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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Corte de 492 árvores nativas provoca polêmica em Biguaçu


Durante licença do superintendente da Fundação do Meio Ambiente, autorização foi assinada por servidora comissionada


Rafaella Martins
BIGUAÇU


Rosane Lima/ND
Devastação tomou conta de área às margens da avenida Marcondes de Matos

Palmeiras, Ipês Amarelos e Figueiras centenárias. Árvores nativas que fizeram parte da história de Biguaçu estão literalmente no chão. Desde o último dia 16, 90% das 492 árvores autorizadas para corte pela Famabi (Fundação do Meio Ambiente de Biguaçu) foram banidas do terreno de propriedade de construtoras, localizado na avenida Marcondes de Matos, na área central do município, às margens da BR-101, no km 196. Como contrapartida, as empresas doarão 500 mudas e construirão a Escola do Mar em local ainda não definido.

Segundo o presidente da Apremabi (Associação de Preservação do Meio Ambiente de Biguaçu), Alfredo da Silva, a autorização da derrubada foi dada sem que o Condema (Conselho Municipal de Meio Ambiente de Biguaçu), da qual ele também é membro, tenha sido consultado. “Não existe uma exigência legal, mas estamos ali para prestar consultoria, um caso como esse, onde há o pedido para corte de quase 500 árvores seria essencial”, alega Silva.

Indignado com a falta de transparência e o descaso da fundação, o presidente declarou que a associação contratou um escritório de advocacia especializado em crimes ambientais para acionar a Justiça. “Procuramos o superintendente assim que iniciaram os cortes e através de um e-mail ele me informou que seria feita uma reunião com o engenheiro florestal da empresa e que determinaria a interrupção dos cortes”, conta. “Isso não aconteceu e sabemos que foi uma manobra para que a Apremabi não acionasse a Justiça e impedisse a derrubada”, completa Silva, ressaltando que agora a associação lutará para reservar uma área maior de área verde no espaço onde a empresa construirá o condomínio.

“Na área institucional será construída a nova sede da prefeitura e do fórum. Queremos um novo espaço reservado para a população e não só o de área verde e aqueles quinze metros que eles estão chamando de boulevard. Queremos que daqui a 20 anos as pessoas tenham pelo menos um espaço para sentar e lembrar que um dia alguém lutou para que as árvores daquele espaço fossem preservadas”, comentou o presidente.


Divulgação
Imagem do google mostra como era a área antes do corte das árvores

Superintendente não sabe o que assina


Procurado pelo jornal Notícias do Dia, o atual superintendente da Famabi Décio Alves declarou que o pedido para a derrubada foi feito em 2011 e tramitou na fundação até o início deste ano. Questionado sobre a assinatura do documento, o superintendente não soube responder se ele havia assinado. “Passa tanta documento por mim, que não lembro se assinei”, disse Décio.

“As tratativas para esses cortes aconteceram desde o ano passado, eu só assumi em janeiro, mas posso afirmar que tudo foi autorizado pela fundação, pois confio na minha equipe técnica. Não há exigência legal para que o Condema seja consultado, por isso não foi feito. As empresas farão uma compensação ambiental no local e tenho certeza que a construção do condomínio trará muito benefícios para a população do município”, justificou o superintendente.

Segundo denúncias da Apremabi, o documento que autoriza o corte foi assinado em fevereiro, no período em que Décio Alves, teria deixado a fundação para assumir a vaga na Câmara de Vereadores por 30 dias. A autorização teria sido assinada somente por uma servidora comissionada, exonerada pouco depois, e por uma engenheira ambiental, não contendo nem mesmo a assinatura da superintendente em exercício na época, Andrea Felipe. “Acreditamos que isso tenha sido uma manobra para que ele (Décio) não assinasse o documento”, disse Silva.

Comunidade protesta nas redes sociais

A derrubada das árvores foi questionada por moradores que criticaram a ação da Famabi e virou um dos assuntos mais comentado nas redes sociais. Independente da faixa etária, o sentimento existente entre os munícipes é de pesar, principalmente pela falta de transparência nas informações prestadas pela administração. “Quando um pedaço de papel e uma autorização institucional completamente desconexa de uma consciência ecológica coletiva legitimam a destruição, fica difícil compartilhar conhecimentos com as crianças na escola”, publicou no facebook o professor Murilo Azevedo, criticando a ação.

Para o morador Nivaldo Correa, de 50 anos, observar no chão as árvores que ele estava acostumado a ver todos os dias nos últimos 28 anos é algo que a população tem que lamentar. “Eles dizem que não tem problema nenhum cortar, pois aqui não tem perigo de rolar pedra, deslizar terra. Só podemos sentir pena, é um pecado o que foi feito, porque isso aqui é do prefeito e eles autorizaram”, lamentou o vigilante, enquanto andava entre os troncos jogados ao longo do terreno.


Publicado em 29/05/13-09:00 por: Paulo Jorge Pereira Cassapo Dias Marques.

Fonte: NOTICIAS DO DIA

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