Olga Denisova
EPA
Na Alemanha começou uma investigação preliminar contra 49 carcereiros do antigo campo de concentração de Auschwitz. Os alegados guardas da prisão, que têm hoje cerca de 90 anos de idade, são suspeitos de envolvimento em assassinatos.
Peritos explicaram à Voz da Rússia se é possível encontrar provas reais de sua culpa, e por quê se retorna a este caso hoje.
Relatos de que carcereiros de campos de concentração continuam vivendo tranquilamente na Alemanha surgiram na mídia alemã ainda no início de abril. A investigação leva ao Centro de investigação de crimes do nacional-socialismo. Nas próximas semanas, os casos de 49 pessoas podem ser transferidos para a procuradoria. Os suspeitos podem ser acusados de cumplicidade de assassinato.
São conhecidos seus nomes, endereços em diferentes partes da Alemanha, e idade – todos têm cerca de 90 anos de idade. Os investigadores estão tentando descobrir exatamente que postos eles ocupavam no campo de extermínio. Hoje é possível provar isso, diz o copresidente do centro do Holocausto, Ilya Altman:
"Os guardas não eram designados por acaso. Eles eram especialmente treinados. Na cidade polonesa de Travnik havia um centro especial onde eram treinados guardas dos campos de concentração nazistas. A seleção para a SS era muito fina, havia cursos de formação de oficiais da SS. Informações sobre esses indivíduos estão disponíveis".
Um dos réus no caso – Hans Lipschis de 93 anos – já foi preso. Mais cedo, o Centro de Simon Wiesenthal, que está envolvido na busca de criminosos de guerra nazistas e na luta contra o neonazismo, incluiu-o na lista dos criminosos mais procurados. Lipschis não esconde seus laços com a SS. Mas diz que trabalhava no campo como cozinheiro. A procuradoria diz que há provas irrefutaveis de seu envolvimento em assassinatos de prisioneiros.
Acusações aplicáveis praticamente a todos que trabalharam nos campos de concentração, diz o historiador do Terceiro Reich, escritor Konstantin Zalessky:
"Em princípio, o serviço de guarda e pessoal de campo de concentração dava a qualquer um a possibilidade de cometer um número infinito de crimes. Por exemplo, um cozinheiro ou gerente de armazém podia roubar os prisioneiros, usar alimentos para melhorar a alimentação dos guardas, ou simplesmente vender. Qualquer pessoa em serviço da guarda de campo tinha contato com os presos. Mesmo o cozinheiro tinha assistentes de entre os prisioneiros, e ele podia tratá-los com crueldade, até ao assédio moral e ao assassinato".
No departamento de investigação de crimes de nacional-socialistas reconhecem que, devido à falta de testemunhas não será fácil provar a culpa dos suspeitos. No entanto, já houve um precedente. Em maio de 2011, o Tribunal Regional Superior de Munique condenou Ivan Demyaniuk deportado dos Estados Unidos a cinco anos de prisão. O ex-guarda de vários campos de concentração foi acusado de envolvimento na morte de cerca de 30 mil pessoas.
A investigação atual é, talvez, uma demonstração para parar a propagação do neonazismo, diz o historiador:
"É uma tentativa de relembrar os crimes do nacional-socialismo. É uma oportunidade não tanto para fazer justiça (atrasos legais dificultarão o caso), como para mais uma vez chamar a atenção da sociedade para aqueles anos distantes".
Os nomes da maioria dos guardas ficaram conhecidos logo depois do fim da guerra. Alguns foram sentenciados a curtas penas nas décadas de 1950-60, alguns foram libertados sob anistia. A última sentença, e ainda por cima de absolvição, foi proferida há 37 anos.
O campo de concentração de Auschwitz foi localizado no território da Polônia, ocupada pela Alemanha nazista. No período de 1941-1945 no campo foram torturados até a morte 1,3 milhões de pessoas.
Fonte": VOZ DA RUSSIA
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