Descoberta mostra que domesticação do
animal ocorreu após a época do profeta
Diz Gênesis 12:16: “E fez bem a Abraão por dela; e ele teve ovelhas, vacas, jumentos, servos e servas, jumentas e camelos”.
Esse é mais um trecho da Bíblia que não se sustenta, porque na época de Abraão os camelos ainda não tinham sido domesticados.
A questão é polêmica porque religiosos fundamentalistas — como não poderia ser diferente — continuam defendendo a posse de camelos por Abraão, dando crédito à versão de que o animal foi introduzido na Mesopotâmia na época do profeta, de acordo com que estaria registrado em escritas cuneiformes e selos.
Contudo, recentes descobertas de arqueólogos israelenses contêm evidências de que os camelos domesticados só foram introduzidos na “terra santa” no século IX AC, o que desabona a versão bíblica.
Yosef Ben, um desses arqueólogos, afirmou que foi possível determinar a data com a precisão de décadas em vez de séculos.
Disse que o aparecimento de camelos naquela localidade ocorreu de forma abrupta, talvez por intermédio de egípcios que faziam comércio nas rotas do Mediterrâneo.
No Velho Testamento, há duas outras referências a camelos.
Afirma Gênesis 24:10: “E o servo tomou dez camelos, dos camelos do seu senhor, e partiu, pois que todos os bens de seu senhor estavam em sua mão, e levantou-se e partiu para Mesopotâmia, para a cidade de Naor”. [Isso ocorreu pelo menos 100 anos depois do tempo do profeta].
Gênesis: 37:25 diz: “Depois assentaram-se a comer pão; e levantaram os seus olhos, e olharam, e eis que uma companhia de ismaelitas vinha de Gileade; e seus camelos traziam especiarias e bálsamo e mirra, e iam levá-los ao Egito”.
Nesta polêmica, ao menos existe algo inquestionável: domesticados ou não, os camelos já existiam em alguma parte do planeta (há provas disso), mas sobre Abrão inexiste qualquer indício de sua existência.
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