Saídas do diretor-geral e do vice-diretor ocorrem dias depois de monsenhor ser detido
Nunzio Scarano antes de ser detido, em Salerno, na Itália Francesco Pecoraro / AP
ROMA - O diretor-geral e o vice-diretor do Banco do Vaticano pediram demissão nesta segunda-feira, dias depois de vir à tona um escândalo de lavagem de dinheiro envolvendo um monsenhor e de o Papa Francisco nomear uma comissão especial de inquérito. Ernst von Freyberg, o presidente do banco, acumula os cargos interinamente. Será criado ainda o novo cargo de diretor de riscos para garantir a adesão à regulação financeira.
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Paolo Cipriani e Massimo Tulli entregaram seus cargos no Instituto de Obras da Religião (IOR) três dias após a prisão de Nunzio Scarano, um sacerdote que trabalhava na administração das contas da Santa Sé e que era alvo de duas investigações. Segundo o Vaticano, os dois executivos decidiram se demitir pensando “nos interesses do instituto e da Santa Sé”.
Não está claro se as demissões estão relacionadas ao caso de Scarano, que tinha ligações com o banco. O religioso, de 61 anos, era conhecido como Monsenhor 500, por carregar notas de € 500, e é acusado de tentar contrabandear € 20 milhões da Suíça para a Itália. Ele foi preso em uma paróquia da periferia de Roma e levado para uma delegacia da capital italiana. Também foram detidos na investigação Giovanni Zitto, um membro do serviço secreto da Itália, e Giovanni Carenzio, um corretor financeiro. O religioso teria dado € 400 mil ao agente secreto para lhe ajudar a levar o dinheiro ao país.
O diretor-geral Paolo Cipriani, junto com o então presidente do banco, também havia sido investigado em 2010 por suspeita de violar leis contra a lavagem de dinheiro. Na época, a polícia confiscou € 23 milhões de uma conta do Instituto de Obras da Religião, mas nenhum dos funcionários foi acusado e o dinheiro foi devolvido. Mas o banco continua sob suspeita de que tenha sido usado como refúgio de contas milionárias para evitar impostos.
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