IREITOS HUMANOS
06/02/2014 - 12h39 | Marina Terra | São Paulo
Ao todo, segundo as Nações Unidas, 129 milhões sofrem com as consequências da retirada do clitóris e lábios vaginais
No mundo, 129 milhões de mulheres não sentem prazer durante a relação sexual, sofrem com intensas dores e têm dificuldades para manterem os órgãos genitais limpos. Um número que impressiona e que, caso as tendências atuais persistam, pode aumentar em 86 milhões até 2030, segundo alerta da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta quinta-feira (06/02), Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina.
UNFPA
Comunidade em Uganda que abandonou a mutilação genital feminina. Prática é comum na África e no Oriente Médio
A circuncisão feminina, que consiste na amputação do clitóris – em alguns casos, dos lábios vaginais também – é uma prática secular que continua acontecendo em muitas comunidades, principalmente no Norte da África e no Oriente Médio, e tem como objetivo condicionar a liberdade sexual das mulheres até ao casamento.
“Não há nenhuma razão religiosa, de saúde ou de desenvolvimento para mutilar ou cortar qualquer menina ou mulher”, afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em comunicado. “Embora alguns argumentem que é uma ‘tradição’, devemos lembrar que a escravidão, as mortes por honra e outras práticas desumanas foram defendidas com o mesmo argumento”, lembrou.
Na maioria dos lugares onde é praticada, a mutilação genital feminina é considerada fundamental na preparação da mulher para a vida adulta e o casamento. Em países como a Somália, Guiné-Bissau, Djibuti e Egito, mais de 90% das meninas são circuncisadas. Nessas culturas, altamente machistas e patriarcais e onde a virgindade e a fidelidade matrimonial são valorizadas, a pressão é intensa para controlar o comportamento sexual feminino. Muitas meninas escutam que a retirada do clitóris e dos lábios vaginais é para deixá-las mais “limpas” e “bonitas”.
Os traumas começam na preparação do procedimento em algumas localidades, quando muitas meninas e até bebês com menos de 12 meses, como sublinha a ONU, têm as pernas e os braços amarrados. Depois, o uso de giletes e outros objetos cortantes sem a correta higienização ou anestesia, quando não levam à morte, provocam infecções que podem perdurar por toda a vida.
UNFPA
Comunidade em Uganda que abandonou a mutilação genital feminina. Prática é comum na África e no Oriente Médio
A circuncisão feminina, que consiste na amputação do clitóris – em alguns casos, dos lábios vaginais também – é uma prática secular que continua acontecendo em muitas comunidades, principalmente no Norte da África e no Oriente Médio, e tem como objetivo condicionar a liberdade sexual das mulheres até ao casamento.
“Não há nenhuma razão religiosa, de saúde ou de desenvolvimento para mutilar ou cortar qualquer menina ou mulher”, afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em comunicado. “Embora alguns argumentem que é uma ‘tradição’, devemos lembrar que a escravidão, as mortes por honra e outras práticas desumanas foram defendidas com o mesmo argumento”, lembrou.
Na maioria dos lugares onde é praticada, a mutilação genital feminina é considerada fundamental na preparação da mulher para a vida adulta e o casamento. Em países como a Somália, Guiné-Bissau, Djibuti e Egito, mais de 90% das meninas são circuncisadas. Nessas culturas, altamente machistas e patriarcais e onde a virgindade e a fidelidade matrimonial são valorizadas, a pressão é intensa para controlar o comportamento sexual feminino. Muitas meninas escutam que a retirada do clitóris e dos lábios vaginais é para deixá-las mais “limpas” e “bonitas”.
Os traumas começam na preparação do procedimento em algumas localidades, quando muitas meninas e até bebês com menos de 12 meses, como sublinha a ONU, têm as pernas e os braços amarrados. Depois, o uso de giletes e outros objetos cortantes sem a correta higienização ou anestesia, quando não levam à morte, provocam infecções que podem perdurar por toda a vida.
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Os casos de infibulação também trazem riscos durante o parto: segundo um estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde), a mortalidade de bebês é 55% maior em mulheres que sofreram procedimentos para redução do orifício vaginal. Em alguns casos, o que resta dos lábios vaginais é costurado, provocando dores e infeccções urinárias. Somente o marido pode “desamarrar” a costura, quando deseje ter relações sexuais.
Felizmente, de acordo com as Nações Unidas, há sinais positivos de progresso para acabar com a prática. “As meninas entendem instintivamente os perigos de serem mutiladas, e muitas mães, que viram ou experimentaram o trauma, querem proteger suas filhas de passar pelo mesmo”, disse o secretário-geral da ONU, que citou o caso de um pai no Sudão que se recusou a deixar as filhas serem mutiladas e, com isso, acabou criando uma campanha de conscientização mundial -- "Saleema".
"Saleema", desenho animado produzido pelo Unicef para banir mutilação genital feminina no Sudão:
Além disso, recentemente, Uganda, Quênia e Guiné-Bissau adotaram leis para terminar com a prática. Na Etiópia os responsáveis foram presos, julgados e penalizados com ampla cobertura da imprensa. “Nosso desafio atual é dar verdadeiro significado a este Dia, usando-o para ganhar apoio público, criar mecanismos práticos e legais e ajudar todas as mulheres e meninas afetadas ou em risco de mutilação genital”, disse Ban ki-Moon.
Filme
Flor do deserto, uma produção norte-americana, narra a história verídica de Waris Dirie, garota somali que, aos 13 anos, foge de sua tribo rumo à Londres para escapar de um casamento arranjado com um homem de 60 anos.
Na Inglaterra, ela descobre que é diferente quando revela à amiga Marylin que foi circuncisada aos três anos de idade, seguindo costume de seu povo. Embora sofra dores e tenha dificuldades até mesmo para urinar, ela acha tudo muito normal. Porém, a amiga lhe diz que as mulheres inglesas e em muitas outras partes do mundo não sofrem o que ela sofreu.
Enquanto trabalhava em uma lanchonete, ela é descoberta por um fotógrafo e vira uma modelo de sucesso. Dirie depois se transformou em uma defensora da luta pela erradicação da prática da mutilação genital feminina e atualmente é embaixadora da ONU, além de dirigir uma ONG com seu nome. "O mundo sabe que essas mutilações são erradas, mas até agora não se fez muita coisa. Não entendo por que o mundo fica só olhando", disse Dirie quando filme foi lançado no Festival de Veneza. E advertiu: "Em algum lugar do mundo uma menina está sendo mutilada agora. Amanhã, o mesmo destino espera outra menina".
* Com informações da UNIC Rio de Janeiro, VIA OPERA MUNDI
Felizmente, de acordo com as Nações Unidas, há sinais positivos de progresso para acabar com a prática. “As meninas entendem instintivamente os perigos de serem mutiladas, e muitas mães, que viram ou experimentaram o trauma, querem proteger suas filhas de passar pelo mesmo”, disse o secretário-geral da ONU, que citou o caso de um pai no Sudão que se recusou a deixar as filhas serem mutiladas e, com isso, acabou criando uma campanha de conscientização mundial -- "Saleema".
"Saleema", desenho animado produzido pelo Unicef para banir mutilação genital feminina no Sudão:
Além disso, recentemente, Uganda, Quênia e Guiné-Bissau adotaram leis para terminar com a prática. Na Etiópia os responsáveis foram presos, julgados e penalizados com ampla cobertura da imprensa. “Nosso desafio atual é dar verdadeiro significado a este Dia, usando-o para ganhar apoio público, criar mecanismos práticos e legais e ajudar todas as mulheres e meninas afetadas ou em risco de mutilação genital”, disse Ban ki-Moon.
Filme
Flor do deserto, uma produção norte-americana, narra a história verídica de Waris Dirie, garota somali que, aos 13 anos, foge de sua tribo rumo à Londres para escapar de um casamento arranjado com um homem de 60 anos.
Na Inglaterra, ela descobre que é diferente quando revela à amiga Marylin que foi circuncisada aos três anos de idade, seguindo costume de seu povo. Embora sofra dores e tenha dificuldades até mesmo para urinar, ela acha tudo muito normal. Porém, a amiga lhe diz que as mulheres inglesas e em muitas outras partes do mundo não sofrem o que ela sofreu.
Enquanto trabalhava em uma lanchonete, ela é descoberta por um fotógrafo e vira uma modelo de sucesso. Dirie depois se transformou em uma defensora da luta pela erradicação da prática da mutilação genital feminina e atualmente é embaixadora da ONU, além de dirigir uma ONG com seu nome. "O mundo sabe que essas mutilações são erradas, mas até agora não se fez muita coisa. Não entendo por que o mundo fica só olhando", disse Dirie quando filme foi lançado no Festival de Veneza. E advertiu: "Em algum lugar do mundo uma menina está sendo mutilada agora. Amanhã, o mesmo destino espera outra menina".
* Com informações da UNIC Rio de Janeiro, VIA OPERA MUNDI
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