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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

O DESMATAMENTO E CONSEQUÊNCIAS, JÁ NA VISÃO DOS ANTIGOS

 DESMATAMENTO

- Em 1876, Smith ficou doente e morreu enquanto estava procurando mais tabletes perdidos em torno de Nínive. Mas não antes de traduzir o primeiro poema escrito da história — as tábuas de pedra que juntas formam o Épico de Gilgamesh. O épico nos conta que na Antiguidade vastas florestas cresciam no Oriente Médio. Isso pode ser difícil de acreditar hoje, quando o que se vê frequentemente, em particular nas notícias ou documentários sobre o Oriente Médio, é uma paisagem árida e impiedosamente implacável de terra dura, ressequida, cozida pelo sol. 

No entanto, no início do terceiro milênio antes de Cristo, as encostas das montanhas da região eram cobertas com densas florestas de cedro. Nos milênios ávidos de recursos, antes do nascimento de Cristo, esses milhões de árvores, incluindo muitos dos altamente valorizados cedros do Líbano, essenciais para a construção de navios, estavam a ponto de desaparecer totalmente. 

O Gilgamesh da vida real foi um rei sumério de Uruk, que viveu em torno de 2700-2500 a.C. Depois de uma série de vitórias nas guerras, ele governava todo o sul da Mesopotâmia. As histórias do meio do Épico de Gilgamesh alertam sobre os perigos de desmatamento. 4 Aproximadamente 4.700 anos atrás, em Uruk, uma cidade-estado no sul da Mesopotâmia, o rei e seu companheiro partiram para o Líbano para cortar seus famosos cedros. Eles incorreram na ira do deus da floresta, Humbaba, que por sua vez pune Gilgamesh. A história ilustra o fato de que a Mesopotâmia não tinha madeira suficiente para manter a sua florescente civilização da Idade do Bronze. À medida que a Mesopotâmia construía milhares de estradas, cidades, canais e palácios usando bronze, as florestas foram derrubadas para alimentar os fornos. 

Essas novas cidades necessitavam de edifícios públicos, palácios e cisternas para armazenar água nos meses secos do verão. Para estes também se precisava de cimento, gesso, tijolos e terracota, os quais exigiam combustível para a sua fabricação. É interessante que Platão também fala sobre uma crise ambiental. Em seus diálogos, ele descreve as consequências do desmatamento na Acrópole: A terra era a melhor do mundo... Naqueles dias, o país era belo como agora e gerava uma produção muito mais abundante... restam apenas os ossos do corpo desgastado, se assim podem ser chamados, como no caso das pequenas ilhas. Todas as partes mais ricas e mais suaves do solo se desvaneceram, e sobrou o mero esqueleto da terra. . . havia [há muito tempo] abundância de madeira... os vestígios ainda permanecem. O problema do desmatamento se tornou tão grave que por volta de 1750 a.C. o rei Hamurábi da Mesopotâmia criou leis contra o corte não autorizado de árvores. 

Então, eu estava começando a suspeitar que a guerra possa não ter sido a única razão de a mineração de estanho não recomeçar em Göltepe depois de ter sido saqueada — talvez tivesse exaurido seu estoque de madeira. 

As dificuldades envolvidas na substituição e replantio de árvores são muito mais agudas nos países mediterrâneos secos do que no norte úmido da Europa, onde as árvores crescem de forma relativamente rápida. No Mediterrâneo, a chuva se restringe ao inverno e tende a ser repentina e violenta. A ironia é que, sem árvores para ancorá-lo, o próprio solo fica empobrecido — exatamente como Platão tinha descrito. ... as chuvas de inverno em encostas desmatadas íngremes degradam rapidamente o solo, lavando-o para baixo. 

As mudas têm dificuldade em restabelecer a floresta, especialmente após o corte limpo, e o solo se degrada rapidamente, a ponto de a floresta de pinheiros não poder se recuperar... 

A tremenda quantidade da antiga escória de cobre em Chipre sugere que a indústria do cobre cipriota colapsou em torno de 300 d.C., simplesmente porque a ilha ficou sem combustível barato. Os depósitos de escória sugerem uma produção total de talvez 200.000 toneladas de cobre — o que, por sua vez, sugere que combustível equivalente a 200 milhões de pinheiros foi cortado para abastecer a indústria de cobre, uma área de florestas 16 vezes a área total da ilha. - GAVIN MENZIE -  O império perdido de Atlântida.


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