a conta-gotas pelo Executivo, incluindo a transformação do maciço Norte em uma REVIS ("Revis Meiembipe" - Unidade de Conservação), com zona de amortecimento e tudo mais.
Todavia, embora aparentemente o Executivo Municipal preocupe-se com a preservação ambiental, não se leva a sério a contenção das espécies exóticas (pinus, eucalipto, dentre outras) que estão a ocupar, de modo acelerado e preocupante, as nossas baixadas, encostas e topos de morro, equivalendo isto a afirmar que a tal REVIS e o enquadramento de muitas áreas como de preservação permanente, ao mesmo tempo em que se propõe a elevação de gabaritos de edifícios, nenhum efeito prático - senão meramente demagógico - terá  sobre o equilíbrio ecológico preconizado pela Constituição Federal. 
Outra política que não se implementa - no afã de atender às necessidades das populações menos favorecidas na partilha das rendas e de conter as edificações em áreas perigosas - é a de um programa de moradias dignas (direito constitucional fundamental), imprescindível para que os obreiros (sem os quais o capitalismo não subsiste, porque rico não gosta de trabalhar, senão de explorar) morem nas proximidades dos locais de trabalho, já que o transporte coletivo não atende satisfatoriamente à demanda das massas trabalhadoras, com preço justo e a devida agilidade, comodidade, etc...

O atento e já mencionado PADURA salientou:
 
Una ciudad son también sus sonidos, olores y colores: Jerusalén es del color del desierto y huele a especias. 
Amos Oz lo sabe. El sonido de Nueva York es la sirena de una ambulancia, un carro de bomberos, una patrulla policial. John Dos Passos lo sufrió, Paul Auster lo sufre. 
El barrio español de Nápoles huele a café recién hecho. Roberto Saviano lo ha disfrutado. 
Mi Habana suena a música y autos viejos, huele a gas y a mar, y su color es el azul.

E Florianópolis, no ritmo que vai, cheira e poderá sonhar com que?

Também já não a reconheço. O nosso modo de falar “agalegado” já é algo considerado caricato, excessivamente pitoresco, objeto até de deboche. 
Até as praias estão a ser alargadas, para acomodar mais gente, mais sujeira, mais vícios, mais barulho, mais tumulto, mais insegurança. É a descaracterização das originalidades em franca "evolução".
Assim como a vegetação nativa está a ser abafada pelas espécies exóticas, a cultura autóctone foi massacrada por gauchismos, paulistismos, carioquismos, argentinismos, dentre outros. 
O cosmopolitismo está a massacrar os costumes e valores locais, impiedosamente, sob os aplausos da administração pública, dos vereadores e sobretudo dos investidores na área imobiliária, para os quais preservar a cultura local é coisa de gente atrasada, avessa ao desenvolvimento, adepta da estagnação.
Foram-se os costumes de tarrafear, de "pescar siris" com jererés, nos fins de tarde, de arrastar redes, de botar espinhel no mar, de lançar rede de caceio, etc... Pescador artesanal já é uma raridade. 
Já causa repulsa a fumaça de um simples fogão a lenha, fazendo lembrar o texto de famoso escritor português: (...) o alto fogão, que ocupava o espaço de duas janelas, jazia apagado, frio, e conservando apenas, como memória da vida que já o animara, as cinzas sem calor. O aspecto de um fogão apagado é triste; tem o que quer que seja de um cadáver. -  JÚLIO DINIS (Os fidalgos da casa mourisca).
Os órgãos ambientais - preocupados com a preservação do meio ambiente para as gerações futuras - ao que tudo indica, cheios de boas intenções, já não permitem catar caranguejos nos mangues, sob pena de processos administrativos, criminais e cíveis, ao mesmo tempo em que os balneários despejam esgoto  in natura, nas águas de rios, lagoas e mar, revelando-se a fiscalização impotente para conter a poluição que resulta das "casas de praia", do comércio e da rede hoteleira.

Sei lá se esse caos é bom ou ruim!!! Apenas constato.

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