"Em nenhum momento foi um deboche ou ironia com o contribuinte que paga meu salário ou com o cidadão", afirmou.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
O juiz Federal substituto Marcelo Antonio Cesca, da 15ª vara Federal do DF, que criticou o CNJ em sua página do Facebook, concedeu entrevista ao portal de notícias Terra e garantiu que nunca teve a intenção de esbanjar a "vida mansa" de uma tarde de quinta-feira na praia.
O magistrado, afastado após sofrer um surto psicótico, publicou uma foto em que aparece na praia, na companhia de sua namorada, com a legenda "Eu agradeço ao Conselho Nacional de Justiça por estar há 2 anos e 3 meses recebendo salário integral sem trabalhar, por ter 106 dias de férias mais 60 dias pra tirar a partir de 23/03/14, e por comemorar e bebemorar tudo isso numa quinta-feira à tarde ao lado de minha amada gata de 19 anos! Longa vida ao CNJ e à Loman!".
O CNJ afirmou que não há procedimento pendente de análise em que Cesca conste como parte. O corregedor Nacional de Justiça, Francisco Falcão, oficiou, então, o presidente do TRF da 1ª região para que o Tribunal indicasse a data em que analisaria o pedido de retorno do juiz ao seu cargo. A Corte, por sua vez, esclareceu que o processo de verificação de invalidez para fins de aposentadoria se encontra com vista à Curadora Especial do magistrado para oferecimento de alegações finais.
"Em nenhum momento foi um deboche ou ironia com o contribuinte que paga meu salário ou com o cidadão. É, sim, um protesto contra o CNJ, que teria de agir com celeridade de 60 dias no meu processo de retorno ao trabalho após meu tempo de licença por invalidez mental", afiança Cesca.
Ele alega que seu caso era de quatro ou cinco meses de licença. "Em agosto de 2012 eu já deveria retornar ao trabalho. Eu havia sido liberado por diferentes corpos médicos. Mas, quase dois anos depois, estou eu aqui, querendo trabalhar num cenário em que faltam juízes", acrescenta.
O magistrado diz que se sente "socialmente morto" e lamenta que a profissão de juiz o impossibilita de exercer qualquer outro cargo. "O único posto que eu poderia ocupar é o de professor. Eu poderia ser professor universitário, como já fui, mas com que cara eu chegaria para meus alunos para defender a Justiça quando não posso sequer fazer o que amo e faço bem, que é julgar, pela arbitrariedade de um órgão?", exclama.
Cesca atribui a demora na resolução de seu caso à uma antiga investigação da qual era suspeito de suborno policial e a e-mails furiosos que afirma ter enviado para pessoas do Judiciário no auge dos surtos psicóticos. Segundo ele, o atraso também se deve ao fato de ele "denunciar todos os juízes corruptos". "Eu sou capaz de tolerar tudo, menos juízes corruptos", assevera.
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