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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Vegetação e clima mais ameno

- (...) entraram numa região mais fresca, mais coberta de mato (...)  - OLAVO BILAC e MANOEL BOMFIM -  Através do Brasil.

Efetivamente, onde há mato há sombra e onde há sombra a temperatura é mais amena. Em tempos de "crise climática", obviamente, a presença de árvores faz muita diferença.

Assim é em Ratones, onde moro: quem sai da SC-401 e toma o rumo do interior do distrito (o único da Ilha de SC ainda não atingido pela febre das "casa de praia", pelo "veraneio", isto é, pelas demandas de chão para assentar equipamentos voltados para o turismo), sente na pele que a temperatura baixa cerca de 3 a 5 graus.

Antigamente, em razão das roças que eram plantadas nas encostas e nas várzeas, o desmatamento e as queimadas arrasavam as matas do distrito.

O próprio mangue era utilizado em diversas tarefas do dia a dia do "manezinho" (nativo), como se vê, , por exemplo, dos excertos dos escritos abaixo:

- CÉSAR DO CANTO MACHADO - Em nome do Rei/Santa Catarina no tempo da realeza - Edit. INSULAR/Fpolis-SC/2004, p. 119, citando o médico HENRIQUE SCHUTTEL, registrou: Consagrado também como cientista pela gente local, o mesmo Dr. Henrique, em 27 de maio de 1868, seria autorizado pelo Império a explorar os mangues da província e deles colher substâncias utilizáveis em fins medicinais.

(...) o mangue era usado como lenha nos engenhos de farinha e de aguardente (...) - p. 90. – MARILÉA MARTINS LEAL CARUSO - O desmatamento da Ilha de Santa Catarina/de 1500 aos dias atuais - Editora da UFSC/Folis-SC.

Usava-se cascas as árvores de mangue vermelho (e de aroeira) também para tingir redes de pesca, quando eram feitas com certos fios que ainda não eram de nylon. Henry KOSTER (Viagem ao nordeste do Brasil) destacou que o mangue vermelho tem tanino em sua casca.

Mas tal situação, com o advento da conscientização ecológica e com a repressão das autoridades ambientais, fatores secundados pela atração do homem da roça para profissões criadas pelo "veraneio" (jardineiro, caseiro, porteiro de edifício, operário da construção civil, vigilante, dentre tantas outras) as vertentes e as vargens deixaram de ser cultivadas e uma vegetação exuberante voltou a cobrir nossa região, assegurando o retorno de alguns cursos d'água  que haviam minguado significativamente e mantendo a temperatura em níveis suportáveis.

Não me nego a enfatizar que gente como eu, adventícia (não nascida no distrito) tem prestado colaboração significativa à recuperação da cobertura vegetal em Ratones, plantando espécies nativas e que isso serve de exemplo para alguns nativos, antes despreocupados em relação ao desmatamento. Com tal mudança de mentalidade (que veio, inclusive, corrigir erros do passado, do tempo em que não possuíamos consciência ecológica), há esperança de que a situação no distrito melhore cada vez mais. Felizmente, a iniciativa de instalação de um aeroporto por aqui foi abortada, por resistência da população de Ratones e adjacências. Se tivesse vingado, o empreendimento destruiria uma parte sgnificativa da lezíria, além do nosso sossego, obviamente.

Mas, é preciso enfatizar que, ainda se vê alguns maus procedimentos, como o de um certo advogado que, tendo adquirido um imóvel na região contígua ao manguezal de Ratones (ao sul da    SC-401, local chamado Vargem Pequena, antigamente Vargem de Baixo, que integra o distrito de Ratones) estaria (segundo informações não aferidas por mim) a desmatar impunemente, com o desiderato de criar espaço para uma hípica.

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