29.05.2019 às 13h43
É o primeiro projeto Life ganho pela Câmara de Lisboa e vai permitir criar prados biodiversos na cidade com ovelhas a pastar. Esta quarta-feira, a capital portuguesa acolhe um encontro do Grupo da Liderança Climática das Grandes Cidades, num evento paralelo à Conferência Europeia de Adaptação às Alterações Climáticas - ECCA2019 sobre ondas de calor e como tornar as cidades “mais cool”
Carla Tomás
Com os termómetros a subir e ondas de calor mais frequentes e prolongadas no futuro próximo, torna-se premente adaptar as cidades às alterações climáticas. A Câmara Municipal de Lisboa tem vindo a redesenhar a cidade com esse objetivo e acaba de receber mais um incentivo ao ganhar um financiamento de 2,7 milhões de euros (com 55% de financiamento comunitário) para o projeto Life “Lungs” (Pulmões), que arranca em setembro e se prolonga até 2024.
O objetivo é dar continuidade à manutenção e crescimento das estruturas verdes da cidade (parques, jardins, hortas e prados) como formas de atenuar as ondas de calor e a escassez hídrica que se projetam para um futuro próximo, tornando a cidade mais resiliente ao aumento das temperaturas. Entre estes espaços verdes, a autarquia vai criar “prados biodiversos onde colocará ovelhas a pastar, ajudar as pessoas que têm hortas urbanas a regar de forma eficiente, assim como demonstrar como os serviços dos ecossistemas permitem diminuir as temperaturas ou melhorar a qualidade do solo, por exemplo”, explica Duarte Mata, arquiteto paisagista e adjunto do vereador da Estrutura Verde e Energia, José Sá Fernandes.
Com recursos a fundos do POSEUR, financiamento privado (Casino de Lisboa) ou empréstimos do BEI, a autarquia tem investido nos últimos cinco anos uma média de 10 milhões de euros anualmente na construção e manutenção da estrutura verde da cidade, criação de ciclovias, pontes cicláveis e pedonáveis, etc.
Ganhar a batalha nas cidades
“A batalha [contra as alterações climáticas] será ganha ou perdida nas cidades”, sublinhou o presidente da Câmara de Lisboa, esta terça-feira, na abertura da Conferência Europeia de Adaptação às Alterações Climáticas — ECCA 2019 — que decorre até quinta-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Fernando Medina elencou cinco ações que a autarquia está a desenvolver para adaptar a cidade, entre as quais: a aposta no recurso a sistemas de água de esgoto reciclada para lavagem de ruas e rega de jardins; o novo sistema de drenagem para enfrentar inundações, o aumento da mancha verde da cidade para enfrentar as ondas de calor ou a colocação de plataformas solares nos autocarros para produção de energia, tendo em conta que Lisboa é a capital europeia com mais horas de sol disponível diariamente. Medina aproveitou também para lembrar que Lisboa é a primeira capital do sul da Europa a conquistar a distinção de Capital Verde Europeia, galardão que vai erguer em 2020.
Esta quarta-feira, num evento paralelo à ECCA, o município acolhe sete das cidades representadas no Grupo da Liderança Climática das Grandes Cidades — “C40 Cities”, para falar sobre o mapeamento das ilhas de calor e como refrescá-las. Esta rede conta com 96 grandes cidades de todo o mundo e representa mais de 700 milhões de habitantes e um quarto da economia mundial. Neste encontro em Lisboa estão representadas Madrid, Atenas, Roma, Barcelona, Berlim e Telavive, que integram a rede “Cool Cities” do “C40”.
A coordenadora desta rede, Regina Vetter, lembra em declarações ao Expresso que “o primeiro passo é desenvolver mapas de ilhas de calor com dados de satélite ou medições em terra para identificar e localizar onde se encontram os locais e as pessoas mais vulneráveis”, de forma a planear as estruturas verdes nas cidades, zonas de sombra ou pavimentos que refletem o calor. Lisboa, que aderiu ao C40 no início deste ano, está a começar a desenhar esse mapa e continua a desenvolver as estruturas verdes que permitem atenuar as ilhas de calor.
Como lembra Daniela Jacob, investigadora do Climate Service Center da Alemanha: “Todas as projeções indicam que os próximos cinco anos vão ser tão ou mais quentes que os últimos cinco”, e que já em meados deste século os termómetros vão subir em média globalmente mais 1,5º C do que o que registavam na era pré-industrial. Por isso, defende: “Temos de criar zonas de sombra nas cidades e mais espaços verdes”. Só assim se conseguirá atenuar o calor que aí vem.
Carla Tomás
Com os termómetros a subir e ondas de calor mais frequentes e prolongadas no futuro próximo, torna-se premente adaptar as cidades às alterações climáticas. A Câmara Municipal de Lisboa tem vindo a redesenhar a cidade com esse objetivo e acaba de receber mais um incentivo ao ganhar um financiamento de 2,7 milhões de euros (com 55% de financiamento comunitário) para o projeto Life “Lungs” (Pulmões), que arranca em setembro e se prolonga até 2024.
O objetivo é dar continuidade à manutenção e crescimento das estruturas verdes da cidade (parques, jardins, hortas e prados) como formas de atenuar as ondas de calor e a escassez hídrica que se projetam para um futuro próximo, tornando a cidade mais resiliente ao aumento das temperaturas. Entre estes espaços verdes, a autarquia vai criar “prados biodiversos onde colocará ovelhas a pastar, ajudar as pessoas que têm hortas urbanas a regar de forma eficiente, assim como demonstrar como os serviços dos ecossistemas permitem diminuir as temperaturas ou melhorar a qualidade do solo, por exemplo”, explica Duarte Mata, arquiteto paisagista e adjunto do vereador da Estrutura Verde e Energia, José Sá Fernandes.
Com recursos a fundos do POSEUR, financiamento privado (Casino de Lisboa) ou empréstimos do BEI, a autarquia tem investido nos últimos cinco anos uma média de 10 milhões de euros anualmente na construção e manutenção da estrutura verde da cidade, criação de ciclovias, pontes cicláveis e pedonáveis, etc.
Ganhar a batalha nas cidades
“A batalha [contra as alterações climáticas] será ganha ou perdida nas cidades”, sublinhou o presidente da Câmara de Lisboa, esta terça-feira, na abertura da Conferência Europeia de Adaptação às Alterações Climáticas — ECCA 2019 — que decorre até quinta-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Fernando Medina elencou cinco ações que a autarquia está a desenvolver para adaptar a cidade, entre as quais: a aposta no recurso a sistemas de água de esgoto reciclada para lavagem de ruas e rega de jardins; o novo sistema de drenagem para enfrentar inundações, o aumento da mancha verde da cidade para enfrentar as ondas de calor ou a colocação de plataformas solares nos autocarros para produção de energia, tendo em conta que Lisboa é a capital europeia com mais horas de sol disponível diariamente. Medina aproveitou também para lembrar que Lisboa é a primeira capital do sul da Europa a conquistar a distinção de Capital Verde Europeia, galardão que vai erguer em 2020.
Esta quarta-feira, num evento paralelo à ECCA, o município acolhe sete das cidades representadas no Grupo da Liderança Climática das Grandes Cidades — “C40 Cities”, para falar sobre o mapeamento das ilhas de calor e como refrescá-las. Esta rede conta com 96 grandes cidades de todo o mundo e representa mais de 700 milhões de habitantes e um quarto da economia mundial. Neste encontro em Lisboa estão representadas Madrid, Atenas, Roma, Barcelona, Berlim e Telavive, que integram a rede “Cool Cities” do “C40”.
A coordenadora desta rede, Regina Vetter, lembra em declarações ao Expresso que “o primeiro passo é desenvolver mapas de ilhas de calor com dados de satélite ou medições em terra para identificar e localizar onde se encontram os locais e as pessoas mais vulneráveis”, de forma a planear as estruturas verdes nas cidades, zonas de sombra ou pavimentos que refletem o calor. Lisboa, que aderiu ao C40 no início deste ano, está a começar a desenhar esse mapa e continua a desenvolver as estruturas verdes que permitem atenuar as ilhas de calor.
Como lembra Daniela Jacob, investigadora do Climate Service Center da Alemanha: “Todas as projeções indicam que os próximos cinco anos vão ser tão ou mais quentes que os últimos cinco”, e que já em meados deste século os termómetros vão subir em média globalmente mais 1,5º C do que o que registavam na era pré-industrial. Por isso, defende: “Temos de criar zonas de sombra nas cidades e mais espaços verdes”. Só assim se conseguirá atenuar o calor que aí vem.
Fonte: https://expresso.pt/sociedade/2019-05-29-Prados-com-ovelhas-a-pastar-em-Lisboa.-Objetivo-e-melhorar-os-pulmoes-da-cidade-e-enfrentar-ondas-de-calor#gs.f2gxva
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